Em busca dos Meltans

Antigos Mistérios

Certamente o atendimento pouco atencioso daquele porteiro não deixaria os ânimos de Gaulvi serem abalados. Ele e seu Charizard aceitaram, com ressalvas, as explicações do porteiro e afastaram-se da portaria, mas não desistiram de entrar naquele grande complexo. O treinador resolveu caminhar até a final da fila de caminhões que aguardavam para entrar no local, enquanto pesquisava rapidamente em seu PokéNav sobre algum site que poderia pertencer àquela organização. Sem o nome daquele local ficava bem difícil achar o endereço eletrônico, mas uma busca por oportunidade de trabalho como segurança de um armazém foi feita e um único resultado relevante surgiu. Não havia nome de companhia, mas o endereço eletrônico era "www.opportunity.com". Lá, apenas um logo misterioso e minimalista de três retângulos brancos, que formavam os lados de um triângulo, mas não se encontravam. Tudo isso sobre um fundo preto. Abaixo, um formulário simples para oportunidade de emprego, bastante genérico, com Nome, Endereço e Vaga Pretendida.

Nesse instante, Gaulvi e seu Pokémon já estavam próximos do final da fila e agora abordavam um dos caminhoneiros que se preparavam para entrar no local. Um aceno fez com que o motorista abaixasse o vidro, mas era notável sua insatisfação em dar atenção ao garoto, mais por nervosismo e talvez medo do que qualquer coisa. Ele deu ouvidos ao que o treinador tinha a dizer, mas parecia relutante em aceitar qualquer coisa, antes mesmo de ouvir tudo. – Ah... Bem... Não sei... Eu não... Sabe? Não trabalho aqui, minha filha me cadastrou nesse site, entende? Ela disse que pagavam bem. Eles me cadastraram e eu não disse ter nenhum ajudante. Só querem caminhoneiros, de preferência sem vínculo. Não querem mais ninguém lá dentro que não tenha cadastro – Falou o homem com bastante preocupação, suspirando profundamente antes de continuar, dessa vez falando mais baixo.

– Eu não quero confusão não, sabe? Eu sei que tem uns Pokémon a solta por aí, estão atacando metal. Eu levo metal e não quero ser atacado. Mas preciso desse dinheiro. Por favor? Não quero encrenca, mas desejo toda a sorte do mundo para você! – Terminou de dizer o homem, fechando rapidamente o vidro e engrenando a marcha para andar, já que a fila havia avançado rapidamente nesse curto espaço de tempo. Seja lá qual seja essa organização, tem um esquema bem fechado de ingresso em seu interior. Talvez outros caminhoneiros fossem menos assustados e mais abertos a ajudar, apesar deste trabalhador ter dado informações valiosas para o rapaz. Diante dessa situação conflitante e cada vez mais misteriosa e complicada, o que Gaulvi faria agora? ◄

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Após a conversa rápida com o assustado motorista, Gaulvi teve praticamente certeza de que naquele lugar não havia um negócio muito legalizado ocorrendo. Afinal, que organização se esconderia dessa forma se não tivesse algo terrível a esconder? Pensando nisso, o jovem afastou-se da fila de caminhões e fez um telefone com seu PokéNav para a Central de Rangers. Por ser um número bastante movimentado e ocupado, houve uma certa demora em ser atendido, com as horas passando rapidamente e a fila de caminhões diminuindo constantemente. Quando foi atendido, uma voz feminina surgiu do outro lado: "– Base dos Rangers, boa tarde? Alguma reclamação, dúvida ou denúncia? –" E diante disso, o jovem rapaz explicou quem era, o que estava presenciando e o que faria a respeito, para então receber uma resposta.

"– Fique tranquilo, investigaremos a denúncia cautelosamente. Sugerimos não envolver-se com o caso até a chegada de reforços dos Rangers. Qualquer atitude precipitada é muito perigosa. Repetindo, se entrar agora estará por sua própria conta e risco. Cuide-se! E até breve... –" Após anotar a denúncia de Gaulvi e lhe dar umas dicas de segurança, a atendente desligou, encerrando a ligação. Já o treinador, inscreveu-se no site daquela empresa, juntamente de Apolo e em seguida aguardou o e-mail de confirmação, que logo chegou. Com tudo confirmado, bastava ir até a recepção e clamar pela possível vaga de emprego anunciada e assim ele o fez. Por sorte, o atendente era uma pessoa diferente. Assim, não haveria a chance de uma desconfiança por parte do homem que o atendeu anteriormente.

