Rumo aos Sequestradores!

Pedro passou a noite no Centro Pokémon e voltou a encontrar Karin no café da manhã. Ambos se prepararam para deixar aquele local seguro para começar a “investigação” sobre o sequestro do pai da jovem. Ela estava apreensiva a manhã toda, temendo talvez que seu pai estivesse morto.

Pedro além de se preocupar com a tensão aparente da jovem, notou um novo fato que estava acontecendo. Desde que acordou, observou que as pessoas no Centro Pokémon estavam com rostos assustados, mesmo a Enfermeira Joy que deveria ser um exemplo de equilíbrio emocional. Quando o senhor alcançou a rua, pode observar que essa estava quase deserta, o movimento diário comum de uma grande cidade não existia. Uma ou outra pessoa passavam rápido de um lugar para outro, visivelmente com pressa para alcançar o seu destino.

- O que está acontecendo nessa cidade? – Karin estava com misto de temor e esperança na voz, afinal tinha conseguido ajuda para resgatar seu pai, mas ainda temia o pior.

Um vento forte passou pela rua quase carregando o chapéu da sorte de Pedro, quando ele olhou para o céu para ver o tempo, percebeu que nuvens carregadas estavam se aproximando da cidade, talvez em uma ou no máximo três horas uma pesada chuva começaria a cair. O ar já estava ligeiramente frio, mas o calor que a cidade transpirava mantinha uma temperatura agradável. Por hora, Pedro estaria bem com a sua roupa.

- Infelizmente eu não sei! Lembro que foram três homens que levaram o meu pai. M-mas eu só consegui correr quando meu pai me mandou fugir. – Ela começou a chorar ao lembrar do que aconteceu alguns dias atrás. Abraçando Pedro logo em seguida, enxugando suas lágrimas na camisa do homem. A jovem estava frágil e muito sensível... Quando conseguiu se recuperar, continuou. - Vamos a loja do meu pai. Pode ser perigoso, mas a Polícia disse que enviaria um investigador pra lá!

Karin confirmou com um aceno de cabeça e começou a indicar o caminho. Eles seguiram caminhando, 20 minutos cruzando ruas principais, passando por becos e vielas, um atalho bem conhecido pela jovem, tudo para chegar mais rápido.

Finalmente alcançaram a rua da loja, era possível perceber que aquela deveria ser uma rua movimentada, já que o número de lojas por ali era absurda, tinha desde padaria até estúdios de tatuagem. Contudo, mais da metade estava fechada e o movimento de pessoas era mínimo. O povo daquela cidade deveria estar temendo a tempestade que se aproximava, e pela a sua “cara”, ela seria muito feia.

- É a-aquela, ali! – Disse apontando para uma lojinha com a vidraçaria quebrada e faixas amarelas da polícia impedindo a entrada. “Keep out”, diziam as faixas indicando que ali era uma cena de crime.

Ao se aproximar Pedro podia perceber que era uma loja de antiguidades. Várias bugigangas ocupavam o local, vasos antigos, quadros, cadeiras, espadas e etc. De repente um som. “Plaft”, alguma coisa caiu lá dentro, se quebrando. Se Pedro pudesse adivinhar, com certeza arriscaria um prato. Karin gritou assustada atrás dele, será que algum Rocket tinha voltado ao local?

- D-Desculpa! – Disse se sentindo culpada, mas ela não conseguia esconder o seu medo, segurando suas mãos junto ao peito que insistiam em continuar a tremerem. Quando Pedro se virou para a loja e questionou quem estava lá dentro, Karin se encostou atrás dele, como se o fizesse de escudo humano para qualquer mal que viesse daquela direção.

Mais um barulho foi ouvido lá dentro, dessa vez alguém tropeçou em alguma cadeira de madeira. - Ai, ai, ai... – gritou por causa da topada que levou na canela. – Quem são vocês? – A pessoa misteriosa veio pelo corredor principal encarando Pedro. O homem estava um pouco assustado, ficar sozinho em uma cena de crime costuma fazer isso nas pessoas. Ele aparentava ser um jovem na casa dos 24 anos, vestia-se bem trajando um terno humilde, mas confortável, e também tinha sapatos muito bem engraxados, esses chegavam a brilhar na penumbra que tomava o interior da loja.

- O que estão fazendo aqui? Não sabem que isso é uma cena de crime? – Disse recriminando os visitantes. – Vocês não podem ficar aqui, por favor vão embora. – Mas então ele reconheceu a menina, mudando sua expressão dura para algo mais simpático. – oh! Senhorita Karin, desculpe! Não sabia que era você... Por favor me perdoe senhor, você é o avô dela? Está preocupado com o seu filho, não é? Não se preocupe, eu sou o detetive encarregado de resolver esse caso. Sou Kato!

Karin olhou desconfiada para Pedro, mas ela balançou a cabeça positivamente confirmando a mentira do homem mais velho. Ela parecia traumatizada com o lugar e evitava olhar para dentro da loja. Kato percebendo a situação da jovem deixou a conversa entre os adultos.

- Eu entendo senhor! Não se preocupe, saiba que estou dando o melhor de mim nesse caso... Normalmente teríamos mais gente aqui para fazer a perícia. Mas com a tempestade chegando estamos com falta de pessoal.

Ele se virou um pouco nervoso por estar na frente dos familiares da vítima e começou a andar para dentro da loja. – Se quiserem entrar, por favor não toque em nada. Estou procurando por qualquer pista que os sequestradores possam ter deixado cair.

Karin olhou para Pedro e ainda tremendo disse. – Eu prefiro ficar aqui fora, não quero entrar. Eu espero aqui.

Deixando Karin sob a proteção do Bulbasaur, Pedro entrou na loja logo atrás de Kato, o detetive. Ali dentro foi possível perceber que o pai da menina lutou muito quando foi raptado. Vários objetos quebrados estavam jogados no chão, a loja de antiguidades parecia que tinha sido atingida por furacão.

- Posso saber o seu nome senhor? – Disse Kato enquanto olhava o chão procurando por qualquer coisa que pudesse lhe indicar uma pista. – A sua neta disse na delegacia ontem que os Rockets queriam um objeto, algo que ele recebeu recentemente em uma encomenda. Tem alguma ideia do que seja? Infelizmente está muito difícil encontrar algo nessa bagunça... Normalmente em sequestros, os criminosos tentam fazer exigências a família das vítimas, pedem resgate ou algo do tipo... mas pelo que entendi, eles tentaram sequestrar sua neta também. Talvez ela não nos esteja dizendo tudo o que sabe?

Enquanto andava pelo local Pedro pode ver algo brilhando embaixo de um quadro parcialmente destruído, um objeto branco que lhe chamou a atenção. O que seria?