n.3 Yertle the Turtle

A batalha durou como foi esperado. Meltan não demonstrou nenhum sinal de resistência, a não ser talvez ter tentado se levantar após os golpes massacrantes de Gastly, que derrotaram o Pokémon em pouco tempo. Johan pensou naquilo somente como um bônus, não se importava tanto assim com o Pokémon derrotado, ou mesmo se ele ainda estava vivo. Serviu apenas para que Gastly continuasse a crescer e se desenvolver, e assim foi feito. Johan se sentia bem esmagando inimigos fracos, mas naquele momento estava indiferente. Foi tão simples, tão rápido e pouco animador que ele mal se importou com o que havia feito. Foi uma vitória perfeita, e nada mais além disso. Ele estava satisfeito, mas indiferente. Era como se algo em seu cerne estivesse descrente com o que havia acontecido, pouco se importando se havia valido a pena ou não. Claro, o crescimento de seu Pokémon era importante, mas a emoção gerada naquela batalha rápida, unilateral e sem qualquer dano sobre seu fantasma serviu somente de aquecimento, não havia produzido nenhuma sensação, nenhum vigor, nem mesmo um fiapo de animação, nada que fizesse o treinador ficar palpitante. O treinador resolveu dar de ombros e procurou alguma coisa dentro do container, que não havia nada de muito valioso, somente uma pérola legítima. Ela poderia ser vendida facilmente para que ele conseguisse um bônus em seu bolso, mas não era algo que ele via que poderia ser muito útil também. "Serve só pra comprar comida, então." O restante do local não havia nada de muito interessante, então ele simplesmente ignorou para não continuar perdendo tempo, tanto que já estava satisfeito com os ganhos daquele pequeno "empecilho" — se é que podia ser nomeado por isso — e então já era hora de continuar com seus afazeres. Maryanne, contudo, estava um tanto quanto nervosa, aflita, sua ansiedade transparecendo. Preocupada com os ocorridos, parecia não se garantir em nada, parecia se sentir como um Ratatta num ninho de Ekans. Pobre coitada, parecia ser tão fraca e inexperiente que precisava da ajuda de um treinador sádico e surtado para conseguir uma coisa que lhe faltava. E Johan nem mesmo sabia o motivo de tanta preocupação por um pirralho, e nem mesmo por qual razão eles haviam raptado um catarrento qualquer de uma burguesa falida. Ele apenas aceitou o que tinha que fazer, afinal, talvez quisesse sentir alguns riscos para fazer com que se sentisse novamente vivo.

Despreocupado com a situação e percebendo que ninguém havia se importado com o mínimo de barulho que ele fez, logo viu o que parecia ser um iate ali perto. Uma rinha de gente rica, era nisso que ele provavelmente se meteu. Deu de ombros novamente, ainda precisava continuar seu trabalho, e seria pago por isso, além da animação que talvez lhe fosse proporcionada. Indiferente com o burburinho das conversas e a ornamentação luxuosa do que parecia ser o único ponto com gente viva naquele cais, além da dupla dinâmica entre um provável esquizofrênico e uma cortesã com bastante dinheiro. Como Johan não possuía outras pistas para procurar, e aquele ponto parecia oferecer algum tipo de prosseguir para a missão, ele resolveu que seria uma boa ideia fazer uma checagem rápida. Poderia simplesmente entrar pela porta da frente e começar a quebrar as coisas, mas como estava em companhia inexperiente, parecia estar pensando em alguma estratégia para que não ficasse sem uma recompensa ou diversão, caso a contratante viesse ao óbito. Precisava de um pouco mais de cautela, um alvoroço era o pior que podia fazer naquele momento. Além do mais, se aquele iate for um local que não tem relação com o objetivo atual, ele teria que resolver outros mais problemas. Resolveu recorrer a Gastly para fazer um trabalho bem feito.

— Gastly, lhe parabenizo pela batalha, você está se desenvolvendo num ótimo ritmo. Moça, segure suas pontas ou você só vai causar problemas com todo esse nervosismo, guarde sua preocupação pra uma batalha de verdade. — Diria Johan antes, talvez fizesse o fantasma ficar mais confortável e interessado na vida — Certo, vamos continuar. Preciso que você sobrevoe até aquele iate e veja se tem alguma movimentação suspeita ou algum indício de sequestro ali. Não precisa demorar muito, apenas observe de longe, sorrateiramente, e tome cuidado para não ser visto por alguém.

