[Evento] Capitulo 7 - Fazendo um bico de ator

Eu e Nagisa acabávamos de desembarcar no porto de Sootopolis. A viagem havia sido bastante agradável, e pudemos conversar bastante, para nos conhecermos melhor. Não demoramos a sair do porto e seguir palas ruas da cidade. Como já havíamos descansado no barco, eu estava pronto para participar da peça. Nagisa não participaria, mas ficaria na primeira fila para torcer por mim. E assim fomos direto ao teatro Sootopolitano. Ao chegar no teatro, nós entramos sem muita cerimônia.

- Olá! Eu vim participar do evento teatral. – Eu disse para uma garota que estava vestindo um lindo quimono rosado.

- E eu, vim só para assistir a fabulosa interpretação dele. – Disse Nagisa dando risadinhas.

- Sejam bem vindos. Você poderia me dizer que tipo de apresentação você gostaria de participar? – Dizia a Kimono Girl.

- Eu vou fazer uma invasão ao reino de grama, e eu serei do reino de fogo. Vou usar apenas o meu Charmeleon. – Eu disse liberando Spartos de sua pokébola. - Posso dar uma olhada nos figurinos? Por que ainda não sei o que usar.

- Sim, sim. Venha por aqui. – Em seguida ela se virou para Nagisa, e continuou: - E você pode seguir por aquela porta. As cadeiras ficam logo ali, pode aguardar lá, já estão acontecendo outras apresentações.

Logo em seguida, eu e a Kimono Girl, fomos até outra sala, onde havia uma grande quantidade de figurinos. Eu observei alguns deles, e finalmente me decidi.

- Vou usar esta aqui. – Eu peguei uma espécie de armadura leve.

- Sim, pode ficar com ela e aguardar ali. Logo alguém chegará para lhe entregar o roteiro.

Então eu me acomodei em um banco e esperei. Não sabia muito como faria aquilo, mas eu estava empolgado.

Entrou no teatro; construção tão sublime quanto a moça que os atendera; seu Kimono estava tão bem passado, cortado de modo retilíneo e perfeitamente amarrado! Parecia até que usava isto todos os dias; ela não seria tão boa em arrumar um Kimono se não o usasse. Esta mesma garota então entregou a fantasia ao rapaz que, para entreter o público infanto-juvenil, teria que apresentar um roteiro que logo receberá, mas não sem antes vestir a roupa que lhe foi entregue.

Devidamente vestido, Allan mal saía do provador e já se deparava com um segundo "presente" da garota; era uma pequena página com o título roteiro, mas que nada tinha de falas. O decorrer da história acontecia no improviso, aquele papel servia apenas para norteá-lo, descrevendo a peça como um monólogo onde um rapaz, do Reino de Fogo, tenta resgatar sua irmã, sequestrada para então ser vendida. Para isso ele se passa por cidadão comum da Grama e invade os esgotos do castelo.
Nada no papel definia o desfecho ou o clímax do acontecimento; dava-lhe apenas uma introdução para então improvisar. Um tema, eu diria.

Consigo, o garoto levava uma pokebola e sua armadura apartidária, para efetuar seu plano. Contava com apenas três cenários, o primeiro sendo a entrada da vila e um pedaço de sua área cormecial, o segundo sendo os esgotos e o terceiro o castelo. Não contava com armas nem apoio humano; teria que preenchê-lo de alguma forma, mas não tinha tempo para pensar nisto agora! Mal teve dez minutos de contato com o roteiro e a moça de Kimono voltava e o mandava entrar no palco rapidamente.

OFF: Oie, espero que seja uma rota divertida para ambos ♥

Depois de vestir o figurino que eu havia escolhido, eu recebi um pequeno roteiro do que eu tinha que fazer. Lá estava dizendo que eu basicamente começaria com um monologo, e que eu teria que me infiltrar nas terras de Greenleaf para resgatar a minha irmã que havia sido sequestrada. Não haviam falas, e eu teria que improvisar toda a cena.

Para minha surpresa, eu não tive nem tempo de ensaiar nem nada. Logo que terminei de ler o roteiro, que era basicamente um tema sem explicação nenhuma, a garota de kimono voltou e me mandou entrar no palco. Eu rapidamente liberei Charmeleon de sua pokébola, e o cobri com uma capa com capuz, e joguei outra por cima de mim sem tampar o rosto. Já que estaríamos disfarçados, e na história não haviam pokébolas.

- Spartos, faça o que eu fizer. Vamos lá.

Eu fiquei um pouco paralisado no momento que pisei no palco, para minha sorte, as cortinas ainda não tinham subido, e eu pelo menos tive tempo de ver o cenário. Como o roteiro dizia, o cenário era dividido em três partes, sendo a primeira uma pequena área comercial, tendo duas barracas, e umas pessoas de papelão. Em seguida ouvi as apresentações e as cortinas subiram.

