Off :
Meio mundo de coisas pra resolver, e eu aqui fazendo um post gigante sem a mínima necessidade. Que Deus me ajude.
Só no caso de Galvi e companhia algum dia verem isso aqui (o que certamente não acontecerá, mas é bom prevenir): sim, sei que a batalha ainda não acabou, maaas, como isso aqui é só narrativo... tomei a liberdade de fazer um pequeno timeskip.
Enquanto nossos treinadores interagiam após o término da última batalha, aproveitei essa ligeira calmaria para ficar na companhia de Virgil. Ora, não é todo dia que encontro outro Mudkip! Essa era uma chance única, e eu não podia deixá-la passar. Mas acho que acabei me distraindo um pouco mais do que eu deveria… pois, quando Virgil retornou para a companhia da sua treinadora, eu subitamente notei a ausência da minha. Que estranho… essa menina estava aqui ainda há pouco, onde foi que ela se meteu?
“Ei, Hórus, você viu a Yoshiro?” Aproximei-me da corujinha, que ainda estava brincando de pula-pula na cabeça daquela muito paciente Venusaur. Será que ele não tem mesmo o mínimo medo de virar petisco? Um Pokémon daquele tamanho poderia engoli-lo sem esforço nenhum! “E não acha que está na hora de descer daí?”
“Ahn? A Yoyo?” Encarou-me com seus grandes olhos arregalados, como se só então tivesse notado que a menina não estava presente. “Não vi, não. Ela não tava com você?”
“Estava, mas… eu acabei perdendo ela de vista.” É isso que ganho por me distrair assim… será possível que eu não posso desviar os olhos dessa tonta por cinco míseros minutos? “Vou procurar, se divirta aí.” Não mencionei o fato de ele ter propositalmente ignorado a minha segunda pergunta. Por sorte, Ume era muito pacífica e não parecia nada disposta a ter coruja pro jantar.
Não me dei o trabalho de questionar os outros Pokémons ali presentes. Se Hoothoot, com olhos daquele tamanho, não tinha visto nossa treinadora saindo, quem teria? Minha melhor alternativa era procurar no interior do Centro Pokémon, talvez ela tivesse entrado para escapar daquele sol infernal de Lilycove. Não posso culpá-la - eu mesmo estava quase fritando ali. Felizmente, não deu trabalho encontrá-la. Estava na sala de recepção, mexendo em um dos vários computadores ali presentes. Parecia bem séria e concentrada, o que não era nada normal vindo dela.
“Ei, humana, o que faz aí?” Pulei para o colo dela, fazendo a menina tomar um susto tão grande que quase caiu da cadeira. É, pelo visto ela estava tão focada na tela que não me viu chegando… o que tem de tão interessante nessa coisa? Resolvi olhar, parecia algum tipo de… formulário? Não sei dizer, esse alfabeto com certeza não foi feito para anfíbios...
- S-Sapphire, não chegue do nada assim! Quase me mata do coração! - A garota cruzou os braços, olhando-me com uma cara emburrada que seria até cômica em outra situação. - Cuidado com essas patinhas no teclado, você pode quebrar.
“Claro que não, quem acha que eu sou?” Pulei das pernas dela para cima da mesa, achando que assim poderia ver melhor. Bem ali, na parte superior da tela, havia um símbolo que pude reconhecer… e que eu preferia não ter reconhecido. “Me diz por favor que isso não é o que estou pensando...”
Aquilo era… uma fita de Contest? Não, não pode ser! Minha humana não pode simplesmente me enfiar em uma competição dessas… isso deve ser algum engano, não é? Não é!?
- Ah, é que eu vi o Luch treinando para o próximo Contest… e pareceu tão divertido. Eles também vão dar boas recompensas para os participantes, então acho que não custa tentar, né? - Sorriu bobamente enquanto falava, com um olhar sonhador no rosto. Eu até sei do fascínio que minha humana tem por esses eventos, no entanto, entrar em um custaria muita coisa sim! A nossa dignidade, por exemplo. Não estou com a mínima vontade de passar vergonha em cadeia nacional, obrigado. - Então, o que acha? Pode me ajudar com a apresentação?
“Te ajudar? Você quer que eu faça o quê? Meta um Water Gun na cara dos jurados?” Fiquei encarando aquela tela, atônito demais para me mexer. Por fim, consegui superar essa ligeira paralisia em prol de um bem maior: avançar sobre o mouse na tentativa de fechar aquela página antes que fosse tarde demais.
- E-ei, o que deu em você?! - Minha treinadora reagiu no mesmo instante, agarrou-me pelo torso e tentou me puxar para longe do computador. Continuamos nesse mini cabo de guerra por alguns instantes, até que Yoshiro, prevendo minhas intenções, apossou-se do mouse antes de as minhas patas alcançarem-no e concluiu o envio da inscrição. A garota suspirou, aliviada, e depois abriu um sorriso amarelo para os humanos que estavam encarando-a, atraídos por aquela pequena comoção. Enquanto isso, eu só conseguia olhá-la como se ela fosse a maior traidora do mundo.
“Yoshiro… o que diabos você fez...?”