Pokémon Mythology RPG
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.001 - Arrival

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Pelas expressões do homem em sua frente, ficava claro a Anthony que, apesar de ter dado uma explicação não tão completa, tinha sua situação relativamente compreendida naquele momento. Isso, porém, não parecia ser o suficiente para que ele pudesse vir a dar as resposta que o treinador buscava. De certo modo, era perceptível que Jeremy tampouco sabia o que deveria ser feito pelo garoto diante de tuda aquela confusão na qual se metera, apenas mostrando ainda mais o quanto esse cenário era triste e  sem grandes soluções reais.

"A dor nos olhos dele é perceptível, e mesmo assim está fazendo o possível pra entender minha história..." -Pensava enquanto esperava uma resposta do senhor- "Ele realmente é forte, apesar de estar quebrado por dentro... Porque isso tudo tem que ser tão difícil?"

Com o mundo novamente ficando mais pesado ao seu redor, o jovem voltava a sentir pelo que acontecera naquele local. Era difícil descrever a oscilação em seus sentimentos, pois apesar de ter poucas relações com tudo aquilo, se envolvera o suficiente naquela história para sentir-se parte integral da mesma. Todo esse sentimento era trazido ainda mais a tona graças ao longo comentário feito por Jeremy, que acertara em cheio no que acontecia com Anthony durante aquele momento. Ao final daquela fala, porém, algumas das informações realmente chamaram a atenção do treinador, que ficara ainda mais preocupado.

"Ele deve ir embora agora?" -Imaginava o que aquilo viria a significar, não havia pensado em tal possibilidade- "Isso quer dizer que Érica vai ficar... sozinha? Ela já está completamente acabada, se isso acontecer..."

Um aperto ainda maior aparecera no coração do jovem de Fiore enquanto pensava naquilo. Se tinha alguém com quem realmente se importava naquela situação, essa pessoa certamente era Érica, a garota que lhe ajudara mais cedo e sua primeira amiga na região de Hoenn. Ela já havia passado por muitas coisas ultimamente, sofrendo com a ausência de seu parceiro nas últimas semanas e agora com a perda de alguém assim... Será possível que não haveria sequer uma pequena pausa em seu sofrimento? Bem, aparentemente restava a Anthony uma única opção assim como anteriormente, dar o apoio que pudesse à ela, por menor que fosse.

-Nossa, isso vai complicar ainda mais as coisas... -Respondia ao homem, com uma expressão desanimada em seu rosto- Tem razão, é o mínimo que posso fazer por ela, certamente as coisas não serão nada fáceis daqui pra frente e eu gostaria de ajuda-la como puder. Vou tentar falar com ela logo, obrigado!

Dito isso, o jovem fizera um gesto com a cabeça que significava tanto um agradecimento quanto um desejo de forças ao senhor com que falava no momento. Após isso, decidiu se dirigir para a casa na qual Érica se encontrava, agora era o momento de finalmente confortar um pouco mais a garota e trocar contatos com a mesma. Aquilo fazia o maior sentido, mesmo que não pudesse fazer muito no momento, com certeza tinha vontade de ao menos falar com ela um dia no futuro e ver como tudo aquilo se desenrolara em sua vida. Enfim, com passos que pareciam pesar toneladas, Anthony lentamente andava ao encontro de sua amiga.

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Ouviu, tragou e deu de ombros; a fala de Anthony pouco penetrava a crisálida de Jeremy, tampouco o fazia refletir. Era apenas concordância e... Pessimismo? Bem, disto o homem já se blindara, ainda assim preferiu respondê-lo à altura:
- Gente subestimam demais gente... - Disse, de forma um tanto cacofônica.
Jeremy até pensou em continuar falando sobre o quão desafios são construtivos para todos e que tal tristeza se transformará em uma experiência sem igual para os três principais envolvidos, porém não o fez; deixou que Anthony fosse sem nenhuma outra cerimônia e voltou para seu meio fio e seu cigarro. Pensara em puxar o segundo logo, mas deixara para decidir ao fim do primeiro se fumaria mais um.

