Pokémon Mythology RPG
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[Breaking Illusions] - Limbo -

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OFF: Último Ponto em uma Vida Comum
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Ali, novamente.

Parada em frente à mansão que caía aos pedaços, a ruiva observava a estrutura que lentamente ia sendo banhada pelos raios Sol que crescia no canto leste do horizonte. Uma brisa suave corria no campo de relvas altas e suas mechas longas rodopiavam por trás das costas com a tenuidade de águas calmas seguindo sua correnteza. Seu olhar enevoado bailava pela área, e um silêncio corrompido rompia sua alma em metades ainda menores do que esta já se encontrava partida. A bainha de sua saia esvoaçava suavemente em sentido lateral, mas ela não se incomodava. Como poderia? Era cedo... Até demais. Não existiam pessoas pelas redondezas, ainda. Até o céu jazia envolto em um suave negrume apenas rompido pelo astro celestial e brilhante da Via Láctea. Para que se incomodar com existências que sequer estariam atentas a uma figura qualquer que apenas mantinha-se a observar um local onde há pouco ocorreram diversas batalhas? Um local abandonado? Talvez fosse cedo demais para considerar tal hipótese, mas era esta justificativa que rodeava a mente da jovem adolescente. E, em sua mente, era plausível o suficiente para que permanecesse silenciosa, parada, apenas admirando aquele antigo monumento que enfeitava de modo sepulcral aquela área que, possivelmente, antes seria verdejante, mas agora jazia com uma coloração suavemente amarelada.

De seus lábios, um suspiro suave. Um tênue movimento em seu peito equivalia-se à um sobe e desce constante e lento, traçando contorno no ciclo de encher e esvaziar que ocorria dentro de seus pulmões, ocasionando a respiração para a jovem. Suas orbes acinzentadas esquivaram-se em suave carícia na direção do solo, roçando a relva alta com aquela infeliz distância. Os braços de pele alva repousavam à lateral do corpo esguio, inertes a qualquer estímulo provindo do mundo que a rodeava. Inconsciente peso era aquele que pendia por sob os ombros da jovem. A dor da perda, que atingia seu subconsciente por todos os lados. Gabriel. Talvez até Richard, quem sabe? E Zac, Nina - Os jovens que conhecera ao longo do trajeto que traçara desde Pallet -? Estariam eles, de alguma forma, ainda mantendo uma lembrança pacífica sob sua imagem em suas mentes? Seria impossível saber, mas não tinha certeza se realmente desejaria ter tal consciência caso isto fosse possível. Não queria se ferir novamente. Não ainda mais.

Não por desapontar preciosos conhecidos.

Fora tudo isso, uma questão ainda rondava seus pensamentos, tal qual um predador rodeia sua vítima, pouco antes do ataque final. Por qual motivo, exatamente, retornara àquele cenário digno de filmes de terror? Aquele mesmo local que por tanto tempo lutara para manter-se afastada? Grande reviravolta do destino. Quisera afastar-se, e fora atraída como se um ímã a conectasse com tal casarão. Era como um nó frouxo ao longo do caminho. Algo que passara despercebido e seu corpo agira, impulsionando-se para obrigá-la a consertar. Tal hipótese poderia ser válida, mas que acontecimento justificaria sua estadia ali? Seu último encontro com o Rocket? Pouco provável. Seus atos para com os pokémons supostamente possuídos? Outra opção. Mas... Isso, só poderia desvendar caso realmente adentrasse o cômodo inicial do local. E onde estava a coragem para realizar tal feito? Voara para longe, apoiada sob as asas de um poderoso gavião. Ou, talvez, era apenas receio de novamente enfrentar cada obstáculo que se fizera presente na visita anterior. Quem poderia dizer? Chase, sem dúvida, estaria incapacitada para realizar tal reflexão. Pelo menos, por enquanto.

Um assobio mais forte do vento, e a ruiva finalmente pôde retornar à sua realidade. Balançando levemente a cabeça, buscava em vão espantar aqueles pensamentos atordoantes que a induziam em letargia profunda. Sua capacitação não ia muito além de apenas esquecer por poucos segundos de tanta desgraça que lhe assolava, antes que estas retornassem com um impacto ainda maior para com sua sanidade. Como ainda possuía tal fator, era quase algo que a própria garota não tinha a capacidade de acreditar. Talvez um presente de forças superiores, quem sabe? No entanto, isto era apenas um pensamento inútil, se comparado à barreira emocional que pretendia enfrentar a partir dali. Caso resolvesse partir para o interior de tal estrutura que tanto a atormentara. Porém, alguma hora deveria fazê-lo, e assim entregou-se a uma orientação mecânica que conduzia seus passos na direção da madeira carcomida e envelhecida que resumia-se na porta de entrada. A razão conflitando-se com a emoção, um rastro de lágrimas oculto pelo resto de noite mal dormida. Um cérebro predominantemente robótico, sem quaisquer peças eletrônicas existentes no mundo atual.

Um robô-humano.

Sua sapatilha roçou-se com a soleira da porta, um vão acimentado e recoberto com pequeninos insetos mortos, recobertos com suave camada de poeira. Os dedos da jovem tocaram a maçaneta pincelada com uma tonalidade morta de dourado e uma circunferência perfeita fez-se com o giro desta. Cupins recaíam de seus vãos para o solo e um cheiro de mofo invadiu seus pulmões desavisados. Um acesso de tosses de curto período instaurou-se, rompendo o silêncio que há pouco reinava, com exceção do rouco ranger da porta quando esta finalmente pôde abrir-se. O salão, iluminado por diferentes tonalidades, estas resultantes dos vitrais rachados ou até mesmo quebrados que se estendiam em uma decoração sem fim. O lustre, em pedaços, caído no piso amadeirado, abandonado. Os cacos de vidro que se espalhavam pelo lugar, assim como pequenas manchas de sangue próximas. Os móveis recobertos por tecidos envelhecidos eram quase um convite para sua estadia e ela assim o fez, silenciosamente transpassando aquela barreira que há pouco rondava seu coração. Um impulso fez-lhe fechar suavemente a porta de entrada, definindo assim sua solidão naquele gigantesco espaço com diversas portas a serpentearem perigosamente as paredes envelhecidas.

Mais uma vez, estancara, observando aquela peça que espalhava perigosos objetos cortantes pelo cômodo. Um vislumbre, e pôde ver novamente a sombra do pai de Richard, assim como o próprio citado, em alternadas extremidades de seu corpo, apenas traçando uma certa distância do mesmo. Ela cerrou as pálpebras, e em murmúrios quase inaudíveis, permitiu que de seus lábios ressecados transpassassem as simples palavras que, caso aumentadas de volume, poderiam ser tidas como uma frase calma e quase receosa.

