Exploração a caminho da fama

Enfiei-me no metro a todo o gás. Charmander seguia-me agarrado ao meu pescoço e eu depressa sentei-me num dos assentos disponíveis. O que será que me esperava em Mountrock? Eu não conhecia nada do mundo, para ser sincera. Nunca tinha saído propriamente de Littleroot Town, limitei-me a seguir a Rota 101 e quase que podia ter morrido à conta dessa estupidez. Mas agora tinha noção dos perigos e, mesmo não estando pronta para o que ai vinha, tinha melhor preparação de que há uns anos atrás. Com a decisão de explorar o melhor que podia as ruínas de Mountrock, limitei-me a seguir caminho em silêncio - muitas vezes perturbado por Char, que queria brincadeira -, tentando manter-me mentalmente estável até chegar lá. O metro parou abruptamente e eu assustei-me, dando um pulo no assento. Char fartou-se de rir de mim. Fingindo-me aborrecida pelo facto de o meu próprio Pokémon estar a fazer pouco da minha cara, deixei os carris e dirigi-me para dentro da cidade, procurando indicações que me levassem até às Ruínas.

OFF: Obrigada por me aturar Narrador, espero que nos divirtamos ^^ Claro que o meu parceiro é Charmander

Quando dei por mim estava numa fila inacabável de pessoas e Pokémon e maravilhava-me com tudo aquilo. Ainda estive para retirar o Pokédex da bolsa e conhecê-los a todos, mas não era tempo para isso agora. Iria deixar isso para quando ingressasse na Rota 101, depois desta confusão toda em que me meti. Suspirei profundamente, poisando dois dedos sobre a testa e abanando a cabeça com os olhos fechados. Charmander havia endoidecido pelos vistos. Andava às voltas e voltas sem parar, absorvendo as informações novas sobre aquele lugar, completamente encantado.

- Ei, Char, controle-se, estamos quase lá. - sussurrava eu o mais baixo possível e de forma a que ele conseguisse ouvir.

Ele poisava uma mão sobre a cabeça e esfregava-a como sinal de arrependimento, no entanto, não parava quieto de qualquer das formas. Dei uma palmada sobre a testa sinalizando a minha reprovação a este comportamento. Por fim, havia chegado a minha vez e agora prostrava-me em frente a uma mulher, um nadinha de nada mais velha do que eu e dirigia-se a mim de forma bastante formal. Eu sentia-me atrapalhada, pois não estava acostumada a falar com as pessoas tirando os meus avós.

- Sim... Ah... Sawazaki Fuyuki, Littleroot Town e este pequenino acompanha-me. - apontava com o indicador para baixo, para um Charmander agora mais calmo. - O Char.

Quando acabava de falar, sentia-me estranha e perturbada. Eu não gostava de falar com as pessoas. Humanos são egoístas e egocêntricos, Pokémon são amistosos e cordiais. Humanos são maus. Pokémon são bons. E memórias do meu passado, na altura que perdi os meus pais vieram-me à cabeça como fantasmas a pairar sobre os meus ombros. O meu olhar tornava-se vidrado e frio, e eu tinha noção disso. Abanei a cabeça para afastar os maus pensamentos e forcei um sorriso para a mulher. Esperava indicações da parte dela para poder avançar.

OFF: Sim, sim, obrigada, vou enviar uma MP assim que eu puder com essas dados. Cá vamos nós ^^

Observei a mulher à minha frente, pouco mais velha do que eu, enquanto anotava coisas. Parecia que me havia ignorado completamente. Ela não me havia ignorado, mas o olhar dela fez-me sentir isso e eu fiquei um pouco desconfortável com isso. Perseguia-a pelo caminho até ela parar e entregar-me um capacete. Pois é, esqueci-me qual era o objetivo daquele chamamento de Treinadores e, sinceramente, estava-me a apetecer pouco fazer aquilo, mas era por uma boa causa, por isso, agarrei em toda a minha pouca vontade e inspirei fundo, trazendo ainda mais vontade. Aceitei todos os equipamentos, observando-os pela primeira vez nas minhas mãos. Era objetos com que nunca tinha lidado pessoalmente, apesar de já ter visto outras pessoas a segurar tais equipamentos. Poderia imaginar o que fazer com eles, embora isso ainda estivesse em fase de experimentação pois seria a primeira vez que explorava uma gruta, ou sei lá o que aquilo era realmente, e mais, seria a primeira vez que fazia um trabalho de escavação, ou algo do género. Não sei, não era a minha praia, não percebia muito daquilo.
Fui chamada de volta à realidade quando a mulher se dirigiu a mim. Ergui a cabeça para a observar enquanto falava comigo e pisquei os olhos pelo menos duas vezes enquanto ela dizia aquela sua frase. Acenei com a cabeça e fiz sinal com a mão direita a Charmander para que me seguisse. Ele não parecia nada entusiasmado com a ideia. Mas lá me seguiu. À medida que avançávamos pelo que me parecia uma cidade subterrânea, Char chamava-me à atenção para o facto de vários dos treinadores seguirem para uma zona iluminada, embora uns quantos seguissem para um zona sem iluminação alguma. Para mim, iluminação não era um problema porque, apesar de a chama de Char não ser grande o suficiente para dar uma boa iluminação, garantia-me uma certa iluminação, pelo menos o suficiente para se poder andar e procurar o que quer que fosse.

