Pelas ruas de Mauville...

Ao ouvir a explicação dada por Mira, Joul, visivelmente influenciado pelo que ele parecia sentir pela garota, tirou todo o fardo que sua imaginação tinha colocado em sua cabeça. Afinal, depois de tudo o que o jovem já havia vivido durante seu tempo de jornada, ele sinceramente supos que o grupo de estudantes não era bem o que eles diziam ser.

Então, ao ouvir o gêmeo afirmar que sabia quem era o responsável, principalmente depois do estranho fenômeno que ele aparentemente tinha visto acontecer pelas imagens de vídeo, o Terri abandonou qualquer resquício de apreensão que existia em sua face para dar lugar a um mix de curiosidade e entusiasmo. Pois, pelo que tudo indicava, um ser desconhecido era o causador de todo aquele estardalhaço.

A partir daí, dando alguns passos para frente, como se de alguma forma soubesse o caminho, Joul, com os olhos arregalados, logo se pronunciou:

- Pessoal, se sabem o caminho, vamos logo então! Preciso ver o que realmente acontece. Isso é muito estranho...

Enfim, ao final daquelas palavras, o viajante de Cinnabar se posicionou junto ao grupo visivelmente afoito por chegar logo ao lugar onde tudo se originara. Agora, era esperar pelo que estava por vir.

Não demorou muito para que o grupo começasse a caçada pelo responsável por todo o alarde que, até aquele momento, ainda envolvia todos os presentes em um incomodo som que certamente deixaria marcas quando finalmente sessasse. E, para a surpresa do Terri, a cada metro percorrido, o jovem se espantava com a rapidez que tomava conta da garota e a fazia praticamente abandonar o grupo.

Então, enquanto se esforçava para não perder a treinadora de vista, o viajante de Cinnabar, depois de escutar seu nome ser pronunciado pelo gêmeo, descobriu que seria ele o acompanhante da veloz garota na caçada pelo ainda não identificado ser. Isso, porquê, pelo que tudo indicava, Leonard não estava sendo capaz de manter o ritmo frenético daquela situação.

Daí, dando as costas para a dupla retardatária, afinal a triste condição do jovem de cabelos azuis o colocava nesta posição, tendo Kira como tira colo, Joul seguiu com os olhos fixos em Mira enquanto dizia:

- Vou fazer o possível para não deixar ela sozinha. Mas, procurem se esforçar para nos alcançar. - Concluiu Joul que, em seu subconsciente, parecia até feliz por não ter a dupla de garotos em sua companhia, pois, querendo ou não, se existisse um pokémon envolvido e houvesse a chance de uma captura, certamente quanto mais pessoas estivessem no local, menor seria a chance dele de uma nova adição a seu time.

Agora, enquanto sentia seus pulmões praticamente saltando de seu peito, o Terri torcia para que finalmente eles chagassem ao lugar. Pelo menos era isso que ele queria que acontecesse caso não perdesse a velocista de vista.

- Vamos! Você consegue Joul! - A cada novo passo dado pelos corredores, que mais pareciam que nunca teriam fim, o jovem treinador de Cinnabar tentava afirmar para si mesmo que ele poderia sim manter o ritmo e não perder a bela treinadora de vista, o que, pela condição de esforço de seus pulmões, certamente não demoraria para acontecer. Contudo, para a sorte dele, ao avançar por uma nova curva, depois de alguns instantes de Mira já ter o feito, o rapaz se deparou com uma porta aberta e, como se soubesse que ali era seu destino final, ele avançou pelo lugar se deparando com algo que certamente chamava a atenção.

Embora por alguns segundos o Terri estivesse mais preocupado em colocar sua condição respiratória em ordem, ele rapidamente tomou o tom da palavra para questionar o cenário a sua frente. Afinal, como a garota poderia estar sentada:

- Mira... Quem... - Respirando profundamente. - Quer dizer... O que seria esta coisa a seu lado? - Já retomando uma melhor condição. - É um pokémon? É amigo de vocês? Você tá sentada?!?! achei que ele era uma ameaça... - Concluiu Joul visivelmente sem entender o porquê da treinador estar, definitivamente, descansando na companhia daquela estranha criatura.