- Vão embora.

E, em um sopro de vento fusionado com o som ilusório de uma mola impactando-se no chão, sua visão retornou com lentidão, para apenas presenciar a solidão que nunca lhe abandonara desde que pisara novamente naquele local. Uma localização maldita, ou que apenas trazia-lhe indesejáveis lembranças. Julgar seria fácil demais, então restava-lhe provar do veneno que deslizava pelos buracos na estrutura de madeira. Outro suspiro, e ela caminhou lentamente na direção daquele lustre caído, passeando suas enevoadas pupilas pela extensa entrada que se mantinha silenciosa. De um dos buracos presentes no teto próximo a porta, finas gotas de água deslizaram para dentro, umedecendo o material do qual o chão era composto e denunciando a suave garoa que se iniciara sem que a ruiva sequer percebesse. Ela não sabia, mas agora o céu lá fora acumulava tenebrosas nuvens cinzentas que ocultavam a tonalidade segura e azulada do infinito.

Um mau presságio que a ruiva inadvertidamente deixara passar.

Seus dedos suavemente percorreram a superfície metálica do lustre que decorava o solo. Questionava-se se sua estadia antiga realmente poderia ter sido considerada um golpe de azar... Ou seria de sorte? Por fim, tocou os próprios lábios fazendo uso de dois dedos, respirando profundamente e desviando seu foco para as lâmpadas destroçadas, inerte em tais lembranças que ainda jaziam frescas, carimbadas em sua visão.

Lembranças estas que a ruiva não possuía capacidade alguma para compreender.

Enquanto se perdia nestas imagens que rodavam como um filme em sua cabeça, a garota não percebera um contraste com o antigo cenário de tal cômodo. Abaixo daquela peça que há pouco roubara sua atenção, um pequeno formato circular rachara a madeira carcomida. Inicialmente, era um ponto esbranquiçado, quase verde. A primeira digestão deste formato fora a lâmpada central do lustre, que agora desaparecia dentro de tal curioso vórtex, ocasionando a duplicação do tamanho daquela passagem clara. Tal ciclo repetira-se diversas vezes. Porém, o raciocínio da adolescente retornou apenas quando o objeto de fato afundou-se pela metade, fazendo-a recuar e finalmente olhar para o local que antes lhe passara despercebido.

Sua visão estreitou-se com suavidade, mas logo retornou à seu usual e a ruiva inclinou a cabeça levemente para o lado. Aquele... Portal? Era tão familiar. Um rápido vulto deslizou por sua mente; Rota Dois e Vinte e Dois. A floresta da magia... Se é que poderia chamar assim. Seria novamente um convite à tão fantasioso cenário natural? Um contratempo à parte, após tantos medos de adentrar o casarão? Um presente de coragem? Quem poderia saber, afinal?

Quando o lustre finalmente desapareceu naquele buraco esverdeado, ela suspirou. Uma distração de pensamentos, poderia considerar aquele presente do destino desse modo? Alguns cacos de vidro, quase em um sopro, rolaram para dentro de tal passagem e desapareceram de tal realidade. Seu olhar encontrou o chão, e ela hesitou. Realmente mereceria um encontro como àquele? Talvez pudesse compensar tudo o que ocorrera consigo... Um auxílio à Floresta? Uma possibilidade.

Ah, quantas possibilidades podem surgir em minutos, não é verdade?

Por algum tempo, ela refletiu. Pensou na Rota Três. Em sua outra visita à Mansão. Na Rota Um. Na Rota Vinte e Dois. Na Rota Dois. No Laboratório, seu primeiro avanço. No Torneio de Pewter.

Ela pensou em tudo isso, e nos diversificados encontros pelos quais passara. Em uma última hesitação, seus pés avançaram em hesitantes passos à distorção em pleno espaço-tempo. Suas pálpebras se cerraram e a ruiva enfim entregou-se à própria sorte, deslizando para dentro daquele corte temporal.

Mas, ao passar por este, cometera um terrível erro. Algo que poderia comprometer sua vida. Chase novamente ignorara a questão da observação. Se não o tivesse feito, teria percebido um detalhe peculiar entre todos os vórtex já vistos até aquele exato momento.

O verde-bebê de tal fenda, em suas pontas, metamorfosearam-se para uma tonalidade suja, doentia. Um verde pantanoso. E seu centro lentamente escurecia-se, sendo rasgado por um infinito negrume após o sumiço da ruiva de tal realidade. Esta passagem era decorada por uma constante movimentação espiral, traçada por brilhos avermelhados em seu centro, que vinham e sumiam em relances de milésimos de segundos. Tal imagem perdurou-se por alguns segundos, antes de ser engolida pela normal realidade, permitindo apenas um cômodo vazio e silencioso. Um local intocado. Quem poderia provar que alguma presença estivera ali, afinal? Provas, não existiam. Tampouco testemunhas que poderiam apontar o destino da garota.

Ah, o destino.
Ele realmente costuma pregar peças nas pessoas.
Peças que podem revelar-se como algo de extremo mau gosto. Algo perigoso.
Um desfecho fatal.

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Off: Vamos :3


O jogo de emoções humanas é complexo, diz-se que também tem características mortalmente perigosas e que, por isso, pode levar um ser a situações desagradáveis que outrora poderiam ter sido evitadas, contudo a fragilidade emocional impede o bem estar mental de permanecer, nessa situação é inegável a perda gradual do bom senso e as consequências que passam a desencadear um efeito dominó cuja conclusão é potencialmente irreparável.

A treinadora denominada Natalie estava em tal situação, seu futuro era incerto e oculto pelas névoas das muitas dúvidas que predominavam em sua mente e, apesar de seu passado recente no lugar, ela praticamente sentia-se forçada a voltar à mansão de Cinnabar. Entretanto não demorou para que após a jovem entrar na primeira sala do edifício ela fosse surpreendida por um acontecimento sobrenatural, um portal que à primeira vista lembrava aquele responsável por levar quem adentrasse em seu interior para a já visitada pela ruiva Happiness Forest, sendo ele responsável por gradualmente causar o sumiço do gigantesco lustre que estava presente na mansão até uns poucos segundos antes de surgir.