Infiltrando na cidade. - Eu pensei.

- Eu finalmente cheguei em Greenleaf! – Eu dizia alto, entrando no cenário. Sendo seguido pelo Charmeleon vestindo uma capa, com a chama de sua cauda pra fora. - Espero que Gisele esteja bem. Pois mamãe está doente desde que ela foi sequestrada pelos mercenários da folha.

Eu andei pelo cenário fazendo uma expressão preocupada no rosto, e Spartos veio andando atrás de mim, com seu rosto escondido pelo capuz. Eu parei dizendo: - Obrigado por vir comigo, fiel amigo. Mas temo que nosso disfarce possa ser descoberto, já que sua chama está à mostra. - Charmeleon olhou para trás, e fez um som como se pedisse desculpas. - Que culpa você tem? Vamos encontrar uma passagem segura até o castelo. Talvez encontremos uma passagem pelos esgotos.

Eu não sabia muito bem o que tinha que fazer, mas estava tentando o meu melhor. Eu agradecia muito por Spartos ser bastante inteligente e esperto, ele estava me ajudando muito.

- Alí! Acho que podemos entrar por ali. – Eu disse apontando para trás do cenário, para indicar a entrada dos esgotos. Logo em seguida, eu e Spartos fomos em direção as extremidades do palco, para poder trocar o cenário.

Já entrara em palco e, para surpresa de todos ali, começou falando! Mas que coragem e determinação, pensava a Kimono Girl, todo aquele improviso lhe dava tanta vontade de participar que quase atrapalhara o monólogo para fazer uma participação; não a fez. Queria muito vertir-se de guarda e abordá-lo; falando tão alto, acabaria sendo descoberto se o teatro fosse realidade. Ainda que tivesse vontade, não interviu, deixou que Allan mantivesse seu roteiro imaginativo, mas isso não significava não influenciar.

O Cenário mantivera-se estático ao fundo, mas só ao fundo, eu diria. Aos poucos o som do vento fora tomando conta do lugar; algum ventilador potentíssimo foi ligado pela lateral, balançando a capa do protagonista e seus pertences. Em seus passos, enfrentava a rajada de vento e, junto dela, a poeira no rosto. Alguns cheiros podiam ser sentidos vindo daquela direção. Inicialmente comida; era hora do almoço e aquilo parecia bastante cruel. O segundo era terra molhada e o terceiro incenso! Típico de estabelecimentos religiosos e ritos sagrados. O vento mantinha-se forte e, sem ninguém notar, fora adicionado ao cenário placas indicando um santuário bem popular e próximo.

OFF: Não parece ter uma forma certa ou errada de fazer essa rota, não se preocupe ♥

Não sabia se fazia parte da peça, mas assim que comecei a seguir para onde estava o “esgoto”, alguém ligou um ventilado bastante potente na nossa direção. Senti vários cheiros trazidos pelo vento, e notei que algo havia sido adicionado ao cenário. - Spartos, você também pode sentir? Esse cheiro de incenso, e comida? – Spartos levantou a cabeça de maneira que o capuz caiu, e ele olhou pra mim com os olhinhos brilhantes e famintos. Ele adorava comer... - Cuidado! – Eu disse olhando ao redor. - Alguém pode te ver assim, e vamos ser descobertos. - Eu arrumei o capuz e apontei para a placa. - Vamos até o santuário. Lá podemos ver se tem comida pra você.

Eu esperava que estivesse mesmo indo bem. Estava começando a achar que estavam apenas testando minhas habilidades de improviso. Mas eu esperava que as coisas mudassem um pouco, já que me disseram que haveriam batalhas reais na peça. Eu estava ansioso.

Andando mais a frente no cenário, Allan fora surpreendido com o cessar do vento e do cheiro; não tinha certeza se aquilo era pertencente a peça, porém este era a única forma que a moça de Kimono podia interferir num monólogo. Não poderia aparecer, apenas influenciar. A plateia estava bastante silenciosa e entretida, não pareciam querer interferir ou atrasar o desfecho; queriam porque queriam descobrir do que se tratava o tema.

Brisa natural e um tilintar de sinos católicos; a moça por trás da maquinaria agora pegava seu microfone e como som de fundo botara uma multidão de pessoas falando! O movimento fora expressado e adicionado muito bem por parte dela; era isto que queria dizer. Ali, naquele santuária, era um sagrado dia e expressara isso por meio de vozes perdidas na multidão:
- O rei e a rainha estão vindo - Gritou uma das vozes do som previamente gravado - Salve-os!
- Todo o reino virá celebrar o dia da santa árvore - Informou outro, com seu sotaque de interior - Até o filho do rei sará do castelo! - Finalizou.
- Será que o veremos desta vez?? Quero lhe entregar minha honra - Disse, agora uma mulher.

