Bastardos Inglórios

Obstinação de Granito

Beverly parecia ser uma menina bastante comportada e atenciosa, pois ouvia todas as palavras de Will com bastante calma e respondia geralmente apenas o solicitado, isso quando sabia o que responder. Ela até deu bastante atenção, principalmente à explicação do Carateca sobre as Pokébolas novas, capazes de capturar qualquer criatura facilmente e que poderiam gerar um grande problema para todo o ecossistema se fossem comuns pelos Marts da vida. Para tudo isso, Beverly sacudia sua cabeça afirmativamente, impactada com a situação – É, talvez não seja uma boa ideia capturar lendários mesmo... Eu só... tinha achado ele bonito. Mas agora não sei, não quero destruir esse eco... ecozema... ecostena... O que era mesmo? Ecossistema? – Disse ela, tentando acertar a forma certa de pronunciar a palavra. Depois, respirou fundo e ficou olhando para a Pokébola de Chickito em suas mãos. Era difícil entender o que ela pensava sobre tudo, talvez só precisasse de um tempo para digerir tantas informações.

Enquanto isso, Will deu mais uma missão para seu Samurott, pedindo para ele investigar o que encontrariam pela frente ao subir o trajeto inclinado lá embaixo. Se fosse um lugar com bolsões de ar como aquele em que se encontravam, a equipe subiria sem pestanejar até lá. Caso contrário, precisariam achar uma outra saída ou até mesmo construir uma na marra – Seu Pokémon é forte e obediente. Que bom que ele me encontrou! Acho que ele vai achar uma saída para a gente sim... – Disse Beverly, ainda meio avoada. Ela só se ligou quando Will ofereceu alguns biscoitos, que com um sorriso, prontamente aceitou e comeu. Só não mais rápido do que Rorckruff, que os devorou e ainda ficou pedindo mais em seguida.

Will comentava com seu parceiro sobre deixar para comer em outra ocasião e muito relutantemente, o canídeo de pedra aceitou, colocando as patas sobre o rosto em tristeza. Uma cena divertida e até mesmo fofa, que foi um pouco ofuscada pelo retorno animado de Netuno, após encontrar um caminho seguro para que todos subissem. Beverly ficou animada e foi a primeira a subir nas costas de Samurott, enquanto o Carateca dava a parte de Sam dos biscoitos que havia trago. Will guardou o pacote dentro do compartimento mais protegido de sua mochila e subiu também no Pokémon, solicitando que ele os tirasse dali, pelo túnel seco que havia descoberto. Assim que Netuno mergulhou, disparou pelo túnel que subia lentamente, até alcançar um novo bolsão de ar, deixando os humanos em terra firme.

Ali, o que havia era bem mais do que uma caverna recheada de ar, mas sim um complexo de túneis com colunas das mais diferentes formas e que juntas constituíam um verdadeiro labirinto de rochas cheias de goteira. Possivelmente havia água acima daqueles túneis e o teto se mostrava frágil pelos buracos diversos que haviam, alguns deles escorrendo verdadeiras cascatas de água, outras apenas gotejantes. Berverly mantinha seu dedo sempre apontado na direção de onde havia caído e curiosamente, uma luz azulada de origem ainda desconhecida vinha da mesma direção – Eu tenho quase certeza que foi por ali... Era um túnel em cima daqui por onde caí direto, mas não lembro de ver essa parte, acho que passei direto até o fundo rápido demais – Explicou a garota, ficando pensativa em seguida. Will seguiria a orientação espacial da menina ou escolheria um outro caminho? O que o rapaz faria? ◄

Obstinação de Granito

Já nos túneis novos, Will concentrava-se em notar a instabilidade do local, cuidando para que não houvessem uma batalha ali, afinal poderia facilmente causar o desabamento de tudo sobre eles. Já Beverly parecia mais empolgada em achar o caminho por onde havia caído, começando por seguir na direção de uma luz azulada que emanava de alguns dos "furos" no teto. Conforme eles caminhavam na direção deste destino, entretanto, era notável que havia uma água empoçada, principalmente nas proximidades de onde uma espécie de mini-cascata caía. Não era nada que pudesse causar algum afogamento, pois muito dificilmente passaria da altura do joelho de Beverly. Entretanto, se o terreno foi frágil o suficiente para permitir que ela passasse direto e fosse até o fundo, um passo em falso num lugar empoçado poderia significar uma queda fatal.