Agora o menino podia entrar na casa; a porta estava fechada, porém não trancada. Érica estava no sofá da sala, brincando com algum pokemon pequenino que se jogara no tapete; Anthony não conseguiria ver qual era o monstrinho em questão, pelo menos não daquele ângulo! O sofá-cama tapava completamente sua visão do chão da saleta.

A TV à frente estava desligada, porém a caixinha de som USB ao lado tocava algo ambiente que, provavelmente, Jeremy colocou antes de ir tomar um ar; alguma banda de Rock muito conhecida mas que, agora, Érica não conseguia nem sequer lembrar o nome. Não que tentara, claro, mas se tentasse, não conseguiria. Aos poucos os ouvidos do nosso pseudo-herói foram enchidos por uma melancolia cantada e só no refrão Érica fora reparar que algo tocava ao fundo esse tempo todo.
- How I wish, how I wish you were here. We're just two lost souls - Disse o vocalista tão desfalecido quanto o ambiente local.

Agora era a hora da menina voltar a chorar, mas não o fez! Sentou no sofá e trouxe para o seu colo o pequenino pokemon em questão, revelando um Pichu desorientado. Érica então abraçou o elétrico com força e depois acariciou o topo de sua cabeça até a estática cumprir seu papel e deixar seu pelo do topo da cabeça de pé. O pokemon não gostou; resmungou e ajeitou de volta, se balançou tentando soltar-se dos braços da garota em vão e fora respondido com um gigante ignorar de Érica, que não parecia perceber a reação negativa do pokemon. Ele não parecia saber o que acabara de acontecer naquela casa.

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Sem sequer ter muito tempo pare perceber a vaga reação esboçada por Jeremy ao ouvir suas palavras, o treinador seguiu seu caminho em direção a casa com o intuito de falar mais um pouco com sua amiga e ao menos trocar contatos com a mesma. Ao entrar, como esperado, não encontrou uma cena nem um pouco menos melancólica que aquela que vira do lado de fora da residência. Ao som de uma triste música, a garota se encontrava na companhia de um único pequeno pokémon, segurando-o aparentemente contra sua vontade.

Depois de alguma movimentação de Érica, o jovem foi capaz de perceber que ela carregava consigo um Pichu no colo, aparentemente compartilhando com ele sua dor. O pokémon, porém, não parecia entender a situação que ocorria ao seu redor ou o impacto que ele causava nas pessoas, resistindo ao afeto que recebia.

Aquela cena fazia com que Anthony viesse a ponderar de onde aquela pequena criatura elétrica viera. Não se lembrava de ter visto sua amiga carregando consigo nenhum pokémon durante todo o dia que passaram juntos, muito menos da existência de um naquela casa até agora. Apesar de não ter o intuito de desfocar mais do assunto principal que queria com sua amiga ali, não podia deixar de notar a presença daquele Pichu, então certamente era algo que teria de ser questionado.

-...Érica? -Tentava ser o mais suave possível em sua entrada para não perturbar a garota ou o pokémon- Você entrou aqui, eu não sabia se deveria vir... -Coçava a cabeça um pouco, pensando no que falar para tentar não ser muito invasivo- Não imaginei que tivesse um pokémon por aqui.

Não era muito, mas para evitar ser direto demais preferiu simplesmente fazer um comentário que um questionamento direto. Com sorte, ela teria a capacidade de começar a se expressar um pouco e dizer de onde aquela criaturinha acabara de vir.

Por um momento, Anthony trocou um pouco seu sentimento de tristeza pela curiosidade com a visão do novo cenário em sua frente. A música de fundo, porém, fez o favor de eventualmente lembrá-lo do clima pelo qual passava, fazendo com que seus olhos rapidamente fitassem o chão. De qualquer modo, já havia dito suas palavras, e esperava a resposta de sua amiga, a medida que andava em sua direção com o intuito de sentar-se ao lado dela no sofá.

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Entrara de modo pouco sensível; Anthony agora trocou o foco para a cena a frente, esquecendo por um momento todo o gelo subaquático do iceberg. Érica por sua vez não reclamou, mudar o foco não parecia de todo ruim e, além disso, se o amigo nada falasse, não repararia no incomodo que estava se tornando para o pokemon. Soltou Pichu logo que vira sua expressão estressada e botou-o no chão. O roedor amarelado aproveitou o momento para pegar fôlego bem longe da menina, indo para mais perto de Anthony.

