1# Romance Dawn

Após pegar mais um item medicinal, me voltei para o caminho que estávamos a seguir, sendo liderados, desta vez, por Caríbdis. Ele estava realmente empenhado em nos guiar, até que, em um momento, ele farejou, virou para outro lado e correu. Seguimos aquele lado trotando até chegarmos em um portão. Ricardo analisou o portão e constatou que a minha chave poderia ser usada para abrir ele, e eu percebi que eu corria o risco de quebrá-la durante o seu uso. Era uma lembrança que eu teria do meu primeiro dia como treinador.

- Argh... Ok, vai. Eu posso ficar com o que sobrar dessa chave... Eu tenho certeza que não vai sobrar muito se eu enfiar nesse portão velho.

E assim o faria. Tomando o máximo de cuidado, eu viraria a chave, torcendo para que não quebrasse. Quebrando ou não, eu a guardaria - ou o que sobrasse dela - na minha mochila. Seguiria então pelo caminho bloqueado pelo portão, deixando que Caríbdis continuasse nos guiando. Entretanto, caso o portão não abrisse, a única alternativa seria dar a volta e... bem... eu não queria perder a minha viagem para o subterrâneo. Mais caminhada!

- Provavelmente Rattatas, Grimers, algumas espécies desse tipo, sabe? Mas vamos ver, né. - comentei, sem realmente ter base no que falei. Conseguimos abrir o portão, e, infelizmente, só me restou metade da chave para guardar de lembrança. Tudo pelo bem da aventura, não é mesmo? Nos demos de cara com um corredor longo, diferente dos demais corredores de antes e, para piorar a situação, a lanterna de Ricardo começava a piscar. - Ah não, só pode ser bincadeira. - e blecaute - Maravilha. Não sai de perto, ein. Caríbdis, acho melhor você voltar para a sua Pokéball até a gente encontrar um oponente pra você. - e assim o faria, retornando meu monstrinho para onde ele estaria seguro. Agora era hora de confiar nos instintos humanos, pelo menos por algum tempo.

Ainda no escuro, consegui identificar algo. Eram olhos. Neutros e sem expressão. - Ricardo, tá vendo aquilo? - falei sem fazer alarde, tentaria dar passos cautelosos e graduais, a fim de me aproximar daquilo. Era um Pokémon? Torcia para que fosse. Era ele a fonte daquele cheiro horrível? Torcia para que não. Eles estavam olhando para mim, sabiam da minha presença. Talvez tentar me comunicar não fosse uma má ideia. - Oi! A gente tá perdido! Será que você pode ajudar a gente? - eu não sabia se ele entenderia ou teria alguma reação, mas meus passos vagarosos me aproximariam cada vez mais. Eu tinha medo de ser atacado, mas mais medo ainda de sair de lá sem nenhuma conquista. Não iria pegar minha Pokédex sabendo que ele poderia tentar fugir de alguma forma, mas me prepararia para segui-lo caso fosse preciso - e possível.