A formação sobrenatural parecia confortar a garota que, com passos hesitantes, acabava por dar passos em direção às muitas cores do portão mágico, sem notar aquelas que mais deveriam haver chamado sua atenção... mas tudo estava feito, Natalie havia jogado-se aos desejos do destino. Seus olhos fechavam-se enquanto seu corpo transitava entre diferente dimensões, a bela adolescente caía num sono profundo. Sem poder descrever-se com certeza exatamente como ela havia chegado ali, o corpo da treinadora encontrava-se agora num lugar completamente diferente e ali permanecia até que seus olhos enfim confirmassem que sua vida não havia esvaído-se, com as pálpebras movimentando-se e começando a permitir que a luz do local chegasse à pupila da ruiva, permitindo-a ver onde estava após levantar-se.

Assim que melhor observava seus arredores a garota notava que ela encontrava-se num local completamente diferente de qualquer outro o qual ela pudesse imaginar, estava num simples corredor com paredes espessas e de coloração azul, compostas completamente por algum tipo de pedra irreconhecível aos olhos de Natalie. Detalhes artísticos vermelhos ao longo das paredes eram belos e não afetavam a segurança transmitida pelas espessas camadas de rochas perfeitamente esculpidas e encaixadas, a iluminação era agradável uma vez que ainda existiam algumas tochas acesas e estrategicamente distribuídas por todo o local. Numa análise mais detalhada notava-se que a estrutura do piso ao teto não era o de um arco, deixando mais provável que a arquitetura do lugar fosse mais antiga que a arquitetura Romana, além disso havia uma série de pequenos orifícios nos topos das laterais do corredor, por onde entrava o ar necessário à respiração.

Não era possível dizer se haviam pessoas no local, visto que o silêncio predominava no local e uma atmosfera sombria vez ou outra trazia alguns calafrios para a garota por alguma razão, apesar de ser estranho havia a chance de que talvez fosse apenas a consequência da solidão completa sentida pela jovem em tal lugar desprovido de vida. Não era possível ver o que existia ao longo de ambas as opções de caminhos a se tomarem no corredor daquilo que parecia ser uma muralha, o que Natalie faria?

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Durante tal transição de realidades, outro ocorrido que nunca se mostrara presente em quaisquer passagens da ruiva em direção à floresta mágica, desprovida de vida humana e da destruição, era o fato de pesada sonolência rasgar seu ser em dois, ocasionando um involuntário cerrar de pálpebras e por fim arrastar a jovem adolescente para as profundezas de um sono nunca provado pela protagonista aqui citada, nocauteando-lhe de um modo passivo e silencioso, porém fatal.

Milésimos, Segundos, Minutos, Horas. Sem um mínimo feixe de noção de tempo, quando sua mente libertou-se do negrume que envolvia seu consciente, Chase trazia consigo uma usual sensação de haver permanecido adormecida por anos inteiros. Domada pela exaustão, ainda sim sentiu-se obrigada a entreabrir suavemente as pálpebras. Pouquíssimo tempo passou-se antes que a pouca luz dominante pudesse adentrar sua visão e por fim clarear o foco da ruiva, que foi recebida pelo tom azulado do teto ali disposto. Completamente zonza, sentou-se, sentindo todos os músculos de seu corpo rígidos, como se não se movesse há bastante tempo. Sua mente latejava, e sua hesitação era clara antes de finalmente apoiar-se suavemente nos blocos perfeitamente encaixados das paredes, erguendo-se e prostrando-se novamente de pé. As pernas da jovem bambeavam com suavidade, porém, não o suficiente para que este fator fosse capaz de derrubá-la de uma única vez.

Quando foi capaz de raciocinar novamente, olhando ao redor, a constatação óbvia era de não estar na floresta. E isso levava a uma pergunta: Que lugar poderia ser aquele, afinal? Quer dizer, o vórtex... Era o mesmo, não? Ou havia cometido um equívoco ao relacionar ambas as aberturas em pleno espaço-tempo? Era tudo tão parecido, céus! No entanto, seus destinos eram contrastes completos. Seus dedos tocaram suavemente a superfície sutilmente deformada das rochas de aparência antiga, observando aqueles blocos tingidos de azul e, em algumas partes específicas, decorados com finas linhas vermelhas que traziam uma harmonia única entre si, traçando imagens delicadas ao longo das extensas paredes que a cercavam.

O silêncio amedrontador ainda era um fator predominante, não importando onde estivesse. Mansão, este local... Tudo tão... Igual. Silêncio, mistério, hesitação de sua parte... Questionava-se se aquilo não poderia ser apenas uma simples ilusão de sua mente, para fugir daquele casarão terrível. Deveria mesmo ter retornado àquele cenário de onde com tanta insistência buscara uma saída? Uma salvação? E agora retornava para ele, e em meros segundos se encontrava em um local completamente desconhecido. Sinceramente? Estava em dúvida sobre o que seria pior... A mansão, ou a solidão naquele local que sequer conhecia. Um local onde não tinha a mínima consciência de como poderia guiar-se, ou ao menos sair de tal área sem que enfrentasse dificuldades superiores.

Em sua espinha, dedos gélidos percorriam o local e traziam-lhe tremores involuntários, fazendo-lhe recear em realizar até mesmo o mais mínimo movimento para sua sobrevivência: Respirar. Observando a escuridão indeterminada ao longo de ambos os lados do corredor, questionava-se se ali realmente havia alguma segurança, ou se estaria enganando-se apenas pela estrutura firme que, na realidade, poderia se demonstrar terrível, caso algo extremamente problemático se apresentasse como companhia indesejável, impedindo-lhe uma fuga com diversificadas opções de rotas.

Mesmo assim... De que adiantava ficar ali parada, aguardando um milagre que poderia não vir? Ou até mesmo um perigo? Chase questionou-se se poderia chegar a valer a pena utilizar um de seus companheiros de equipe para abafar a solidão e frieza que perduravam na atmosfera sombria daquela área misteriosa. E, respirando fundo, optou por apenas chamá-los em último caso, para a sensação quente de travar um combate. Seria melhor assim... Poupar forças para um local que poderia destruir-lhe ou trazer-lhe vantagens em um único minuto.

Hesitara, mas por fim desistira. Olhou por algum tempo para ambos os lados, antes de por fim suspirar e caminhar para o lado direito do corredor, de vez em quando voltando seu olhar para trás, em uma tola precaução para o caso de estar sendo observada. Afinal, se estivesse, um redirecionamento de visão não resolveria todo o problema... Mas pelo menos estaria alertada caso isto ocorresse.

Infiltrando-se na escuridão, conhecendo o desconhecido...
Que raios seria isso?
Um plágio louco de Lara Croft, Indiana Jones?...
Sinceramente?
Agora entendia como estes personagens poderiam se sentir durante todos os obstáculos pelos quais passavam ou, no mínimo, como portariam-se em uma solidão plena...

