Pokémon Mythology RPG
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[Capítulo Primeiro] O Papagaio da Discórdia

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O Papagaio da Discórdia


Alberto estava realmente impressionado, se aquele Turtwig dizia a verdade, e se Kúlkan traduzia de maneira correta, ele era o primeiro pokémon selvagem civilizado que havia visto desde que começou sua jornada. Isso mudaria totalmente a visão dele quanto aos pokémons. Ele sabia que tinham algum grau de personalidade, mas ele acreditava que eles eram moldados pelo seu treinador, como um cão leal, mas a realidade estava bem longe disso, haviam pokémons com traços marcantes como ser um pacifista, ser malicioso como o Teddiursa, e cada indivíduo era diferente do outro. Nem todo Turtwig seria um herói sem reconhecimento e nem todo Teddiursa seria um manipulador descarado.

O treinador se sentia cansado, estava quase pronto para voltar ao abrigo e quem sabe descansar por um tempo, mas antes disto ele gostaria de falar uma última coisa a ele. Se o Turtwig entendia o que Alberto dizia e não era apenas Kúlkan brincando com a sua cara, ele já deve ter ao menos tido contato com um humano, e talvez esse humano que o tenha o inspirado a ser um salvador. Alberto tenta lembrar se haviam pessoas com essas características, e não chegou a nada, e eu não vou dar dicas dessa vez, já vou avisando.

Sem conseguir formular uma boa pergunta, ele decide apenas se despedir:


- Obrigado por responder minha dúvidas, é incrível que consiga fazer tudo isso sozinho! Pode-se dizer que eu sou quase um agente da lei também - ele passa a mão pela barba - Vou dar uma descansada, mas depois nós iremos retribuir o favor por ter salvo a gente, tudo bem?

Virando-se, o treinador soava frio, mas tentava manter a calma. Seu maior medo era que o fantasma do pokémon o assombrasse pelo resto da vida. Chegando á gruta e sentando, ele coloca a mochila ao seu lado e observa Neha já adormecida. "Sem testemunhas", ele pensa, quando de repente Kúlkan pula em seu ombro, quase o matando do coração de susto.Não tinha como mandar Kúlkan embora naquela situação, então ele sinaliza para que o papagaio fique em silêncio, enquanto, com as mãos tremendo, começa a abrir lentamente a mochila, esperando pelo pior.

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Alberto impressionava-se com o pequeno jabuti, mas depois despede-se desde e vai descansar na gruta. Lá, vê Neha adormecida e Kúlkan salta em seu ombro, com medo abre a mochila, olha lá dentro já esperando o pior. Mas vê que Nid havia comido sim, muitas coisas, praticamente todo o mantimento do rapaz, restando apenas os tão temidos doces.

Será que aquele pokémon não gostava de coisas doces? Ou não reconhecera aquilo como comida? Isso não vinha ao caso, a única coisa importante era que Nid estava bem e dormindo como um bebê dentro da mochila. Um bebê com a barriga estufada de tanto se empanturrar com a comida do viajante que era seu treinador - quer ele gostasse disso ou não.

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O Papagaio da Discórdia


Nervoso, Alberto abre a mochila, apenas para encontrar um pequeno urso com a barriga empanturrada e dormindo como um bebê. Se aquela comida não fosse a comida para pelo menos um dia de viagem, ele até acharia fofo. Tentando encontrar os doces que haviam na mochila com seus olhos, ele conta 10, todos estavam ali intactos.

Mesmo aquele pokémon tendo causado mais problemas do que ajudado até o momento, o treinador estava feliz por ele não ter morrido. Ele olha novamente para o Teddiursa, coloca a mochila de lado e, com um sorriso no rosto, fala:


- No final esse malandro conseguiu o que queria, comeu tudo, e ele não me roubou, foi como um filho que pega o pote de biscoitos escondido, ele com certeza é um terrorzinho!

Pegando o seu cantil, Alberto toma um gole dele. Ele estava cansado, mas ainda era dia e ele não era um praticante de sonecas no meio do dia, o que ele preferiu fazer foi sentar-se e descansar o corpo por algum tempo, para recuperar o fôlego completamente e esperar toda aquela adrenalina anterior sair de seu sangue.