– Ei Will, você quer capturar uma Makuhita? Meu pai tem um Hariyama e eu sempre adorei brincar com ele. São muito tranquilos e companheiros e também gostam de crianças. São gordinhos simpáticos!  – Dizia a menina com bastante ternura, apertando as próprias bochechas ao falar sobre a criatura. Nesse instante, o grupo caminhava já bem próximo da fonte da luz azul e começava a ouvir alguns sons de pancadas sobre suas cabeças. como se alguma criatura estivesse correndo de um lado para o outro. Por fim, um som de choque fortíssimo entre dois objetos em movimento, como uma batida de caminhão. Beverly olhou para cima e sorriu – Há! Eles estão brincando pelo visto... Viu? É aqui em cima que os Makuhita ficam! Só precisamos achar uma forma de subir  – Comentou a garota, dando uns passos para frente ao olhar para cima, até ser completamente engolida pelo chão bem diante dos olhos do Carateca!

Beverly havia pisado possivelmente em um dos terrenos frágeis ditos anteriormente. O pior de tudo é que se Will tentasse correr até onde ela caiu, talvez pudesse ser engolido por outra cratera "surpresa", isso se não conseguisse lembrar exatamente os passos que a garota já havia feito. Isso tudo acontecia por conta da água empoçada é claro. Se ela não estivesse ali, muito provavelmente atravessar aquilo tudo não seria nada difícil. Mas enfim..apesar do susto, a garota não havia caído todo o trajeto de novo e agarrava-se a uma rocha na beirada do buraco que surgiu e agora sugava com força toda a água para baixo. Se esperasse um pouco, o lugar ficaria "desalagado" novamente, mas até lá a garota poderia cair novamente e ter um destino bem pior do que antes. O que Will faria diante dessa iminente tragédia? ◄

Obstinação de Granito

Wiill estava quase chegando onde tanto queria, alcançando o ninho de Makuhitas para capturar uma das criaturas ou tentar conseguir sua forma evoluída. Entretanto, mais uma tragédia iminente o deixava de cabelos em pé. Sua nova companheira de viagem, Beverly, havia se empolgado demais e agora corria o risco de deslizar por uma longa descida através dos túneis alagados e fatais da Granite Cave. Isso se o Carateca não tivesse um reflexo rápido em seus nervos de aço para ajudá-la, pois em segundos Will conseguiu pedir para que Samurott esperasse um pouco atrás, afastando-se do terreno instável e lançou-se de próprio corpo ao perigo visando salvar a garota, mesmo que ele também corresse um alto risco de cair.

– Não... me solta!... WILL!  – Gritava a menina ao sentir sua mão ser agarrar pelo rapaz, tentando manter a cabeça fora da enxurrada de água que descia pelo buraco e lavava seu rosto com uma violência sem tamanho. O Carateca, por sua vez, usava seus fortes músculos para erguer a menina lentamente contra a força das águas e até estava conseguindo se algo muito estranho não tivesse acontecido. Vindo do alto, daquele buraco que dividia os túneis molhados e o ninho de lutadores, veio uma criatura diminuta, que chocou-se contra a garota e fez um peso extra não esperado. O peso, quase puxou Will junto, deixando a situação ainda pior do que antes e menos esperançosa para os presentes.

– Tira isso da minha cabeça! AAAAAAH!  – Gritava ainda mais alto Beverly e dessa vez com pavor em sua voz, pois não conseguia saber o que havia ali. Nem mesmo Will conseguia enxergar, pois a tal "coisa", escondeu-se debaixo d'água. Além do mais, o Carateca fixava sua atenção em não cair e isso já lhe tirava o foco de qualquer outra coisa. Quando tudo parecia perdido, Samurott entrou em ação. A criatura "desobedeceu" seu treinador e aproximou-se dele para mordiscar seu pé de uma forma não agressiva, simplesmente apoiando-o e puxando-o para trás. Com muito esforço Netuno conseguiu trazer Will de volta a segurança, trazendo Beverly por consequência e uma presença inesperada... Um Meltan, que repousava confortavelmente em sua cabeça, como se nada tivesse acontecido. O que Will faria diante disso tudo? ◄