Depois de toda aquela cena de filme, Joul imaginou que assim que chegassem ao lugar algo realmente inesperado estaria acontecendo. Mas, em nenhum momento, o inesperado, de sua imaginação, tinha tomado aquele tipo de forma e muito menos proporção.

Depois de perder alguns instantes diante da piada feita por Mira, fato que deixou-o levemente corado, Joul escutou atentamente o pouco que a garota tinha de informações da pequena criatura. Afinal, independentemente de qualquer coisa, quanto mais o viajante pudesse absorver sobre o ser a sua frente, melhor seria sua jornada como mestre de pokémons, pois, pelo que tudo indicava, principalmente por ele nunca ter ouvido nada a respeito, se tratava de um novo pokémon recentemente catalogado.

- Quer dizer que seu nome é Meltan? - Dizia o Terri, abaixado no nível do pókémon, com alguns metros de segurança para não assustá-lo, que visivelmente tentava uma singela aproximação após o dito por Mira . - Não sei o porquê de você ter feito toda essa algazarra, mas, pelo visto, com a atenção que recebeu de nossa bela amiga aqui, você logo se acalmou. - Prosseguia ele enquanto alternava olhares entre o novo pokémon e a garota. - Enfim, sou o Joul e espero que você me permita ajudá-lo a sair daqui. Acho que esse lugar não é o melhor para você se alimentar, não é mesmo Mira? - Concluiu o rapaz que nitidamente tentava a contribuição da treinadora para impedir qualquer nova tentativa de destruição por parte do pokémon.

Com aquele discurso ficava claro que Joul, mesmo não tendo tanta informação a respeito de Meltan, que por nenhum momento apanhou a déx em sua mochila para ajudá-lo a lidar com situação, uma completa desatenção por parte dele, estava tentando interagir de forma natural com o pokémon visando impedir qualquer novo impacto desagradável ao colégio. Agora, enquanto os outros dois estudantes não chegavam, fato que ajudaria o viajante a entender melhor sobre o pokémon, pelo menos era isso que Mira garantia, restava saber se o plano do treinador tinha alguma chance de ser eficaz. Uma boa vontade certamente era observada ali.

Por alguns instantes, Joul deixou de prestar atenção em tudo que acontecia a seu redor para se apegar a único ponto da fala de Kira, afinal, a expressão: "Ele é um pokémon mítico", tornava tudo aquilo ainda mais entusiasmante do que já era. Pela primeira vez, em sua carreira como treinador pokémon, o rapaz se via frente a frente com um pokémon rodeado de lendas urbanas e uma posição de valorosa importância no mundo daquelas fantásticas criaturas. O que, querendo ou não, servia como uma espécie de estimulante para a carreira do Terri.

Então, voltando aos poucos a realidade a seu redor, Joul conseguiu assimilar a parte final do discurso voltado ao perigo de vários daqueles, até o momento, curiosos pokémons. E, isso, serviu como uma comprovação que o discurso usado por ele anteriormente tinha mesmo todo o sentido.

- Pessoal, antes de vocês chegarem. - Falou o Terri com os olhos alternando entre a dupla recém-chegada. - Propus a nosso pequenino amigo que deixasse o interior da academia para seguir há um lugar melhor, mais seguro e favorável a toda esta fome que pudemos observar. - Dizia Joul com a imagem da antiga loja de bicicletas, onde ele e seus pokémons haviam treinado por algumas horas, claramente em sua cabeça. - Enfim, o que me dizem de seguirmos para lá e condicionar nosso amiguinho e toda esta fome lá? - Concluiu o treinador com um animado sorriso na face que ele parecia tentar contagiar a todos os presentes.

Com isso, o nativo de Cinnabar voltava a expor sua ideia anterior, restava saber se todos ali concordariam com ele ou teria uma ponderação importante que pudesse impactar a ideia dada. Uma vez que, para o treinador, um plano como aquele tinha mesmo todo o sentido.