Rosy Paradise

O rato que antes havia se aproximado de mim percebeu a minha inutilidade para si num instante, logo descartando a possibilidade de eu servir como alguma ajuda, assim seguindo seu caminho. Resolvi fazer o mesmo. Caminhávamos sobre a grama brilhante e a terra fofa do local em passos lentos que tardavam o nosso encontro com nossos objetivos apenas para que pudéssemos contemplar o panorama daquela tão rica biodiversidade que à nossa volta se desenhava.

Havíamos então chegado a uma região pastoril onde possivelmente seríamos capazes de encontrar interessantes variedades de Pokémon. Não demorou em avistarmos um alvo ao longe. Era semelhante a um pequeno burrinho castanho que tranquilamente mastigava seu capim. Precisávamos de uma aproximação gentil para que ele não fugisse. -Riolu, GO!!! – ele me olhou, eu olhei pra ele, ele me olhou de novo. Estava claro o meu plano, e assim Riolu o fez. Lançou-se rolando por toda a extensão do campo até o Pokémon selvagem. Era sua entrada triunfal. Obviamente iria começar a se comunicar com o asno e sugerir que ele tornasse-se parte de minha equipe. Quero dizer, fui bem claro em minhas ordens, não? Certeza que quando Riolu chegasse lá ele teria controle da situação.

O herói havia chegado aos campos da justiça. Mais ou menos. Riolu precisava melhorar o equilíbrio e sua estabilidade. Entretanto, o dito salvador das minhas estratégias não tinha a menor ideia do que realmente deveria fazer. Aparentemente, não fez suas lições de casa sobre “PLANOS INCRÍVEIS” com Roderick Fletcher. Logo, ele me olhou, olhou para o burrinho que por burrice ou apenas desatenção não percebeu a presença de Riolu ali, olhou-me novamente e fez uma pose de pensativo, repousando sua mandíbula sobre seu punho cerrado.

-Go! – sussurrei com o meu palmo ao lado de minha bochecha para aumentar o volume da minha voz. Rapidamente fiz um sinal ao balançar a mão para frente e para trás, buscando faze-lo avançar até o asno. Em seguida, apontei para o burrinho com o indicador, reforçando o comando.

Meu palmo, numa velocidade inacreditavelmente elevada, deu de encontro com minha face num gesto de decepção e aflição. Riolu era praticamente apenas um bebê ainda, não podia culpa-lo, mas mesmo assim tal fato não evitava minha irritação. Cogitei a tentativa de eu mesmo fazer minha entrada triunfal, mas acreditava que poderia espantar o burrinho. Logo, lancei a Oran Berry que guardava em minha mochila campo abaixo para a direção de Riolu. Minha mira não era das melhores, mas contava com a experiência em lançar Pokébolas que acumulei em minhas aventuras. Quando Riolu olhasse para mim, já estaria arquitetando a linguagem corporal de forma para que sinalizasse que o lutador metálico pegasse a fruta do chão e se aproximasse do pequeno asno para entrega-la ao próprio. Como faria para informar Riolu de toda a estratégia? Claramente apontaria freneticamente para a Oran Berry e logo depois para o Pokémon selvagem.

Se Riolu de fato entregasse a fruta, já estaria trilhando meu caminho em direção às duas criaturas com um sorriso amigável estampado em minha face. À partir dali, pediria à Riolu que me recomendasse ao burrinho como um bom treinador que carrega consigo alimento.

A estratégia não deu nada certo. Afinal, o que adiantava entregar ao burrinho a Oran Berry para alegrá-lo se ele não fosse nem mesmo olhar no rosto de Riolu? Aquela era uma criatura bem oportunista, o que me dava um motivo para cultivar um pouco de raiva desta. Ele comeu a minha Oran Berry e nem sequer agradeceu. Comecei a descer o morro com velocidade, gritando:

-Riolu, agarre-o e se necessário use Counter para evitar que ele tome uma liderança! – era apenas um asno, ou seja, Riolu muito provavelmente o superaria em velocidade. Retirei uma das Pokébolas especiais do evento de minha mochila enquanto corria em direção aos dois e tentei, com toda a minha força de vontade envolvida, capturar o Pokémon selvagem ali mesmo ao apertar o botão da cápsula contra sua testa.

Enfim o clímax daquela pequena aventura surgia, trazendo consigo toda a fúria de um burrico cuja alimentação fora interrompida. Realmente, muito épico. Para não ficar chamando apenas de “asno anão” ou apelidos semelhantes, logo saquei a Pokédex e registrei sua espécie nos dados do equipamento. -Mudbray, hã? SAY HELLO TO MY LITTLE FRIEND! – disse, sinalizando para que Riolu avançasse ao apontar na direção de seu inimigo, o burrinho. -Duplo Force Palm!