Kúlkan, que estava em seu ombro, olha para o treinador, talvez perguntando o que fariam agora. Ele o coloca no chão, em frente a ele, o pokémon ainda esperava alguma ideia. Isso o fez lembrar das festas familiares, aonde todas as crianças no final da festa se juntavam em volta dele, e pediam a ele contar histórias suas do passado, de sua época de ouro, aonde ele era até reconhecido por fanáticos do assunto na época da mesma maneira que um fanático por Contests lembra de seus coordenadores favoritos. Ele era um contador nato, sabia como chamar a atenção de seus ouvintes, com alguma ocasional piada que fazia a alegria de todas as crianças, aquelas que observavam o movimento, ficavam curiosas e adentravam na multidão para ouvirem também. Como alguém bem experiente na vida, ele tinha muitas experiencias para contar.

Essa nostalgia deu a ele uma vontade estranha de falar a respeito disso, ele tinha certo gosto por contar histórias, como se relembrar elas revivesse aqueles bons momentos para ele. Isso lhe deu uma ideia para descansar e passar o tempo. Ele acorda Neha, que reclamou um pouco, mas deixou Nid dormir, ele poderia passar mal depois de comer tanto. Juntando o papagaio e a guaxinim em sua frente, ele diz:


- Sabiam que já fui considerado o mais novo a escalar o monte Chimney?

Kúlkan olha para sua companheira, depois olha para o treinador, e então ambos começam a gargalhar.

- MESTRE ALPINISTA?!! BOA PIADA!! HAHAHA!!

- Não, isso não é uma piada, eu realmente fiz isso. É apenas uma das minhas muitas aventuras quando jovem. Querem ouvir uma?

Incertos, os dois pokémons decidiram permanecer ali, para ouvir o que o seu treinador tinha para contar a eles.

- Tudo bem então, vamos começar do começo, eu tinha uns 18 anos naquela época, era um jovem adulto que gostava de aventuras, então, me juntei a um grupo de pessoas que havia decidido escalar a grande montanha de Hoenn, haviam 2 homens e uma garota, cada um com um ou dois companheiros como vocês, era uma equipe completa para conquistar aquele monte selvagem [...] Encontramos em nossa jornada um cara chamado Jones, mas demos a ele o apelido de Loundred, porque a boca dele era gigantesca [...] Nós tinhamos conquistado o cume, mas a parte mais perigosa com certeza era a descida, porque [...] E naquele momento tenso eu acabei soltando uma parte do equipamento, e tive de continuar com uma das mãos...

E assim começou o treinador a contar suas aventuras em seus anos dourados. Ele estava um pouco enferrujado, mas voltava a criar jeito em falar de seus feitos passados. Ele tinha capacidade de ficar ali por horas a fio contando o que viveu em dois anos, mas ele tinha consciência de que um bom contador sempre guarda uma história para contar no futuro.

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Aliviado que Nid ainda estava vivo, o homem resolve beber de seu cantil, descobrindo que não havia nem mais um gole. Sim, só podia ter sido Nid quem teria tomado tudo. Como estava fechado, o treinador nem imaginou que seu pokémon rebelde havia aberto, bebido o líquido alcoólico e fechado-o novamente.

Mas isso ao menos explicava o porque o urso dormia tão pesado, dentro daquela mochila tão apertada. Talvez também explicasse o porque dos doces não terem sido devorados...

Bem, ignorando isso e ainda com sede, Alberto decide descansar e contar uma de suas velhas histórias para Neha e Kúlkan. E para isso, acordou a guaxinim antes de começar à contar a história.

Os dois pokémons pareciam bastante atentos à cada palavra, riam - ao seus respectivos modos - em alguns trechos, caçoando o próprio treinador. Mas no geral, comportavam-se bem e ouviam à tudo, interessados.

Ao terminar, Alberto olha para fora de relance e percebe que não atraiu apenas a atenção de seus dois pokémons, mas também de Turtwig e vários Seedots, os quais tinham todos um brilho nos olhos.

E agora já havia anoitecido, o céu estava bonito e limpo, cheio de estrelas e uma lua minguante brilhando alto. O que Alberto faria?

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Percebendo que o urso havia bebido todo o seu cantil, ele tenta se acalmar e, tentando fazer alguma espécie de piada para esconder seu sofrimento, fala:

- Pensando melhor, acho que ele morreu mesmo. O conteúdo daquele cantil era uma bebida alcoólica violentíssima, por isso tomava apenas um gole, só vamos descobrir isso se ele acordar.