Conversa ia e vinha naquele CD e tudo indicava que este não era um ambiente propício para o forasteiro; cheio, movimentado e, pior ainda, organizado. Ao que tudo indicava haviam guardas por todo o perímetro, talvez não seria hoje que Charmeleon comeria sua sonhada comida local, porém tal descontento viera junto com um alívio. O castelo estava vazio, assim como o resto da cidade.

O som de fundo cessou, e junto dele, a placa indicando o santuário sumiu; agora um ilustrativo bloco de isopor tomava a cena, simbolizando até então o início da muralha do castelo, mas nada que não pudesse ser alterado segundo a percepção de Allan.

- Por aí não! - Eu dizia, me escondendo atrás de qualquer coisa que havia ali no cenário, e puxava Spartos para trás de mim. - O rei e a rainha estão aí. devem ter muitos guardas... Mas peraí! - Eu me virei para a plateia, era a primeira vez que eu os encarava diretamente, dei um grande sorriso e continuei. - Se todos vieram comemorar esse tal dia da árvore sei lá o que, o castelo provavelmente está desprotegido.

Eu me levantei e comecei a andar bem devagar, como se estivesse me estreitando, seguindo a direção oposta à placa do santuário. Nesse momento, o cenário começou a mudar, e surgiu um grande bloco de isopor, pintado de forma que parecia uma parede de pedras.

- Veja Spartos, acho que chegamos no castelo. Vamos procurar uma entrada alternativa. Já que apesar de estarem escoltando o casal real, ainda devem ter ficado alguns guardas pra trás. - Eu e Spartos fomos para trás do bloco de isopor. - Aqui! Vamos entrar pelos esgotos. Mas tome cuidado para não chamarmos a atenção de ninguém. E fique na frente para iluminar o caminho.

Começamos a fingir que estávamos andando, esperando que o restante do cenário mudasse. Até então parecia que estava indo tudo certo.

A dupla de desbravadores seguiu firme em direção ao almejado esgoto; quem diria que um local pequeno, escuro e fedorento seria a primeira opção de Allan! Bem, ao menos ela era a opção mais visível, segundo a interpretação do jovem. Fora se esgueirando e aos poucos as luzes se apagaram. Enquanto a plateia estava no completo escuro, o cenário de fundo mudou. Agora estavam no esgoto; mas já? Sim, uma mudança brusca, mas sinalizada.

Para atravessá-lo, Charmeleon tratou de iluminar o local, tomando o tal cuidado fictício para não ser encontrado. Mas encontrado por quem, se todos estavam no evento? Bem, querendo ou não, eles não estavam fazendo aquilo de forma correta ou coerente, já que a tal chama era a única iluminação local; isso para o teatro inteiro. Charmeleon crescera sua chama ao máximo e, com isto, forneceu a única forma de se enxergar algo. Caminharam por alguns minutos, o som de fundo era o mesmo de gotas pingando, constantemente, até que em algum momento aleatório, a moça de Kimono decidira alterar, adicionando um elemento interessante na dramaturgia; um ruído.

O som não parecia humana, mas era suficientemente rítmica para se imaginar que aquilo viera de algum pokemon, em instantes o inimigo aparecera com um Show de luzes; holofotes acenderam e estes iluminaram Charmeleon e Foongus, anunciando o início de uma batalha.

Agora nós estávamos caminhando no palco totalmente escuro, exceto pela chama de Spartos que nos fazia o favor de iluminar o ambiente. Charmeleon aumentou sua chama, para poder iluminar bastante o local, e a jovem funcionária do teatro, cuidou da trilha sonora para parecer que caminhávamos no esgoto. O silêncio reinara ali, exceto pelo som de um incessável gotejar.

- Que cheiro horrível... Pena que não tínhamos muitas opções para invadir o castelo. Que mesmo estando sem guardas, ainda poderia ter algum servo que ficou para trás. – Eu dizia para quebrar o silencio incomodo.

Depois de andarmos mais alguns instantes, e o silencio voltar a reinar. Um ruído estranho pôde ser ouvido por todos. Charmeleon parou bruscamente, já que andava na minha frente. - O que foi? – Eu me esgueirei para o lado e vi, no momento em que as luzes rodopiaram pelo palco, e focaram os dois pokémons. - Um pokémon! – Eu disse fingindo espanto. - Só pode ser um inimigo. Prepare-se para a batalha!

Spartos fez um rápido movimento com suas mãos, retirando a capa que cobria seu corpo. Eu fiz o mesmo, revelando o meu traje de guerreiro. Eu imaginava que os humanos lutavam ao lado de seus companheiros pokémons naquela época. Eu ainda não sabia se deveria ser ofensivo ou não. Mas decidi me precaver.

- Spartos, não baixe a guarda. Apesar de poder não ser um inimigo, não podemos nos dar ao luxo de ser atacados de surpresa. Então, se ele se mover, ataque-o com Dragon Rage. E em seguida use Smokescreen para nos ocultar.