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Apesar de inicialmente demonstrar alguma hesitação, logo a ruiva punha-se a caminhar para o lado que anteriormente posicionava-se à sua direita, não tinha ideia de onde estava ou aonde chegaria, apenas caminhava. Uma suspeita - ou seria medo? - de estar sendo observada e seguida fazia a jovem vez ou outra direcionar sua visão para trás, mas nada encontrava além do extenso e vazio corredor que a seguia. De fato, estava sozinha e a preocupação era desnecessária, uma paranoia sem sentido... que logo passava a fazer algum senso por culpa de algo real. Não sabia-se ao certo por que motivo isso acontecia, mas por algum motivo vez ou outra a garota de fato se sentia como se algo a observasse, como se uma presença cercasse seu corpo e a fizesse pesar.

Mas não havia alguém ali, não existiam humanos, pokémons ou algum outro ser que fizesse aquilo, o que existia no local era diferente: Uma atmosfera pesada, como se o lugar rejeitasse Natalie e desejasse expulsá-la, como se ela não devesse estar ali, era quase como se o ambiente possuísse vontade própria.

Independente do que sentia sobre aquilo a jovem não pôde fazer algo se não continuar a caminhar na esperança de chegar numa torre ou saída que pudesse levá-la para o lado de fora daquele edifício infernal - se é que havia um fim para os corredores azulados. Isso trazia uma agonia infernal para a jovem, somada à sede e cansaço que agora mostravam-se presentes. Tamanho era esse sentimento que a arte, antes vista como bela e bem trabalhada, passava a irritar seus olhos, a arquitetura sólida e as paredes espessas tornavam-se juntas algo insuportável, que traziam medo e insegurança à adolescente. Ainda que de início ela tivesse admirado o local agora Natalie sentia-se como um soldado dentro das fortificações inimigas e que fugia da morte ou do sofrimento que o inimigo a faria sentir.

Passaram-se alguns minutos onde a atmosfera do lugar parecia querer explodir a cabeça da treinadora, mas por fim ela viu algo animador, que a trouxe um alívio e uma satisfação imensa: Luz solar. Como um ato involutário de seu corpo, a ruiva começou a correr até a luz que via e pôde perceber a abertura que havia na construção em que estava, ao chegar à frente daquilo ela descobriu, de certa forma, em que tipo de lugar encontrava-se. A visão de Natalie mostrava-lhe uma cidade, era magnífica e de tamanho massivo, mas nada como as cidades da atualidade.

Eletricidade parecia ser inexistente, como evidenciado pela inexistência de postes, haviam construções altas e em maior parte de coloração bege ou amarelada, mas com um estilo de arquitetura completamente diferente aos conhecidos por ela e compostos apenas pelo que pareciam ser pedras e tijolos, vários monumentos eram visíveis, bem como um número absurdo de zigurates de tamanhos variados espalhados pela cidade. O que mais cativava a jovem, no entanto, era algo que não estava posicionado muito distantemente de onde ela encontrava-se: Um monumento massivo e maior que qualquer outra construção ali vista cuja estrutura era como a de um zigurate, mas feito completamente de mármore branco e coberto por um verde incrível, várias árvores e plantas diferentes adornavam o zigurate, de seu topo escorria água como uma cachoeira, que então espalhava-se pelos arredores do edifício antes de cair para o andar inferior, de forma a providenciar água para toda a vegetação da construção.

Aquela visão a cativava e ela por pouco não caía de onde estava, apenas então notando que encontrava-se a uns dez metros do solo, com escadarias distintas em ambos os seus lados. O desejo de ver e analisar os jardins que havia percebido era imenso, mas para isso precisaria descer e seguir pela extensa cidade e ela não sabia como iria ser vista pelos moradores locais caso encontrasse algum.




Imagens:
Cidade

Jardins suspensos

Muralha que cerca a cidade e divide seu interior.

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OFF: Não sei se está bom e também acho que exagerei no tamanho, sinto muito... Espero que esteja do seu agrado...
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Talvez, há algum tempo atrás, sua solidão realmente se fincasse em cada vão que jazia por entre pedras acopladas às grandes e espessas barreiras azuladas que a impediam de banhar as próprias orbes acinzentadas com a tão preciosa luminosidade. Aquele era um dos poucos momentos que a jovem realmente dava valor a algo tão natural que talvez nunca pudesse perder: A Luz do Sol. Porém... O Destino prega peças e nos ludibria para crermos apenas em nosso próprio bem estar, gozando de todas as forças disponíveis em nosso organismo para que tal ideal se realizasse, não importando caso outra pessoa sofra ou não as consequências. Ah, talvez isso pareça algo cruel. Mas o que poderia dizer? Infelizmente, esta é a nossa plena realidade, mas com um suave ponto de diferença. O Rico se ergue. O Pobre? Morre. É uma visão singela, mas que arrebata o sofrimento para as mais diversificadas famílias que habitam por sob o Planeta.

Enfim, a questão crucial – ou talvez, um dos pontos acoplados sob esta – seria que ela não mais se sentia tão sozinha. De todo modo, não poderia comemorar por isto, afinal, o peso que desabava sob seu corpo a impelia apenas ao temor. Eram sensações de que havia alguém ali... Porém, traziam-lhe à mente todos os alertas de presenças vis. Presenças que detestaram ter a consciência de sua tão involuntária invasão a um ambiente sagrado. Presenças estas que agora focavam-se apenas no desejo de expulsá-la de tais corredores, mas em silêncio e passivamente, tal qual um animal encaminhado lentamente para o abate. Se bem que... Esta comparação estaria realmente distante da realidade? Ela não sabia, e não desejava saber. Ela também ignorava que tudo que sentia era modelado apenas por uma coisa sutil, algo que supostamente deveria estar a ser favor: A própria atmosfera que, atingindo duplas camadas e faces, compartilhavam-se entre seu oxigênio e aquele ódio silencioso que acompanhava-lhe os passos, em constante vigilância. Como alguém que deseja saber se seu algoz fará ou não a coisa certa. Como se quisesse saber se poderia dar uma única chance à tão diferenciada jovem entre todos os habitantes que ali poderiam existir, ou se deveria distrair-se apenas em arrancar-lhe as vísceras.

De todo modo, não importava. Tudo o que restava para a adolescente era traçar passos em um corredor aparentemente sem fim, de onde corria o risco de nunca mais sair. E o que movia-lhe era a esperança de retornar à sua realidade.