Enquanto contava suas histórias, ele se lembrava das crianças que gostavam de suas histórias, mesmo sendo na verdade alguns animais. No entanto, parecia que mesmo aquela conversação e algumas vezes até altas risadas não foi o suficiente para acordar Nid, ou talvez o Teddiursa simplesmente não gostava daquilo tudo e preferiu voltar a dormir.

Eventualmente, Alberto diz aos seus pokémons que já bastava por aquele dia, que poderiam ouvir mais amanhã, mas observa que havia uma pequena aglomeração de pokémons, incluindo o Turtwig e alguns Seedots. Vendo aquele público cativo, ele, calmamente, diz aos convidados:


- Podem vir aqui, não precisam ter medo, irei contar para vocês uma última história esta noite, e vai ser uma muito boa. Irei contar de como sobrevivi na cordilheira Sinnohnita, famosa pelo Monte Coronet, venham todos!

Enquanto os pokémons decidiam, Alberto mantinha um olho no Teddiursa dentro de sua mochila, que pelo visto ainda estava dormindo. Em dado momento, independente de se os pokémons selvagens se ajuntaram ou continuaram a observar de longe, ele começa então sua história:

- A região de Sinnoh é muito amada por alpinistas até hoje, sabem o porquê? Pois ela é dividida pela metade por muitas montanhas, montanhas bem grandes. A maior diferença é que Sinnoh é uma região bem mais fria que Hoenn, então escalávamos com blusas, e isso dava mais peso e dificultava muito a passagem [...] Para terem uma ideia, até as montanhas próximas ao Monte Coronet eram tão grandes quanto as maiores montanhas de Hoenn [...] O frio de lá não era brincadeira mesmo, enquanto fazia a travessia pela parte plana na neve, ela se tornou tão alta que afundei quase que completamente na neve, naquele frio intenso, eu achei que iria morrer ali [...] Quando estava em meus últimos suspiros, no meio da nevasca,a última coisa que vi foi a silhueta de uma homem e uma tartaruga gigante com uma árvore em cima dela, sim, eu também achei incrível, mas quando acordei estava em um chalé de madeira [...] Só voltei a desafiar aquele local hostil dois anos depois, e daquela vez estava preparado para o que fosse ocorrer...

Em sua última história, o treinador usou de um verdadeiro grand finale, já que aquela montanha foi seu alvo por bastante tempo, apenas atrás do Mt. Silver, que futuramente acabou por terminar sua carreira.

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Nid nem esboçava acordar, apenas continuava adormecido e agora, babava dentro da mochila - literalmente -, sua baba era densa e um pouco fétida. Contudo, deixando o urso de lado, Alberto chamou os pokémons selvagens para perto e estes o obedeceram. Então ele começou uma nova história, agora sobre o Mt. Coronet, em Sinnoh.

Ao descrever o pokémon que acompanhava o treinador que salvou sua vida, Turtwig brilhou os olhos e começou à correr e pular de um lado pro outro, gritando algo ininteligível. Kúlkan apenas gritava:


- HERÓI BONZINHO "ENLOQUECEU"!!! HERÓI BONZINHO "ENLOQUECEU"!!! HAHAHA!!

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Enquanto falava sobre suas experiências, Alberto citou sobre uma criatura peculiar, que veio a salva-lo em um momento crítico. Pela silhueta que ele observou, ele deu uma até que boa descrição de seu salvador e aquele que o acompanhava. Por algum motivo, o Turtwig fica muito alegre com aquilo, e começa a correr e saltitar, falando coisas que Kúlkan não conseguia entender.

Demorou um tempo para entender, mas o treinador percebeu que o pokémon daquele homem que o salvou tinha alguma relação com com aquele jabuti, ele pensa: " Esse camarada é um jabuti com uma muda, eu fui salvo por um mega jabuti com uma árvore... É isso, eles devem ser "evoluções", é esse o nome, não é?". Então ficou claro, a mera menção de outro de sua espécie salvando uma pessoa heroicamente em uma situação de risco foi como uma criança que enlouquece nos cinemas ao aparecer seu super-herói favorito, ele ficou muito contente.

Deixando o pokémon se exaltar por alguns instantes, ele dá uma contagiante risada e fala:


- Parece que gostou mesmo desse nosso herói desconhecido não é? Quando acordei ele me contou que aquela região era perigosa, então haviam pessoas com pokémons fortes, capazes de escalar rochedos, para salvar aqueles necessitados naquele ambiente hostil. Nenhum deles era super poderoso, mas tinham boas intenções e vontade de ajudar as pessoas. Vocês também podem fazer o certo de seu jeito, desde a pequena coisa como dividir a comida até salvar alguém. E se alguém agiu heroicamente hoje, foi este simpático jabuti, que corajosamente desviou uma matilha de lobos que me perseguia e me guiou para a segurança, ele merece reconhecimento também!

