Mt. Pyre - A Birth in the snow peak.

Sentado sobre uma rocha grande o suficiente para suportar seu peso estava Lysander. O jovem treinador usava uma calça social cinza escura, de lá, sendo que debaixo desta trazia consigo uma segunda, calça, também de lá, que ajudava ainda mais a aquecê-lo. Na parte superior, uma pesada e grande jaqueta bordô caía sobre seu corpo, de forma que seu zíper era puxado até o seu máximo, até o pescoço, que por sua vez estava enrolado em um cachecol de lã, preto, e em sua cabeça, para aquecer suas orelhas, estava um Earmuff preto. Suas mãos, cobertas por uma grossa luva de lã, apoiavam um compartimento de vidro, uma estufa, cujo interior habitava um ovo, no entanto, sua atenção não era voltada para o dispositivo, nem para Pancham, que se escondia no meio de seus braços, buscando algum refúgio do frio. Tentara fazer Pancham retornar para sua esfera, mas o monstrinho rejeitou a ideia de Lysander, de forma que até mesmo ameaçou-lhe a estapear sua face, e num frio daquele, Lys é que não agradeceria sentir algo do gênero. Sua atenção era voltada para o céu, para as nuvens cinzentas que percorriam o céu, que a pouco derrubaram sobre a região flocos brancos de neve que agora cobriam a relva daquela montanha.

De alguma forma, sentia-se bem ali. Sempre sentira vontade de ver neve, mas, como nascera nas ilhas laranja, cujo clima clima tropical nunca vira um frio tão intenso, tampouco neve, nunca presenciaria tal feito; sentia-se ainda melhor por que ali se misturavam duas coisas que sempre gostara, uma, como já dito, era a neve, e a outra, era o mar. Gostava de se sentir empacotado, com tantas blusas que chegava a atrapalhar sua locomoção. - Baco... - Dizia o rapaz, num tom de voz tranquilo e suave. Pancham então levantava sua cabeça aos poucos, revelando um segundo par de Earmuff e um cachecol, ambos muito parecidos com o de Lys, mas que recaiam sobre o corpo do pequeno ursinho, de forma que o cachecol precisara ser rasgado por Lys para que ficasse num tamanho aceitável para o pequenino. - Você já viu neve? Digo... Antes.

O ursinho estranhou um pouco a pergunta de seu mestre, mas, com um simples gesto negativo de sua cabeça ele o respondeu. Nunca havia visto neve. - Não? Nem eu. - Continuava o rapaz, seus dentes batiam um pouco. - Mas, admito... Sempre tive vontade de vê-la... De brincar na neve. - Seu olhar então recaía à relva do local, cuja superfície era coberta por neve. Pancham também olhara a neve, mas, não sabia ao certo o que se passava na cabeça de Lys. - Vamos, levante-se. Pode ser divertido. - O ursinho, um tanto receoso pulou dos braços de Lys, que também se colocara de pé e apoiara a incubadora sobre a rocha em que estava, sem se notar que uma luz piscava na base eletrônica da cúpula de vidro. Uma vez de pé, o rapaz então curvou-se para frente e com suas mãos agarrou um pouco de neve que compactou com ambas as mãos formando uma bolinha. - Observe bem e faça como eu. - Os dentes do rapaz batiam-se, o frio era realmente intenso. Pancham também se abaixara e compactara uma bolinha. - Agora! - Lys bradara e então arremessara a bolinha em Pancham que desviava com um salto, enquanto também atirava sua bolinha, que por sua vez batia no peito de Lysander. Enquanto Lys se abaixara para pegar mais bolinhas, Pancham já havia feito outras duas que então arremessara nas costas de Lys. Quando conseguira juntar outra bolinha, a arremessara de pronto no ursinho, que desta vez fora atingido em sua face, uma vez que os dois lançaram suas bolas ao mesmo tempo, não deixando tempo para esquivas. Lys também recebera uma bola de neve em sua cara.