Mas o que realmente a movia... Era o desejo de não findar a vida enclausurada em suas tão tolas escolhas sem obter a mínima chance para ao menos redimir-se por tantas coisas que despedaçavam seu coração naquele exato segundo. A primeira delas, preferencialmente, seria pedir perdão para um velho amigo que marcara por completo os longos anos de sua infância. Talvez não por muito tempo, mas... Era uma criança. Únicos meses poderiam se passar como uma eternidade, que poderia dizer sobre 365 dias multiplicados por x? Talvez... Talvez fosse um pensamento vão. Talvez ele não perdesse seu precioso tempo apenas para ouvir palavras simples – talvez angustiadas, talvez tolas... Mas verdadeiras -, ao invés de prosseguir com sua vida e seus desejos. Seus sonhos que possivelmente poderiam ser alcançados. Afinal, a ruiva poderia apenas apresentar-se à sua frente como um grande fardo inútil. De todo modo, ela não estava se importando no momento. Ela precisava tentar. A culpa de tudo, no fundo, poderia ser sua. Interpretações erradas podem custar muita coisa, e... Quem sabe não era isso que lhe ocorria até mesmo neste exato momento, enquanto transpassava aquele corredor abafado? Estava ali pela interpretação de que o rasgo sob o espaço-tempo poderia se justificar exatamente por uma nova oportunidade em direção àquela bela e mágica floresta que tanto envolvia seu coração. E agora, encontrava-se enclausurada. Como sua vida.

Um infeliz suspiro deslizou para fora de seus lábios, ao passo que seu olhar esquivava-se na direção do chão de paralelepípedos perfeitamente encaixados. Seria mesmo hora de pensar nisso? Bem, talvez não houvesse outra oportunidade. Porém, fazer uso de negatividade apenas poderia destroçar cada vez mais quaisquer traços ocasionais que a doariam a simples passagem para seu mundo real à um abismo infinito de angústias, escuridão e perdição, metamorfoseando seu próprio planeta em um local para o qual a garota nunca desejaria retornar.

Mas também deve-se levar em conta que isso poderia ser bom para alguém. Afinal, nada poderia impedir sua vivência naquela dimensão paralela, ainda que o perigo pudesse envolver seu coração e que um dedo gélido percorresse lenta e suavemente sua espinha em um ciclo constante e infindável, traçando o medo e receio naquela pobre alma partida. Ainda que possivelmente necessitasse conviver em confrontos eternos para com os moradores ou talvez até a própria natureza rancorosa de qualquer que seja o destino de tal portal pelo qual traçara seu caminho. O que era sua existência entre tantas outras no Mundo Pokémon? Era apenas um fardo a qualquer pessoa que cruzara seu caminho. Apenas um marco que poderia ser destruído. Apenas... Um ponto sofredor em um imenso mar de espíritos hipócritas ou gentis, que demonstravam cada vez mais – ou pelo menos na mente da ruiva – o quão inútil e despreparada ela estava para a verdadeira face do mundo a seu redor. Ou, pelo menos, do mundo que estava ao seu redor. Não poderia julgar um espaço que sequer lhe apresentara algo, que não um longo e infindável corredor fechado, abafado e azulado, com tinturas que não mais atiçavam sua curiosidade e o brilho suave de seu olhar, mas elas sim, eram o motivo de seu agouro atual. Quando se findariam? Não tinha consciência alguma. Seu único desejo era escapar daquele corredor, pois era necessário partir dali para tomar quaisquer outras decisões. Poderia submeter-se a muitas coisas, no entanto, se negaria eternamente a estancar e definhar entre duas malditas paredes envoltas na mais pura escuridão. E isto era provado cada vez mais por seus insistentes avanços, ainda que o cansaço abatesse seus músculos e que um deserto árido buscasse predominância em sua garganta, obtendo claro sucesso em suas tentativas de conquista.

Seu corpo buscava pelo tão precioso líquido da vida escorrendo por sua garganta, mas eram inúteis as tentativas, visto que a garota nada possuía dentro da cavidade oculta por seus lábios que não as partes naturais de seu próprio ser. Era uma inabalável sede que deveria suportar até a conclusão de tal destino, e foi assim que a ruiva submeteu-se a agir.

Infelizmente, não possuía resistência militar e era exatamente assim que ela se sentia, presa entre aqueles insuportáveis quadriláteros que abalavam sua visão a cada segundo que se estendiam em uma passagem enegrecida que revelava-se apenas cada vez mais cerrada, destroçando quase que por completo sua fé de sair daquele local, mas não abalando a esperança de seguir em frente e livrar-se daquele local que provavelmente estaria embutido em uma construção bem maior do que ela própria poderia imaginar.

Sua mente sibilava em desgosto com uma tortuosa dor trazida por conta do local onde jazia, sem um mínimo espaço para relaxamento, como se a própria pressão de tal passagem buscasse um método para que sua própria cabeça pudesse explodir em milhões de pedacinhos, porém, sem nunca revelar uma densidade suficiente para metamorfosear-se em figura humana.

Ela batalhava contra uma possível letargia, pois tinha a consciência de que não poderia permitir-se perder raciocínio, consciência ou, em último caso, até mesmo sua própria sanidade. Quer dizer, imagine se algo superiormente problemático ocorresse por uma simples distração, um devaneio que resultaria em um devastador tornado em sua vida? Não, deveria se manter atenta, custando o quê custar.

E foi tal atenção que trouxe um devastador alívio para seu coração.

Alguns minutos após tanta agonia enclausurada, como a luz do fim do túnel, um feixe solar rasgou os corredores alguns metros à sua frente. Por milésimos, ela estancou onde estava, encarando tal suposta saída em uma mistura de receio, hesitação, incredulidade e também alívio. Finalmente, a coragem rasgou seu espírito em um rápido trovão, ao passo que seus músculos inferiores dispararam na velocidade de um raio em direção da claridade, buscando, em um gesto desesperado, sua libertação. Não que ela realmente quisesse aquilo; Talvez não desejasse, nas profundezas de seu coração. Porém, os instintos humanos tomavam sua frente e era assim que ela prosseguia, ignorando quaisquer problemas que poderiam surgir à frente, permitindo que tal lógica surgisse apenas um bom tempo depois, ao finalmente estancar na beirada de uma gigantesca construção que sobrepunha-se a mais ou menos dez metros do solo, fato este que ela apenas apercebeu-se após despertar do estado hipnótico que aquela maravilhosa e inacreditável visão privilegiada da cidade, que se estendia até onde sua visão alcançava, causara em todo o seu consciente.

