O dia anterior não foi agradável para Blake. A experiência de perder a memória é uma situação angustiante. Muitas perguntas surgem em sua mente e vínculos fortes desaparecem como se não tivessem importância. Mas, assim que suas lembraças retornam, elas parecem ter um significado maior e tornam-se algo tão intenso que você passa a dar mais valor.
O jovem agora deveria dar continuidade à sua jornada e auxiliar os professores Oak e Birch em sua pesquisa pela pokédex, mas passava por um momento de conflito interno entre razão e emoção. Sua razão dizia que ele deveria retornar para a Viridian Forest e que de lá o rapaz deveria seguir para a cidade de Pewter, aonde poderia aprimorar seus projetos. Mas seu coração estava em outro lugar completamente diferente: Hoenn. As memórias de sua amada, Miranda, permaneciam num loop em sua mente.
O rapaz se arrependia de não ter deixado aquela paixão intensa se tornar realidade. O orgulho de ambos falou mais alto e por causa disso jamais ficaram juntos. Nunca houve um beijo, uma declaração de amor, um “te amo”... E agora era tarde. O rapaz já havia se mudado para Kanto sem dar a menor satisfação para a garota e se fosse realmente retornar para seu continente natal um dia, não saberia como a garota reagiria ao reencontrá-lo.
Perdido em pensamentos, o rapaz demorou demais para perceber que havia chegado na floresta. Diferente do dia anterior, o local parecia silencioso e isso não lhe agradava nem um pouco. Havia se habituado com o som de treinadores circulando, além da cantoria dos pássaros da floresta.
Decidiu seguir pela mesma trilha que havia caminhado no dia anterior, passando pelo mesmo ponto aonde enfrentou um Beedrill e logo em seguida pelo local onde capturou um de seus novos parceiros. O rapaz nunca havia cruzado a floresta completamente, mas já conhecia boa parte do caminho a ser tomado. Para ter certeza que não cometeria mais erros, retirou uma pokébola de seu cinto e a abriu, liberando um pequeno inseto verde. O pequenino olhou para Blake com certo desdém, virando a cara levemente irritado. O garoto por sua vez deu uma risada sem jeito e colocou a lagarta em seu ombro, fazendo-lhe um cafuné. A princípio o inseto continuava fazendo cara feia, mas logo acabou se entregando às carícias e abrindo um sorriso para seu dono.
– Desculpe-me por ontem, Caterpie. Eu estava meio confuso com vários acontecimentos de ontem e acabei fazendo você se envolver em uma batalha indesejada. Espero que agora que me tornei seu treinador, nós possamos nos tornar grandes amigos!
O pequeno pokémon observava o rapaz falando com muita atenção. Parecia compreender a situação dele e logo soltou um grunhido baixinho, indicando que iria colaborar. Satisfeito com a resposta positiva, Blake decidiu que deveria dar um nome ao seu pequeno aliado. Afinal, assim como os outros parceiros do treinador, ele era único.
– Eu acho que você precisa de um nome. Meus outros amigos também têm nomes: Skylar, Sheldon e Duke. Eu acredito que um nome que combina com você é Carter. O que acha?
Caterpie mais uma vez fez um sinal positivo, para a alegria de seu treinador. Após o primeiro contato agradável, continuaram a caminhar pela floresta. Blake seguia caminhando tranquilamente ao mesmo tempo em que o pequeno Carter parecia contente e confortável no braço de seu dono. Pouco tempo depois, chegaram no ponto da floresta no qual o rapaz ainda desconhecia. Era hora de contar com a ajuda de seu parceiro.
– Carter, você sempre viveu nessa floresta, certo? Você sabe me dizer qual é o melhor caminho a ser tomado para ir para Pewter?
O pequeno inseto apontou para uma determinada direção na qual Blake acabou seguindo. Mais do que chegar em Pewter, Blake esperava encontrar algo que o encorajasse a continuar seguindo sua jornada. Ele temia que seu conflito interno o fizesse desistir de um de seus sonhos.
Última edição por Artie em Seg 24 Mar 2014, 03:59, editado 1 vez(es)