De Cinnabar à Ula'ula Island

Enquanto observava o resultado das movimentações de Gligar e Phamtump, demonstrando certo grau de desapontamento, mas procurando não transparecer tal sentimento para a dupla em questão, Joul se dava conta que, Nina, já alguns metros de distância, havia deixado os arredores do espaço de batalha sem ao menos se despedir. Fato que, de alguma forma, poderia ter sido causado pelo jovem treinador de Cinnabar e sua incapacidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo.

Então, procurando de alguma forma consertar qualquer tipo de mal entendido, o que ele acreditava ser apenas isso, o Terri, alternando olhares entre seus pokémons e a garota que cada vez mais se distanciava, tratou de tomar um novo caminho naquela sessão de treinamento:

- Gligar e Phamtumb, parabéns pelo que foi alcançado até agora. Estamos começando a entender o que precisa realmente ser feito. Por isso, por agora, peço que ambos descansem um pouco antes de retomar as tentativas. Durante este tempo livre, tentem imaginar o que foi mostrado há vocês pela pokédex. Em seguida, quando se sentirem a vontade para recomeçar, lembrem-se do que foi dito por mim. Tenho plenas convicções na capacidade de vocês. - Depois de um acariciar na dupla de pokémons, o jovem concluiu: - Agora, peço que me esperem por alguns segundos, vou tentar resolver algo que, nem eu sei que fiz.

Ao final destas palavras o viajante do continente de Kanto tentou correr o mais rápido que ele podia, pelo campo gramado, atrás de Nina. E, quando se sentiu a uma distância apropriada, uma que também fosse até segura, ele tratou de se pronunciar a jovem com a esperança que ela se virasse e lhe desse atenção:

- NINA!! Me espere por favor! Acho que rolou algum tipo de mal entendido. Não quis de forma alguma parecer rude ou qualquer coisa do tipo. Só estou tendo problemas para que meus pokémons aprendam duas técnicas, e, como não sou bom em fazer duas coisas ao mesmo tempo, acabei não dando há atenção que você merecia por sua simpatia. Pode me desculpar?

Joul não conseguiu segurar o respirar profundo quando Nina, de uma maneira até admirável, pareceu ignorar todo o mal entendido ao escutar a palavra "desculpa" ser proferida pelo treinador oriundo da ilha de Cinnabar. Fato que, querendo ou não, era algo importante para o viajante da longínqua Kanto, pois, independentemente de quem fosse, não era nem um pouco promissor ter alguém magoado por coisas que você, em muitas vezes, não sabe o porquê de terem acontecido.

Então, mostrando que realmente havia relevado todo o ocorrido, a garota, de uma forma que o Terri poderia não estar esperando, tratou de demonstrar mais um pouco de sua, até aquele momento, admirável personalidade através de sua disponibilidade em ajudar o rapaz. O que, de certa forma, seria realmente bem vindo, principalmente se tratando da atual situação que Gligar e Phantump se encontravam.

E foi graças a esse bondoso comportamento que, Joul, com mais um sorriso em seu rosto, teve a humilde atitude de dizer:

- Estamos com todos os nossos ouvidos prontos para escutar o que você possa dizer. - Virando-se rapidamente para sua dupla de parceiros, o que confirmava que eles já haviam se aproximado dos pokémons, ele concluiu: - Não é mesmo pessoal?!?!

Com isso, agora, restava saber o que a jovem Nina tinha a dizer que, de alguma forma, viria a ajudar o treinador da ilha de Cinnabar. Determinação esta que certamente traria algum efeito positivo, já que, pela experiência de Joul, todo aquele que demonstra uma boa vontade para com algo, é motivado por uma espécie de certeza sobre o que fazer.

A cada palavra proferida pela jovem, a admiração que o Terri tinha por ela só aumentava. Afinal, independentemente do que ela dizia, era mais do que justo que o rapaz contemplasse cada fala, pois, no fim, o que ela mais buscava fazer, pelo menos até aquele momento, era mesmo ajudar o treinador e, principalmente, seus pokémons.