Não, aquilo definitivamente não era da atualidade, fora sua primeira conclusão. Seus olhos percorriam toda a extensão da área, mas não encontrava sequer um único vestígio de, digamos... Eletricidade? Vida? Movimentação? Era um silêncio sepulcral que reinava em tal localidade e, bem, poderia dizer que aquilo de certa forma atemorizava sua alma. Não tinha a mínima noção do que poderia encontrar em tais habitações, mas uma intuição primitiva apontava que aquele local poderia ser bem... Perigoso. Não deveria estar ali e não sabia como poderia sair. Além disso, não pretendia enfrentar novamente aquele interminável corredor azulado, então sua opção restante seria explorar a cidade e rezar para que encontrasse o portal que a aprisionara ali.

Sua visão passeou pela cidade com mais lentidão, buscando movimentações ou até mesmo detalhes que de primeira vista lhe passaram despercebidos. Mescladas de bege, azul ou amarelo, ali erguiam-se estruturas que a faziam sentir-se como se estivesse dentro de um antigo livro de história, relatando todas as aventuras de seus antepassados, sem preocupar-se com quaisquer coisas a mais relacionadas com os dias atuais. Monumentos - ou templos, não tinha certeza – espalhavam-se aqui e lá, pontilhando a passagem que rolava por entre as moradias ali existentes.

De todo modo, a estrutura que realmente se destacava em toda a área seria o destaque de um templo maior e enfeitado por as mais diversificadas plantas, trazendo com o verde vivo uma falsa sensação de paz e segurança, o que agitava cada molécula do corpo da jovem donzela e a impulsionava com o desejo de explorar o monumento de mármore esbranquiçado. Isso, e também outra coisa a encantava: A cachoeira que pendia do topo do monumento, sufocando cada vez mais sua garganta com o desejo de saciar a sede existente em seu ser. Ela hesitava, afinal, não possuía consciência se seria seguro, se lhe traria algum dano à saúde. Mas que outra opção possuía? Respirando profundamente, ajeitou uma de suas mechas avermelhadas atrás de uma orelha, dando uma última olhada para trás, fitando por fim a imensa muralha de tonalidade azulada. Muralha esta que dividia a cidade com seu possível exterior, e a mesma estrutura que resguardava o poderoso corredor que pesava sob seus ombros como uma serpente traiçoeira.

Balançando a cabeça, findou tal receio ao trancá-lo no interior de seu subconsciente, voltando o olhar a cidade e buscando caminhos que poderiam conduzir seu corpo até aquela estranha construção que provavelmente deveria pertencer a alguma tribo antiga e possivelmente extinta em sua realidade. Percorrendo possíveis traçados silenciosamente, ela observou as extensas escadarias que desenrolavam-se na direção da cidade, permitindo que um baixo suspiro deslizasse por seus lábios ressecados e certificando-se aproximadamente três vezes se estaria partindo pela lateral correta, antes de por fim tocar o corrimão que margeava os degraus. Observou o longo caminho que a aguardava e desejou nunca ter ousado meter-se em tal dimensão. Afinal, ainda que curiosa, não era seu lar. Não era ali onde a garota vivia.

Não era ali onde ela queria estar.

Lentamente, seus pés moveram-se de modo automático, descendo pelos degraus como se a cada centímetro percorrido adiante pudesse significar uma morte terrível, tortuosa e inevitável. Não poderia aceitar perecer em uma localidade por si desconhecida, e foi isso que a impulsionou a erguer a cabeça e continuar seu caminho, atentando-se a seu redor para qualquer perturbação ao ambiente que pudesse denunciar alguma companhia possivelmente indesejável.

Podia ser muito distraída, mas também não era boba em situações tão críticas. Em silêncio, fazia preces. Necessitava escapar daquele local e assim o faria.

Por todos os seus assuntos pendentes.
Por seus esforços.
Por seus amigos.
Por seus pokémons.

Não poderia decepcioná-los. Não agora. Não após tanto tempo batalhando com um ardor quase inimaginável para si no passado. Sua saída agora seria seguir em frente, sempre em frente, e provar para si própria que não necessariamente era uma completa inútil fadada ao fracasso, ainda que tal ato pudesse demonstrar-se praticamente impossível. Afinal, não poderia entregar seus pontos sem que ao menos permitisse a si mesma tentar.

Ela faria isso.
Nem que fosse por uma última vez, antes de permitir-se levar ao abismo da morte, de onde não mais poderia retornar.
Seu futuro estava em jogo.
Bastava lançar os dados em um número certeiro.

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Natalie era realmente uma garota peculiar, sua mente, confusa, mais parecia um mar agitado por uma forte tempestade e como tal não eram facilmente perceptíveis as verdadeiras intenções da jovem, tampouco os motivos que a levavam a fazer tal coisa. Ainda que no corredor ela pensasse em certas coisas - entre elas uma desavença com um antigo amigo -, após sair dali ela momentaneamente passava a desejar saciar sua sede, mesmo que fosse num lugar onde ela não sentia-se bem vinda ou onde desejasse ficar.

Mesmo que com alguma hesitação a jovem acabava por optar ir até o grande zigurate de mármore branco cuja aparência mais lembrava uma floresta em meio a uma grande civilização que algo feito pelo homem. A treinadora suprimia suas preocupações com a afirmação de que não tinha outra opção caso desejasse sobreviver ali - precisava beber aquela água, mesmo que tal ato pudesse ser demasiado arriscado - e portanto começava a seguir em sua direção. Vez ou outra o medo evidente de perder-se numa cidade tão grande e desconhecida a fazia procurar pela visão da parte superior dos jardins, reduzindo suas preocupações a confirmar que parecia seguir o caminho correto.

Mas mesmo que conseguisse evitar se perder para sempre pelas ruas daquele lugar a jovem não podia deixar de perceber - e sentir - a solidão e o vazio dominantes ali. Afinal, com a exceção das plantas nos jardins, ela não havia encontrado sinal de vida ali, apenas poeira nas construções e vento. Não existiam insetos, animais ou humanos, apenas as muitas casas e monumentos que cativavam sua atenção enquanto ela caminhava.

Sim, pelo menos por enquanto a cidade mostrava-se segura, mas a sensação de estar sozinha naquele mundo e as muitas perguntas que vez ou outra brotavam em sua cabeça quanto à localização dos habitantes dali gradualmente a faziam sentir-se desconfortável. Era verdade que Natalie estava fora de lugar e de época, mas a cidade também estava fora de si e mais parecia um labirinto vazio, com construções em certos lugares ao invés de paredes.

