[001] First Things First

first things first

A mulher pareceu entender que os dois não tinham intenções ruins. Os dois pequenos ratos elétricos estavam completamente encantados com a dupla de treinadores. O de orelhas vermelhas estava mais próximo de Lief, curioso observava cada parte do garoto e de seus pokémon. Já o de orelhas azuis estava no colo de Amélia. Taillow estava animado de conhecer outros pokémon, mas Misdreavus estava inquieta, não tirando seus olhos da mulher que os observava.

Ela falou, contou-lhes que vivia há muito tempo naquela casa e que, embora Minun e Plusle lhe fizessem companhia, eles pareciam muito solitários ali dentro. O pesar na voz e nas palavras carregou o ambiente. O garoto entendeu porque Yomi estava estranha, ela estava tentando usar suas habilidades para absorver as angústias da moradora, mas nunca acabava. A pequena fantasma sentiu-se mergulhada em um oceano de medos e arrependimentos e então... Identificou-se.

Por uma fração de segundo o corpo da mulher pareceu desaparecer, se Lief não estivesse tão concentrado em entender a situação, não teria sido capaz de perceber. E foi assim que finalmente entendeu.

— Yomi, ela é como você... — sussurrou e então olhou a mulher nos olhos — Posso te perguntar... Qual seu nome? Tem algo que possamos fazer por você?

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Lief nunca fora de acreditar no sobrenatural e em religiões, mas já ouviu diversas histórias sobre como almas podiam ficar presas ao mundo terreno por conta de assuntos inacabados ou objetos materiais. Mesmo com seu ceticismo, nem por um momento duvidou do que estava a sua frente, a sensação era verdadeira demais. Fez uma oferta sincera e a felicidade com que foi respondido aqueceu seu coração.

O pedido da mulher era simples, que destruíssem os espelhos da casa, parecia que eram eles que a prendiam ainda ali. Amélia concordou prontamente, com certeza ela também entendera a situação em que estavam. O garoto olhou para os dois pequenos pokémon elétricos.

— Acho que vocês devem se despedir... — falou baixo, mas não estava triste, sentia que estava fazendo a coisa certa — Nós vamos te ajudar!

Esperou um pouco e então comandou que Taillow e Misdreavus começassem os ataques.

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Minun e Plusle hesitaram, mas logo aproximaram-se de sua companheira. A despedida deles foi breve e mesmo assim carregada de emoção, era nítido que aqueles três haviam passado por muita coisa juntos. Os pokémon começaram então a destruir os espelhos. Cada um que quebravam, ao invés de se desmanchar em cacos de vidro, começava a se dissolver no ar.

Lief parou e voltou sua atenção para a mulher que, cada espelho que destruíam deixava o vulto dela mais opaco, tornando-se translúcido e aos poucos desaparecendo. O garoto não foi capaz de conter uma lágrima. Era impossível não lembrar de seu pai. Talvez ele também estivesse preso em algum lugar, precisando de ajuda para descansar. Misdreavus aproximou-se e então ele sorriu. Afinal, era o que o pai sempre lhe dissera, para ser alegre e sorrir nas dificuldades.

— Yomi, acho que nossa equipe vai aumentar. — falou baixo enquanto virava para os pequenos monstros elétricos — Acho que vocês já ficaram tempo demais nessa casa... Nós estamos viajando para conhecer este continente, adoraríamos que vocês nos acompanhassem. Que tal?

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Os dois pequenos pokémon mostraram-se alegres com o convite. Minun correu na direção de Amélia enquanto Plusle abraçou a perna do garoto. Lief então buscou em sua mochila uma pokébola, estava começando a se acostumar com aquilo, nesse começo de jornada já aprendeu que a batalha não é a única forma de conquistar a confiança de um pokémon e conseguir um novo companheiro de viagem. Encostou a pequena esfera alvirrubra no ratinho elétrico. Um forte brilho vermelho surgiu e a pokébola repousou no chão, balançando-se.

— Já está tarde, talvez seja melhor encontrarmos os outros e voltarmos para o centro pokémon! — disse para Amélia enquanto aguardava o resultado.

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A captura foi bem sucedida e Amélia concordou com a sugestão do garoto. Os dois desceram e reencontraram Derek e Lexie que não haviam visto nada fora do normal no andar inferior. Sentiam-se diferentes após o encontro com a mulher fantasma, mas guardaram para si a experiência. Todos foram na direção do Centro Pokémon.

Conforme voltavam para a região central de Slateport, o cenário mudava. Deixaram para trás o ar sombrio e pesado que rondava a área das casas abandonadas e foram agraciados com o frescor da cidade litorânea. O grande prédio do Centro Pokémon mostrava-se imponente a frente do grupo. Entraram e foram na direção da Enfermeira Joy que logo lhes perguntou sobre a noite.

— Com certeza foi uma noite cheia de emoções. — disse Lief entregando seus companheiros pokémon para receberem cuidados — Se o primeiro dia nessa região já foi assim, mal posso esperar pelos próximos.

Enquanto o garoto aguardava os seus pokémon se recuperarem, começou a andar pelo hall do Centro Pokémon. Um cartaz na parede chamou sua atenção, as palavras "O País das Maravilhas" estavam em destaque. Ao se aproximar percebeu que se tratava de um evento de teatro convidando as pessoas a participarem.

— Amélia! — chamou — Você viu algo sobre isto? Parece divertido e até fala em premiações!