Pokémon Mythology RPG
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[1] Jogar o jogo do bicho

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Apesar da ligeira oscilação nas emoções do Houndour, Gaspar ficou aliviado em ver que o pokémon de fogo foi capaz de se controlar e manter a consistências dos seus ataques. O rapaz talvez não tivesse estranhado tanto a alteração no humor de seu pokémon porque ele já estava razoavelmente na expectativa de que algo do gênero acontecesse; seu pequeno Houndour, mais do que apenas inexperiente, era sobretudo muito novo e afoito. Mas era habilidoso, e Gaspar estava tranquilo de que o cão logo amadureceria com um pouco mais de estrada.

O moreno deus alguns passos largos em direção ao Houndour e agachou ao seu lado. A língua vermelha e áspera do pokémon dardejava para fora de sua mandíbula, num esforço de recompor seu fôlego. O pokémon, apesar de agitado, não estava habituado a fazer tantos movimentos num período tão curto de tempo. Gaspar acariciou o topo branco do crânio em sua cabeça.

- Você foi fenomenal - e piscou um olho, sorrindo. Depois voltou-se para o menino contra quem havia batalhado, feliz por ele não parecer ter se frustrado. - Eu é quem agradeço pela batalha, Nico. Aprendi muito, e você me deu muito que pensar e pesquisar também - concluiu, numa risada curta.

Levantou-se para se despedir, mas ficou ainda mais feliz quando viu que Nina o convidava para ir em algum lugar que, no entanto, Gaspar não sabia exatamente o que era.

- Tenda das Joys? - perguntou, arqueando a sobrancelha na direção de Einar. O loiro sorriu e aquiesceu com a cabeça, como se afirmasse a boa ideia da garota. - Bom, eu não sei exatamente o que é isso, mas desde que seja um lugar adequado para curar nossos pokémon... - deu de ombros - eu adoraria. Aliás, eu percebi que você parece ser bem experiente nisso de batalhas e tudo mais, Nina. Acho que vou aproveitar o caminho para tirar algumas dúvidas... isto é, se você ainda tiver paciência - e o sorriso em seus lábios se abriu ainda mais, fazendo seus olhos se encolherem sob as pálpebras enquanto ele fitava com curiosidade a face da moça de cabelos castanhos.

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Wild Thoughts

O garotinho não parecia saber ao certo como reagir, ele já havia agradecido pela luta, mas estava claramente perdido sobre como responder os elogios recebidos. Suas bochechas rapidamente ficaram coradas, enquanto ele repetia um tímido “Obrigado”.

Nina olhava a cena cautelosamente, ela não queria interferir para ajudar o seu irmão a ter mais controle, então esperou ele se resolver com o rapaz para finalmente responde-lo.

- É um espaço que existe aqui durante dias movimentados, funciona como um Centro Pokémon, só que em uma tenda simples e sem o conforto da infraestrutura... – Ela piscou para Nico, que já estava caminhando na frente com Sandygast. – Eu também treino Pokémon, mas não para derrotar ginásios, eu só gosto de participar de Contests quando eu tenho a oportunidade...

A jovem de cabelos marrons lançava um sorriso calmo à Einar e Gaspar, enquanto caminhava tranquilamente pela areia morna. Ela fingia não perceber alguns olhares que recebia de homens aleatórios que passavam pelo caminho, mas acabava trocando olhares com um rapaz educado que abria espaço para ela passar.

- Claro, eu não me importo em tirar suas dúvidas, desde que eu também seja capaz de responde-las. – A ultima sentença acabava soando modesta, a jovem realmente tinha um conhecimento impressionante sobre um assunto que ela não se considerava experiente.

Off :


(C) soph

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Spoiler :



Sem parar seus passos à esteira dos dois nativos de Slateport, Gaspar respondeu à modéstia na fala de Nina com uma risada genuína.

- Eu sequer tenho conhecimento suficiente para fazer alguma questão difícil, imagino - ele pontuou. - Contests? É uma vertente mais artística da interação entre pokémon e humanos, não é? Deve ser bem mais complexo do que as batalhas em si... mas definitivamente é algo em que eu me aventuraria também, no futuro. Deve ser bonito... - sua última sentença saiu num sopro.

Lançou um olhar rápido ao lado, na direção de Einar, que os acompanhava estranhamente calado. Em realidade, ele estivera silencioso desde o início da batalha, e Gaspar não sabia ao certo o que havia acontecido, se algo o havia incomodado ou não... No seu íntimo, esperava que ele não tivesse se aborrecido com o desenrolar dos acontecimentos.