– Hm.. Boa tarde! Você tem algum cadastro conosco para alguma prestação de serviços? – Disse o atendente, de forma bem seca, enquanto digitava algo rapidamente. Conforme Gaulvi dava alguns dados que haviam sido cadastrados, o porteiro anotava mais algumas informações no computador e parecia estar gerando um documento, numa impressora anexa ao computador. Em instantes um crachá havia sido produzido, com a foto de Gaulvi e seus dados informados – Você passará por um rápido processo seletivo no nosso Anexo I. Basta entrar pelo portão de pedestres e seguir adiante, depois esquerda e direita e passar por uma porta automática de vidro. Você será atendido pela recepção e terá que entregar suas Pokébolas com todos os seus Pokémon para participar do processo. Alguma dúvida? – Perguntou o homem, já pronto para dispensar Gaulvi, uma vez que abriu o portão de pedestres com um som de campainha. O que o treinador faria diante disso? ◄

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Gaulvi pensou rápido. Sabia que não conseguiria se defender lá dentro se tomassem seus Pokémon, então esperou ter a oportunidade para pegar algumas Pokébolas e guardar dentro de suas vestes, incluindo Scyther e Leafeon, os seus mais poderosos companheiros. Não que fosse realmente precisar, mas ele devia confiar naquela máxima que dizia: "O seguro morreu de velho" e talvez estivesse muito certo. Depois disso, seguiu as instruções dadas pelo porteiro anteriormente, chegando finalmente no prédio ordenado. Apesar do Complexo contar com um enorme galpão central, onde possivelmente o metal era armazenado, haviam prédios anexos e o destino de Gaulvi era um desses. Sua estrutura não era convencional, pois o formato lembrava um ovo coberto de vidro, que eram as janelas. A porta principal, por onde o treinador deveria entrar, também era de vidro e abriu-se automaticamente quando ele entrou.

Ao chegar, o rapaz foi direto até a recepção e apresentou-se, dizendo que havia vindo para a seleção. A recepcionista sorriu e observou seu crachá, já sabendo seu nome. A mulher apenas digitou algumas coisas e voltou a falar – Bem vindo! Você é o último a se inscrever. Bem na hora! Seu número é 33267, nós vamos te chamar por ele. Não vai demorar... Só coloque seus Pokémon nessa bandeja, por favor. – E ao dizer isso, ela ofereceu o suporte onde o rapaz colocou apenas as cápsulas que não havia escondido. Em seguida, Gaulvi foi orientado a sentar e aguardar. Quando seguiu o solicitado, minutos de espera se passaram até alguém da empresa chegar. Ali, ao lado do treinador, haviam muitos outros treinadores, cada um com seu estilo diferente. Era possível identificar Criadores, Monotreinadores e treinadores normais no meio de tanta gente e todos pararam suas conversas paralelas para ouvir o que tinham a dizer.

– Olá a todos! Sou Gustav e estou aqui para direcionar vocês na seleção para novos seguranças da empresa. Estamos contratando temporariamente em regime de urgência, pois nosso negócio está severamente ameaçado pelo surgimento desses Pokémon metálicos misteriosos por Hoenn. O que posso informar a vocês é que eles se chamam Meltan e são mais antigos do que podemos imaginar. Precisamos de treinadores capazes de lidar com Pokémon metálicos para acabar com eles... Faremos então um teste prático com cada um de vocês. Fiquem de olho em seus crachás, pois quando apitarem, vocês deverão ir para a sala que surgir na micro-tela para sua avaliação. Obrigado e boa sorte! – Explicou o homem sempre muito simpático, apesar de bastante objetivo.

Assim que Gustav se retirou, o burburinho recomeçou por alguns segundos, até que uma mistura de "beeps" começou, indicando que todos deveriam seguir para suas respectivas salas. A sala de Gaulvi era no décimo quinto andar, então era necessário pegar um elevador até a localidade. Se o rapaz seguisse o caminho correto, encontraria uma sala marcada com o seu número na porta, logo na saída dos elevadores, no andar desejado. Entretanto, talvez o garoto quisesse explorar o local, mesmo com os riscos que isso poderia trazer. Caso decidisse escapulir, haveriam lugares de interesse ainda no térreo. No corredor atrás dos elevadores havia a Administração do Anexo. Próximo a entrada havia o banheiro se seguisse o corredor da esquerda e uma cafeteria se seguisse pela direita. O que Gaulvi faria sobre toda essa situação?  ◄

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Por estar em uma empresa grande e sem ajuda de mais ninguém, talvez não fosse realmente uma boa ideia para Gaulvi escapulir de seus objetivos estipulados, afinal após um certo tempo de demora, começaria a ser procurado. Até o momento, o treinador não havia encontrado nada de tão concreto para acusar a companhia, apenas suposições em cima de detalhes que ouviu ou concluiu por suas convicções pessoais. Diante disso, resolveu que a melhor opção era seguir seu rumo até o décimo quinto andar e por isso pegou o elevador. Ele não foi o único, haviam inúmeros treinadores ao lado dele que foram descendo de andar em andar, até que só restasse ele no último destino. Quando o 15 se acendeu na tela do elevador, a porta se abriu e o rapaz pode descer.

