3 - Pelas ruas de Mauville

Iris havia chegado já à noite na cidade, andava ao lado de Adália e carregava Cyperus no colo. Ainda pensava que precisava treinar, fortalecer seu time, mas quando viu a cidade concluiu que deveria ir atrás de um mapa da nova região em que se encontrava. Não sabia com certeza no que o mapa lhe ajudaria, mas sentia que olhando-o poderia ajudar muito mais as pessoas. Ou no mínimo torcia para isso.

Olhava a cidade, quase tão grande quanto Slateport, e se perguntava se todas as cidades da região eram grandes assim. Caminhava sempre sem rumo, se perguntou por um instante se o mapa não atrapalharia isso, se tivesse uma meta, um lugar para ir, não mais viajaria como viaja. Gostava da liberdade em que tinha no momento. E também não era como se um mapa fosse lhe ajudar a encontrar as pessoas de Lavender Town espalhadas por Hoenn depois da inundação. Suspirou, queria poder se tornar uma ranger, isso ajudaria, mas por hora não tinha o que fazer.

Olhou bem à volta, como caminhava perdida em pensamentos, parara de prestar atenção aos arredores. Focaria agora em treinar seus companheiros, pensaria no mapa depois. Procurava um desafio para seus pokemons, algo que pudesse torná-los mais fortes, pensava também em treiná-los de uma forma que não envolvesse batalhas, procurava por algo que pudesse lhe ajudar de alguma forma.

-Pessoal, estamos à procura de algo que nos deixe mais fortes, então se virem algo avisem - disse para seus pokemons.

A treinadora de Kanto, havia acabado de começar sua viajem pela região de Hoenn. Ela tinha o objetivo de ajudar todas as pessoas que pudesse, principalmente as pessoas de sua terra natal. Mas para poder cumprir o seu grande objetivo, ela precisaria ficar mais forte, e assim ela decidiu procurar por algum lugar que pudesse fazer um treinamento. Mauville era uma grande cidade, e não seria fácil encontrar um local apropriado. Haviam muitos prédios e grandes construções, além de um grande movimento por toda a cidade, já que ela era o centro de Hoenn.

Ela estava tão focada em seus pensamentos, que acabou não prestando atenção por onde andou até que parou e tentou se localizar. Ela estava bem no centro da cidade, onde havia uma grande torre, que era uma réplica da torre de Lumiose em Kalos. Depois de pedir a ajuda de seus pokémons, ela voltou a andar. Mas por onde seguiria? Já que todas as ruas levavam a locais diferentes da cidade. Ela estava bem no meio de uma encruzilhada, então ela poderia voltar de onde veio, ou seguir por uma das outras três direções.

Iris olhou a encruzilhada sem saber exatamente o que fazer, procurava algum espaço aberto onde pudesse treinar seus companheiros, mas até então não tivera sorte. Virou a cabeça na direção de seus pokemons, nenhum deles parecia ter tido alguma ideia do que fazer.

Encarou os caminhos por um bom tempo até pensar que quando não se sabem para onde vai todos os caminhos vão para onde se quer ir, depois disso escolheu aleatoriamente o caminho que ia para a esquerda. Caminhava contente com sua decisão, sem saber o que encontraria. Estava empolgada com o desconhecido, mas sentia uma certa ansiedade pela jornada até então.

Já que não tinha ideia de qual caminho escolher, ela simplesmente escolheu aleatoriamente. E assim seguiu pela esquerda de onde estava. Andou por alguns minutos, e passou por vários estabelecimentos comerciais, mas ainda não tinha nenhum sinal de um local aberto e espaçoso para poder treinar. Havia uma loja de espelhos, um cassino fechado e algumas lanchonetes e lojas de roupas, além de prédios residenciais e um campus.

Era difícil encontrar um lugar aberto em uma cidade grande. Mas se ela parasse para pensar nos locais que ela havia passado, talvez um deles poderia ter um espaço interessante. Mas se ela não quisesse tentar nenhum deles, ela poderia simplesmente ir para os arredores da cidade, onde com certeza encontraria um local apropriado. O que ela decidiria fazer?

Iris refletiu sobre suas opções, sobre o que tinha visto até então, sentia-se estranhamente atraída pelo cassino. Lembrava de sua infância, quando passava na frente de um junto com sua mãe quando tinham resolver alguma coisa em Saffron City, sempre quisera entrar no lugar, mas sua mãe sempre se opunha a tal fato e a menina obedecia, aquela mulher dificilmente lhe proibia algo, então devia haver um motivo para aquela decisão.

A curiosidade chegava a incomodar, o que será que havia no cassino que seria tão perigoso? A garota não fazia ideia. Nunca havia descoberto o que tem no cassino de Saffron e agora talvez fosse tarde demais. Sentia-se criança de novo, passando na frente das luzes brilhantes, no entanto esse cassino que olhava agora não reluzia. A treinadora sentia uma certa segurança extra por ele estar fechado.

