Sckarshantallas ficou doente?

Com um breve balançar de cabeça, a moça suspirou outra vez.

— Se você sente algo errado, não deixe pra lá. Ninguém mais pode se conhecer melhor que você mesmo. Imagine se tivesse se espatifado em pleno voo? — Censurou. Então, recuperou o termômetro, dando uma olhada na temperatura e murmurando alguma coisa para si mesma — Olha só, é bom que você acordou, mas se você quer ouvir minha opinião, acho que ainda devia ficar aqui um dia ou dois, só para garantir. — Comentou. Pouco tempo depois, um pokémon rosado parou na porta, um pequeno chapéu com uma cruz azulada em sua cabeça e uma bandeja nas mãos, e emitiu um cry suave antes de adentrar e se aproximar da maca. A enfermeira arrumou uma "mesa" sobre a cama, acima das pernas do menino, e se abaixou minimamente para recolher a bandeja das mãos do espécime que observou Akuma com um olhar curioso. — Obrigada, Audino! — Afirmou, e a resposta do rosado foi um sorriso tranquilo. Pousou, então, a bandeja na mesinha, que tinha um sanduíche cortado em dois triângulos e um grande copo de suco. — Inclusive, antes que eu me esqueça: Sobre seus pokémons. Espero que não se importe tanto, mas tivemos um problema com falta de pessoal esses tempos e acabamos usando a ajuda deles de favor, também por questão dos gastos que tivemos esses dias... — Explicou.

Mesmo com a bronca recém-dada no menino, era impossível para a moça que não acabasse deixando escapar um pequeno sorriso com a reação recebida quando Akuma viu o seu amável assistente. Afinal, mesmo que a situação não fosse lá das melhores, como poderia se irritar com o brilho nos olhos de um treinador mirim que ansiava pela descoberta de novos pokémons? Então, mesmo que por um breve momento, resolveu dar uma colher de chá.

— É a espécie. — Respondeu, apoiando com suavidade a mão nas costas do animal, que deu um aceno tímido para a criança quando reparou em seu súbito interesse acerca de si. — Já tentamos nomear, mas ele nunca gosta de nenhuma das opções, então acabou que só chamamos de Audino. Ele chegou com uma enfermeira de Unova, que veio para cá quando soube da confusão de Kanto e Johto, sabe como é... — Explicou — Muita gente veio para Hoenn de uma vez, e as coisas ficaram meio apertadas porque não tinha pessoal pra todo mundo. Felizmente, algumas pessoas vieram ajudar, e eventualmente acabaram ficando por aqui, mesmo. — Sorriu, e apoiou novamente as mãos em frente ao corpo — Nós guardamos as suas coisas, para não ficar tudo jogado. Posso buscar sua pokédex, se quiser, depois que você comer. Ele não vai fugir, afinal! — Brincou. Com o pedido de Sckarshantallas, uma breve expressão pensativa passou pelo seu rosto. Parecia em dúvida se devia ou não permitir... — ...Bem... Você sabe que não pode treinar aqui dentro. Posso deixar que o Audino te acompanhe lá fora um pouco, mas não por muito tempo. Se quiser assim, você pode ir. — Respondeu, enfim. — Você pode vê-los, sim, mas eu acho que seu Charizard e o Quagsire não estão aqui no momento. Pedimos para eles irem ajudar a pegar algumas coisas, porque não achamos muito saudável deixá-los aqui. Estavam meio... Pra baixo, entende? Achei que seria bom deixá-los ocupados. — Comentou, balançando com suavidade a cabeça — Sobre seu sandile, seria ótimo! Uma mãozinha a mais nunca é demais, certo? Vai que encontramos uma joia da enfermagem! — Deu uma piscadela, seguida de um sorriso gentil.

— Não o suficiente para que seja preocupante, mas está. Olha, você... — Parecia prestes a dizer outra coisa, porém, foi o pokémon quem o fez, embora sem palavra alguma. De imediato, cruzou os braços em frente ao peito, e apontou com uma das mãos para a refeição abandonada pelo garoto. Certamente era um bichinho paciente, mas não parecia disposto a permitir que Akuma desse as costas e fosse embora sem sequer triscar no lanche que havia tido o trabalho de trazer... "Ora bolas, mas quanta ingratidão!", o pokémon com certeza diria, se fosse capaz. Mas, como não era, restavam as palavras ditas pelo olhar.

Ainda que inicialmente parecesse um pouco zangado, bastou a obediência de suas "ordens" por parte do garoto para que a expressão do pokémon se suavizasse outra vez. A enfermeira até achou graça, mas se manteve em silêncio, visto que não viu nenhuma necessidade real de interferir - o rosado já parecia ter tudo sob controle, afinal.

— ...Bem... Eu vou pegar sua pokédex, então. É só isso que você precisa, agora? — Questionou, e aguardou a confirmação antes que enfim se retirasse, sobrando apenas o jovem Audino para vigiar o pequeno, que torceu com sutileza o canto da boca para a sugestão de apelido, mas apenas encolheu os ombros em resposta. Talvez não se importasse tanto...

Ao contrário da primeira vez, embora demorasse por um breve momento, o pokémon de imediato sacudiu a cabeça em negativa para a nova sugestão dada pelo menino. Independente do significado, não parecia ter gostado nem um pouco da sonoridade do nome - ou por qualquer outro motivo que fosse, bem, não o havia agradado.

Após algum tempo, uma rápida invasão aconteceu no cômodo. Flutuante e veloz, um pequeno sorvete atravessou a porta num estalo, se atirando na direção de Akuma e esfregando sua superfície gélida no rosto do rapaz, choramingando lamúrias medrosas: Baunilha! Acompanhando o pokémon há alguns metros de distância, vinha Joy com um aparelho eletrônico avermelhado em mãos, e com um sorriso breve ao ver a interação de Vanillish com seu treinador, estendeu a pokédex a seu devido dono quando chegou perto.