A indagação da menina era pertinente; como nômade que era, não sabia muito bem o funcionamento da cidade, mas o carteiro, como experiente naquela região, logo tratou de responde-la:
- Sim sim! Aqui é uma cidade bastante rural, as pessoas somem após o almoço e fazem a siesta, por isso é importante batermos o quanto antes - Informou.
Tendo o aval da garota, lá foi o homem, bater na porta de madeira maciça, de uma casinha aleatória pintada de verde; o homem não parecera escolher nenhum critério muito complexo para definir qual família incomodaria, apenas dobrou a primeira a esquerda e assim o fez. Deu dois toques breves e, ao perceber a existência de uma campainha, acionou. Deu certo! Poucos segundos depois uma criança, cerca de oito anos de idade, acolheu os dois andarilhos e lhe perguntou com bastante timidez:
- O que querem? - Indagou a menininha
- Queremos saber onde fica o Cantinho Verde - Respondeu, esperando resposta.
- Paaaai!!!! - Gritou a guria, chamando o responsável - Tem umas pessoas querendo falar com você.
Assim o silêncio se manteve até a chegada do pai, que demorara um pouco; talvez decidira se vestir adequadamente para receber visitas. De todo o modo, o homem era um verdadeiro gigante. Pra lá dos dois metros de altura e exageradas espessuras de músculos o dava um ar bastante medonho. Seu cheiro de terra, cabeça queimada de sol, barba embolada, lembrava muito os tais caipiras que Yuki já vira na TV, porém muito mais grande que o habitual. Este homem claramente trabalhava com força bruta, devia ser algum fazendeiro pequeno ou algo do gênero;
- O que vocês querem? - Perguntou, um pouco grosseiro, mas não muito intencional
- Cantinho Verde, sabe onde fica? - Indagou mais uma vez o pobre carteiro
- Oh, o que querem fazer naquela crechê? - suspeitou, porém sem esperar a resposta, o respondeu - Fica a uns dois quarteirões daqui reto. Não tem erro, é uma escolinha verde musgo. Só isso? - Finalizou, sendo respondido com um balançar de cabeças.
Os dois então se agradeceram, o homem encarou Yuki por um tempo, esperando se ela havia o que falar com ele; caso nada dissesse, só fecharia a porta e voltaria ao almoço em família,