O intermediario

Priscila e Simon eram os primeiros a assinar a lista, demorando alguns segundos para concluir a tarefa. Quando chegou a vez de Gray, o rapaz tratou de dar uma boa olhada nas assinaturas dos visitantes anteriores, uma sábia atitude do monotreinador.

Aquilo com certeza era uma dica, ou pelo menos um indicativo de que eles estavam começando a entender o problema. Nas listras que diziam ser de dois dias atrás havia cinco nomes preenchidos com um mesmo sinal na rubrica, um R. Além disso, um deles soava familiar ao rapaz “Dorian”. Assim que terminou de escrever, a ruiva chamou a atenção dele, pedindo para se aproximar.

- Logo aqui na entrada temos um quadro feito há dois séculos atrás, retratando as primeiras famílias de Sootopolis... – Bonnie apontava para a pintura emoldurada numa borda que parecia ser feita de prata, lindamente esculpida com ondulações. – A mulher no meio é a princesa Alana, apelidada de “A noiva do oceano”... Ela sobreviveu há uma tempestade horrível e foi arremessada ao mar, ainda no trajeto para cá... Surpreendentemente ela ficou três dias e três noites dentro da água e alcançou o navio, como se nada tivesse acontecido... Os relatos dizem que ela voltou com um vestido diferente do que usava no dia do acidente...

Alguém tão bem humorada como Bonnie poderia sofrer um belo preconceito dentro daquela profissão, pois foi uma surpresa inacreditável o domínio que a jovem tinha sobre a exibição, era como se ela já tivesse passado anos explicando aquele lugar. Tudo se refletia em Priscila e em Simon, que ficavam encantados com a riqueza de detalhes da história contada pela ruiva.

- Por favor me acompanhem... – Ela conduziu o trio um pouco mais para frente, os levando em um expositório.

Priscila ficou rapidamente encantada com o que viu, era um vestido lindo e provavelmente muito caro. Porém ele com certeza não era daquela época, apesar de estar incrivelmente bem conservado. O tecido azul parecia ser tão leve e se acomodava perfeitamente no corpo da manequim. Detalhes de ouro e prata formavam ondas nas bordas do vestuário, entre outros adornos nas outras regiões. Apesar de ser antigo, o vestido era mais curto do que o esperado.

- Esse vestido foi o que reapareceu com Alana, quando ela retornou para a embarcação. Reparem que ele tem algumas pérolas, opalas e uma única água-marinha no centro... – Ela disse, apontando para a gema azul ciano que brilhava com a cor dos oceanos. – Infelizmente o anel dela foi roubado da exposição, mas tem as outras joias se vocês quiserem ver, mas essa parte já não é mais guiada. Pelo menos não com toda esse história, eu posso dizer os nomes e etc, mas não sabemos a origem deles...

Provavelmente os guias do lugar não estavam acostumados com perguntas relacionadas à significação dos objetos, pois os turistas deveriam estar mais interessados na beleza deles e na quantidade, para tirarem as famosas fotos de férias e colarem em seus preciosos álbuns ou postarem em redes sociais. A ruiva sorria com a pergunta, indicando que havia sim alguma lenda sobre o anel.

- Bela observação... – Parabenizou Bonnie, antes de comentar um pouco sobre como andava as coisas por ali. – Os últimos a nos perguntarem isso foram uma família estranha, todos usando roupas pretas e combinando... Aliais, eles estão sendo investigados como suspeitos... – Comentou a garota, antes de balançar a cabeça. – Ou deveriam ser, eles desapareceram, mas está todo mundo apostando na Team Aqua...

A guia então chacoalhou sua cabeça para os lados, tentando se livrar dos pensamentos que não eram relacionados à apresentação do item que deveria estar na sua exposição.

- Dizem que era uma pedra lapidada especialmente para a princesa, mas ela era comum... Até que Alana voltou do mar. – Explicou Bonnie, tentando se recordar de alguma outra coisa útil. – As lendas dizem que o Principe do Oceano concedeu poderes à Aquamarine do anel, que poderia ser ativada pela princesa e seus descendentes ou almas com mesma característica... Inclusive, o anel foi doado por uma mulher com descendência direta de Alana, não sei qual o grau de tatara neta, mas é por aí...

Priscila era provavelmente a que ficava mais encantada com a história, sendo também a mais propícia à recolher informações sobre os artefatos. Sua pergunta também causava alguma intriga à Bonnie, fazendo a ruiva se concentrar como alguém que estava tentando lembrar de alguma coisa muito importante.

- Ah... Agora que você falou isso... – A jovem ainda estava pensativa, mas parecia ter resgatado as partes mais importantes. – Alana conseguia ficar muito tempo embaixo das águas... Em uma época que não tinha equipamentos de mergulho, ela surpreendentemente podia passar horas sem precisar subir à superfície... – Os olhos de Bonnie se estreitavam, ainda mais pensativa. – Mas esses dons dependiam do usuário, essa filha que “doou” temporariamente o anel para a exibição conseguia se comunicar muito bem com os aquáticos...

Antes que a guia terminasse de explicar um barulho alto aconteceu do lado de fora da exposição, parecia bastante com uma luta que acabava em um golpe brutal. Aquilo fazia todos os quatro treinadores ali serem tomados pela adrenalina, mas o que eles fariam em relação ao som?

- Não precisava nem falar... O que estão esperando?!! – Perguntou a ruiva, já correndo para fora do prédio. – Venham rápido! Se for algum incêndio eu tenho que ativar vários botões e eu não vou ter calma pra isso!!!

Bonnie era uma guia ótima, mas pelo visto poderia ser facilmente confundida com uma corredora, porque a garota estava praticamente voando de um lado para o outro, apertando uma sequência de botões ocultos em cada plataforma, fazendo as cúpulas surgirem para proteger os outros itens da exposição.

Nesse período de tempo, Blair aparecia na frente de Gray para alerta-lo. A Mismagius estava muito agitada e estava praticamente empurrando o monotreinador com a sua força sobrenatural, para agilizar a ida dele, assim como a de Simon e Priscila, para fora da exibição.

Assim que eles chegaram do lado de fora, conseguiram ter uma ideia do que estava causando tanto barulho. Conde e Light estavam lutando contra o tempo, reaparecendo entre as paredes e sumindo na terra por não terem entrado em combate oficialmente com o atacante. Um vulto vermelho ia de um lado para o outro, golpeando as paredes com bastante força. Um pouco atrás da cena confusa havia um homem de aparência jovial, mas de cabelos brancos como Gray, ele estava calado e seu olhar era frio.

- Isso está demorando demais... – Disse a figura masculina, sacando uma Poké Ball preta com um R vermelho estampado.