[PRÓLOGO] - [WŁADYSŁAW]
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[PRÓLOGO] - [WŁADYSŁAW]
[PRÓLOGO]
Sinto o mais irritante som do despertador penetrar meus ouvidos e interromper meu sono. Estou suficientemente indisposto para mover uma de minhas mãos afora do cobertor afim de agarrar o objeto e arremessa-lo contra a parede. Considero que, na melhor das hipóteses, tenho dormido mais do que o necessário para este grande dia.
Sim! É exatamente hoje a data mais esperada por mim. Mas ainda assim, acordar antes mesmo do raiar do sol continua sendo a pior das situações. Meus olhos, completamente inchados devido ao excesso de descanso, afugentam-se lentamente das pálpebras. Mas logo recuam em um estreitamente monótono distinguindo a cor amargurosa reinante nos céus através da janela logo ao lado da cama.
Teorizo que o horário não deve ultrapassar as 5h da manhã. Minha consciência nega fervorosamente que eu me levante. Por alguns instantes, concordo com ela mas, é realmente essencial que, ao menos neste dia, devo esforçar-me para manter meu espírito em uma eterna combustão de astúcia. Até porque, não é nada fácil esperar por anos e mais anos a chance razoavelmente favorável para ingressar em uma jornada.
Em movimentos rápidos, porém doloridos, movo o corpo para fora da cama - aquecida e aconchegante - No exato momento que boto o primeiro pé no chão, meu corpo parte de um estado paralítico diretamente para uma sinfonia de letargia. Devo ter adormecido em uma posição desfavorável, como de costume. Felizmente estou vestido com meu pijama de algodão, o que facilita para que eu me esgueire vagarosamente para o banheiro.
Encaro o rosto de um garoto com olhos cinzentos definhados e os cabelos desfalcados defronte o espelho. Mas isso é o de menor importância nesse momento. Devo-me apressar para chegar ao laboratório do Professor Birch. Ontem mesmo ele me telefonou e comunicou que estava de passagem pela cidade, e que aproveitaria o tempo restante para me entregar os itens de maior importância para a jornada. Também dizia estar ansioso para contemplar o progresso de união que Solrock e eu temos passado durante tanto tempo.
Solrock! Quase havia me esquecido o quão ele também deve estar inquieto para iniciar o dia. Detesto faze-lo esperar mais que o bastante que já esperou.
Giro a torneira e encho as mãos com um punhado de água com que jogo diretamente no rosto sem muitas preparações. Molho a ponta da escova de dentes ainda na mesma corrente aquosa e agarro a pasta dentária. Sem hesitar abarroto as camadas da escova com o material verdejante e enfio na boca. A sensação é refrescante.
Visto-me com a maior voracidade já vista. O traje que planejei e desejei por tanto tempo agora está em posse total de meu corpo. A camiseta e a bermuda que deixam minha pele em exposição ao frio da madrugada talvez não fossem a melhor opção mas, a decorrência de minha longa caminhada deva aquecer e exercitar meus músculos ainda rígidos. Ao menos minha cabeça deve estar sentindo-se satisfeita com a fabulosa touca que a cobre e protege. E claro, não posso de forma alguma me esquecer da peça principal do vestuário. Meu colar. Magnífico. Reluzente e folheado por um dourado que dá um aspecto de valiosidade ainda maior. O Sol e sua esperança. Esse é o meu jeitinho.
Quando chego à cozinha, me deparo com a maior das surpresas que já poderia me surpreender ainda hoje. O banquete sobreposto a mesa é digno da realeza. É surreal. Meus olhos devem estar brilhando perante a maior das magnitudes. Infelizmente, meus pais já não estão mais em casa, provavelmente saíram para o trabalho. Apesar de musicistas, eles não brincam quando o assunto é nos manter vivos. Não é atoa que devo não somente tudo em minha vida, mas também a maior admiração que alguém poderia lhes conceder. Nem mesmo o mais rico comerciante da cidade poderia.
Meus olhos parecem mais esfomeados que meu próprio estômago. Eles devoram cada coloração presente nos mais diversos pratos. Um rigoroso prato de ovos fritos com bacon chama minha atenção de um lado. Uma caneca transbordando uma consagrada porção de canjica me chama de um outro. Pedaços grandes de bolo de chocolate gritam pela minha mordida em um tom de pecado. Uma cesta com pãezinhos está amontada logo ao lado de uma tigela com variados recheios dentro - queijo de cabra, presunto, bifes e até mesmo requeijão - . Por fim, avisto um elegante copo de suco alaranjado que enche minha boca com uma sede implacável.