- Era de Carina - explicou por alto, entraria mais a fundo mas achou desnecessário, além de poder chocar Pichu se não escolhesse bem as palavras.
Aquele pokemon era fruto de uma melhora das condições de Carina, que a poucos meses atrás sentia-se bem o suficiente para sair do leito. Seu tio decidira lhe dar o pokemon de forma simbólica; era um marco. A garota achara que finalmente voltaria a ter uma vida normal. Infelizmente o pokemon ficou apenas no símbolo, a esperança que ele trouxera consigo não foi suficiente e agora sua dona havia vindo a falecer. José era a última pessoa que gostaria de ficar com aquele pokemon.
Como outrora uma piora significativa aconteceu, Jeremy tomou a responsabilidade por ele até que Carina melhorasse. Não ocorreu. Agora Pichu estava tão desamparado quanto os personagens daquela sala, mas sua inocência não lhe permitira entender bem a situação. Jeremy não era treinador, muito menos pretendia ser; pelo contrário, era um grandíssimo fiasco lidando com monstrinhos.

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Com a presença de Anthony naquela sala, a garota que indiretamente descontava sua tristeza em carícias indesejadas pelo Pichu finalmente o soltou, fazendo com que o mesmo rapidamente se distanciasse daquela que a pouco o segurava. Não era necessária qualquer explicação para que o treinador pudesse entender que aquele pequeno pokémon era completamente desconhecedor da situação triste que envolvia aquele ambiente, agindo como um jovem pokémon normal, que apenas quer um pouco de seu espaço.

Ao ouvir as palavras de Érica, porém, o jovem de Fiore sentiu um certo pesar pela criaturinha inocente que via agora próximo aos seus pés. Sua dona era justamente a garota que acabara de falecer, e ele sequer sabia daquele fator. Não apenas pelo lado emocional, mas também temia pelo futuro daquele pequeno roedor pois, sem aquela que o criara até agora, o que faria?

"Olha esse coitadinho, ele realmente não percebe o que acabou de acontecer..." -Pensava, seus olhos demonstrando uma tristeza misturada com preocupação- "Me pergunto se decidiram resguardar essa informação dele ou se contaram e ele simplesmente não consegue entender..."

Parando um pouco sua caminhada até o sofá, o treinador decidiu parar e olhar um pouco para o pequeno roedor. Com as poucas palavras de Érica, não era capaz de desenhar uma ideia perfeita em sua cabeça de qual poderia ser a história daquele pokémon pertencente a enferma garota, mas não imaginava que fosse algo menos triste que tudo que já vira até aquele momento.

Sem pensar muito bem, sendo dirigido apenas por seus sentimentos e grande vontade de amparar a criaturinha, mesmo que a mesma não entendesse o motivo, Anthony decidiu se abaixar e tentar pegar suavemente o Pichu em seus braços, de uma maneira confortável e que passasse confiança, diferentemente da aflição que Érica passara ao fazer algo parecido anteriormente. Caso conseguisse, procederia com sua ideia inicial e se sentaria ao lado de sua amiga no sofá, colocando o pokémon elétrico carinhosamente em seu colo.

-Então... Quem cuidará dele agora? -Questionava pois, apesar de ver várias alternativas para novos donos do bichinho, tinha receio de que o mesmo fosse virar apenas uma grande lembrança de dor para aqueles próximos à falecida garota.