Era uma estratégia interessante a ser pensada. Gastly ainda era pequeno e rápido, e sua forma gasosa era suficientemente furtiva, apresentando uma boa discrição e ganhando vantagem durante a noite. Johan tinha consciência que o Pokémon conseguiria se comunicar caso algo fosse percebido por ele, e suas instruções haviam sido concisas e claras o suficiente para que não houvesse confusão. Além disso, Johan gostava do fato do Pokémon ser inteligente e guardar em sua mente uma identidade própria relevante, um ego, o que facilitava para que ele conseguisse ponderar sobre determinadas situações. Talvez ele voltasse com algo para dizer, mas talvez ele voltasse sem saber o que estava acontecendo, ou constatar que aquele era só um barco com gente rica. Enquanto o Pokémon procurasse na parte de cima sem ser visto, Johan tentaria observar nos arredores se havia alguma maneira de entrar no iate facilmente, sem que precisasse aparecer diretamente no convés ou ter que quebrar alguma coisa. Esperava que aquilo lhe guiasse a alguma situação, e contava com isso, ou precisaria procurar pelo cais novamente por movimentações estranhas e pessoas escondidas. Assim que conseguisse ter uma visão de Gastly voltando, caso o mesmo trouxesse informações importante, ele já se prepararia para poder invadir o local. Esperava já ter encontrado algum meio de entrar no iate também.

— Bom trabalho, meu companheiro... certo, agora você vai ficar na direção oposta de onde entrarmos, manter-se a uma distância do barco, mais próximo possível da água, e irá usar seu Dazzling Gleam para, como se fosse um sinaleiro, tentando brilhar o máximo possível. Isso vai chamar a atenção de quem quer que esteja dentro desse troço, e vamos poder entrar sem sermos facilmente notados. — Instruiria Johan para o seu Pokémon, esperando que ele entendesse o que deveria ser feito — Tente manter por alguns segundos até uma boa quantidade de pessoas estar curiosa com o que acontece, e logo em seguida tente se encontrar conosco. Atravesse as paredes, observe os lugares, eu não me importo muito. Se a tentativa de invasão fracassar, mandarei um sinal.

Esperava que seu plano desse certo e não ocorresse muitos empecilhos na execução dele. Também esperava que houvesse uma entrada fácil. Não se importaria de ter que saltar ou mesmo se agarrar em uma corda para ter que entrar. O problema mesmo era o seu suporte naquela missão, Maryanne não parecia ser o tipo de pessoa que precisou fazer esforço físico ou entrar em situações de risco ao longo de sua vida. Provavelmente saiu de um berço de ouro, mas eram pessoas desse tipo que contratavam inescrupulosos no meio da noite, como Johan. Se precisasse, de uma forma, usar Scizor para abrir caminho, não via problema algum em executar tal ato, mesmo se precisasse fazer alguns estrondo para abrir a carcaça do iate para que pudesse entrar. A distração de Gastly devia ser o suficiente para que ele ganhasse tempo, sua invasão não precisava ser totalmente furtiva, embora fosse um adicional importante para que ele não precisasse passar por maiores problemas e acabar defecando nos seus afazeres sem um bom motivo. Acabava que sua melhor opção sempre seria continuar com confiança em suas habilidades e esperar que sua companhia fizesse seu melhor, embora não estivesse tão preocupado com o resultado da mesma. Só precisava sentir seu sangue pulsando novamente, e a vitória escorrer gloriosamente por seu corpo, banhando-se no sangue de seus oponentes, de preferência.

— Espero que você esteja pronta, princesinha. — Provocaria Maryanne.

