02 - Cidade Natal

Depois de Thomas propor que usassem Geleia para ajuda-los, Lucas logo pensou no que poderia ser o Geleia. A primeira opção que veio a sua mente foi o Grimer que o garoto tinha capturado, e ele estava certo, apesar de querer não estar.

- Sim! É ele mesmo. Gostaram do nome? Acho que combina com ele. – Thomas dizia com um grande sorriso no rosto. Parecia alguém que tinha acabado de salvar o dia. Logo que terminou de falar, logo pegou a esfera onde tinha capturado o pokémon, e apertou seu botão para libera-lo. - Olá! Meu nome é Thomas, e você vai se chamar Geleia. Vamos ser amigos agora. – Ele dizia pegando o Potion que Marco tinha lhe dado. - Tome isso aqui, para se sentir melhor.

O Grimer, ao sair da esfera, parecia bastante atordoado ainda. Mas assim que o garoto lhe aplicou o Potion ele pareceu se sentir mais feliz. Apesar da reação positiva com Thomas, ele pareceu não estar muito feliz com os outros dois. Ele deu alguns gemidos desaforados e se grudou na perna de seu novo treinador.

- Geleia, será que você pode nos ajudar? – O Grimer olhou para Thomas curioso. - Precisamos encontrar os outros Grimer que moram aqui no esgoto. Sabe nos dizer onde é?

O Grimer pareceu bastante curioso, e por um momento não fez nenhum movimento, nem som. Mas depois de algum tempo, ele esticou uma parte de seu corpo como se fosse um braço e apontou para o corredor que descia.

- E aí Lucas, parece que fica lá embaixo. – Marco comentava. - Vamos continuar descendo? Pra mim não parece tão perigoso, e parece que não vamos ter problema em voltar se der algum problema. O caminho não é muito inclinado, então vamos conseguir subir tranquilo.

- Obrigado Geleia, você é muito esperto. – Thomas agradecia fazendo um carinho na cabeça de lodo do pokémon. - Lucas, o que vamos fazer se aparecer mais Grimer?

- Então vamos lá! – Thomas dizia animado depois da explicação.

- Isso aí! Vamos resolver isso e voltar inteiros. – Marco completava vendo que poderia ser perigosa aquela missão. Lucas também sabia disso, mas era melhor pensar positivo.

Assim, o grupo voltou a caminhar, seguindo em direção ao nível mais baixo que o caminho os levava. Não demorou muito para terminar a descida e o caminho voltar a seguir reto. Mas para desprazer deles, o cheiro parecia voltar a piorar, já que o número de bueiros acima deles parecia diminuir. Antes parecia ter um bueiro a mais ou menos três metros, o que estava deixando o túnel bem iluminado e mais ventilado, mas ao decorrer do caminho, o número foi diminuindo, e depois do último bueiro, eles só encontraram o próximo depois de uns dez metros.

Com o túnel ficando mais escuro novamente, os garotos tiveram que acender suas lanternas de novo. Geleia parecia gostar do escuro, e se arrastava sempre grudado à perna de Thomas. Os dois pareciam se gostar, era estranho.

Depois de andarem mais alguns metros depois do bueiro, eles acabaram chegando a um local bastante estranho. Saindo do túnel principal, à direita, havia um salão subterrâneo. Nesse salão vários painéis elétricos pareciam estar interligados com algo na superfície. Era como se fosse uma central elétrica subterrânea. Apesar de estar bem escuro ali, as faíscas elétricas que saíam do painel criavam uma leve iluminação quando apareciam. Além disso, pareci haver algo estranho por ali. Um amontoado de fios soltos em um canto, aconchegava um ovo. Um ovo pokémon sozinho ali? Era bem suspeito.

- O que é aquilo? Parece ser um ovo. – Thomas perguntou querendo se aproximar.

- Calma aí! Não tá vendo que pode tomar choque se chegar perto? – Marco segurava o mais novo. - Lucas, o que acha? Quer arriscar pegar o ovo? Eu prefiro não tentar. Mas se quiser, pode ficar com ele.

Era uma situação inusitada, encontrar um ovo sozinho em um local daqueles. Mas pelo menos parecia ser algo interessante, poder chocar um ovo e descobrir o que sairia de dentro dele. Apesar de o local do ninho acabar dando alguma dica de que tipo de pokémon nasceria dele. Lucas poderia optar por tentar pegar o ovo, ou apenas seguir o caminho em direção aos Grimer, mas não parecia muito inteligente deixar aquela oportunidade passar.  

- Espero que não fique muito longe pra voltar... já tô ficando com fome. – Marco comentava em resposta à observação de Lucas a respeito dos bueiros.

Enquanto continuavam, acabavam se deparando com um ovo pokémon largado naquele local estranho. Apesar do pensamento de Lucas de que aquilo poderia ser sinal de estarem se aproximando do ninho dos Grimer, ainda assim não parecia ser o caso, já que o local onde estava o ovo, não havia nenhum rastro de Grimer. O simples fato dos fios soltos ter sido jogado ao redor do ovo, já era um indicio de que provavelmente se tratava de um ovo de outra espécie.