A gula é minha pior inimiga mas, simultaneamente minha maior tentação. Eu não levaria mais do que 10 minutos para limpar toda mesa. No entanto, o compromisso com meu coração é incalculavelmente maior, o que torna meu inesquecível café da manhã em um simples lanche de suco e pães recheados.
A maneira com que trato a inauguração de minha jornada talvez possa ser classificada como a mais repugnante. Basta um breve vislumbre da paisagem deplorável que se estende pelo vão ainda acinzentado que minha animação despenca por água abaixo. O dia não parece estar a meu favor... mas ele sim! A maior representação em vida do sol paira entre as árvores do bosque. Acanhado. Observando cautelosamente, como sempre fez. Da mesma maneira como me salvara em minha infância. Apenas escondido aguardando o momento certo de agir. Terei-lhe uma dívida eterna, Solrock.
— Ei, amigo! Preparado? — Solrock é como um dádiva em minha vida. Ele talvez seja um dos poucos - ou mesmo único - que conseguira me arrancar um sorriso dos lábios. Como fez exatamente agora.
Os momentos de timidez se esvaem em um passe de mágica. Ele se aproxima flutuando calmamente enquanto produz seu ronronar natural, como uma forma de reconhecimento amigável.
Assim como sua estrutura, meu laço com Solrock desde o incidente de anos atrás aumentou de forma contínua e irreversível. Felizmente ou não, jamais tive contato direto com outras crianças de minha cidade. Não somente pelo fato de que a esmagadora maioria reside no bairro central, mas também pela pouca expectativa que criei em encontrar alguém com meus mesmos gostos e atuações. Enquanto em boa de minha infância passei a tarde assistindo à fenômenos astronômicos, as outras crianças passaram com seus olhos vidrados numa tela gigantesca de cinema. Solrock é o melhor amigo que nunca tive.
Não demorou nada para com que começássemos a caminhar rumo ao laboratório na cidade. A trilha que utilizamos se estende por uma estrada que serpenteia um terraço de poeira enquanto emoldurada por um campo verde e livre, sem muitas árvores ou atributos que dificultassem a visão por boa parte do horizonte. Às vezes, conseguia flagrar algum espécime Pokémon percorrendo alegremente o gramado baixo do local. Por fim, o dia está de fato começando.
Apesar de todo esforço que Solrock e eu utilizamos para atravessar a imensidão da cidade, o laboratório principal usufrui de uma área razoavelmente afastada da verdadeira civilização. A construção carrega um esqueleto concebido em um artificio de porte mediano. A pintura é mais de que de praxe branca e cravejada por inúmeros janelas de vidro cândido, espalhas estrategicamente em cada andar.
A porta de armação dupla se expande nos dando passagem logo que pisamos no primeiro ladrilho do prédio. De cara, um forte odor de álcool e antissépticos invade irregularmente minhas narinas, as deixando irritadas. Dou alguns mais cautelosos passos a frente do local que, consequentemente, me entrega um exame mais escrupuloso da sala em questão. É exageradamente limpa e esbranquiçada, o que me transfere um mal-estar repentino. Sinto minha pouca refeição matinal ameaçar minha garganta e uma leve sensação de tontura incursionar minha mente. Me apoio rapidamente em Solrock, que ainda do meu lado, se mantém resistente ao meu peso.
— Alguém aí? —Digo, calmo, ainda que com uma leve tom trêmulo.
É uma questão de segundos para que eu desvie o olhar para um outro canto da sala e um corpo dilatado e grande eclodir sem a menor explicação em minha frente. Solrock e eu recuamos espontaneamente após o "singelo" susto.
— Aí está você! Wladyslaw Spoinky. Como tem passado, meu caro? — Ele pergunta como se nunca tivéssemos tido o menor contato que seja.
— Muito bem, Professor Birch. E o senhor? — Retruco.
— Ah, claro claro. Ótimo. Mas venha, não temos tempo a perder. — Ele faz um gesto com a mão nos dando a frente de passagem num ato de cortesia.