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Érica já não estava mais chorando, ela mesma já não se achava mais capaz para tal; tanta água esvaiu que logo mais chamariam a empresa de distribuição de água domiciliar em questão para multá-la. Com os olhos secos, fitou Pichu e o e viu-o sendo erguido carinhosamente por Anthony, que agora sentava ao seu lado com o pequeno roedor ao colo. Pela primeira vez a menina esboçou um sorriso; apenas esboçou, bem de leve, com lápis HB. Lembrara que outrora sentou naquele sofá com José e o pequenino elétrico e brincara família, sentados em frente à TV, vendo alguma comédia romântica e jogando pipoca um no outro. A nostalgia a fez ter um curto espasmo, inclinando-se para frente e esquecendo, por um segundo, que tragédias são inteiramente isso; tragédias. Quando lembrou-se, enrijeceu o corpo novamente e deu por si; precisava dizer algo, mas não fazia ideia de como começar a responder o questionamento de Anthony, ainda assim, tentou:
- Acho que pensam que sou eu, mas se José voltar para o interior; e ele há de voltar... Pretendo ir com ele. - Assumiu, esperando de coração que José queira sua companhia - Quem está cuidando dele por hora é Jeremy, mas ele odeia pokemons, deve ficar até achar alguém que o queira.
Dito isso parou; era cruel assumir que Pichu estava sendo abandonado por aquela família. Adotaram o pequenino por puro egoísmo; não lhe contaram como ser vivo e nem o colocaram na equação. Não fora contado em caso de tragédia e seu futuro não fora traçado. Eram horríveis por isso? Talvez, mas Érica, além de não ter nada haver com esta decisão, já não queria se sentir pior do que já estava então preferiu ignorar esse pensamento-assombração.

Pichu agora percebia que se tornou assunto; entristecido, apertara o rosto contra o tórax de Anthony, que já devia estar acostumado a ser usado como depósito de mágoa e travesseiro de apertar. O monstrinho aquiescera, aos poucos entendia que não havia mais espaço para ele ali. Ainda que ninguém o tivesse consultado ou explicado a situação, morar um tempo com Jeremy deixava claro que a casa não estava nas melhores condições; fora usado como bobo da corte por um tempo e, por hora, estava sem mais funções. O pequenino não se sentia tão mal por perceber-se fora daquele lar; não teve tempo suficiente para criar um grande vínculo com ninguém ali, sua estadia com a família de Carina fora definida em instável, conturbada e, principalmente, provisória. Pouco ficou com sua dona, passava de mãos em mãos e, por fim, voltara para seu lar apenas para tornar-se órfão. Seu medo não era das saudades ou faltas, era da ausência de perspectiva de futuro que tinha agora. Ninguém ali sabia sua história; fora apenas comercializado de forma ilegal e acabara caindo ali de paraquedas nesse lar e, agora, parecia estar caindo mais uma vez, porém sem paraquedas algum.

Um pouco assustado, porém complacente, Pichu derramara um ou dois feixes de lágrimas confusas, sem nada falar. Lembrara o choro pouco expressivo de Érica, porém em escala muito menor. Ao ver isso, a menina estremeceu, a única resposta que tivera era começar a planejar um futuro promissor para ao menos um membro daquela família. Viu-se na obrigação de trabalhar em uma base para aquele pokemon e, sem muito precisar pensar, decidiu por introduzir a decisão mais lógica:
- Ao menos ele parece gostar de você. Quer falar com Jeremy sobre isso? - Indagou, sem muita expressão facial nem entonação vocal. Pichu não reagira de modo algum a essa fala, apenas esperara a resposta do pequeno-grande Anthony.

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Sentado naquele sofá, Anthony via as expressões de sua amiga fluindo e se modificando à medida que a mesma percorria por uma gama de lembranças e emoções dentro de si. Não era difícil de perceber que perceber que ela buscava de qualquer maneira extrair dali alguns pontos positivos, fossem eles na cena do treinador com a pequena criatura ou até mesmo em suas memórias naquele local. Claro que era impossível esquecer do sentimento negativo que a assolava naquele momento, mas o simples fato de ver um breve sorriso em seu rosto, por menor que fosse, já era uma grande vitória para o garoto, que via algum sentido em sua presença naquele local.

A resposta que Érica dera a sua pergunta também não era nada muito animador quanto ao futuro do pequeno roedor. Todas as opções que poderiam assumir a responsabilidade pela criaturinha pareciam estar indispostas ou incapazes de tomar tal atitude, e a garota não assumiria tal responsabilidade para si. Não tinha culpa, claro. A presença daquele pokémon ali pouco tinha a ver consigo e, por isso, não tinha obrigações para com o bichinho.

