Unprepared

Ao adentrar no recinto de telhado avermelhado, sentei-me em um dos confortos para visitantes do Centro Pokémon e por lá aguardei o tratamento de Aron, assistindo as lutas da Copa Hoenn que estava ocorrendo em outra cidade. Aproveitei para fuçar novamente a minha mochila, desta vez em busca de uma garrafa d’água para refrescar o meu organismo.

Distraído enquanto encarava inúmeros Pokémon que eu nunca havia visto antes se confrontando através da televisão, abaixei a minha cabeça para refletir em minhas experiências futuras como treinador, consequentemente avistando algo familiar.

Eu tinha certeza que já tinha visto aquele monstrinho antes... A treinadora eu não lembrava direito, talvez porque fiquei mais concentrado em seu companheiro do que nela em si. Como estava num frenesi de batalhas contra iniciantes, resolvi falar com ela, mas como puxar assunto, perguntei a mim mesmo.

Aproximei-me dela, e quando fui finalmente falar algo, pensei se não seria estranho simplesmente abordá-la e falar que estou interessado em sua raposa. Confiando em minhas habilidades de sociabilidade, tentei dizer algo:

-Olá, você é uma treinadora Pokémon, não é? – Disse, um tanto quanto nervoso. -Se não for de muito incômodo, que tal uma batalha? Gostaria de ver o potencial de seu Pokémon. – Assim falado, apontei a minha Pokédex para a raposa.

-Não, espere! – Disse, tentando impedir sua saída. -Você está em uma busca não é? Se você me disser o que está procurando eu posso te ajudar. – Ofereci, com um pouco de receio, visto que poderia ser julgado como um maníaco que persegue garotas. -Mas se você quiser realmente uma mãozinha com isso daí, importar-se-ia de esperar um pouco, já que meu Aron está sendo tratado pela enfermeira?

E, no aguardo de uma resposta clara, permaneci de pé em frente da garota.

-Entendo, então você se separou do seu irmão para ir atrás de fósseis, não é mesmo? – Disse, cruzando os braços. -Então... Vamos logo pra perto do mar tentar achar seus fósseis tão queridos? – Intrometi-me, apesar de que tudo aquilo estava a ser feito para um único propósito apenas: firmar um laço de amizade com a garota para poder finalmente batalhar contra a raposa que eu tanto estava interessado.

Embora a agressividade da aspirante a cientista ter atiçado minha curiosidade, achei melhor não comentar sobre o que fazia daquela situação toda tão estranha e sombria.

E, quando chegou a hora, fui coletar a Pokébola de meu Aron, recebendo-a das mãos da enfermeira Joy responsável por Rustboro.

Ao chegarmos à praia de Rustboro, fomos indo em direção a uma área mais rochosa, ao invés de procurarmos na areia densa. Estando lá, a garota começou a usar um aparelho tecnológico especializado em justamente detectar fósseis abaixo da terra. Fiquei um pouco fascinado com aquilo, mesmo que nossa tecnologia já fosse mais avançada, afinal, nunca havia visto algo como aquele objeto.

-Entendo, parece bem legal para alguém paciente. – Disse, após concluir que levaria algum tempo. -Mas então... Pode me dizer o que você pretende fazer com um desses fósseis que você tanto busca após encontra-lo? – Mesmo que ela parecesse inocente, algo me cheirava mal, e não eram as minhas axilas.

-Entendo seu fascínio pelos Pokémon da era primordial, até porque também tenho certo interesse neles... – Disse, para fazer com que a nossa conversa não acabasse simplesmente naquele ponto. -Você tem algo adicional que possa ser usado para rastrear fósseis? Se quiser eu posso te ajudar, aproveitando que estou aqui e tudo mais. – Ofereci, afundando os meus quadro dedos de cada mão nos bolsos traseiros de minha calça jeans, deixando os polegares de fora.

Assim que falei, Aron surgiu de sua Pokébola num feixe de luz escarlate vindo da cápsula propriamente dita e se materializou entre nós, os treinadores e Fennekin, rapidamente passando a me encarar com uma expressão de alegria. -Você está disposto a ajudar também? – Perguntei.