2 - Viridian, here i go!

Fiquei confuso ao ver Athena daquela forma. Mas no fundo, sabia que as palavras ditas pela dupla afetaria a menina de certa forma. As palavras ditas por ela me comoviam.

Baixei a cabeça e levantei meus braços até a garota, segurando-a pelos ombros. Logo, envolvi-a em um abraço, na tentativa de consola-la o máximo possível.

- Athena.. Você não pode dar ouvidos a comentários assim. Não pode. Eu sou um treinador novato, não entendo muito bem de batalhas pokémon. Mas sei dizer que você tem belos companheiros com você, que gostam de você e sempre querem te ajudar. Não deixe que esses idiotas te atinjam e te derrubem, porque é isso que eles querem. A vida é curta e não temos tempo para dar atenção à pessoas assim, à comentários assim. Siga em frente e.. Apenas ignore. Você é muito mais que isso.

Esperava que as palavras pudessem confortar a garota, ou até ajuda-la futuramente. Ainda assim, tentava incentiva-la a continuar caminhando, afinal, aqueles estranhos poderiam voltar a qualquer momento.

O retorno da dupla me irritou por completo. Não aguentava sequer observar aquelas faces gananciosas e debochadas. Seres corrompidos que apenas visavam o seu bem estar. Lixo do mundo.

Me desprendi calmamente de Athena. Caminhei até chegar a sua frente, deixando-a atrás de mim. Posicionei-me encarando aqueles treinadores. Minhas sobrancelhas fechavam o rosto e franziam a minha testa.

- Vocês não tem jeito mesmo. É inútil ficar ofendendo ela. Porque ela não liga mais pra isso, reconhece o seu potencial como uma poderosa treinadora. Afinal, conseguiu vencer vocês, mesmo sendo cega. Seus covardes.

Puxei de meu bolso a pokébola pertencente à Freya. Retirei a pokémon rapidamente de sua esfera. Ao sair, a bebê mostrou-se agitada, como se soubesse do que estava ocorrendo há tempos.

- Lutaremos aqui e agora! Apenas eu contra vocês! Não quero mais que envolvam ela nisso. Escórias da humanidade! Pessoas como vocês devem voltar para o primário e estudar tudo de novo! Lancelot e Freya, a batalha provavelmente será como antes, dois contra dois. Portanto, escolho vocês!

Por mais que a determinação transbordasse no meu peito, ainda havia um medo de perder aquela batalha. Nunca enfrentei treinadores assim, sozinho. Mas aquilo era visto como uma barreira que devia ser ultrapassada.  

Meus olhos arregalaram ao ver a tremenda força do pokémon aclamado pela dupla. Talvez este seria o motivo deles quererem tanto rouba-lo. Logo, apontei o dedo para eles. Falei.

- V-viram isso! Vocês não podem contra o Pupitar dela! - Minha fala gaguejava um pouco, afinal, estava assustado com tamanha pancada que o pokémon aplicara. - Deem o fora daqui! Lancelot, use o Ember para afastá-los! Jogue no chão perto deles!

Tomei uma atitude um tanto violenta, mas talvez esta seria a única maneira de mandar aqueles delinquentes para longe. Espiava Athena para certificar-me de que tudo estava bem, então, desviei o olhar para Pupitar, o pokémon poderoso.

Aguardava reações.

Contente, peguei a mão da garota, ajudando-a no caminho complicado até Viridian. Esperançoso de que a dupla de delinquentes finalmente pararia de nos incomodar.

- Vamos logo, reencontrar aqueles idiotas vai nos atrasar mais ainda. - Olhei para a garota, vendo sua face triste. - Ei, não fique assim. Esses caras não vão mais voltar, e se voltarem, daremos um jeito neles de novo.

Olhava para o horizonte enquanto caminhava, pensando em diversas possibilidades de encontros no meio daquela ampla área campal. As coisas em minha mente ficavam claras a cada instante. "Vai ser difícil realizar meu sonho sem treinar, vai que eu encontre pessoas assim também. Acho que terei que ser como os treinadores de hoje."

Era uma opção desfavorável para mim. Afinal, não era acostumado a batalhar muito com outros treinadores e assistira poucas vezes as ligas oficiais. Porém, minha determinação falaria mais alto, e eu conseguiria realizar meus sonhos.

Corri até o pokémon, que aparentemente estava ferido, e agachei-me perto dele, pegando-o em meus braços. Então, usei uma mão para pegar a pokédex e apontar para o pequeno selvagem.

- Vamos tratá-lo. Ele parece estar ferido! - Chegava perto de Athena com o pokémon. - Athena, eu não sei bem que pokémon é.. Você quer pega-lo? Ele está ferido. Infelizmente, não tenho poções aqui. - Esta última frase, falei em tom desanimado.

Olhei fixamente para o pokémon, que parecia estar empolgado com alguma coisa. - Ele parece estar feliz, animado, não consigo entender direito. - Disse à Athena. - Será que ele se perdeu de algum bando ou foi atacado por algum outro selvagem?

Neste momento, chamei Lancelot, que respondia rapidamente com um forte latido. - Lancelot! Farej.. - Antes que pudesse mandar o pokémon farejar o ferido, ele já fazia isso. - Certo, agora, tente ver se não há nada aqui por perto. O cheiro deste pokémon é misturado com alguma coisa? Não sei se consegue identificar...