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O plano de invasão não parecia funcionar muito bem para uma invasão, mas ao menos Johan conseguiu ter uma noção maior de quem estava dentro do iate. Aparentemente, eram alguns homens em comemoração, pouco preocupado com alguma invasão ou qualquer tipo de perturbação. Também, deveras. Haviam alguns seguranças tomando conta do perímetro do iate, e eles pareciam parrudos e forte o suficiente para conter qualquer ladrão que quisesse surrupiar o local, ou invasores como a dupla dinâmica que estavam em busca de uma criança. Gastly já retornava, e o treinador selvagem já conseguia observar como estava a situação. Uma dupla de seguranças guardava a entrada, enquanto um outro segurança mais afastado parecia procurar por qualquer pessoa que pudesse ser suspeita. Devia ser do tipo que subjugaria o primeiro mendigo dormindo entre os contêineres, considerando que poderia ser um problema para seus patrões, que aproveitavam a festa. A princípio, eles pareciam ser suficientes, e deviam ter alguma estratégia para barrar intrusos, mas Johan já considerava táticas para derrubá-los rapidamente e conseguir colocar Maryanne ali dentro. Pensa também que talvez pudesse haver mais seguranças na parte de dentro do iate, mas antes de lidar com eles, precisaria lidar primeiro com as montanhas que estavam ali. Precisava de um plano complexo, muito bem elaborado, para entrar sem ser visto.

Porém, o treinador não parecia estar interessado em elaborar mais estratégias. E, como queria alguma diversão, talvez fosse melhor uma abordagem simples, efetiva por natureza, mas que talvez demandasse um pouco mais de tempo e recursos para que ele conseguisse o que queria. A donzela Maryanne estava ao seu lado, talvez pudesse ser mais útil do que havia sido até agora, nem que fosse servir de isca. Mesmo assim, utilizar uma isca ainda parecia muito complicado, fora da zona de simplicidade que Johan estava preparando. As engrenagens em seu cérebro pareciam trabalhar para encontrar alguma solução para não perder muito tempo. Ele poderia se aproximar dos flancos, desacordar os seguranças e entrar, mas haviam várias falhas naquele plano, incluindo a possibilidade de realmente falhar e causar mais problemas. Poderia distraí-los com o pretexto de afastar os que estavam na porta e assim entrar sem problemas, mas isso significaria fazer com que um de seus soldados ficasse à mercê de uma batalha que provavelmente seria perdida sem o comando de Johan. Ele, então, chegou à uma conclusão bastante simples, mas que provavelmente seria o melhor que poderia fazer.

— Okay! Já sei o que fazer. Assalto direto, vamos acabar com todos e depois entrar e fazer a festa. Mariazinha, não sei o que você tem, mas vá com tudo, foque em destruir, e se possível dê algum suporte. Vou fazer o mesmo. Gastly, você será usado no assalto, vai surpreender bastante, Scizor será muito chamativa e pouco efetiva pro trabalho. — Johan começava instruindo, já observando a entrada e os seguranças preparados, pensando num bom momento — Certo, preparados? Precisamos chegar correndo e atacando. Preparar, ao meu sinal!

Dito isso, Johan ficaria em posição, esperando que Gastly estivesse ao seu lado. Observaria Maryanne se aprontar, esperando que ela não fosse burra o suficiente para acabar com a missão por si só. Assim que visse que ela estaria pronta, estalaria os dedos e apontaria em direção aos seguranças, e começaria a correr como se estivesse procurando algum oponente para menosprezar e derramar seu sadismo sobre seu corpo, ou seja, bem rápido. Assim que estivesse à uma boa distância, assoviaria com tudo, para chamar a atenção dos seguranças, e então começaria o ataque, já preparado para dar as ordens à Gastly.

— É um assalto! Comece com um Confuse Ray, derrube os guardas e eles não terão Pokémon nenhum! — Gritaria a primeira ordem, logo esperando pela segunda — Em seguida, Dazzling Gleam!

Tão previsível. Um assalto direto contra os primeiros seguranças. Era efetivo, pois surpreenderia os dois e poderia deixá-los desnorteados, sem reação, e era simples e previsível o suficiente para que não estivessem pensando em algo assim. Com Gastly na ofensiva, tinha chance de abater os oponentes o mais rápido que poderia prever, sem a necessidade de criar um campo favorável e acumular força para abater oponentes, como é a estratégia básica de Scizor. Além disso, se conseguisse sucesso em deixar os seguranças confusos com o Confuse Ray, provavelmente se tornaria mais fácil a invasão.
Além do mais, se um assalto direto estivesse previsto, e eles já estivessem prontos... seria mais diversão para que Johan pudesse se deleitar, em meio a um combate sangrento.

