Capítulo 8 - Calmaria [Tielo]

Sootopolis

Alguma medida seria necessária contra aquele clima completamente abstrato e pesado. Por sorte, Morty era um jovem muito adepto da calmaria. Uma pessoa que gostava de meditar e extrair da mente pensamentos incertos, irregulares e frustantes.

Tielo senta entre Jynx e Jake, seguido por Blissey e Morte ao outro lado. E assim refletem em silêncio.

A princípio, a natureza em sua exuberante e bela sinfonia. Movida por Pokémons, o belo vocal do vento sibilando entre árvores acompanhado do coro da grama e folhas se remexendo em sua companhia. Nada truculento, apenas leve e suave. Ao fundo, o som de uma água caminhando em seu curso, porém, baixo, talvez estivesse longe... Era tudo impecável. A natureza era bela, até para quem não era privilegiado com o dom da visão. Apenas a audição seria o suficiente para esse conforto.

Momento brilhante para uma canção! Pensou... Mas antes que pudesse pegar seu instrumento, notou uma música. Um idioma completamente diferente. Jynx! A Pokémon se sentia tão confortável, que começou a cantarolar baixinho... Apesar de ser para todos, era como se ela quisesse ninar o pequeno ovo. Era incrível como a sinergia de Jynx com os filhotes de sua equipe era gigantesca!

A canção de Jynx era leve e suave, e Tielo decidia não atrapalhar. O momento era dela!

Parecia que, ao tocar o ovo a pedido de Jynx, Tielo sentia um pouco a negligencia que havia tido com o pequeno, que ainda sequer nascera. As coisas aconteciam tão rápido que, Tielo somente adiava eventos. Importantes eventos. Não só para si, não só para Pokémons... Jake era um destes. Havia adiado qualquer abordagem com o garoto. Não quer fosse um propósito egoísta. A sua prioridade desde que conheceu Doris era exatamente ela. Mas, o choro baixo, quase silencioso do jovem, mostrava como ele também não tinha tido a melhor das atenções de Tielo...

Colocou as mãos nas costas dele, e a acariciou subindo até a cabeça do jovem. Onde, com um afago, aproximou-o de si, e após um leve beijo entre seus cabelos, colocou-o sob seus ombros para que pudesse aliviar. Uma forma de substituir as palavras 'Está tudo bem, porque eu estou aqui...'

Acreditava sempre que chorar era bom. Apesar de poucas vezes ter se dado ao luxo para isso, mas... Chorar sempre trazia uma sensação reconfortante. Era como se tomasse um remédio que tirasse toxinas do corpo. Lavava um pouco os sentimentos. Quem não pensa melhor depois de algumas lágrimas? Se o corpo ta precisando eliminar, deixe-o que elimine.

No fundo, Tielo sorria. Apesar das situações. Não era um cara pessimista, olhava o lado bom de tudo, apesar do que estavam vivendo. Sabia que Morty era um excelente treinador e estava ali ajudando por se solidarizar com uma causa nobre. Sabia que seu ovo, apesar da pouca responsabilidade dele estava na melhor companhia e responsabilidade, e que mesmo que acontecesse algo com ele ali, estaria tudo bem para o bebê desde que ficasse com Jynx. E sabia que Jake tinha um coração que com certeza o mundo que vivia não o merecia.

— Só não chora quem já morreu por dentro... - Disse baixinho para que só ele ouvisse. Esperava agora, por todos, para poder prosseguir.

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O clima entra Jake e Tielo era evidente, desde quando o bardo não notava o jovem, lá no Centro Pokémon. Para o azar do misterioso homem, Tielo era misterioso e com certas atitudes excêntricas e egocêntricas. Tinha em si, sim a meta de brincar um pouco com Jake. Mas agora já não sabia mais o que queria. Geralmente, quando fazia, não tinha nenhum contato com a história ou com a pessoa em si. Seduzia, consumia os atos, pegava sua recompensa, e partia rumo a fora.

A sensação de que Tielo era uma pessoa completamente do bem, vinha de sua personalidade pacífica. Claramente, nunca foi de brigar, mas seu intuito estava sempre entre, tirar vantagem, e seu coração mole arrependido. Ainda conciliando isso com sua arte. Era uma peça confusa, que só ele vivia.