Obstinação de Granito

Com muito esforço, o rapaz conseguiu trazer Beverly para a segurança, mas agora atraia um novo problema para si. Um Meltan, bastante sereno, equilibrava-se com bastante habilidade sobre a cabeça de uma assustada menina, que não tinha coragem de se debater porque acabaria fazendo o Pokémon cair sobre ela e isso pioraria tudo. Nem parecia que há algum tempo atrás ela tinha convicção de que capturaria um desses Pokémon Lendários, talvez porque só tinha o visto de longe e não sentiu a consistência amorfa de seu corpo remexendo-se sobre sua cabeça. Antes que a garota tentasse correr, espernear-se ou até mesmo chorasse, o Carateca buscou apaziguar a situação, acalmando o metálico e tentando o atrair de alguma forma, oferecendo um cantil de alumínio como alimento para sua fome.

– O que ele tá fazendo? Eu to sentindo eeeele, o que ele tá fazendo na minha cabeça? – Dizia baixinho a garota, com uma voz de choro engasgado na garganta e tremendo de leve, mas sem sair do lugar. A resposta era NADA. O Pokémon nada fazia e isso era algo bom, já que o mesmo possuía propriedades elétricas que poderiam ser bastante perigosas, ainda mais quando se está molhado pelo recente mergulho forçado. Will jogou então o cantil para longe, como se fosse uma isca para o Pokémon. A criatura desviou seu olhar para lá até o objeto parar de girar no chão, fazendo um barulho forte, depois ignorou completamente a tal "isca" e simplesmente desceu, caminhando até os pés de Will para agarrá-lo de uma forma curiosa, quase como um abraço.

– Ele vai comer o seu pé!  – Gritava Beverly, um tanto quanto histérica, afinal o que Will sentia era apenas uma cócega causada pelos braços quase líquidos do metálico. O Carateca, se tivesse uma atenção aos detalhes e uma lembrança recente afiada, notaria também que o olho do Meltan estava estático demais, não tão natural como os daqueles que achou anteriormente e se mostraram bastante expressivos. Seria algo normal ou uma coisa a se investigar? Deveria ele tentar observá-lo mais de perto por algo importante ou era melhor ignorá-lo e seguir apenas o seu caminho? O que Will faria diante dessa situação complicada? ◄

Obstinação de Granito

O Pokémon não parecia exatamente um rebelde ou um desobediente, apenas parecia gostar da companhia humana, primeiro a de Beverly e agora a de Will. O treinador aproximou-se o máximo que pôde da criaturinha e a observou, falando sobre os seus amigos que ficaram para trás e dizendo que bastaria seguir naquela direção para encontrá-los, mas a reação de Meltan foi inclinar a cabeça, ou seja lá o que significava aquela porca gigante e dourada, para o lado em um tom de dúvida. Além do mais, o Carateca também conseguia notar dois pontinhos pretos logo acima do grande olho flutuante, na própria "porca dourada", que eram um tanto estranhos e aparentemente deslocados do que havia visto nos outros três espécimes. Entretanto, assim que Will se levantou e afastou o pé, a criatura simplesmente afastou-se um pouco e o ficou observando, estática, sem ir embora ou qualquer outra atitude suspeita ou não.

– Acho que ele só está passeando... Foi um bem assim que eu vi lá em cima, no meio dos Makuhita. Eles pareciam ignorar ele e só o treinador estava interessado. Talvez seja o mesmo, vai que não conseguiu ser capturado e fugiu! – Constatou a garota, agora conseguindo aproximar-se melhor de Meltan, apesar de ainda demonstrar um pouco de medo – Até que ele é bonitinho sim, tem um jeito meio "lesado", mas é bonitinho. Só é estranho ter ele grudado na minha cabeça... Mas enfim! Vamos subir? Eu estou começando a ficar com saudade da luz do Sol... Preciso voltar em casa antes de seguir com a minha jornada ao lado de Chickito! – Afirmou Beverly, olhando para cima em direção ao destino da equipe, só que dessa vez sem se apressar em correr para não cair. O que Will decidiria? Como subiriam? ◄