Achar o local para onde deveria ir não era difícil, afinal só existia uma porta de frente para a saída do elevador, com o seu número piscante na frente. Assim que entrou no novo ambiente, completamente branco e com luzes fortes que criavam uma claridade quase incômoda, Gaulvi foi recebido por uma jovem segurando uma prancheta. Ao lado dela havia uma pequena quadra de batalha, feita de saibro e um cano, que surgia do chão, bem ao lado do local destinado ao desafiante, onde ele deveria parar. No final do cano, um suporte num formato de um pequeno tobogã, semelhante ao local onde bolas de boliche ficam esperando para serem escolhidas e retornam toda a vez que são lançadas.

– Olá! Chegou bem na hora! Vamos começar o seu teste? Ele consistirá em uma batalha Pokémon 1x1. Quando chegar na posição indicada um Pokémon oponente surgirá e uma de suas Pokébolas, aleatoriamente será lançada até você. Será necessário vencer o oponente com seus próprios Pokémon. Se perder ou se ganhar, um novo oponente entrará em cena e uma nova Pokébola será liberada, até que o seu combate com todos seus Pokémon tenha sido avaliado. Com isso traçaremos sua personalidade de combate e avaliaremos seu desempenho. Dito isso, você quer continuar? Aceita os termos? Se sim, basta dizer e me acompanhar até o campo de batalha – Disse ela, terminando a explicação e esperando para guiar Gaulvi até o local onde deveria ficar. O que o treinador decidiria? ◄

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Gaulvi viu a oportunidade perfeita nesses "testes" da vaga de segurança para colocar seus Pokémon em um bom treinamento, unindo o útil ao agradável. Sendo assim, o treinador prontamente aceitou os termos e disse estar pronto para enfrentar o que é que estivessem preparando para ele. A mulher que o recepcionou, sorriu e anotou em sua prancheta a confirmação, fazendo menção para que o rapaz a seguisse até o seu local designado – Aqui, exatamente nesse retângulo no chão... – Disse a mulher, apontando um retângulo marcado de branco no campo de saibro que servia de arena indoor. Do outro lado do campo, um homem com uniforme da companhia esperava ansioso um desafiante, com uma expressão de um pouco de tédio, mas tentando demonstrar empolgação em ver Gaulvi.

Ao lado do retângulo que demarcava sua posição, havia o tal cano cromado que surgia do solo e terminava em uma caixa pequena, parecida com um trilho de pista de boliche, para onde as bolas voltam após serem lançadas – Bem, aqui é o local em que deve ficar. Assim que sua primeira Pokébola surgir, o Pokémon que está dentro dela aparecerá no telão. Você então poderá lançá-la e iniciar o combate. Boa sorte! – Disse ela, terminando a nova explicação e afastando-se. Dessa vez foi o homem que tomou a palavra, após esticar os braços e estalar os dedos – Parece um bom treinador. Vamos ver se seus Pokémon correspondem às suas aparências. Esse aqui será meu companheiro nesse combate! – Disse o homem, lançando uma Great Ball, que libertou uma pequena criatura cinzenta e vermelha. Ele parecia usar uma espécie de capacete de metal e seu próprio corpo parecia ser formado de lâminas afiadas no lugar do esqueleto.


– Como Isabelle disse, você lança seu Pokémon e começa a batalha quando estiver pronto. Pode pensar bem, já está em desvantagem por não poder trocar de criatura... – Comentou o homem, cruzando os braços e sendo imitado pelo seu companheiro Pokémon. Nesse instante um som de sucção foi ouvido no cano ao lado de Gaulvi e uma Pokébola surgiu, fazendo o telão se acender. Lá, estavam estampados tanto a imagem de seu Graveler, como do Pokémon adversário, um Pawniard. No telão eram demonstrados suas barras de energia, analisadas de alguma forma pelo próprio campo de batalha. Talvez toda essa luz que emanava do teto fosse um sensor para determinar a saúde dos Pokémon em campo. De qualquer modo, dependia exclusivamente de Gaulvi iniciar o combate. O que o rapaz faria agora? ◄