Corona de Lágrimas! [Novela Mexicana]

Lysander desviara seu olhar para Éclair por alguns instantes após esta dizer-lhe aquelas palavras. Não era de todo verdade, ou ao menos não era o que o jovem pensava. Inicialmente, a mulher veio para simplesmente ajudá-lo, não havia má intenção ou vício algum em suas intenções, e o jovem estava ciente disso. Ao final, virou sua face para frente, e sem muito pensar, liberou:

- Não. - Seus olhos fitavam a figura de Arturo que caminhava com o corpo de Éclair em seus fortes braços. - Não se culpe. - Não havia dúvida alguma em suas palavras. Um sorriso surgira em sua face enquanto seus passos continuavam a rumar a algum lugar que até então não sabia qual. - Me ajudou com meus problemas, então, não há problema algum em ajudá-la também.

- Afinal... É bom sentir que alguém ainda se preocupa consigo... - Pensou consigo o jovem rapaz, enquanto seus passos continuavam, e quando em frente ao hospital, enfermeiras passavam por si, falando sobre uma tal criatura que aparentemente habitava o quarto 720. Pela forma que falavam, de um tal monstro, Arturo não demorou a deduzir que se tratava de Alvarez. Ora... Araútos enfim tinham censo de diversão? A forma como o homem disse aquelas palavras o fez simpatizar-se um pouco com ele, apesar deste ter ouvido sua conversa com Éclair.

- Vamos ao quarto 720 então. - Liberou o jovem, enquanto ia adentrando a instalação do hospital, e ao passar pela porta, não demorou para refletir. - Mais uma vez em um hospital... Tenho andado muito por lugares assim... - Havia tido a aventura com Éclair, que de certa forma o fizera caminhar pelos corredores dos hospitais de Oldale. Havia ido com Leny até o hospital de Slateport, onde então este submetera-se ao tratamento de sua doença, onde então uma segunda vez Lys retornou, e acabou se retirando enquanto Leny berrava consigo. E agora, uma vez mais estava ali. Se sua aventura assim continuasse, passaria pelos hospitais de todas as cidades da região, e a simples imaginação de tal possibilidade o fez liberar mais uma vez um fino sorriso em sua face pálida.

Off: Sorry o post pequeno. Não tinha muito o que fazer. Kkkkkk

Lysander observava a cena que se formava diante de seus olhos. Alvarez parecia abrir caminho a força entre aqueles que guardavam a entrada do hospital, distribuindo golpes e mais golpes naqueles impediam sua retirada. Aparentemente estava a procura de Éclair. No entanto, o que poderia o jovem fazer? Enfiar-se no meio daquela multidão apenas para levar um golpe em sua cabeça?

Não.

Não seria idiota ao ponto de entrar na frente de Alvarez, não naquela situação, não quando seu foco era Éclair. Então limitou-se a virar sua face na direção de Éclair, e com um simples encolher de ombros, emitiu, com um fino sorriso em sua face. - Acho que ele lhe procura.

Lysander sentira-se um tanto incomodado diante do convite, mesmo que discreto, ou talvez não tanto assim, para que se afastassem de Éclair e Alvarez. A resposta que lhe veio à mente provavelmente não seria apoiada pelo homem, e Lys tinha uma breve impressão - ou talvez certeza - de que os doze, aqui na figura única daquele que anteriormente carregou Éclair, não o fizera por si, mas sim por Éclair. Aparentemente pouco se importavam com sua existência, era o que o rapaz imaginava.

Para pensar bem... Não fora exatamente ajudado, ou ao menos não que soubesse. Carregaram Éclair não para que seus braços não doessem, a carregaram para que esta não se machucasse. Ajudaram Amélie por ser sobrinha de Alvarez, a quem aparentemente os doze ainda deve nutrir algum sentimento. Se é que são capazes de sentir algo, afinal, tinha em sua imaginação que os doze mal possuiam matéria, sendo apenas feitos a partir de energia ou qualquer outra coisa. Um delírio.

No entanto, não sentia confiança o suficiente em si para negar-se a obedecer, e desta forma, o rapaz simplesmente emitira um aceno positivo com sua cabeça, um gesto que lhe pareceu um pouco hesitante, e ao final, permitiu que algumas palavras lhe escapasse. - Vamos então...

- Como é? - Emitiu enquanto ainda se afastavam.- Como é ser um... Araúto? E sobre os bebês de Éclair? - Seu tom de voz aparentava certa dúvida, mas sentia-se incomodado com a possibilidade de um dos bebês de Éclair seguir tal caminho, e sentia que o homem talvez fosse um tanto mais aberto que Refúgio, que parecia não desejar que o rapaz sequer soubesse quem realmente eram.

A cena que lhe veio à cabeça ao ouvir sobre éclair possívelmente ser filha de um dos doze guardiões fora um tanto bizarra para si. Por um momento pôs se a imaginar de que forma um ser, que em sua cabeça, era feito apenas de energia, poderia de alguma forma gerar filhos... Sentiu-se incrívelmente estúpido ao imaginar Éclair brotando de um ovo ou simplesmente surgindo como um flash de luz, e por tal estupidez preferiu varrer tais pensamentos de sua cabeça.

- Não havia pensado nisso... Você nunca soube o que é não ser um Araúto... - Emitiu o rapaz após recuperar-se, e agora a fitar seus pés enquanto caminhavam e seus braços ainda carregavam seus monstrinhos. - Bem. Talvez não tenha perdido muita coisa. - Virou sua face ao homem e logo continuou:

- Você, provavelmente, nunca teve tanta liberdade para fazer suas escolhas... Já que serve para botar em práticas as escolhas dos doze... Já nós... Talvez soframos por termos escolhas demais... E nem sempre escolhemos as melhores para nós e aqueles que nos rodeiam. - Permitiu-se, neste momento, liberar um fino sorriso enquanto completava sua frase. - No fim... Nunca estamos felizes, não por completo.

Lys sentia-se estranho pela situação na qual parecia se encontrar. Sentia-se como um brinquedo, sendo puxado de um lado para o outro... Antes estava próximo de Alvarez e Arturo o afastara, aparentemente desejando contar-lhe algo que ainda não sabia. E agora que começara a se simpatizar com o homem, Alvarez surgia em cena, como se buscando afastá-lo de Arturo.

Observou Éclair por um momento, e então voltou-o a Arturo e então Alvarez, como se imaginando o que poderia escolher. Ao final, acenou positivamente para Éclair e Alvarez, anuindo a intimação de Alvarez.

- Só... - Desviou um olhar a Arturo, e logo continuou -, Preciso ir ao banheiro antes... - Continuou o rapaz, em um tom ligeiramente diferente do anterior, enquanto seus braços pareciam se relaxar e suas mãos caiam para os bolsos de sua calça.

- Encontro-os já já. - Emitiu enfim, já dando alguns passos para o interior da construção que era o Hospital, enquanto procurava por um banheiro. Na verdade, nada desejava com um banheiro. Apenas procurava uma forma de continuar a conversa com Arturo, como se desejasse saber o que ele tinha para contar. Apenas desejava que o homem não desaparecesse quando o procurasse.