- Einar, que me diz? - inquiriu num rompante, a voz abrasiva. O mínimo que podia fazer era atraí-lo para a conversa. - Acha que tenho potencial nos Contests?

A pergunta, obviamente, era uma brincadeira, e surtira o efeito que Gaspar desejava. O loiro piscou os olhos, as pupilas repuxando, como se se desanuviassem de algo que o inquietava interiormente.

- Com treino, por que não? - comentou Einar. - Mas é importante que seu pokémon já tenha boas combinações de moves.

- O que me leva à minha primeira questão - emendou Gaspar, dirigindo seu olhar novamente para Nina. - Você conhece lugares ou pessoas em Slateport que possuam TM's? Pouco antes de encontrarmos você e seu irmão, Houndour assistiu um pokémon executando o ataque... Flame... - ele titubeou, vasculhando a memória.

- Wheel - completou Einar num sorriso.

- Flame Wheel, isso. Ele viu o movimento e ficou estranhamente apaixonado. Não é, pequeno? - O cão negro, que agora caminhava calmo ao lado dos humanos, saltitou, piscando e latindo animadamente. - Pensei que seria interessante ter essa técnica ou aprendê-la com alguém... Imagino que o tipo de treinamento exigido para dominar um move assim teria muito a me ensinar, também. - Ele silenciou-se por alguns instantes, fixando-se no horizonte antes de olhar novamente para Nina. - Enfim, é uma ideia que me assomou, embora eu não saiba muito bem que fazer com ela.

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Wild Thoughts

A treinadora o devolvia um sorriso amigável ao escutar a risada e o comentário a respeito das perguntas, ela revezava seus olhares em Nico e em Gaspar, para não deixar o rapaz com uma sensação estranha e não perder a visão do seu irmãozinho.

- Praticamente isso! Mas a forma de batalhar nele é muito diferente da tradicional, o coordenador tem que preocupar em fazer pontos, não em derrotar seu oponente, embora isso ajude caso seja feito no último turno. – Nina dizia com simplicidade, tentando explicar o básico das competições. – A fase de Apresentação que é inteiramente artística e sempre seguem um tema proposto pela cidade, em Slateport nós temos um Hall, o daqui geralmente propõe batalhas e apresentações com o uso de dois Pokémon.

Com mais algum tempo de caminhada, Gaspar e Einar finalmente conseguiam ver a tenda mencionada pela treinadora. Uma moça de cabelos rosados administrava um aparelho onde colocava as Poké Balls dos treinadores para cura-los, era possível ver uma pequena fila para acessa-la, o que rapidamente fazia Nico se apressar para chegar antes, esperando pacientemente.

- Vocês têm certeza que se chamava Flame Wheel? – Perguntou a morena, como se algo não estivesse certo. – Não seria o Flame Charge? Esse sim é um TM que eu conheço, é bem parecido com o primeiro, só que o usuário aumenta sua velocidade após cada uso e o dano base é menor... – A moça fora interrompida por seu irmão, que avisava que já era a vez dele e de Gaspar. Ela sorriu e fez um sinal para o treinador ir recuperar seu Pokémon, depois ela daria mais detalhes.

Off :


(C) soph

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Spoiler :



A cabeça de Einar chacoalhou, os fios de seu cabelo claro balançando contra o vento da praia, e então a palma de sua mão estalou contra a própria testa. Com os olhos fechados, ele ria de si mesmo.

- Flame Charge, mas é claro. Foi engano meu - ele se explicou, a cabeça ainda balançando.

- Ops - sussurrou Gaspar, divertindo-se com a situação. Piscou para Nina e apontou com o polegar para Einar: - A culpa é dele, eu não tenho absolutamente nada a ver com essa confusão - sua boca se franziu para baixo e a face se pôs a negar, forjando uma expressão fingida de isenção.

Quando o rapaz moreno percebeu que já havia chegado a sua vez de ser atendido pela mulher de cabelo rosa, ele sacou a pokébola em seu bolso e, chamando a atenção de Houndour, que assentiu, convocou-o para o interior da esfera metálica. Entregou-a à mulher, depois de rápidos cumprimentos, e voltou-se para Nina e Einar atrás de si, aguardando o procedimento de cura.

