Pliim! Com um barulho parecido com um sino eclesiástico, o auto-falante anunciou a chegada do trem, que adiantou alguns segundos e parou no seu devido lugar. As portas abriram e, por saírem de seus postos iniciais na fila, a dupla acabou perdendo o privilégio de ir sentado, mas mesmo que em pé, graças a sorte e aos passos lentos dos outros humanos, nem sequer
um doze avos da multidão estava naquele trem, ainda havia um bom espaço para respirar, pular, se movimentar, ou seja, o conforto não era nulo nem negativo, por mais que baixo.
O corredor do vagão era largo, cabia duas ou três pessoas uma do lado da outra, ainda mais jovens esbeltos como estes que estamos nos referindo. Em comprimento o local perde por pouco para um ônibus, e em assentos também, havia bem menos cadeira que no transporte rodoviário, porém as que tinham era mais acolchoadas e largas, além de estarem posicionadas de costas para a parede respectivas e de frente para a parede paralela, faziam uma espécie de circundação, borda, nas paredes do vagão, se ele tivesse sido projetado em círculo, aquilo seria claramente uma roda, pena que era um paralelepípedo, isso diminuía o contato visual entre pessoas, tornava o ambiente mais desinteressante.
As portas se fecharam e a locomotora começou a andar, sem nenhum som alto, apenas desceu os trilho e se manteve em um túnel subterrâneo, parecia que ficaria daquele jeito por muito tempo. No momento, nenhuma movimentação significativa de pessoas, todos parados e acomodados nos seus quadradinhos, agora, analisando os pokemons presentes no recinto, havia apenas Amarílis, que lutava para se segurar e não atrapalhar ninguém, e um que era quase impossível não reparar, este tinha mais de dois metros de altura, precisava se curvar para caber no local, não parecia nada confortável, além disso era largo, ou gordo se preferi, e tinha uma morfologia humanoide - bípede, dois braços, duas pernas, cabeça no ápice -, a todo momento ofereciam-o lugar para sentar, todos ali estavam com pena de sua posição agoniante, mas sempre recusava. Havia uma criancinha ao seu lado, que não devia ter mais de 13 anos e nem um metro e cinquenta de altura, magrela, cor parda, suja, porém com roupas bem coloridas e uma mochila limpa, se não fosse por suas vestimentas, certamente seria considerado, por qualquer um ali, um indigente desnutrido.
No rosto do garoto não havia muita expressão, ele se mantinha quieto e parado ao lado do pokemon enorme, nem se pode dizer que os dois tem relação um com o outro, porém o contraste do humano e do humanoide, lado a lado, era impossível de não notar e nem fazer observações.