Se aproximou devagar, hesitando pela lembrança de sua mãe, seus pokemons a seguiam. Cyperus pulava sem entender nada do que se passava, Adália seguia perto de sua treinadora, olhava o tempo todo para o bebê para garantir que ele não se metesse em encrencas. Iris encostou uma das mãos na parede do cassino, como se para ter certeza do que acontecia, sorriu se divertindo com sua ousadia, e então foi atrás de um jeito de olhar dentro do cassino.

Entre todas as coisas que ela havia visto pelo caminho em que passou, apenas uma delas havia chamado a atenção da jovem treinadora. Era uma coisa nostálgica, que a fazia se lembrar de sua infância em Kanto. Então deixando aquele sentimento tomar conta dela, ela se aproximou de cassino, e encostou uma das mãos na parede do lugar. Nada aconteceu, mas isso era uma coisa boa, já que sua mãe havia feito ela acreditar que só de chegar perto de tal lugar, alguma coisa ruim aconteceria. Mas só tocar na parede não satisfazia a curiosidade de Iris, ela queria mais. Começou então a procurar um jeito de olhar o interior do cassino. Cyperus e Adália, não entendiam nada do que estava acontecendo, eles só sabiam que sua treinadora estava super curiosa para saber o que havia lá dentro.

Depois de dar algumas voltas na frente do lugar, Iris percebeu que não seria fácil matar sua curiosidade, já que todos os vidros da porta da frente, estavam tampados com madeira, e não parecia haver janelas por ali. Foi então que ela percebeu que Adália estava virando em um beco bem ao lado do cassino. A pequena Cubone parou de frente de uma porta, e começou a bater seu osso nela, e bastou apenas três batidas para que a porta se abrisse. Parecia ser uma outra entrada para o cassino. O que Iris faria com essa oportunidade única?

Iris correu até o cubone a levantou e a abraçou dizendo "Adália, você é incrível", a garota então chamou Cyperus, ela pretendia entrar na porta estranha, mas sentia um certo medo que a paralisava, era como se o medo não fosse exatamente da situação, não, ela tinha medo de desapontar sua mãe.  

O seedot por outro lado não tinha problemas com isso, sua curiosidade era maior do que tudo, ele apenas correu para dentro, meio querendo ver o que tinha, meio querendo brincar de pega-pega. Adália e Iris se entreolharam e correram atrás do pequenininho.

Iris estava muito agradecida por Adália ter descoberto uma entrada para o tão sonhado cassino. Mas antes que ela pudesse pensar em entrar, Cyperus que era extremamente curioso, já pulou para dentro da porta e sumiu em meio a escuridão do lugar abandonado. As duas acabaram não tendo escolha, e correram para dentro atrás do pequenino.

O lugar estava bastante escuro, mas por causa da pouca luz que entrava pela porta aberta, elas conseguiam enxergar um pouco. Elas ainda não estavam propriamente dentro do cassino, a porta que entraram, levava a um corredor bem empoeirado com umas três portas, sendo duas à direita e uma à esquerda. Mas uma outra grande porta no fim do corredor, chamava mais a atenção da jovem. Era grande, daquelas que se abrem para os dois lados, feita de madeira coberta por uma camada de tecido preto. Mas ela havia entrado ali por dois motivos, e o primeiro deles era encontrar Cyperus, mas onde será que ele estava? Ela observou a porta no fim do corredor, e percebeu que ela não se movera desde que elas entraram, mas as outras portas estavam todas abertas, não totalmente, mas havia espaço suficiente para um pequeno Seedot passar.

A treinadora via pouco no escuro. Sussurrou para Adália que ficasse perto dela, seria melhor se não se separassem. Achava que devia chamar pelo filhote, mas não queria chamar atenção gritando "Cyperus" num lugar que não deveria estar. Conseguiu ver minimamente o lugar, uma grande porta chamava sua atenção, queria entrar ali, mas tinha outras prioridades por agora.

Viu as três portas menores que o pequenino poderia ter entrado, decidiu começar olhando por elas para ver se achava o pokemon. Olhou bem e entrou na porta esquerda, forçou a vista para observar lá dentro em busca do companheiro sumido. Torcia para encontrá-lo logo. Adália seguia a treinadora de perto, apreensiva e preocupada com o pequenino.

Deixando sua curiosidade um pouco de lado, Iris escolhe a porta da esquerda para começar a procurar por seu pokémon. Adália seguia logo atrás de sua treinadora, e as duas andavam com cuidado para não tropeçar em nada no escuro. Ao entrar na primeira porta, perceberam que não estava tão escuro lá dentro, já que um pequeno basculante permitia a entrada da luz externa. O cômodo em questão, era uma cozinha, mas como estava desativada, não tinha nada além de bancadas empoeiradas, pias velhas e encardidas, e uns eletrodomésticos enferrujados. Não havia sinal de Cyperus por ali, mas em cima de uma das bancadas, havia uma chave.

Pegando, ou não a chave, Iris ainda tinha que procurar pelo pequeno Seedot que havia sumido no interior do cassino. Qual porta ela escolheria em seguida?