- Mas é isto mesmo, Flame Charge. Visualmente as duas técnicas devem ser bem semelhantes, imagino, por isso a confusão. Pelo que me lembro, o pokémon envolvia o próprio corpo numa roda de chamas e avançava em investidas bastante velozes... - ele disse, reconectando o assunto.

- Nada, eu é quem falei sem nem perceber o que falava - disse Einar, parecendo finalmente despertar de sua expressão dispersa. - Mas não sei se é item fácil de se encontrar, viu, Gaspar? Sou treinador há um pouco de tempo, mas eu mesmo não saberia te dizer onde ou com quem encontrar essa TM. Talvez tivéssemos que ir atrás de pessoas especialistas no assunto... Não sei. Que acha, Nina?

Aguardando simultaneamente a enfermeira entregar seu pokémon de volta a resposta de Nina, Gaspar se pôs a observar mais atentamente o ambiente, a enorme quantidade de pessoas e pokémon circulando na praia, tudo emanando um calor escaldante. Pela primeira vez ele sentiu uma vontade genuína de se livrar de seu traje e entrar no mar.

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Wild Thoughts

Um sorriso descontraído tomava conta da expressão de Nina, que ria junto com o rapaz mais velho em um tom mais relaxado. Ela apenas ergueu seus ombros e elevou suas mãos, claramente não se importando com o erro cometido e se divertindo com as reações da dupla.

Nico e Gaspar entregaram juntos suas Poké Balls, ambas já com os monstrinhos recolhidos. A enfermeira sorriu simpaticamente para os dois, antes de pegar as esferas de capturas e iniciar o processo de cura rápida. Não tardou mais do que poucos segundos para o aparelho finalizar a tarefa e logo os dois já tinham seus Pokémon de volta, todos com seu HP inteiramente restaurados.

- Olha... Eu acho que conheço a pessoa certa para perguntar..., mas não sei se o pagamento nele vai ser aceito por vocês... – Ela colocava o indicador em seu queixo, olhando para cima pensativamente. – Minha amiga costuma pedir umas coisas estranhas de vez em quando, na maioria das vezes é a quantia certa de dinheiro, mas ela tem alguns métodos... Alternativos...

A jovem estava tentando encontrar a palavra certa, o que realmente deixava entender que algumas tarefas bizarras poderiam ser requisitadas, mas a expressão esboçada pela morena não era maliciosa, estava mais para traumatizada. Tudo aquilo era complementado por um calafrio que percorria o corpo da treinadora, que deixava aquilo perceptivo pelo tremor repentino.

Ela parecia querer explicar, mas começou a correr assim que viu Nico seguindo um pequeno vulto para a parte deserta da praia. Seria uma boa ideia segui-los? Ou deixariam a jovem lidar com seu irmão sozinha?

Off :


(C) soph

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Tremores tão fortes tomaram conta do corpo de Nina que Einar e Gaspar recuaram por um segundo, inseguros. Entreolharam-se, receosos de estarem por abordar algum aspecto ou acontecimento talvez intimo demais da vida da jovem. O fato de serem apenas recém conhecidos tornava a situação ainda mais complicada.

Mas Gaspar era habilidoso com as palavras. Seria delicado, mas lidaria com a questão. Com o cenho franzido, seus lábios se abriram, esboçando o início de uma fala, mas o gesto foi todo interrompido por um movimento brusco de Nina. A garota virou e subitamente afastou-se em velocidade da Tenda das Joy, sem dizer nada aos dois rapazes. Einar boquiabriu-se mais, sem entender minimamente o que estava acontecendo. Mas Gaspar captou, no último instante, o vulto que havia fisgado a atenção de Nina. A garota já havia se afastado, correndo, atrás do irmão mais novo, quando os dedos da mão de Gaspar agarraram com força o bíceps de Einar.

- Vem - sua voz grave sussurrou no ouvido do loiro. Com a outra mão, ele apontou na direção em que Nico estava indo.

Dando apenas um puxão em Einar antes de soltá-lo, o moreno avançou, logo à esteira de Nina. Não tinha visto com nitidez o que era o vulto que Nico perseguia, mas, afastado daquele modo da parte mais movimentada da praia, poderia ser qualquer coisa inesperada e perigosa. Antes de sequer raciocinar a respeito, Gaspar avançou no impulso de sua preocupação.

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Wild Thoughts

O susto inicial impedia a dupla de alcançar Nina com tanta facilidade, mas eles pareciam progredir conforme a corrida durava, a areia atrapalhava a morena com mais facilidade que impedia o avanço dos rapazes.

