(002) - Clean

As garotas continuavam com sua atividade, elas realmente queriam fisgar um peixe naquele enorme lago, mas aquilo parecia não acontecer. Todos os Magikarp e Goldeen que saltavam livremente antes desapareceram completamente, como se já estivessem acostumados com aquele tipo de “captura”, logo, se afugentavam e esperavam os que estivessem ali tentando pescá-los sair.

O casal, que estava próximo das duas treinadoras, ainda comentavam entre si, mas logo com a pergunta de Karinna eles dirigiam sua atenção a ela, respondendo devidamente à pergunta feita.

- É que eu não acho que vocês vão conseguir capturar um Pokémon aqui... – Dizia o rapaz de forma compassiva.

A moça, que estava ao seu lado, olhava para o Abra e o Sandygast enquanto seu namorado, ou algo do tipo, continuava explicando as razões de ser tão difícil alguma captura naquele lago.

- Os Pokémon daqui já são treinados para evitar captura, eles foram postos aqui por um rico no passado. Esse lago, por exemplo, é completamente artificial. – O rapaz virava seu rosto para a água e apontava com o braço para uma minúscula casa que quase desaparecia no horizonte. – Quem fez o lago, ou o aterro no caso, mora lá.

A garotas tinham sim a opção de continuar ali para simplesmente jogar conversa fora e continuar aproveitando o clima maravilhoso daquele dia, mas o dia estava passando, mesmo que fosse apenas sete horas da manhã as horas pareciam voar enquanto elas se divertiam. Talvez encontrassem algo mais adiante, mas também poderiam continuar com qualquer outra atividade em rota enquanto estivessem se conhecendo melhor e deixando seus Pokémon brincarem.

E a continuidade a aventura de Karinna e Tábata era por fim posta em cena. Elas partiam rumo a Oldale e seu caminho continuava com bastante coisas para entreter as garotas. Isso deixava a rota bem mais divertida e suas conversas poderiam ser ainda mais produtivas. Lembrar do passado era bom, mas quando isso deixava suas personalidades tristes se tornava algo destrutivo.

A treinadoras caminhavam rente ao lago ainda, pareciam não demonstrar querer voltar alguma direção para a trilha de terra batida.  A grama estava levemente molhada pelo lago, e isso era perceptível pelo brilho que ela tinha. Alguns pequenos buracos, próximos aos arbustos frutíferos dispostos pelo campo gramado, também enfeitavam o local. Certamente alguns deles eram moradas de Zigzagoon e quem sabe Linoone. Seria interessante uma dessas espécies aparecerem espontaneamente. Havia também, como antes observado, alguns Taillow planando pelo local, eles sobrevoavam toda a rota 101 e pousavam nas árvores e, em alguns casos, bicavam algumas berries que estavam caídas pelo chão. Ao fundo, caso elas prestassem bastante atenção a pequena selva, haviam alguns Poochyena correndo, como se escondessem daquela grande multidão que transitava pela área.

Era de fato um local repleto de opções, elas poderiam explorar por diversos lugares, talvez continuar caminhando pelo campo gramado, talvez começar a explorar a pequena selva e ver o que elas encontrariam lá. Relatos, principalmente de Littleroot, diziam que haviam alguns boatos de histórias sobrenaturais em uma casa abandonada na rota 101. Talvez fosse apenas lendas urbanas, mas... quem sabe não seria verdade?

Além de tudo isso elas também percebiam que, a cada passo que se aproximavam daquela pequena aglomeração em volta do Zangoose e seu treinador elas viam algumas placas. Era bem chamativo o que elas diziam: “Pago 1000 Pk$ para quem me vencer em uma batalha”.

O jovem sorria ao enfrentar e derrotar facilmente os jovens que o desafiavam, ele acariciava seu Zangoose após as rápidas batalhas e também continuava gesticulando, com as mãos, como se chamasse mais algum outro corajoso o suficiente para derrota-lo. Ele visivelmente se sentia imbatível.

Algo que também poderia chamar a atenção das garotas era que finalmente a barraquinha de sorvete havia começado a funcionar, e a fila estava enorme. Muitos sorriam com suas casquinhas nas mãos e outros comentavam sobre o sabor delicioso daquele sorvete. Era notável que havia um pequeno detalhe na placa dizendo: “Cones de Castelia”. Talvez a cidade havia recebido alguns visitantes de regiões longínquas.

Karinne e Tábata, tinham muito o que fazer.

Ao adentrarem pela floresta elas puderam sentir o quão diferente era aquele local. Elas, logo em um arco de varas secas, finas ripas e algumas vinhas, que servia como “portal” para a entrada da pequena selva, uma energia diferente parecia emanar da mesma.

Sussurros saíam de dentro da floresta, entre as árvores e de baixo de troncos. Era estranho ao mesmo tempo que assustador, mas, talvez, como pessoas acostumadas com eventos sobrenaturais aquilo não seria uma grande coisa, apenas um sinal de que elas estavam em um território diferente.

A floresta era bem clichê. Suas grandes árvores pareciam não ter fim e suas grossas raízes destruíam o chão. Elas estavam, muitas vezes, encobertas por uma camada verde e úmida de musgo, além de muitas vinhas envolvendo-a. Haviam troncos no chão e também alguns buracos entre a vegetação gramínea. Muitas partes da floresta estava escura devido a densidade da mesma, não sendo possível ver muito longe, cerca de njo máximo cinco ou seis metros, e nada além disso. Era fácil se perder nela, afinal, não havia nenhuma trilha ou coisa parecida.

As garotas também ouviam barulhos bem peculiares, alguns sons de pássaros, bater de asas e seus cantos, alguns latidos e sons de patas batendo no chão e, ao fundo, uivados. Quem sabe o que aquele local guardava.

Vários insetos também se locomoviam pelas árvores e vinhas, deixando um fino, e quase invisível, rastro de fio de seda pelo caminho. Wurmples se esgueiravam entre as folhas para comê-las, além de Cascoon e Silcoon que se penduravam ao alto nas árvores protegidas por Dustox e Beautifly que dormiam calmamente próximas de seus casulos.

A floresta era simplesmente fantástica, tinha muito o que explorar, mas, até agora, nenhum sinal da tal casa abandonada.