Oldale Town!

Depois de todo aquele silêncio e momento de emoções puras, Yui consegue por todas as crianças de pé novamente e, mesmo que contra a vontade delas, fazê-las arrumar a sala. Cadeira para um lado, mesas para o outro, uma pequena vassourinha na mão da treinadora e, em alguns minutos, estava todo mundo trabalhando para deixar as cadeiras enfileiradas e a sala limpa!

Em alguns momentos os banquinhos caíram ao chão, fazendo barulho, mas nada além disso aconteceu. Tudo alinhado! As quatro mesinhas em seus quatro lugares e todas as cadeiras apoiadas nelas, ao fim disto, as quinze crianças sentaram nos bancos que elas mesmas ajeitaram e esperaram Yui terminar de varrer.

Já se passaram grandes aventuras neste meio tempo; um show de gelo, uma crise de resfriados, um medo irracional, um catar de ervas, umas mordidas, reviravoltas e, por fim, uma bela organização! As crianças agora olhavam para Yui e tentavam responder seu questionamento com algo útil, mas apenas uma menina fora capaz de respondê-la com precisão:
- Tia, já ta quase na hora de ir embora, agora a gente calça o tênis e arruma a bolsa - Respondeu - Ai fica esperando buscarem a gente.

Chamou todos seus pokemons para fora e, com uma organização exemplar, organizou todas as crianças muito antes do sinal! A menina até fizera uma fila para ordenar uma saída, porém a mesma menina que orientou Yui o que fazer, lhe avisou que ainda não era hora de ir, precisavam esperar a sineta para descer ao pátio! desta forma, a fila foi desfeita momentaneamente e todos ali sentaram nas cadeiras mais uma vez, agora com as bolsas prontas e tenis calçados!

Neste momento Marcos chegou, um pouco desajeitado, carregando consigo três garrafas térmicas cheias e um monte de copos de isopor reciclável; tudo isto para não queimar a mão de nenhuma das crianças. Entregou o copo uma a uma e deu-lhes o chá, também uma a uma; já podiam beber, o carteiro responsável até esfriara antes de trazer a sala. Inclusive, o preparo foi tão bem feito, que levara o tempo das crianças se curarem, porque a muito uma não espirrava. Ainda assim todas beberam e se deliciaram, não há como não gostar de um cházinho morno com mel logo no fim do dia, pós almoço.

A bebida não só esquentou o organismo de cada um deles, como também desacelerou as crianças, que já estavam tão cansadas e sonolentas que esperavam ansiosamente pela sineta. Yui e Marcos também tiveram a chance de provar um copo do tão bem feito chá; receita da mãe de Marcos que nunca falhava!

Enfim a sineta tocou e todas as crianças estavam liberadas para ir ao pátio esperar por suas caronas.

Mesmo com todos os conflitos causados, Yui e Marcos conseguiram resolver os problemas com precisão! O carteiro então, olhando para a garota com um imenso sorriso no rosto lhe respondeu de forma bastante limpa e sincera:
- Está tudo bem, era óbvio que problemas iam acontecer, isso tudo só deixou o dia mais divertido - Explicou - Obrigada a você, Yui, por toda a ajuda e por aceitar essa missão tão esquisita. Obrigada pela companhia.

Os dois continuavam se agradecendo, mas era hora de sair da sala, o carteiro então tomou frente na fila e tirou as crianças de lá, uma atrás da outra, cantarolando um refrão de música infantil. Piuí! Tic-tac! Piuí! Tic-Tac! Eis o som que, na cabeça dos pequenos, aquele trenzinho fazia.

Já ao pátio, uma figura nova era avistada, este parecia ser Gabriel; um velhinho bastante amável, de um e setenta, pelos completamente grisalhos e roupas soltas. O homem aparentava estar perto dos seus setenta, mas não deve ter chegado lá ainda. Estava saudável mas nem tanto, ao meio de tantos abraços e beijos dados por aquelas crianças, o homem tossia esporadicamente.
Todas as crianças da turmas anteriores correram para abraçar o tal Gabriel, a de Yui e Marcos não podia ter feito diferente. Assim que chegaram ao pátio, os 15 atacaram o senhor com carinho demais, demorou um tempo para se soltar de toda aquela muvuca e então ir falar com o carteiro e a menina, mas uma hora alcançou-os e disse:
- Foram vocês que ajudaram em nossa ausência, não é? Parece que todas as crianças estão felizes, arrumadas e bem. Vocês fizeram um bom trabalho - Elogiou - Tenho um pequeno pagamento para vocês dois.... E não adianta dizer que não precisa, vocês trabalharam, merecem ao menos um premiozinho!

O homem então saca primeiro um montinho de dinheiro e distribui de forma desigual; mil para Yui e dois mil para Marcos, mas porque? Era ai que a surpresa entrava. O carteiro era um carteiro, Gabriel não soube muito o que arranjar para ele de brinde, mas para Yui pensou em um mar de opções. Vários itens, frutas, golpes, poções, etc. Tudo isso podia ser útil para a pequena, então porque não inovar? Juntou o útil ao agradável e fez uma introdução a surpresa:
- Você é treinadora não é? Um passarinho me contou - Falou Gabriel, mas continuou sem esperar resposta - Acho que tenho algo muito bom para lhe dar. Ele é muito hiperativo, infelizmente não tenho como levá-lo mais para um lado e para o outro, não tenho mais idade para essa vida de treinador, já conversei com ele, e é isso que ele quer. Este pequenino aqui quer ter um treinador, crescer, evoluir e, principalmente, conhecer o mundo. Pode fazer isso por mim?

Ao terminar a introdução, apresentou uma pokebola bicolor, a vermelha e branca comum e, então, apertou o botão central, revelando um pokemon bastante espertinho; se pegasse seu PokeDex, Yui veria que ele não só era um Abra, como tinha um golpe já aprendido e, acima de tudo, uma habilidade natural extremamente rara! Um pokemon como aquele não se acharia em qualquer esquina; era valioso.

Yui então foi embora, guardando esta história consigo e, descobrindo, que até novatos passariam por experiências únicas naquele novo trabalho que decidiu seguir. Abra agora era um novo amigo, assim como Marcos era, porém muito mais presente.