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Antes que Johan pudesse realmente chegar até onde os primeiros guardas estavam, ele havia sido surpreendido pelo segurança que fazia a ronda de reconhecimento. Não havia chegado a calcular que poderia ser interrompido no meio da situação, e pensava que o segurança externo estaria longe o suficiente dele para que não notasse o seu ataque, O assalto, apesar de ter sido interrompido no meio de sua execução, foi interrompido por um alvo que, de qualquer maneira, teria que ser eliminado hora ou outra durante a operação, e o treinador não parecia muito preocupado se teria que fazer isso antes ou depois. O fato de estar focado em destruir o que quer que encontrasse já era suficientemente bom para que ele só se preocupasse em afetar o inimigo em sua frente. Era muito bom pensando, e conseguia ter um bom raciocínio para executar tarefas e contornar obstáculos, mas certamente se sobressaía muito mais simples servindo como uma bola de demolição, procurando atacar tudo o que estivesse pela frente e eliminando o que quer que fosse necessário. Era de sua natureza, algo selvagem, pouco racional e exacerbadamente instintivo. Tinha como premissa a luta, a guerra, o sangue escorrendo numa mão e a vitória escorrendo pela outra. E se não obtivesse a vitória como imaginava, conseguiria o combustível necessário para que pudesse continuar pisoteando os inimigos se tivesse outra chance para tal. Se não tivesse, provavelmente morreria em combate de maneira feliz, seu sorriso abrindo um escárnio deturpado de uma felicidade distorcida, mesmo vendo a morte se desenrolar diante de seus olhos. Poderia conviver com o que quer que fosse. E naquele momento, naquela batalha, mesmo que simples, certamente conseguiria bons resultados. Se não por Gastly, por seus outros Pokémon.

Mas Gastly parecia ser bom o suficiente para o serviço. Se o oponente estivesse com outro Pokémon, talvez o rumo mudaria e Johan tivesse que mudar sua estratégia, pois a situação ainda necessitava que ele possuísse um controle para que não caísse em maus lençóis antes do tempo necessário. Porém, mesmo saindo com uma baixa efetiva na vitalidade de seu espião fantasma, era uma certeza que iria esmagar o seu oponente, custava o que poderia custar. O fantasma era mais rápido, e conseguia golpear com mais diligência e facilidade, seria uma questão de tempo até que pudesse enfraquecer seu oponente até que o golpe de misericórdia fosse dado. O treinador já começava a sentir a tensão em seu corpo invadindo seus músculos, um sinal que significava que em pouco tempo poderia entrar em seu modo de combate mais sádico possível, mas ainda se segurava. Ainda precisava completar um serviço, por mais que estivesse fazendo tudo por orientação de seu prazer pela guerra. Com uma rápida estratégia de ataque total, conseguiria manter-se satisfeito o suficiente, para que sua mente não afundasse no clima das batalhas e se preocupasse somente em manter a diversão e o sadismo.

— Seu cachorro sarnento está em forma, heim? Mas cuida dele, senão vai voltar perdendo o rumo da casinha! — Johan daria uma gargalhada intensa, dirigir insultos para o inimigo era parte da batalha — E você não vai nem se lembrar de quem é! Sequência de Dazzling Gleam, deixe eles cegos!

Considerando a tipagem dos Pokémon envolvidos no combate, o treinador não tinha tempo para que pudesse ser perdido. Um erro de cálculo, um movimento mal executado, e seu Gastly poderia ser facilmente subjugado e posto para fora do campo. Houndour possuía vantagem, mas o fantasma conseguia se colocar à frente facilmente com um movimento Fairy. Havia justamente aprendido aquilo para servir como uma alternativa para cobrir suas fraquezas, e Johan não recuava quando necessitava utiliza-la. Afinal, todo recurso era valioso, e quanto mais efetivo, poderia se tornar mais valioso até mesmo que as peças mais importantes de uma máquina. Esperava, portanto, que sua selvageria pudesse finalizar de uma vez por todas contra aquele Pokémon.