Pensamentos do gênero à parte, a adolescente enfim chegava ao seu destino: O massivo zigurate de mármore adornado por plantas que presentemente encontrava-se a vinte passos dela, bem à sua frente. O que era possível notar dali era também uma espécie de piscina à direita do monumento, onde era despejada a água que sobrava. Ainda que pudesse estar a segundos de saciar sua sede, Natalie também sentia uma enorme atração ao zigurate, o impulso a fazia desejar subir suas escadas até seu topo, sabe-se lá o por quê.


Off: Desculpe a qualidade ruim do post. Não narre a visão do topo do zigurate, caso opte por subir lá.

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Enquanto seus passos guiavam-lhe em direção à figura do templo-mor, com direção certa apenas pela vegetação espalhada ao longo de toda a parte externa da construção, ela apenas pôde comprovar – felizmente ou infelizmente – que toda a cidade, pelo menos até aquele momento, era completamente... Vazia. Era algo, de fato, peculiar. Ao invés de manter as construções devastadas e a população lutando para sobreviver, tal como muitos povos que já desapareceram, aquele local era um contraste completo. Tudo estava em perfeita ordem, mas... O povo parecia ter sido devastado. Era como uma imensa cidade fantasma que mal concluíra seu projeto de construções. O único sinal de vida era a plantação sob o mármore branco, tal como a água que deste escorria.

Mas... De fato, o local era estranho. Não apenas pela ausência de humanos; Não era isso. Porém, até mesmo os mais desertos locais possuem insetos, animais. Mas ali, nada. Um intenso vazio cercado por paredes sólidas que poderiam tanto ser de tijolos quanto de algum material por si desconhecido. E aquilo apenas trazia um receio e alarmava todos os seus instintos de sobrevivência. Sentia que deveria correr dali, e rápido, pois seu túmulo poderia se firmar naquele templo que tanto a atraía. Era uma forte intuição, mas por pura tolice a jovem a desobedecia. Talvez, ela apenas julgasse que deveria enfrentar o que quer que ali estivesse para que enfim pudesse fugir de tal dimensão. Afinal, não era assim que sempre ocorria? Se tentasse seguir a lógica da floresta mágica – para onde antes julgara que iria -, o portal só reaparecia após a derrota de seu oponente. Sempre havia sido assim... Por que não seria agora?

Seu raciocínio tornou-se ainda mais forte ao parar em frente à bela figura do templo. Não apenas por sua imagem, mas pelo supremo desejo que se apoderara de seu coração para elevar-se ao topo daquele monumento. Principalmente ao reparar que seu anseio pela água havia diminuído consideravelmente, fazendo-a relaxar e temer. Algo estranho, sem sombra de dúvidas. Mas fora exatamente assim que ela se sentira e nada poderia fazer para mudar tal fato. Mentir para si mesma era que não ia.

Ela suspirou, passando os olhos pela piscina acumulada pela água que ali jazia e por fim dirigindo a captação de suas retinas às escadas que se erguiam em direção aos andares superiores do templo. Mais degraus. Mais cansaço.

Mais próxima de sua liberdade.

Por fim, seus passos guiaram-lhe em tal direção, parando apenas para que a ruiva pudesse recolher um tanto de água com a própria mão da cachoeira que se derramava à piscina, buscando ali uma segurança talvez tola. Precisava saber se aquilo era realmente sua realidade e não pensava em nada melhor que tal prova. Ela respirou fundo quando não desapareceu daquela localidade. Parou na base da escada.

E subiu os degraus para enfrentar seu futuro.
Um – quem sabe? – mórbido futuro.

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Foi desobedecendo a intuição de que ficar naquela cidade poderia levá-la à propria morte ou apenas percebendo que não tinha ideia de como encontrar a saída da cidade para então aventurar-se em mais um lugar desconhecido que Natalie havia continuado seu percurso até os jardins que tanto a cativaram. Já estando no templo, entretanto, a garota acabou por dirigir-se à piscina ali presente e esticou suas mãos à cachoeira, recolhendo alguma água e confirmando não ser uma ilusão ou algo similar... a água era pura, cristalina e a mera sensação de ter contato com o líquido chegava a trazer tranquilidade à Natalie, era quase como se o próprio Suicune houvesse purificado aquelas águas e essa sensação levava a ruiva a beber ali, a saciar sua sede sem conseguir evitar tal ato.

Após se satisfazer com o líquido vital, Natalie simplesmente sentia-se bem, por algum motivo estava mais relaxada e não sentia algo ruim, aparentando que a água realmente não continha substâncias tóxicas ou algo do gênero.

Com isso a treinadora dirigiu-se aos degraus das escadas, subindo um por um, lentamente observando as plantas pelas quais passava, essa mera subida parecia durar uma eternidade, não só pelo número obviamente absurdo de degraus necessários para chegar ao topo de um zigurate tão alto, mas também por causa da tranquilidade trazida pelas plantas. Sim, a vegetação trazia à ruiva uma tranquilidade não vista antes no lugar, era simplesmente... armonioso, belo, nada além da melodia feita pelo bater do ar nas folhas chegava aos seus ouvidos, o aroma de flores e plantas dos mais diversos tipos misturava-se e a beleza da natureza ali presente era incrível.

Por fim a jovem chegou ao último dos degraus e subia à plataforma superior, na área central havia apenas uma pequena área de mármore, esta era retilínea e um bom trabalho por parte do responsável por preparar o material. Aquela área, ao contrário dos jardins inferiores do zigurate, era cercada nas exremidades por flores e plantas baixas, o que dava a quem estivesse ali uma boa visão da cidade... E Natalie via com clareza o quão grande aquele lugar era, uma vez que mesmo daquela altura ela via o que parecia ser um mar infinito de edifícios diversos, uns maiores, outros menores, era realmente uma cidade muito grande e não havia explicação lógica para o desaparecimento ou ausência de seu povo.

Ao virar-se para o lado, no entanto, a garota via algo que a chocava, deixando-a boquiaberta. Seus olhos ficavam arregalados e tanto o corpo como sua alma sentiam-se extremamente atraídos pelo que via, como se pudesse morrer caso não fosse até lá. O que a ruiva via não era algo normal, era muito mais surpreendente até mesmo que as edificações de seu tempo... era uma torre. Uma torre maior e mais larga do que qualquer coisa que ela já houvesse visto ou sonhado ver, estava a uma distância considerável de onde ela encontrava-se e parecia ser localizada no centro da cidade, sua base aparentava ser octogonal, por si só já era alta e acima dela haviam grandes escadarias que levavam para a torre em si, esta era envolvida por uma escadaria em espiral que parecia estender-se ao seu topo, vários "portões" eram visíveis em todo o exterior da torre. O mais surpreendente quanto àquele edifício era, sem dúvida alguma, sua altura, apesar de largo e grande a altura parecia superar qualquer coisa que se pudesse imaginar, indo até os céus e atravessando as nuvens. Parecia uma torre sem fim, mas por algum motivo a mentre de Natalie era inundada com pensamentos quanto ao desejo de ir até a torre e até tentar subi-la, além de que por algum motivo o lugar parecia ser familiar... talvez já houvesse falar em tal lugar?


