[Evento] Capitulo 7 - Fazendo um bico de ator

Eu estava começando a ficar animado com a peça. Eu precisava ficar mais experiente em batalhas, e isso ia me ajudar. Apesar de nunca ter visto aquele pokémon, eu sabia que ele era do tipo planta e eu teria uma vantagem, e talvez fosse melhor eu ir com tudo.

- Spartos, vamos acabar com isso o mais rápido possível. Ataque com Ember duas vezes. Vamos tentar deixar ele bem tostadinho, já que cogumelo no espeto é uma delícia. - Eu não costumava ser muito piadista, mas talvez isso agradasse a plateia. Pelo menos alguém gostou, já que pude ouvir Nagisa dando uma risadinha...

A plateia achava tal dramaturgia perfeita; parecia até real. Ou seria? Bem, nem Charmeleon nem Foongus estavam pegando level, o pokemon ígneo já lançava brasas super efetivas no cogumelo que respondia, mais uma vez,com um Feint Attack certeiro. Só há esse golpe? Bem, não, mas em geral era este seu favorito.
A rodada se repetiu, o pokemon do forasteiro lançou seu golpe de fogo enquanto o venenoso o agredia fisicamente. Felizmente Charmeleon estava tendo o devido cuidado com o cenário; não queimara nada ainda, apenas deixara marcas no chão, mas a Kimono Girl e seus chefes não pareciam ligar muito, estavam adorando ver o circo pegar fogo, literalmente.

A batalha estava quase ganha, e eu sabia que ele não resistiria a um último golpe de fúria. - Vamos terminar com isso. Dragon Rage! - Dei meu último comando, falando um pouco mais alto.

Eu não sabia o que aconteceria depois da batalha. Mas se ainda houvesse alguém naquele castelo imaginário, com certeza ele havia me ouvido.

- Spartos, quando ele cair, vamos sair rápido daqui. Não podemos ficar contando apenas com a sorte.

E com um último bafo, Foongus ficara inconsciente, sendo logo retirado de cena; Charmeleon era o vencedor! Um dos holofotes sumiu e apenas a dupla era iluminada; podiam continuar andando, mas logo mais apareceria um novo facho de luz, desta vez simbolizando uma saída para aquele lugar. Já estavam dentro do castelo? Bem, não andaram muito, mas este também não era uma fortaleza muito grande.

A música de fundo mudou e, aos poucos, o som que viera era o mesmo de vento atravessando uma pequena greta da janela. Já estavam em baixo de um cômodo dos aposentos reais? Bem, não há como saber o que a garota quisera dizer com isso, a peça ainda estava a cargo de Allan, que continuaria a escrever a história a partir da derrota do cogumelo intrometido.

Logo depois que derrotamos o cogumelo desconhecido, continuamos andando. Andamos até que uma nova luz indicava o fim dos esgotos.

- Veja! Uma saída. - Eu disse apontando para a luz, como se ninguém a tivesse visto. - Finalmente saímos do esgoto, já não estava mais aguentando aquele cheiro.

Passamos no meio da luz, e eu continuei minha interpretação. - Agora vamos procurar o calabouço. Como esse é o andar mais baixo do castelo, ele deve ser por aqui. - O som do ambiente, indicava uma leve brisa soprando por uma abertura, mas ainda não dava pra imaginar o que seria. Por enquanto resolvi ignorar. - Vamos por aqui. - Apontei para o outro lado do palco, e andamos devagar.

Ergueram-se e esgueiraram-se pelo fracho de luz e, ao alcança-lo e colonizá-lo, estavam enfim num cômodo do castelo real. Conseguiram?! Tudo indica que sim; mesmo com o mal cheiro dos personagens e o improviso de Allan, a Kimono Girl não os impediu de conquistar o espaço, e logo tratou de mudar o cenário para o terceiro, mas fora segundos depois do cenário antigo sair de cena que uma voz fora ouvida do fundo do palco. O espetáculo deixara de ser um monólogo e um segundo homem pulava e se mostrava para a plateia:
- O que está fazendo aqui??? - Perguntou - E que cheiro horrível é esse? - Repetiu a entonação.

O personagem que agora aparecia era um aparente adorador de Turquesa; sua cabela era turquesa, seus cabelos, seus olhos e seus sapatos; era caucasiano e com vestimentas brancas, ou melhor, deveriam ser; graças ao caminhar exaustivo ao meio da poeira, suas roupas ganhavam um tom amarelado e sujo. Salvo pela capa, que parecia impecavelmente turquesa, o homem não parecia muito mais limpo que a dupla que acabara de sair do esgoto.

O cenário novamente mudava, mostrando o interior de um castelo. E logo em seguida uma voz masculina invadiu ambiente. - "Finalmente!" - Eu pensei. Eu já estava ficando exausto de falar sozinho, ou melhor, falar sem respostas.

- Eu? - Perguntei ao estranho homem. - Eu que pergunto. O que você está fazendo aqui? - Eu disse tentando esconder Charmeleon atrás de mim. Sabia que não tinha sido nada sutil, mas era pra ser assim mesmo, bem descarado.

- Eu vim roubar o rei - Disse o dramaturgo, sem papas na língua - Agora, você decide. Me ajudará ou será contra?
Tal afirmação era o suficiente para saber que aquilo se tratava de uma quebra do improviso. Não era um monólogo? Porque colocaram alguém ali tão cedo? Bem, ao que tudo indicava, a Kimono Girl decidira ser de Allan a peça que receberia esse sujeito.

O homem então esperava a resposta com atenção, a partir disso, decidiria se sacaria sua pokebola ou manteria-se em conjunto com o rapaz; mas não esperaria ele responder para repetir a pergunta do ato anterior:
- Você ainda não me respondeu. O que diabos um cidadão está fazendo, com um pokemon de fogo, dentro do castelo?

Para minha surpresa, o homem estava ali para roubar o rei. “O que fazer agora?” Eu pensei... Eu tinha certeza que a jovem de kimono, estava rindo de mim por trás das cortinas. - Eu não estou aqui para roubar o rei... Mas estou aqui para resgatar minha irmã que foi sequestrada. Se eu te ajudasse, você me ajudaria também? - Eu disse respondendo as duas perguntas.

Eu parava de tentar esconder Spartos atrás de mim, e olhava para os lados, como se esperasse que aparecessem outros. Talvez fosse mesmo uma armadilha, mas eu teria que descobrir da pior forma se fosse. Mas pelo que eu tinha lido sobre o evento, eu teria que vencer mais duas batalhas ainda.