"Que situação... Claro, ninguém esperava que isso fosse acontecer, então naturalmente não pensaram nesse caso na hora de adotá-lo." -Ponderava, ainda segurando o Pichu em seu colo- "Mas agora... oh"

Olhando para baixo, o treinador percebera a pequena criatura agora afundando o rosto em seu tórax. Saber o que se passava na mente de um pokémon como aqueles era impossível, mas agora já ficava mais que claro que ele entendia o suficiente sobre a situação que ocorria ao seu redor. O monstrinho estava com medo, medo de um futuro incerto e sem muitas esperanças. Aquela cena apertava ainda mais o coração de Anthony, que sentia fortemente a aflição refletida em lágrimas bem à sua frente.

De repente, antes que pudesse processar completamente o que faria em seguida, o rapaz foi surpreendido pelas novas palavras de Érica. A garota aparentemente sugeria que a guarda do pokémon fosse passada para... Anthony? Para ser bem sincero, o treinador realmente não esperava por uma possibilidade como aquelas, mas não era uma surpresa negativa de maneira alguma. Tudo o que queria, desde o princípio, era ajudar todos ali presentes, e isso agora poderia incluir o pequeno Pichu. Além disso, talvez sua amiga ficasse bastante feliz ao ver que sua ideia deu um bom rumo para o pokémon de Carina, ou ao menos Anthony esperava que estar consigo era um bom rumo a se tomar.

"Bem, eu também já estive deslocado, sem condições de ficar em meu lar..." -Ao pensar um pouco, via como poderia fazer com que aquela criaturinha se identificasse consigo e se sentisse confortável- "Sair em uma jornada foi uma ótima alternativa, essa pode ser uma bela oportunidade de recomeço para ele!"

Esboçando um leve sorriso, o garoto levantou o rosto para responder a proposta de sua amiga. Não poderia garantir nada, mas sabia que faria o melhor para tomar conta daquele pequeno roedor da melhor maneira possível e fazê-lo crescer forte. O desmoronamento do que tinha em sua vida certamente levaria a uma longa jornada de superação por parte do Pichu, mas talvez ele pudesse o apresentar com a criação de novas possibilidades!

-É uma boa ideia, eu tenho certeza que viveríamos boas experiências juntos. -Falava com confiança, fazendo o possível para passa-la também à garota. Enquanto isso, ajeitava o pokémon em seu colo para se dirigir ao mesmo- O que você me diz, pequeno? Eu estou em uma jornada interessante atualmente, você poderia vir comigo.

Esperava uma resposta positiva do roedor elétrico, imaginando-o como uma nova adição ao seu time de pokémon, com os quais pretendia criar bons laços de amizade. Caso recebesse tal resposta, convidaria Érica para ir com ele para conversar com Jeremy sobre o assunto. O garoto agora estava realmente empolgado, e sentia-se ao menos um tanto útil naquele local, em contraste à sensação vazia que sentira mais cedo.

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Claro que Pichu não conseguiria responder aquela situação com um sorriso, mas seu cessar de lágrimas e seu olhar fixo à Anthony era uma resposta já digna; o pokemon não se expressou muito bem, mas sentia-se extremamente esperançoso depois da proposta do treinador. De fato, nosso protagonista ainda não era um exímio nômade, porém agora podiam crescer juntos e, quem sabe, aprender a evitar encrencas como estas? No mais, Pichu apenas balançara a cabeça em sinal de aval, o que fez Érica logo levantar do sofá e ir para fora do recinto, procurar por Jeremy, que já estava no quinto cigarro; perdera nessa luta contra o vício.

Não precisou de nenhuma movimentação de Anthony, em poucos minutos Érica já resolvia os trâmites e avisava Jeremy da decisão; o velhaco não se opôs nem mostrou-se a favor, apenas deu de ombros e disse que, se assim achamos melhor, provavelmente estaríamos certos. Agora Pichu estava no colo da garota, já à espera de um adeus pouco cumprido e um beijo no rosto que ela ainda não dera; não ocorreu. O elétrico até podia aguardar a despedida, mas nem Érica nem Jeremy a fariam antes de questionar Anthony a certeza disso:
- Você quer mesmo assumir essa responsabilidade? - Indagou o tio, jogando no lixo público a piteira que restara do cigarro - Não sei se gosta de pokemons e muito menos sua afinidade com ele, mas espero que não esteja ficando com ele por sentir-se obrigado a ajudar.
- Ele é um treinador - Respondeu Érica, tomando lugar de Anthony - Tem mais interesse em ter esse Pichu do que nós. Imagino que Pichu se interesse muito mais em navegar mundo afora à que ficar preso em seu apartamento, Jeremy.

