Por mais que Lysander pretendesse negar a existência do peculiar evento que estava a ocorrer, a situação parecia claramente persistir, o que começava a trazer um assombroso arrepio em sua espinha. Poderia ser aquilo tudo coisa de sua cabeça, sua imaginação? Havia enfim alcançado a loucura? A prova disso parecia ser um tanto claro para Lysander, pois por quase todas as residências pelas quais passava à frente a energia continuava inconstante, com frequentes picos de energia. E o pior era que ninguém as notava. - P$%@ merda... Ninguém está vendo isso? Sério? - Pronunciou o rapaz, sua voz ligeiramente esganiçada, limitando-se a observar os buracos do asfalto ou qualquer outra coisa à sua vista na intenção de evitar as luzes persistentes.
Porém evitá-las era impossível, vez que, mesmo com a intensa luz proveniente do sol, não havia como impedir dos repentinos clarões vindos dos postes atingirem sua visão. A esta altura Lysander já havia notado também, de forma estranha, que uma corrente de eletricidade parecia percorrer os fios de energia. - Mas que P*&&@... - Continuava a resmungar o rapaz, nitidamente preocupado com sua sanidade ao ver quão estranho tudo aquilo estava se tornando. Coçou rapidamente sua nuca e com um repentino pensamento começou a vasculhar sua pasta lateral em busca de uma pequenina esfera. Eis que, como um brilhante lampejo avermelhado, Bacchus surgia à sua frente.
Bacchus era seu Pangoro, um grande urso brutamontes, exemplo virilidade, hombridade, masculinidade... Só que não. Apesar do tamanho, Bacchus ainda mantinha muitos traços de sua personalidade infantil e inocente. - Bacchus, vamos lá... - Pronunciou o rapaz, apontando para as luzes a seu redor. - Você vê algo incomum acontecer? Luzes piscando? Algo errado com a eletricidade? Algo? Qualquer coisinha... Qualquer coisinha... Dizia o rapaz, ainda caminhando na direção que a energia parecia seguir. Eu sei... Se Lysander estava com tanto medo, por que não mudava de direção? Por que simplesmente não dava as costas para tudo aquilo? Bom, a sensação de medo traz aos seres humanos uma estranha sensação de prazer... A alguns, pelo menos. Caso contrário, para que existiriam filmes de terror ou aquelas atrações macabras em parques de diversões?
E neste momento, era justamente esta a sensação que guiava o rapaz pelas ruas da cidade enquanto esperava por qualquer sinal de Pangoro que pudesse lhe dizer não estar sendo o único a visualizar aqueles sinais. Se bem que... Não pensara muito bem quando liberara Pangoro... Haja vista que, assim que o peculiar fenômeno começara a ocorrer ao redor não apenas de Lys, mas também de Pangoro, o urso parecera estarrecido, imóvel. - Ah bom... - Suspirou o rapaz, ligeiramente aliviado. - Ao menos não sou o único que... - Eis que, interrompendo seu mestre, Pangoro jogou-se ao chão, a seus pés, fazendo o concreto da calçada tremer ligeiramente. Bacchus agora estava preso à perna direita de Lysander, que insistentemente tentava fazê-lo se soltar. - Ai me solta sua criatura medrosa. - Dizia o rapaz, tentando fazer as pesadas patas de Pangoro desentranharem-se de sua perna, fazendo de conta que ele mesmo não estava a temer tudo aquilo. - Vamos, me solta. Estas coisas não existem... Tenho certeza. Vamos, Bacchus, meu filho... Me solta! - E só depois de uma boa conversa com o urso, e uma promessa de doces extras antes de dormir - O que ia contra a dieta do ursão, já que Lysander estava tentando fazê-lo entrar em forma - é que Pangoro o soltara. O vínculo entre treinador e pokémon era claro. Enfim, caminhavam na direção da Fábrica Amaldiçoada... Digo, abandonada.
Última edição por Matt em Qui Dez 20 2018, 19:01, editado 1 vez(es)