Então, ao final de todo aquele discurso, enquanto Gligar e Phantump observavam Joul a espera de sua reação,o rapaz, que coçava a nuca com a mão direita, mantendo um desajeitado sorriso na face, já que, graças a Nina, ele havia finalmente se dado conta de que Gligar poderia estar muito além da dominação inicial do Sword Dance e que Phantump precisava se desapegar de qualquer necessidade física, foi logo se pronunciando:

- Pessoal, vejo que Nina tem toda a razão. Não percebemos que você Gligar pode já ter dominado o Sword Dance pelo simples fato de não ter tentado usar nenhum movimento físico para testar se existe algum tipo de diferença. Pelo menos acho que foi isso que entendi. Quanto a você Phantump, ela também está completamente certa, pare de se apegar as dependências físicas. Sinta apenas o movimento e trate de colocá-lo em prática. Deixe as coisas fluírem da forma mais natural possível. - E demonstrando ter retomado o conforto que ele sentia minutos atrás, ele finalizou: - Enfim, sigam o que ela disse. E, caso seja preciso, escolham qualquer alvo do interesse de vocês para colocar os movimentos em pratica. Para você Gligar, não pense em usar um movimento especifico, apenas parta em direção ao alvo e o acerte com sua garra, vamos ver o que pode acontecer. Bora lá dupla!

Deste modo, enquanto dava passos para deixar seus parceiros com o espaço que poderia ser necessário, o que indicava aos pokémons que estava na hora de recomeçar, Joul olhou para Nina e disse:

- Obrigado por tudo! Acho que você conseguiu abrir os olhos tanto dos meus pokémons quanto desse treinador aqui. Agora, só nos resta mesmo observar tudo e ver o que acontece.

Ao final de mais um discurso de Nina, voltando nitidamente para o lado motivacional da coisa, Joul percebia que ele precisaria seguir, pelo menos naquela etapa do treinamento de Phantump, aquela linha de pensamentos. Afinal, pelos resultados demonstrados pelo pequeno pokémon, poderia ser só essa misera necessidade que faltava para Ghost/Grass alcançar os objetivos.

Então, quando sentiu que seria mesmo a melhor hora para colocar suas palavras em xeque, mesmo sendo elas um aditivo ao dito pela jovem, o viajante de Kanto não se demorou a dizer:

- Tudo que a Nina lhe disse Phantump é mais do que verdade. Você já adquiriu uma certa habilidade para executar este movimento. Deixe as coisas fluírem da forma mais natural possível. Só viva o movimento, o resto, consertaremos depois.... Enfim, vamos lá! tente de olho aberto...

Com o fim de suas palavras, o treinador apanhou Gligar entre os braços e deu um apropriado espaço para Phantump. Agora, restava saber como tudo aquilo iria se desenrolar.

Joul não consiguiu conter o largo e entusiasmado sorriso que brotou em seu rosto no instante em que Phantump, logo em sua primeira tentativa com os olhos abertos, conseguiu executar. com certa maestria, o poderoso Shadow Claw. Técnica que, com a evolução do pokémon, se tornaria uma das bases ofensivas do pokémon Ghost/Grass.

Então, sem que que Phantump pudesse ao menos titubear, o viajante da ilha de Cinnabar o apanhou, usando o braço que ainda se encontrava livre, já que ele ainda não tinha colocado Gligar no solo, e, apertando carinhosamente a dupla, falou a ambos os pokémons:

- Eu só tenho que parabenizar os dois pelos esforços. Cada um, a seu tempo, mostrou que não há limite quando a força de vontade fala mais alto. - Voltando-se então para Nina: - Quanto a você Nina, devo meus sinceros agradecimentos. Obrigado mesmo por me ajudar a colocar ambas as técnicas em execução.

Mas, no fim de todo aquele momento de comemoração, que o aspirante a mestre pokémon mostrou que ele ainda não tinha se dado por satisfeito, já que, colocando cada um de seus pokémons no chão, enquanto fazia o possível para alternar olhares entre a dupla e a garota que tanto o ajudou, ele foi novamente tomando a palavra:


Phantump e Gligar, sei que ambos estão bem felizes pelo resultado alcançado. Porém, ainda temos um longo caminho pela frente. - Deixando que um olhar que tentava imprimir um ar que pudesse motivasse a dupla se destacasse, ele continuou: - O que me dizem de colocar em prática uma técnica que ambos conhecem? Vamos tentar trabalhar o que cada entendeu como Poison Jab. Neste primeiro momento não darei nenhuma ideia. Peço apenas que executem o movimento seguindo aquilo que acreditam ser o correto. Daí, caso seja preciso, entrarei com minha opinião. Enfim, fiquem a vontade para começar quando acharem mais apropriado.

Ao final de mais aquele discurso, o treinador, que já dava espaço para o reinicio dos trabalhos por parte de seus amigos, olhou rapidamente para Nina, enquanto um novo sorriso se destacava, e falou:

- Fique a vontade para dar sua contribuição. Suas ideias vem sendo de grande valia para nos. Não tenho nem ideia de como te recompensar...