Uma evolução dentro do centro pokemon tende a chamar bastante atenção; ainda mais de um pokemon tão atípico em Hoenn como uma Electabuzz. Depois do show decidira por retornar os três pequenos que estavam comigo e voltar à rotina normal, eu poderia conversar sobre o ocorrido mais tarde; algumas horas não os causariam tanto impacto assim. Guardei as três esferas no bolso lateral da mochila e, antes de sair, olhei o display da PokeDex. Arrepiei; minha barriga ficara gelada por longos segundos e, por um instante, esqueci que podia respirar. Matthew Monclair estava por aqui.
Perdi a noção mais uma vez; por um tempo fiquei em dúvida se eu tinha capacidade de respirar e engolir à seco e, só depois de conseguir mapear minhas funcionalidades fisiológicas que consegui voltar a inspirar tranquilamente. O que foi isso? Rememorei nosso último encontro; Thito ainda é uma lembrança forte para mim. Revirei os olhos e suspirei intensamente, Nicholas e Chris não podiam me ver assim; eu ficara tão branca que a própria enfermeira Joy pensara que eu estava passando mal.
Minha vontade era de gritar mas, se o fizesse, quem escutaria? Nicholas? Matthew? Chris? Os três? Oh, definitivamente, era melhor não. Caminhei até a porta de saída, decidindo tomar um ar; eu finalmente retomei controle do meu próprio corpo então posso contar à vocês, leitores, quem é Matthew Monclair para Winnie, o rapaz que surgira como nome no bloqueio de tela da PokeDex e fora o suficiente para me destruir e reconstruir em alguns poucos segundos.
Bem, começaremos pelo fim, já que gosto de histórias reversas. Thito é o primeiro encontro que nunca tive. Marcamos de nos encontrar em Verdanturf mas isso nunca aconteceu. Porque? Acho que nenhum dos dois sabem ao certo; a vida tem dessas, né? Ainda mais treinadores que de vez em nunca topam com inconsistências e instabilidades. Prometer um encontro futuro numa vida nômade é quase que impossível. Nunca me culpei por não ocorrer e, menos ainda, culpara Thito. Tinha uma pequena noção de que coisas assim acontecem e, o melhor à se fazer, é seguir sem pensar muito nisso, é o que faço, o mundo é muito grande para nos esbarrarmos assim mas, como toda boa vida, coincidências retornam, criam e potencializam quando a gente menos espera. De qualquer forma, continuando; Matthew fora meu oponente no meu primeiro contest, aquele mesmo que eu não sabia o que tava fazendo, se lembram? Que eu agi como se fosse uma batalha normal até finalmente entender as regras. É, essa vergonha eu passei para ele e, ainda assim, nos reencontramos no Holi Park, em mais uma vergonhosa situação. Esse evento fora um enorme fiasco na minha vida e pouco de bom tirei dele. Talvez por isso não quis reencontrar o rapaz em Verdanturf; eu sempre quis apagar esse dia da minha mente. O evento fora marcado por dois homens, Laerte e Thito. O primeiro era um músico que fez questão de chamar a atenção toda para minha imagem nos momentos finais do evento e, bem, o segundo era uma salva-conduta: a única coisa que me fizera respirar e manter-me animada naquele evento. Infelizmente Laerte não fora muito cordial com Matthew e, depois de algumas indiretas e "chega para lá", cansei e fui embora. Claro que me senti mal por Thito, o rapaz não tivera culpa de nada e ainda assim abandonei-o por briguinha; resolvi ligar para o número que me dera no contest e, adivinhem só, ele atendeu. Numa conversa amigável o rapaz aceitou as desculpas e pediu para encontrar-me, uma missão quase impossível num evento daquela magnitude, mal sei explicar como nos encontramos da primeira vez. Resultado? Não aconteceu, ainda assim, deixamos prometido um ao outro o encontro em Verdanturf.
Resumida a história, imagino que agora saibam do que se trata. Sei que parece bobo mas nunca tive uma experiência dessas; a vida de treinadora pokemon me proporcionou muitos encontros, experiências e problemas mas me apegar à alguém é realmente difícil nesse vai e vem. Minha própria família se perde nas minhas lembranças; a vida nômade é marcada pelo desapego e à todo momento isso é rememorado. Dói mas, provavelmente por isso, sou tão apegada à alguns de meus pokemons. Infelizmente, só com eles posso garantir a segurança de que nunca irão embora.
Oh, isso é abertura demais? Desculpem; as vezes esqueço que não estou escrevendo para meu diário. Bem, continuando... Onde parei mesmo? Ah, na porta né? Eu estava saindo pela porta. Fora em um ou dois passos que relembrei disso tudo, eu ainda não estava bem e... Não queria reencontrar Nicholas, não agora ao menos. Pisei para fora, recebi com força um raio solar no rosto e fechei os olhos em resposta. Minha pele pálida começava a colorir novamente e, colocando à mão na frente dos olhos, comecei a caçar um banco mais à sombra; eu ainda não estava enxergando nada. Caminhei um pouco desorientada, tanto pela visão embaçada quanto pelos pensamentos confusos e... tropecei? É, tropecei. Não fora em algo muito baixo e nem algo muito duro, não doeu e eu não caí no chão, apenas trombei com... alguém? Olhei para cima e me certifiquei de que havia um rosto de olhos verdes, bastante marcado, olhando pra mim. Demorei dar conta do que era; demorei mais ainda entender a situação. O rapaz de alargador e moicano à frente deve ter já reclamado e buffado; o que essa menina ainda faz em cima de mim?. Não sei! Essa é a única resposta que poderia dar. Levei muito tempo para entender que havia tropeçado em alguém, quem dirá processar que eu precisava sair dali.
Quando dei por mim já era tarde; sem dúvidas o rapaz já me xingara de todos os nomes possíveis. Dei um pulo para trás e esbocei um balbucio com a boca:
- Des.... culpa? - Pedi, sem ainda ter certeza do que acontecera; eu não estava sendo mal-educada de propósito, eu só estava completamente confusa. Desculpem por isso; talvez seja um overeaction, ainda assim, foi o que consegui fazer.
Nenhuma outra palavra saíra da minha boca; encarei o rapaz por quase um minuto até me dar conta, mais uma vez, da estranheza da ordem dos fatos. Recuperei minha cor e até à maximizei, fiquei vermelha até demais. Meu cabelo e minhas bochechas já se confundiam quando decidi olhar em volta e ver, nada mais nada menos, que Matthew Monclair. Suspirei de novo e, mais uma vez, esqueci como respirava.
OFF: Ei vocês, como estão? hehehehe Cheguei já no textão.