Em um momento a treinadora até acabava tropeçando, mas o seu reflexo estava em dia, pois ela não chegava a cair, apenas usava seus braços para impedir o contato do seu corpo com a areia e continuava correndo como se nada tivesse acontecido.

A perseguição durava mais quatro minutos, Gaspar e Einar já não conseguiam ver nenhuma pessoa além dos irmãos e do vulto, o que tornava tudo ainda mais tenso. Quando eles menos estavam esperando, Nico e a figura paravam de correr, sendo alcançados pela moça preocupada, que se jogava na areia para recuperar o fôlego, encarando o motivo do seu irmão ter fugido repentinamente com olhos curiosos.

- Nunca mais... faça isso de novo... pestinha... – Ela controlava sua vontade de gritar com o garoto, sendo impedida também pela falta de ar. – Onde você... o encontrou?

Os rapazes conseguiam ouvir a voz da coordenadora por estarem há poucos metros de distância, mas a atenção da dupla era rapidamente direcionada ao menino gargalhando enquanto brincava com uma criatura estranha.

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(C) soph

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Onde é que vamos parar?, perguntou-se Gaspar, internamente um tanto preocupado. Já haviam corrido por vários minutos, afastando-se muito mais da parte movimentada da praia do que ele previra. Apesar de ter enfrentado à pouco o menino em combate, neste momento era visível o quando Nico era ainda apenas uma criança. Correndo ainda e espremendo os olhos para tentar discernir o que o garotinho perseguia, Gaspar esperou que não fosse nada de perigoso. Seria um pouco desastroso. Por outro lado, sentia-se melhor ao perceber Einar acompanhando-e de perto. Sua presença era um alento.

- Você vê o quanto é brilhante? - perguntou o loiro numa voz grave, quase curiosa, ainda correndo ao lado de Gaspar.

O moreno franziu mais o cenho, tentando enxergar, e de fato excesso de luz era o que marcava aquele horizonte - a areia branca da praia refletia com potencial os fortes raios do sol, tornando tudo além um vácuo inteiramente indistinto de claridão. Depois de alguns segundos, Gaspar gesticulou em negação com a cabeça:

- Tudo é brilhante demais - ele pontuou. - Não consigo discernir nada.

Pouco tempo depois, os dois rapazes viram Nina refrear-se num movimento brusco e, logo em seguida, deixar-se cair de joelhos na areia. Entrecortada por algumas rajadas de ventanias, eles a escutaram ralhar com o irmão mais novo. Não demoraram a se aproximar. Foi quando Gaspar, por fim, entendeu o que Einar havia comentado. Uma criaturinha diminuta e quase disforme resplandecia ainda mais intensamente que a própria areia, próxima a Nico. Sua forma era uma confusão cegante sob os raios de sol. Gaspar aproximou-se mais, intrigado. A criatura foi ganhando nitidez. Parte de seu corpo de fato era disforme, parecia uma massa gelatinosa, mas de coloração metálica. Lembra-o vagamente a um Ditto, mas a semelhança termina aí. Acima dessa massa, um hexágono dourado de metal rígido erguia-se, como uma cabeça, e flutuando em seu centro, uma pequena bola escura, movendo-se inquieta, como se mirasse os humanos em torno de si.

- O que é... - interrompeu-se Gaspar, reformulando a pergunta. - Que pokémon é esse?

Percebeu que Einar olhava num misto de admiração e espanto para a criaturinha.

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Wild Thoughts

A criaturinha parecia se divertir com tanta curiosidade a seu respeito, parando de correr ao redor de Nico para fazer o mesmo com Gaspar, deixando algo que só poderia ser uma risada escapar.

- É meu novo amigo! – Disse o menino, enquanto voltava a correr atrás do Pokémon, que imediatamente continuava com a brincadeira, mas dessa vez sem se afastar do grupo.

- Como é que é?! Por Arceus, você está ficando louco?! – Bradou a morena, incrédula. – Você não lembra de hoje cedo? Esse é um daqueles monstrinhos que passaram no jornal!

O garotinho sorriu de forma travessa, ignorando a conclusão que sua irmã queria lhe passar, pegando o metálico no colo antes de se aproximar novamente do trio, dessa vez ficando mais tranquilo.

- É um Meltan, criaturinhas recém descobertas que surgiram na região do nada... – Nina estava tentando se lembrar da matéria, mas só sabia dizer aquilo. – Você sabe mais sobre ele? – Sua voz era direcionada ao rapaz mais velho.

(C) soph

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