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A situação parecia pender para o lado de Johan. Ele estava aproveitando bastante aquele embate, não parecia se preocupar com resultado algum, pois em sua cabeça pensava já ter ganho o que fosse necessário para ganhar. Ainda não estava nem um pouco preocupado com o sumiço de sua contratante,não se perguntava para onde ela teria ido, ou se ela retornaria. Estava mais interessado em continuar com seu assalto, e mesmo com a fragilidade de Gastly em cheque, parecia estar mais interessado em atacar o seu adversário como se fosse um cachorro louco do que sequer pensar em estratégias. O prazer na guerra parecia começar a consumir suas veias, deixava com que ele fosse levado pelo momento e não considerasse o que estava acontecendo até então. Parecia estar cego com o fato de estar num simples combate, e não viu quando já estava prestes a perder. O Pokémon inimigo consumiu uma fruta, uma berry, e logo recuperou suas forças. Foi o suficiente para que Gastly não pudesse dar o golpe de misericórdia e simplesmente prolongasse a batalha um pouco mais. O Pokémon, com sua fragilidade, sendo um fantasma que parecia ter saído de uma câmara de gás, foi quem recebeu o derradeiro golpe que o fez ficar fora do combate. Duas mordidas foram o suficiente para que Gastly caísse e logo perdesse a luta, por mais que estivesse dando o máximo de dano que conseguisse. Infelizmente, não existe perfeição nem mesmo nos Pokémon do treinador que almejava ser o mais forte entre todos, apenas conseguir vitórias. E essa era uma questão que Johan teria que lidar querendo ou não, sozinho, somente.

O treinador observou aquilo, e suas sobrancelhas se contraíram. Teve que engolir em seco o comentário lançado pelo seu adversário. Havia se levado tanto num só assalto que se esqueceu que precisava se concentrar em manter o seu Pokémon. O adversário ainda estava frente ao treinador, e continuava saudável, ainda pronto para a luta. O selvagem combatente não podia fazer muito mais do que simplesmente suspirar e dar de ombros. A fúria que consumia suas entranhas agora estava decaindo lentamente, mas ele ainda assim possuía a vontade necessária para lutar e subjugar o seu oponente. Só estava decepcionado. Não somente com Gastly e sua fragilidade, o maior defeito do Pokémon, mas sim por ser medíocre a ponto de não reconhecer tal coisa. Naquele momento, por mais cego que ele estivesse com a luta frente ao seu nariz, percebia que precisava de bastante trabalho antes que pudesse começar sequer a pisar na cabeça de seus oponentes. Para a continuação, sentiu uma tremenda força requisitando a utilização de sua Scizor, pois planejava matar aquele homem em sua frente ali mesmo. Contudo, num momento de decisão certeira, ainda carrancudo com a situação, não chegou nem a trazer Gastly para dentro de sua Poké Ball novamente e lançaria então Tentacool para o combate.

— Patético, não acha? Tentacool, sequência de Water Pulse, mate esse cachorro e depois atire nesse desgraçado aí na sua frente. — Ordenaria Johan, um tanto quanto indiferente, mas uma curva no canto dos lábios, um leve sorriso de loucura e sadismo.

Havia enviado Tentacool pois, era tanto necessário derrotar o seu oponente quanto continuar a desenvolver a força de seu terceiro Pokémon, essencial em sua equipe. Acreditava que o aquático seria o suficiente para derrotar o oponente e depois meter um ataque fraco o suficiente para somente dar uma lição naquele guarda. Talvez desacordá-lo para que ele não saísse procurando reforços. De certa forma, era uma boa estratégia, mas se ele lançasse outro Pokémon para o combate, talvez fosse necessário mais um tempo de luta. Contudo, a tropa de assalto ainda não dava o braço a torcer. Se fosse necessário, derrotaria quanto adversários fossem necessários, pelo bem da sensação prazerosa que Johan sentia ao entrar em luta. Mais interessado em acabar com tudo, ainda assim precisava fazer o serviço de sua contratante, que havia sumido.
Caso não houvesse outro Pokémon que precisasse ser derrotado, e se o guardinha não fosse requisitar reforços, concentrar-se-ia em regenerar o seu Gastly. Pegaria a única Potion presente em seus discos de armazenagem, e borrifaria a mesma no corpo de Gastly, esperando que fosse o suficiente para que recuperasse suas energias e o deixasse bem o suficiente para continuar fazendo seu serviço. Ele era um Pokémon essencial naquele momento, não poderia se dar ao luxo de perder suas habilidades naquela missão, mas ainda assim estava pouco satisfeito com seu desempenho.