- Atchin. - Espirrara o rapaz. Pancham também espirrara, de sua própria forma mas espirrara. - É. Foi uma ideia idiota. - Um fino sorriso surgia na face do rapaz. Pancham, que evidentemente havia ganhado a curta brincadeira, estava um tanto mais animado, mas seus pensamentos de se aquecer faziam-no se aproximar do rapaz outra vez mais. Lys e o ursinho então se voltavam à rocha onde haviam deixado o ovo... Onde outrora havia um ovo... Onde agora estava um pequeno escorpião de coloração arroxeada, parado sobre a base da encubadora que agora se tornara inútil. O pequeno e recém nascido escorpião parecia um tanto assustado, de forma que imediatamente se encolhera, se protegendo do frio. Lys de pronto retirou seu cachecol e se aproximou do escorpião, que se encolhera tanto que não notara o rapaz se aproximar. Lys então enrolara o pequeno em seu cachecol. O pequeno num primeiro momento, assustado, resistiu às tentativas do rapaz de aquecê-lo, mas depois de sentir-se protegido do frio, acabou por permitir o gesto do rapaz, que então dizia. - Está tudo bem, pequeno... Está tudo bem. - Lys o chacoalhava como se fosse um bebê. Pancham, como uma criança curiosa, mesmo que aos pés do treinador, mantinha seu olhar fixo na nova criatura que acabara de nascer.

Á luz da chegada de Skorupi à equipe, quais seriam as novas aventuras que os esperariam?

Enquanto tentava esquentar o pequeno escorpião recém nascido com seus braços e o cachecol que usara para enrolá-lo, algo estranho ecoou por seus ouvidos ao mesmo tempo que o escorpião estremeceu e chiou. Pancham grudara suas patinhas na perna direita do rapaz, visivelmente assustado, afinal, não era lá um carinha muito corajoso, até por que, ainda não passara de uma criança. Mas, o que ecoara em seus ouvidos? Parecia com um chamado... Um chamado que fez o jovem sentir um calafrio percorrer sua espinha. Bem, poderia ser graças ao vento frio que chicoteava sua face ou... Não. Não era possível que alguém o chamasse, não numa condições daquelas, não em um cemitério.

- Bem... - Disse o rapaz com um baixo tom de voz, encarando seus monstrinhos por alguns segundos, deixando transparecer seu medo. Não estava acostumado a ouvir vozes desse jeito. - Deve ser... Deve ser... - Tentava, como sempre, encontrar uma resposta racional para aquilo. - Deve ser apenas o vento frio batendo nos galhos das arvores ou assobiando em nossos ouvidos. - Não parecia muito certo do que dissera, tampouco parecia Pancham, que lhe lançara um olhar duvidoso. Skorupi, no entanto, parecia tão assustado que preferira acreditar no rapaz, qualquer coisa era melhor que ouvir chamados em um lugar daqueles.

- São mortos. Não deveríamos temer os mortos. - Concluiu o rapaz, agora com um pouco mais de convicção, diferente da expressão duvidosa que permanecia em sua face e era compartilhada por Lys. - Vamos, vamos entrar. Dizem que antigos membros da família real de Hoenn foram enterrados aqui... Talvez eles nos contem boas histórias. - Pancham mais uma vez lhe lançara um olhar perplexo. - Quer dizer. Suas lápides. As mensagens de suas lápides. - Adicionara imediatamente.

- Skorupi... - Emitira o rapaz enquanto caminhava pela neve, seus passos não eram tão rápidos, já que aquele monte de roupas atrapalhava sua locomoção. - Se preferir vir para a Pokebola... - Perguntou ao pequeno, que por um momento tirou sua cabeça do cachecol que fora embrulhado. Refutou a ideia de ir para um local que fosse mais aconchegante que ficar ali. Mas, ao final, voltou a aconchegar-se nos braços do rapaz. - Se esta é sua escolha... - Um fino sorriso surgia em sua face enquanto começava a caminhar rumo a entrada do cemitério. Pancham caminhava grudado à suas pernas, seu pequeno retalho de cachecol cobria-lhe até a boca,e parte dele esvoaçava ao vento frio, tentava transparecer coragem, assim como seu treinador, apesar de ambos estarem ainda assustados.