- Char, vamos pelo caminho sem luz, pode ser? - questionei Charmander, apesar de já ter decidido o que fazer.

Ele fez-me uma careta de terror e abanou a cabeça veemente e apontou para a iluminação. Eu abanei o dedo indicador de um lado para o outro e apontei para a zona sem iluminação. Ele finalmente se resignou à ideia de irmos pela iluminação e seguiu os meus passos, sempre muito próximo a mim, para a zona sem iluminação, embora agora se tornasse mais óbvio a cor das paredes e do solo, uma vez que a cauda de Char, abanando-se de um lado para o outro enquanto ele andava, me ia dando indicações sobre onde pisar.

OFF: Certo, obrigada ^^

Portanto, seguimos pelo caminho mais escuro, com toda a coragem que eu tinha em mim. Não é que o escuro me assustasse muito, mas sabia lá eu o que continha aquelas cavernas. Podiam ter pokémon selvagens muito violentos, nunca se saberia. Ou outra coisa pior... Não conseguia sequer formar na minha cabeça uma imagem sobre o que seria pior do que um pokémon selvagem muito violento. Mas nada disso importava agora. Seguimos em frente, pelo nosso próprio caminho, as paredes da caverna iluminadas pela cauda de Charmander.
Depressa cheguei a algum sítio que desconhecia - mas o que é que eu conhecia daquele sítio? Absolutamente nada. Parecia-me alguma vila ou cidade da antiguidade, alguma coisa que haveria existido naquela zona há muito muitos anos atrás. Era divino. Era uma coisa de outro mundo - e se não era de outro mundo realmente. Questiono-me sobre a história daquele local. Como é que as pessoas eram? Como terão vivido? Que costumes teriam? Será que também já viviam com pokémon naquela altura? Era tudo um mistério, mas que clamava pela minha curiosidade. Pouco observava daquele sítio só com a cauda de Charmander, mas dava para notar os detalhes das construções, nomeadamente, o seu tamanho e formato. Foi então que voltei à realidade e relembrei dos materiais que me foram dados na entrada.

- Oh, a lanterna! - falava alto mas para mim, enquanto deliberadamente dei uma pequena palmada sobre a testa a castigar a minha estupidez.

Depressa procurei o botãozinho que servia para acender a lanterna e procurei erguê-la no ar, deslizando-a para todas as direções, fosse para cima, para baixo ou para os lados, ou até mesmo na diagonal. Eu queria ver tudo, eu queria ter uma visão da totalidade daquele local. Por onde começaria? Era a minha maior dúvida naquele momento.

Ao acender a lanterna, tudo se tornou claro. Como era óbvio, a luz iluminava melhor do que a cauda de Charmander, no entanto, como a lanterna só apontava para um local em questão, eu teria de movimentá-la de acordo com o local que eu quereria vislumbrar. No entanto, aquilo que vislumbrava, aquando de apontar a lanterna para os sítios aleatoriamente, era magnífico. Nada como aquilo que eu já vira. E eu vira muito pouco, em Littleroot. Mas os edifícios, ainda que destruídos, eram mais majestosos que os edifícios construídos em Littleroot. Notei que os edifícios se concentravam num só sítio, deveria de ser ali a praça suponha eu. E uma estátua no centro? De um pokémon... Desconhecia aquele pokémon completamente, nunca antes tinha ouvido falar daquele pokémon antes.
Char toca-me nas pernas para me chamar a atenção e depressa desvio o olhar da estátua e encaro-o com uma cara de dúvida. Ele aponta as suas garras para um edifício em específico e eu percebo o que ele pretende. Acenei com a cabeça, sem mencionar uma única palavra, com medo que as palavras ecoassem ali naquele local que metia respeito e aproximei-me do edifício, adentrando-o pela abertura exagerada que existia. Charmander seguiu-me. Ergui a lanterna observando o interior do edifício, procurando descobrir o que restava daquelas ruínas.