O treinador pensou até em bater palmas, mas lembrou que boa parte da plateia não possuía braços e a outra parte era quadrupede ou possuía asas, então achou que seria insensível, mas tentou fazer um "hip hip hurra".

Quando os sentimentos ficaram mais calmos, o treinador continua sua história, contando como havia finalmente conquistado a montanha, 2 anos depois da primeira vez que havia a explorado.

Assim que terminasse a história, checaria o horário, e se fosse tarde, dispensaria sua platéia, falando que estava tarde e deveriam dormir para um próximo bom dia, para ter um tempo para pensar antes de descansar por completo.


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Após algum tempo de reflexão, Alberto deduz que o pokémon à sua frente era a pré-evolução daquele que o salvara anos atrás e a menção de tal herói antigo para o novo herói, animou o segundo que parecia comemorar.

Após as homenagens ao pequeno, ele olha seu relógio em sua pokédex e decide adormecer. Não era tão tarde, mas estava muito cansado e não tinha muito o que fazer por ali. Não com seus pokémons ainda mais esgotados que ele. Ao menos "espiritualmente".

Então dormiu cedo, pois ainda era 20:15 quando decidiu dormir. Aquele dia tinha passado muito rápido.

...

A luz forte do Sol e os barulhos da floresta, acordavam o homem que via que seus pokémons haviam acordado e agora brincavam com os Seedots e o Turtwig. Contudo, parecia que Nid estava causando algum problema, pois dois Seedots pareciam gritar com ele - que ignorava-os, olhando para o alto -, e o pequeno jabuti aproximava-se e começava à gritar com o urso - que também ignorava-o.

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Após acordar, Alberto se viu com uma visão feliz, aonde os seus pokémons brincavam com os pokémons selvagens alegremente, então ele se perguntava que horas seriam agora,  já que já havia amanhecido e os outros pokémons pareciam bem acordados.

Para a sua surpresa, O urso Nid não havia fugido no meio da noite, conforme temia, mas estava recebendo possíveis ofensas dos locais. Pela sua natureza, era de se esperar que ele havia feito algo ruim.

Sem entender a situação, o treinador chama seu papagaio para consigo para ouvir o que todos tinham a dizer. Então, colocando ordem na situação, ele decide resolver a situação de maneira diplomática, mas mesmo assim mantinha em seu bolso a pokéball de seu pokémon ursídeo, caso ele tentasse usar de violência.


- Vamos acalmar nossos ânimos todo mundo. Antes de sairmos apontando dedos para qualquer um, quero ouvir o que cada um tem a dizer. Primeiro, vou deixar Turtwig e os Seedots falarem sua versão e depois ouviremos a defesa de Nid, assim ninguém vai sair como mal. Kúlkan, poderia tentar traduzir o que dizem, já que consegue entender as duas línguas?

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Alberto acorda e vê em sua pokédex que era 09:13 hs, também percebe que seu ursídeo havia aprontado, então reúne todos e pede que para contarem suas versões, com Kúlkan como tradutor:

- KÚLKAN TRADUZ!!!! KÚLKAN TRADUZ!!!! KÚLKAN TRADUZ!!!!

Repetia animadamente.

Então o jabuti e os pokémons nozes começavam à falar intercaladamente, esbravejando algo, ao terminarem, Kúlkan os traduz de forma estupidamente resumida:


- HERÓI BONZINHO E BAIXINHOS NÃO GOSTAR DE LADRÃO MAU!!! LADRÃO MAU APRONTOU DE NOVO!!!

Depois Nid começava à tentar se defender com certo desespero, gritava e gritava e depois Kúlkan traduzia-o com a mesma simplicidade de antes:

- LADRÃO MAU MENTIROSO!!! LADRÃO MAU MENTIROSO!!! KÚLKAN VIU!!! KÚLKAN VIU!!! LADRÃO MAU SEMPRE LADRÃO MAU!!!

Nid ficava irado e começava à "rosnar" para Kúlkan que ignorava-o, fechava os olhos e usando sua asa direita ele coçava a orelha do mesmo lado de sua cabeça, despreocupado com os prováveis insultos e ameaças do urso.

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