Nos movimentamos calmamente por corredores e mais corredores. Salas e mais salas. Escadas e mais escadas. Enquanto o Professor Birch apontava e descrevia cada local, não hesito em ignorar e contemplar os objetos que cobrem praticamente cada centímetro por ladrilho. São incontáveis equipamentos tecnológicos, cápsulas, macas e até mesmo esteiras. Me pergunto se realmente utilizam tudo isso. Há também líquidos multicoloridos engarrafados em recipientes de vidro enfileirados perfeitamente em prateleiras. Acredito que sejam poções ou medicamentos. Às vezes, não deixo de observar Solrock, logo ao meu lado, também encantado com tamanho surrealismo.
Mal percebo o momento em que o Professor Birch rompe os passos e para olhando em meus olhos. Um olhar que poderia expressar várias índoles. Ele também encara Solrock e não demora a dizer:
— Bom, me parece que você não se dará ao difícil cargo de escolha de um Pokemon entre vários outros. — Sua visão troca de focos entre Solrock e mim sem parar.
Raciocino imediatamente a questão.
— Sim, felizmente. Por sorte, Solrock e eu já temos uma amizade que dura há anos e anos.— Forço um sorriso postiço — Ele, de fato, é meu primeiro Pokémon.
Jamais dei-me da atitude de forçar Solrock adentrar uma Pokéball. Ele sempre fora fiel e companheiro em todas as horas. Ele é mais que só um mero Pokémon para mim.
—Bom, então... —Birch remexe um dos bolsos de seu uniforme lácteo e retira de lá algumas curiosas esferas. Finalmente, as fascinantes Pokéballs. — Aqui está! E... também tem isso... — Ele utiliza a mão livre e a enfia profundamente no bolso, novamente. De lá, ele apresenta uma pequeno aparelho avermelhado - cabível na palma da mão - e me entrega junto as esferas.
— Uau... obrigado! — Desta vez, apenas agradeço. Sem sorrisos ou algum gesto qualquer.
Vislumbro os fortes raios solares emergindo através da transparência de uma das janelas e vejo que já está na hora de partir. Guardo a Pokédex em um dos bolsos de minha bermuda e penduro as várias esferas em um cinto propriamente criado para tal função. Despeço-me do Professor Birch singelamente, da mesma maneira que ele age com Solrock.
Descemos os andares restantes e logo chegamos à entrada, a tempo de observar o corpo do astro-rei eclodir integralmente dentre um par de montanhas. Os raios curam-me do mal estar e aquece meu rosto antes dormente.
Percebo que a touca em minha cabeça começou a fraquejar devido a brisa, mas não posso deixar. Não agora que finalmente começarei a vivenciar uma realidade que um dia fora um sonho. Agora, finalmente saindo de Petalburg City.
Ajeito a touca de pano grosso firmemente em meu crânio, encaixando-a com ainda mais força enquanto abomino solta-la.
Última edição por Władysław em Ter maio 24 2016, 18:00, editado 2 vez(es)
- WładysławTreinador
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Re: [PRÓLOGO] - [WŁADYSŁAW]
Temos um problema.
Laboratório do Birch se localiza em Littleroot town, mas pelo que entendi seu personagem mora e está em Petalburg, que coincidentemente é onde você narrou o laboratório.
Atualizei seus dados, mas não posso te liberar para postar até você resolver essa inconsistência. Quando corrigir isso (quer que narre que seu personagem foi para Littleroot e iniciou lá ou que diga que o Birch estava visitando algum laboratório local, por exemplo) me envie uma MP e sinta-se livre para postar sua rota no local de escolha. Se após a edição ainda tiver algo de errado, eu irei te comunicar.
EDIT: Tudo certo.
Laboratório do Birch se localiza em Littleroot town, mas pelo que entendi seu personagem mora e está em Petalburg, que coincidentemente é onde você narrou o laboratório.
Atualizei seus dados, mas não posso te liberar para postar até você resolver essa inconsistência. Quando corrigir isso (quer que narre que seu personagem foi para Littleroot e iniciou lá ou que diga que o Birch estava visitando algum laboratório local, por exemplo) me envie uma MP e sinta-se livre para postar sua rota no local de escolha. Se após a edição ainda tiver algo de errado, eu irei te comunicar.
EDIT: Tudo certo.
- NerkonAce Trainer II
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