A torre.

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Parecia algo infinito.

Os degraus, de um em um, eram deixados para trás e apagados da mente da ruiva, que apenas focava-se na subida que lentamente diminuía. Mais perto do topo, mais envolta em uma calmaria inexplicável que lhe invadia o corpo e atordoava sua pobre alma atormentada. O som do assobio provindo da suave brisa roçando nas folhas arrancava da jovem a sensação de solidão, ainda que fosse apenas a natureza brincando com seu subconsciente. Grande parte daquilo a contentava; Não seria necessário arrastar seus pequenos companheiros para fora de suas silenciosas esferas bicolores em direção a um mundo desértico. Pelo menos... Não ainda.

Aquele lugar não era apenas melodia para seus ouvidos, mas também uma perfeita pintura acalentadora para seus orbes acinzentados e uma perfeita sincronia de odores para seus pulmões. E isso impressionava-a profundamente.

Segundos ou talvez minutos haviam se passado quando os pés da jovem roçaram no topo do andar mais alto, tocando um plano mármore que jazia cercado pela própria natureza. Ela observava tudo que cercava-lhe o corpo e sentia-se bem com aquilo. Era uma paz que há muito parecia perdida. Era um silêncio incômodo que de algo jeito acalentava seu coração. Ainda que não encontrasse explicações sensatas para justificar o desaparecimento dos habitantes daquela civilização, não poderia apenas lamentar-se. Deveria encontrar um modo que novamente reabrisse o rasgo temporal para que retornasse à seu usual meio humano.

E foi com esse desejo que seus olhos focassem a gigantesca construção que se estendia no horizonte. Por meio segundo, um choque percorreu seu corpo e a salivação não ousara prosseguir seu trabalho silencioso no interior de seus lábios feridos, consequência das constantes mordidas que eram ali desferidas pela própria adolescente. Uma grande torre espiral subia aos céus, desaparecendo entre nuvens acinzentadas que impediam a jovem de definir o mínimo de seu real tamanho. Era estranho e surpreendente. Gigantesca, decorada com diversos portões exteriores a cada centímetro de sua extensão. Um intensificado desejo de ir até o local explorá-lo dominava todo o seu ser em simples milésimos de segundos.

No entanto... Algo também parecia estranho naquilo. A estrutura era gigantesca. Como poderia não tê-la visto antes de descer as iniciais escadarias, onde o corredor inicial que a aprisionara havia desembocado? Aquilo não existia antes, disso tinha certeza. Mas por qual motivo existiria agora? Aliás, e se apenas dali houvesse a possibilidade de observar a localidade?

Ela respirou profundamente. Possibilidades, diversas! Além disso, aquilo parecia familiar. Mas de onde? Não valia a pena pensar agora, então a ruiva optou por focar a construção e iniciar sua descida daquele templo natural que a acolhera sem hesitações ou repúdios. Não importava como, havia a necessidade de explorar aquela torre cuja aparição inquietava seu coração.

Seria mesmo uma decisão correta se lançar deste modo às mãos do destino?

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Com suas próprias dúvidas e crenças quanto ao que havia acabado de ver, Natalie iniciava a longa descida do zigurate onde estava, chegando ao seu fim após alguns segundos passados de forma anormal.
 
A garota estava prestes a seguir rumo para a torre desconhecida quando começou a sentir alta pressão em seu coração, o orgão logo passou a bater duma forma cujo impulso era sentido até as extremidade do corpo da treinadora, enquanto seu som ecoava por seus ouvidos. Um repentino sentimendo de agonia tomava a consciência da ruiva e a fazia apoiar-se numa das paredes esbranquiçadas do monumento próximo. Durante tais eventos ela não demonstrava capacidade de agir por livre e espontânea vontade, como se alvo estivesse a despertar dentro de seu corpo e agora estivesse se libertando, apenas após alguns segundos conturbados foi que a jovem recuperou sua consciência ao ponto de dar alguns passos.
 
Ela estava consciente do que ocorria ao seu redor, mas seria isso realmente algo bom? Um aperto voltava a ser sentido em seu coração, diferenciando-se do que havia ocorrido anteriormente por não trazer à tona a mesma sensação agonizante, mas ainda assim incomodando devidamente a ruiva. Sem suportar àquilo Natalie logo caía de joelhos no chão e passava a ficar em posição fetal, seu corpo passava por um estado nada agradável e sem conseguir conter-se a garota começava a vomitar ali, sujando aos próprios cabelos e partes do rosto antes de conseguir levantar-se e ficar numa posição onde pudesse evitar tais acontecimentos indesejáveis. Após melhorar seu estado a garota voltava a levantar, mas dessa vez sua cabeça doía a um ponto no qual ela era incapaz de raciocinar, apenas... sofria. Sofria e nesse ciclo aparentemente interminável seu corpo involuntariamente caminhava para a piscina onde era despejada a água do monumento de mármore... era o fim? Talvez, a última coisa vista e sentida pela ruiva fora a água cristalina chocar-se contra si mesma enquanto ela desacordava.
 
...
 
- Oi, você está bem? - Uma voz infantil e por algum motivo familiar ecoava na mente de Natalie, trazendo à tona a questão quanto a seu estado: Estaria ela viva ou morta? Bem... ainda que não houvesse conseguido abrir seus olhos - ainda - ela sentia o ar tocar seu corpo e logo respostas poderiam chegar... A voz mais uma vez repetia-se, desta vez mudando a pergunta. - Qual é seu nome?
 
Após fazer algum esforço para abrir os olhos, a ruiva via um rosto infantil logo acima do seu, era o de um garotinho loiro e de olhos cuja tonalidade lembrava castanha, mas também parecia ter influência de um vermelho, parecia ter entre os sete e onze anos de idade. A criança sorria quando percebia que a jovem acordara... tal sorriso e rosto lembravam Natalie de outra pessoa, talvez de um de seus amigos de infância? Sua cabeça ainda doía...

 

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