Sentia o apego de Jake, e isso pra ele era desesperador, afinal, iria quebrar o coração do jovem em um momento ou outro, ao mesmo tempo que não achava certo fazê-lo.

O toque de Jake era quente. Dava calor. Arrepios. E quando quase chegou à um beijo, Tielo segurou o queixo do jovem, sorriu maliciosamente, e disse:

— Eu sei... - E afastou-se um pouco de Jake, e levantando-se cuidadosamente. - E não temos muito tempo a perder. Doris está muito aflita. É a vida inteira dela que está presa aqui dentro... - Olhou para Morty esperando uma concordância, e piscou para Jake, para que não ficasse tão mal visto.

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Tielo retornou Jynx que, apesar da expressão calma de Tielo, ela mantinha um de preocupação. Mas não relutou, foi para dentro da Pokébola sem exitar. Agora Tielo colocava o ovo dentro de sua mochila, em meio à algumas roupas para que se mantivesse aquecido.

Procurou não encarar Jake. Estava lutando mentalmente contra si mesmo para decidir a finalidade daquela relação. E respirando fundo, seguiu Morty. Os três mosqueteiros iam bem, apesar dos obstáculos. Tielo não era muito atlético, apesar do seu corpo dizer um pouco que sim. Mas tirava aquilo de letra.

Morty mostrava as duas opções. A janela e a porta. A porta obviamente estaria trancada. Não imaginava como poderia ajudar.

— Eu poderia pedir para Jynx congelar a trinca mas, não tenho certeza de que seria uma opção silenciosa. - Disse em um sussurro. Em uma posição escondida praticamente encostado em Jake, onde quase poderia ouvir o coração do rapaz bater. - Ou então poderiamos derreter a trinca com Larvesta ou Thyplosion do Jake... Não sei se a janela é uma boa opção pois teríamos que nos separar por alguns momentos e... É perigoso...

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Tielo compreendeu Morty. Era óbvio que o jovem tinha mais experiência que ele. Não em furtividade e invasão... Ou sim, vai saber... Mas em como lidar com estratégia. Esse era o ponto chave para bons treinadores, principalmente para um líder de ginásio. A estratégia de Morty era aquela e Tielo confiaria.

Morty iria se arriscar um pouco, era para o bardo se preocupar e negar. Mas não tinha sequer outra alternativa para improvisar. Então, obedeceu.

Jake abaixou-se um pouco para que Tielo pudesse subir em seus ombros. Formariam uma espécie de ponte ou escada para que Morty pudesse subir até a janela. Era engraçado a cena, principalmente para Tielo que, se excitava um pouco ao manter tanto contato físico com Jake. Era visível e notável, principalmente para o homem que estava abaixo dele pois sua cabeça tinha mais contato com seu corpo agora. Mas Tielo sequer disfarçou, era involuntário então, pra que gastar energia pensando nisso.

Então estava pronto para ajudar Morty a fazer o que tinha que fazer.

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O clima como previsto, seria de pura tensão, principalmente pelo fato de estarem de mãos atadas caso algo acontecesse com Morty. Ele estava dentro daquele edifício sem nenhuma ajuda, a não ser seus Pokémons. E cada segundo parecia tornar-se horas.

Tielo imaginava que demoraria um pouco para ele aparecer e abrir a porta, afinal, poderia ser um labirinto ali dentro, ou ele estar esperando o momento ideal para tentar fazer aquilo, ou não achar modos edificientes de abrir a porta sem causar no mínimo um barulho extremo.

Olhou para Jake que ainda estava um pouco vermelho e resolveu provocá-lo para amenizar a situação. Piscou o olho direito para o colega enquanto mordia os lábios e é claro que isso desconcertaria ele. Chegou perto dele e deu uma apalpada na sua bunda e logo saiu de perto como se não fosse ele a ter feito aquilo.

Não saberia como seria a reação dele, mas gostava de joguinhos.

Então, um barulho finalmente vem da fechadura. Só que parecia demorar demais a conseguir abrir. Tielo pega uma Pokébola em mão, sem sequer saber de qual Pokémon seria, e ficou encostado na parede esperando que alguém aparecesse para tomar uma decisão.