Dito isso, o homem coçou a barba falhada, encarara os três à frente e finalmente abriu um sorriso frouxo. Ao menos alguém daquela família parece ter conseguido um bom desfecho depois disso tudo. Pegou Pichu no colo e deu-lhe um beijo em cada bochecha, depois entregou-o a Érica, que fizera o mesmo, junto com um beijinho de esquimó:
- Espero que se divirtam juntos. Por favor, me mandem mensagens!! Não quero perder contato com os senhores - Disse a moça, enquanto tirava do bolso um pedaço de papel velho e procurava uma caneta para escrever seu número.


OFF: Desculpa a demora, não quis postar no seu tópico por celular pra não estragar a história. Acabou que to postando do celular mesmo porque não parei em casa ainda :<

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Mesmo sem receber uma reação de felicidade imediata vinda do pequeno pokémon, o treinador era capaz de perceber que acabara de impacta-lo positivamente, amenizando um pouco a tempestade de desesperança que atormentava seu coração. Claramente, dadas as circunstancias, ainda seria um longo caminho a se percorrer até que o roedor viesse a se acostumar de fato com aquilo tudo, sendo capaz de manter um sorriso leve no rosto, mas Anthony estava disposto a fazer de tudo para que esse momento chegasse o quanto antes. Cresceriam juntos e, assim, poderiam criar ligações que viessem aos poucos apagando as manchas que tanto marcavam seus passados.

A proatividade de sua amiga ao perceber que aquilo poderia dar certo, por sua vez, foi uma atitude que surpreendeu positivamente o jovem. Resolvendo tudo rapidamente com Jeremy, a garota foi capaz de convencer o homem de que estavam fazendo a escolha correta. Não que isso fosse um trabalho difícil, considerando que o velhaco não demonstrava qualquer interesse na criatura, mas ver que Érica tomara a iniciativa, levantando-se e iniciando aquela conversa, fazia com que Anthony sentisse que algo ali havia mudado para melhor e, por menor que fosse, estava causando algum impacto naquelas pessoas.

Ouvir as palavras "Ele é um treinador" sendo ditas sobre si ainda era estranho para o rapaz vindo da região de Fiore. Começara sua jornada ainda hoje, mas já era reconhecido como tal e recebia as devidas responsabilidades e reconhecimento, era tudo muito novo e, no mínimo, interessante. Ao retornar de seus pensamentos, observava a cena de despedida dos dois humanos com o pokémon elétrico. Não era nada especialmente emocional, mas demonstrava que existia algum carinho ali por trás daquela interação. Por um momento, o clima de tristeza mórbido pareceu um pouco menos latente no local.

Antes de pensar em partir, o treinador ainda pretendia trocar números telefônicos com sua amiga. Deseja de verdade que um dia pudessem se reencontrar e, quem sabe, não a veria com uma vida melhor, tendo superado tudo isso ao lado de José. Tal atitude por parte do garoto não se fizera necessária, pois em outro ato de proatividade a moça já anotava o que ele desejava em um pedaço de papel e o entregava. Não que fosse uma atitude tão grande, mas as palavras dela agora pareciam ter um ar mais vivo, com esperanças para o futuro jogadas no meio, o que de certo modo confortava bastante o treinador.

-Claro, com certeza vamos dar o nosso melhor, não é mesmo, Pichu? -Dizia ao estender um de seus braços para que a criaturinha pudesse subir nele- Hey, ainda vamos nos falar no futuro. Eu sei que as coisas não vão ser fáceis, mas eu acredito que vocês vão conseguir seguir em frente. Um dia, quando nos reencontrarmos... Bem, muito vai ser diferente!