Mas Lucas não parecia inclinado a deixar aquele ovo para trás. Pedindo para Marco vigiar a retaguarda, ele se concentrou no ovo, pedindo pra que Ekans o buscasse.

- Certo! Pode deixar comigo. – O outro respondia enquanto se posicionava para a vigia.

Ekans se arrastou com cuidado entre os fios soltos, eles pareciam carregados. Ela parecia não ter muito problema para enxergar no escuro, e muito menos para carregar o ovo. Abrindo sua boca com bastante cuidado, de forma a ficar maior que seu próprio corpo, Ekans pegou o ovo. Com mais cuidado ainda, para não espremer o ovo, ela se rastejou de volta para onde seu treinador estava.

- Uuu. Que legal! Nunca pensei que ela poderia fazer isso. – Thomas comentava espantado e curioso. Geleia não parecia surpreendido com aquilo, mas pareceu que algo que estava por vir o surpreendeu ao ponto de ele se endurecer um pouco.

Enquanto Lucas guardava o ovo em sua mochila, para continuarem a seguir o caminho. Um som de água corrente começou a ecoar pelo túnel do esgoto. O som vinha de onde eles tinham vindo, e parecia ser bastante água. Parecia que estava na hora de correrem, ou poderiam tomar um banho.

O caminho à frente possuía uma segunda encruzilhada de túneis. Eles poderiam escolher seguir novamente pela esquerda, assim como Lucas havia sugerido antes, mas à esquerda era o caminho que continuaria a descer, e por onde a água provavelmente também desceria. O caminho à frente seguia praticamente da mesma forma, uma descida um pouco menos inclinada, mas que ainda poderia atrais uma parte da água. Por fim o caminho à direita, uma leve subida assim como a que estavam descendo, mas que talvez os mantivesse seguros enquanto a água passava.

- O que foi isso? – Marco perguntava.

- Acho que temos que correr! – Thomas pegava Geleia no colo e se preparava para correr ao sinal de Lucas.

Os três jovens correram rápido o suficiente para alcançar o novo túnel bem a tempo de se livrarem de um banho fétido de água de esgoto. Pelo menos a maior parte de seus corpos, já que a água acertou seus pés e os deixou ensopados.

- Ufa! Essa foi por pouco. – Marco comentou assim que a água terminou de passar, mas parecia cedo demais para comemorar.

Quando a água passou, em seu rastro surgiu mais um grupo de Grimer, mas para azar dos treinadores, não eram apenas dois. Parecia que a água havia os empurrado pelo túnel, levando-os até onde quer que fosse o fundo do poço, literalmente. Porém, alguns deles acabavam ficando pelo caminho, já que se agarravam em alguma coisa. No caso, quatro deles acabaram se agarrando um no outro, e um deles se prendeu na bifurcação dos dois túneis que desciam.

Assim que a água terminou de escoar para os dois lados, os Grimer se soltaram e acabaram se assustando com os humanos que estavam ali embaixo. Um deles imediatamente fugiu pelo túnel à frente, o que seria o da esquerda de onde vieram, que era o caminho escolhido para seguir de acordo com a lógica de Lucas. O restante dos Grimer, continuou ali parado observando os humanos.

- Não estou vendo nenhuma mancha preta no corpo deles. Mas não conseguir ver no do outro que fugiu. – Thomas disse quebrando a tensão do momento. Os Grimer se olharam sem entender e começaram a se preparar para se defender.

O que Lucas escolheria fazer, batalhar ou seguir o fugitivo? Eles não pareciam estar longe do fim do túnel.

Lucas não pensava duas vezes em sair correndo atrás do Grimer que havia fugido, mas o pequenino não parecia tão lento naquele local propicio. Usando os resquícios da água que tinha acabado de escoar pelo túnel, o pokémon deslizou mais rápido que sua velocidade normal, deixando os treinadores com um trabalho um pouco maior para alcança-lo.

Thomas logo correu atrás, sendo seguido de perto por Marco. Mas o terceiro não parecia muito feliz com essa decisão, e logo decidiu indagar sobre a escolha de Lucas. - Acho que isso pode nos dar um problema depois. Eles estão vindo atrás da gente, e se tiver outros lá na frente, vamos ficar cercados, e pode ser pior do que derrotar eles agora.

Como tinham passado pelos três pokémon restantes, eles se sentiram ainda mais ameaçados, já que provavelmente o ninho ficava à frente. Assim que os treinadores passaram correndo, os Grimer tentaram atirar lodo contra eles, errando por pouco, mas iniciando uma dupla perseguição.

Mesmo com a técnica de locomoção no esgoto que os selvagens apresentavam, os humanos ainda conseguiam superar aquela velocidade. O problema era que Marco poderia estar certo, e a situação poderia piorar. E sem deixar os pokémon ainda mais fortes, era bem provável que não conseguiriam derrotar o que poderia estar no fim do túnel.