(003) - Delicate

— Eu venci? — imediatamente saía do transe raivoso que estava, correndo na direção de Mochi e abraçando-o — Você e seu irmão foram incríveis! Eu não poderia estar mais orgulhosa.

Queria poder abraçar Sushi também porém a preguiça psíquica estava muito debilitada e era melhor deixá-la descansar por enquanto, pelo menos até recuperar suas forças. Assim que pus Ralts em meus braços pude sentir de verdade a dor que o soco no chão havia causado: minha mão estava inchada e extremamente dolorida. Olhei para o lado oposto do campo e percebi Kyle correndo para longe após retornar seu Pokémon, será que eu acabei o magoando de verdade? Que droga. Esperava vê-lo de novo para poder pedir desculpas pelo que falei no calor do momento.

Logo o organizador do torneio veio para me ajudar e receber próprios cuidados em minha mão, mas antes eu precisava falar com Tábata. Me aproximei da garota que logo veio me parabenizar pela vitória. Antes, percebi um vulto atrás de mim e era o mascarado, mais uma vez, aparecendo e se preparando para batalha.

— Tábata, confie no seu potencial e de seus Pokémon. — abracei a garota, espremendo Mochi entre nós, que logo usava o Teleport para sair daquela situação desconfortável — Conheço pessoas como ele: Não se deixe levar pelas coisas que aquele homem disser, o único objetivo dele será te desestabilizar, principalmente por você ter essa cara de boba.

Sorri para a garota e logo voltei de costas, seguindo em direção à tenda para receber os devidos cuidados médicos e recuperar Sushi e Mochi dessa última difícil batalha. Tudo que eu queria no momento era parar de sentir dor na mão e poder pedir desculpas à Kyle, se ele já fica irritado quando perde batalhas com pessoas aleatórias, que dirá perder para mim. Depois de me recuperar, assistiria um pouco da batalha de Tábata e em seguida iria procurar o rapaz, que não poderia ter ido longe... Será que eu conseguirei encontrá-lo?

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Me enganei ao achar que havia visto Blaze, quando na realidade, estava tão repleta de dor do soco que desferi no chão que vi uma miragem. Estava terminando de recuperar meus Pokémon e receber os devidos cuidados em minhas mãos quando anunciaram que o rapaz mascarado perdera por W.O. Imediatamente olhei para Tábata com os olhos arregalados: era finalmente a hora de nos enfrentarmos.

A jovem garota de cabelos negros que me ajudara desde o início de jornada entraria em um embate contra mim. Não vou mentir, meu coração apertou no momento que a fitei ao longo do campo e comecei a caminhar na direção dela, abraçando-a com toda força que restava dentro de mim. Sabe-se lá porque eu estava tão apegada à menina, mas pessoas boas como ela nunca haviam passado pela minha vida; não desde que minha família toda foi assassinada.

— Boa sorte! — sorri — Sei que estou em desvantagem, mas vamos fazer dessa a melhor batalha das nossas vidas.

Lembrei-me das regras que o apresentador havia dito e logo segurei minha primeira Pokéball, liberando Sushi em campo. O pequeno psíquico parecia tranquilo e logo tomou um susto quando viu a treinadora de fantasmas do outro lado do campo, me olhando brevemente. Abra parecia estranho, ele estava envolto em uma aura amarela bem forte, sabe-se lá o porquê.

Kyle continuava sumido e o rapaz esquisito de máscara também havia desaparecido. Uma tristeza me pegou de surpresa, será que eu havia magoado o rapaz tanto assim? Pensei que ele pudesse ao menos assistir essa última batalha. Balancei a cabeça para deixar esses pensamentos passarem rapidamente, mas ainda sim na minha mente eu parecia me importar demais com isso... Por que será?

— Sushi, vamos dar o nosso máximo! Essa é a nossa chance de vencermos o campeonato e irmos para o Contest! — sorri para o pequeno psíquico — Use Round duas vezes seguidas e mergulhe por dentro do primeiro anel sonoro!

A ideia era Abra utilizar uma das nossas estratégias favoritas: castar os círculos tricolores e mergulhar com sua grande velocidade por dentro do primeiro, liberando o segundo após chegar próximo ao inimigo. Ainda não entendia o motivo dele estar com essa aura dourada, mas sei que deixaria o movimento belíssimo.

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— Sushi? — indaguei quase inaudível ao ver o Pokémon evoluindo — Arceus do céu...

Abra evoluiu em meio ao combate e me pegou completamente de surpresa. Observei-o com brilho nos olhos, até terminar de levar o inseto de Tábata ao desmaio. Parecia que minha ficha não caía: eu olhava Sushi completamente abobalhada, vendo agora um pomposo e brilhante Kadabra na minha frente. Minha vontade era correr e abraça-lo com muita força e agradecer por todo seu companheirismo e amor. Tinha certeza que Abra evoluiu para poder me ajudar a vencer.

Saí do meu transe de felicidade assim que a jovem treinadora de fantasma lançava sua mariposa em campo, meu histórico com a mesma não era muito bom, algumas horas atrás minha vontade era de arrancar as asas dela com minhas próprias mãos, mas precisava me concentrar de uma vez por todas: Abra derrotou-a uma vez e assim o faria de novo.

— Sushi! Vamos acabar com ela mais uma vez! — exclamei extasiada de felicidade socando o ar com a mão machucada — Acerte a mariposa com seu Confusion duas vezes!

O fato de ter crescido e sigo criada por um Kadabra me dava uma certa vantagem; eu conhecia absolutamente tudo sobre o Pokémon, desde altura até quantos pelos a espécie possui em sua longa cauda. Continuava fitando o meu mais novo monstro de bolso, mesmo se perdesse essa batalha e torneio, ficaria extremamente feliz só de Abra ter evoluído para me ajudar.

Aparentemente a estratégia conjunta que combinamos havia me pego de surpresa. Se não fosse pela Oran Berry, apenas um ataque bastaria para derrotar Dustox de uma vez, mas a mariposa comia uma fruta dada por Tábata e se recuperava um pouco.

Kadabra parecia extremamente poderoso, seus ataques eram rápidos e seu poder ofensivo de me deixar de queixo caído. A evolução de Sushi não poderia ter vindo em hora melhor e estava na hora de derrotar mais um dos Pokémon da treinadora de fantasma. Amizades a parte, eu queria muito aquela vitória e aquele prêmio.

— Vamos acabar com isso, Sushi! — o psíquico consentiu enquanto segurava sua colher, ri um pouco porque sempre achei engraçado o fato de Kadabra e Alakazam segurarem um utensílio de cozinha — Acerte-a com mais dois poderosos Confusion.

Já que não podíamos deixá-la confusa, deveríamos continuar com a estratégia de sermos super ofensivos, abusando do grande poderio do meu psíquico recém-evoluído. A ideia era atingi-la primeiro com as ondas psíquicas para em seguida controla-la após o furacão que jogaria na direção de Sushi. Eu podia sentir a vitória, mas o Pokémon mais perigoso e forte de Tábata ainda estava por vir. Caso eu derrubasse Dustox nessa rodada, retornaria Kadabra e utilizaria Ralts, já que além de não colocar dois amigos para lutar, era hora do pequenino entrar em ação também.