— Gastly, estou satisfeito com seu crescimento, mas seu desempenho em luta ainda precisa melhorar muito. Espero que você entenda a posição em que estamos. Vamos continuar. E bom trabalho, Tentacool. — Diria Johan, logo retornaria seu aquático.

Dito e feito, após ver que estava tudo bem, procuraria então continuar com os seus afazeres. Suas veias ainda pulsavam e a adrenalina do combate ainda era presente em seu corpo, mas sua mente deturpada parecia estar fazendo o máximo de esforço o possível para reconhecer seus erros, suas falhas, suas perdas e o que necessitava melhorar, ao mesmo tempo em que já considerava prosseguir sua missão. Dirigir-se-ia então em direção ao iate, como antes de costume, para ver se a situação com os guardas na frente estava resolvida por Maryanne, ou constatar que ela tinha simplesmente fugido e perdido o tempo do treinador. De uma forma ou de outra, nenhuma das opções seriam tão ruins a ponto de deixar Johan entediado. Afinal, ele ainda tinha a possibilidade de continuar a diversão por conta própria.

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Antes que pudesse recuperar seu Pokémon ferido, Johan se depara então com os apitos de outros dois seguranças. Cerrou os dentes e precisava pensar rápido. O que ele poderia fazer nessa situação? Estava com outros 2 Pokémon saudáveis, 3 se contasse aquele Magnemite que não se dava tão bem, mas talvez pudesse fazer algo à respeito. Tentou ser o mais rápido possível pra tomar uma decisão. Pensou em Maryanne, que contava com sua ajuda, e mesmo embora ele não se importasse muito com ela, talvez fosse um bom momento para testar suas habilidades. Ou seria melhor recuar perante seus novos inimigos?

— Tem mais dois vindo, e aquele ali já foi pro saco, eh? — Ele pensou, observando a situação —  Supondo que eles devam ter mais um ou dois cada pra lutar, seria melhor se eu pegasse eles sozinhos.

Lembrou-se, então, que sua missão era basicamente a de resgatar o filho da donzela que havia se separado dele, e ela provavelmente tomaria alguma oportunidade. Agora, com aqueles dois guardas em sua cola, provavelmente estariam mais interessados em persegui-lo do que prestando atenção na dama. Ao invés de curar Gastly, resolver retorná-lo pra sua Poké Ball e pegou Tentacool em seus braços, o indiferente Pokémon, afim de ser mais rápido. Daria um assovio mais alto pros guardas.

— Querem me pegar? Venham se tiver coragem!

Dito isso, começaria a correr dos guardas, com intuito de afastá-los da área e fazer com que Maryanne fizesse o seu trabalho. Pra ser sincero, ele mesmo pouco se importava com o que iria acontecer com a donzela, mas ela provavelmente já estava com noção dos riscos. Embrenhar pelos containers daquele cais seria a melhor solução de fuga, tanto para despistas seus perseguidores quanto para separá-los e abatê-los separadamente, antes de poder entrar no iate.

Se encontrasse um lugar tranquilo, onde conseguisse despistar os perseguidores por um tempo, deixaria Tentacool na entrada do local e aproveitaria para tirar Gastly da Ball e curar o nocauteado. Por ser um Pokémon frágil, a Potion já serviria muito bem.

— Gastly, você é essencial pra essa missão como reconhecimento, preciso de você. — Johan diria ao Pokémon, afim de animá-lo — Após isso tudo, vou te recompensar, sim?

Precisava manter a moral de seus Pokémon alta, pra que pudessem servir bem, sem criar problemas e estejam em boa forma e satisfeitos. Lealdade também tem a ver com o cuidado, ao menos era o que Johan havia acabado de considerar. Após isso, bolaria algum plano.

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