Tentava transmitir em sua fala um simples sentimento, que seria o de esperança. Nem tudo pode ser mudado assim de uma hora para outra, mas Anthony sabia que o mais importante para construir o futuro é continuar sonhando e acreditar que um dia ele realmente ocorrerá da melhor maneira possível. Com um aperto de mão, começava a se despedir de Jeremy, o homem que acabara de sofrer uma perda devastadora e agora fedia ao mais imundo tabaco. Não tinha certeza se era a hora certa para aquilo, mas parecia adequado uma vez que logo logo José estaria chegando e provavelmente seria melhor que já não estivesse mais ali, deixando realmente o momento familiar acontecer por conta própria.

Não poderia deixar, claro, de confortar mais uma vez sua nova amiga antes que pudesse partir. Sabia que havia sido importante para ela, de outro modo não teria recebido o número telefônico como iniciativa dela. Com um grande abraço apertado, Anthony tentava passar todas as forças que tinha, de alguma maneira, para que Érica pudesse aguentar o peso que carregava consigo naquele momento.

"Você vai superar tudo isso, vamos nos reencontrar e poder nos divertir, rir juntos... Até mesmo José, ele vai encontrar forças contigo para que possam se reconstruir juntos, eu sei disso." -Pensava, como se a garota pudesse, de algum modo, entender o que passava na sua cabeça naquele momento. Como sabia que aquilo não era possível, fazia seu melhor para transmitir aquele sentimento em seu abraço, cada vez mais prolongado.

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Pichu dera um pulo para o chão e uma rodopiada animado, pela primeira vez a dupla parecia abrir um sorriso um pouco mais vívido; não era lá grande coisa, mas um pequenino momento de felicidade em meio a tantos transtornos lhe caíram bem, ao menos teriam algo à se lembrar daquele dia que fosse diferente de uma tragédia; ao menos o pokemon parecia mais animado do que nunca. Érica se esforçou para ir para dentro e pegar uma agenda com um lápis, enquanto isso, Jeremy caçava no bolso a esfera bicolor do pequenino e, junto dela, tirava um pequeno CD amarelo:
- Bem, acho que é isso... Ganhei essa vídeo-aula de um golpe que disseram ser bom pro Pichu. Enrolei muito pra ensinar, acho que vai ficar com você a responsabilidade - Afirmou, um pouco sem graça admitindo a procrastinação, ofertando de mãos abertas a esfera do elétrico e o TM em questão.

Érica agora vinha com seu pequenino kit de papel e caneta, já anotando algo na última página e arrancando-a, endereçando à Anthony, que agora ganhara o terceiro presente da noite. Depois disso, pediu que anotasse seu número em algumas das páginas e logo mais dizia uma despedida:
- Acho que te segurei por tempo demais comigo, né? - Comentou, com uma risadinha meio boba - Espero que tenha experiências melhores que essas na sua viagem, de coração. Desculpa por isso. Se por um acaso estiver passando por Oldale ou por aqui, me mande uma mensagem me procurando! Não quero perder contato contigo - Explicou, dando esfregões no pelo ao topo da cabeça de Pichu.

Tal discurso fazia sentido; se Érica fosse morar com José, teria que se mudar para uma cidadela do interior, mas o que Anthony não sabia era que este lugar se chamava Oldale. Ainda que não fosse um lugar muito frequentado, era geralmente caminho comum para treinadores que, em algumas de suas longas viagens, passavam por lá inevitavelmente. Pichu não sabia disso, mas sentia que reveria Érica mais cedo ou mais tarde, então não achou que a ocasião era triste, apenas abraço as pernas da moça e do velhaco como sinal de adeus; todos ali estavam se despedindo, até Jeremy estendia a mão para Anthony, só faltava o garoto ir embora.
Sem dúvidas tais despedidas eram apressadas demais, mas era de se considerar o medo dos dois de lidar com José em surto e, de quebra, incluir Anthony nessa bagunça todos; se nosso protagonista entendera que agora a dupla estava tentando enxota-lo educadamente, ele estava mais do que certo. Fora muito útil o tempo que passou por ali, mas agora já dera hora e queriam, do fundo do coração, evitar conflitos com José, e Jeremy já havia sacado isso logo de início, quando Érica se jogou sobre Anthony apenas para chorar.


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