DeAtH nOtE IV

O ciclo estava fechando; será que pela primeira vez iriam pegar o assassino? Parecia que sim! Um detetive já havia se manifestado e um grupo o havia seguido, seria este homem um Sérgio Moro da vida? Com seus seguidores talvez N já pudesse se candidatar a político. Isso se claro… não morressem todos nessa operação.

O grupo decidiu então que iria se juntar e fazer as tal “justiças com as próprias mãos” e pow, saíram em seis mascarados atrás do tão suspeito Ryousuke. O rapaz que estava já sentado em seu escritório, catando seus últimos pertences e fugindo para o mais distante canto do Brasil… isso mesmo, a Irlanda! Onde é muito frio e o Matt já foi. Pois bem, ele não conseguiria, sabem porque? Por um motivo simples, óbvio e bastante intuitivo: ele seria impedido por justiceiros.

O suspeito estava logo ali, um terrível acaso lhe fizera forçar esta saída; preparava seu plano de fuga completamente as pressas. A ideia era simples, recolheria só o necessário, botaria sua capa de frio vermelha, de veludo impermeável (que é a última moda da Irlanda) e, com ela, se esconderia ao brilho do semi-círculo da lua minguante e, ao sair pela saída de incêndio do seu prédio, passaria no supermercado para comprar lanchinhos da viagem, até porque, ele não era realmente um meliante fugitivo da lei; só estava fugindo de um grupo pequeno de pessoas que resolveram fazer justiça.

Fizera seu passo-à-passo e como ninguém sabia onde o moço morava conseguiu chegar até o supermercado sem problemas. Um lugar tão lotado não seria seu empecilho, não é mesmo? Pois é, não foi. Fez suas compras, pediu um uber e até o tal do Aeroporto Internacional de sabe-se lá onde. No uber trocou duas ou três palavras com o motorista até reparar o quanto tempo estava parado no mesmo lugar. “Oh, eu não posso perder esse vôo”, resmungou o rapaz. A passagem comprada em cima da hora para Irlanda era tão em cima da hora quanto o nome sugere; ele tinha quarenta minutos para embarcar. O que faria? Deu de ombro e decidiu ir a pé. Jogou alguns trocados no banco do carona e agradeceu a tentativa mas sua única chance era andar. Botou a mochila nas costas e ergueu sua mala com velocidade, apressou o passo para aquecer e em instantes estava já correndo.

Numa corrida bastante veloz Ryousuke demorou entender o motivo daquele trânsito todo mas ao chegar no ponto central da razão não teve como ignorar; mortos na pista. Pegara o celular no susto e procurou o veículo de notícias mais confiável, com menos Fake News e mais rápido do mundo: o twitter. Rodou os assuntos do momento no seu local de partida e descobriu que um grupo de justiceiros pareciam ter certeza de que um Assassino estaria embarcando para outra cidade, visando ir atrás dele correram até o aeroporto porém, próximo dos portões, o grupo fora atropelado por um vã completamente desgovernada. A cena era cabulosa, Ryousuke pode ver com seus próprios olhos: haviam cinco corpos ao chão, marcados com pneus e, bem próximo da entrada principal do estabelecimento. Acima de cada um dos cinco choros; uma mãe já havia chegado lá, era de Wini, o mais novo do grupo. Um dos rapazes morava fora, não tinha parentesco e sabe-se lá quando seus pais saberiam.

Mesmo mal noticiado era este o fato; os olhos não enganam. Um dos justiceiros estava mais próximo do meio fio, morrera ao bater a cabeça no traçado branco. Outro teve o pneu dianteiro esquerdo da vã sob seu esófago, um terceiro batera no parabrisa com tudo e caíra já morto, o quarto foi cortado por um estilhaço de vidro do retrovisor e sangrara muito e o último estava ao chão, de baixo do pneu dianteiro direito, com o rosto completamente desfigurado. O sexto justiceiro estava dando entrevista; ele sobreviveu. Com um rosto bastante dissimulado o rapaz era entrevistado pelo repórter e contava sua versão. “Oh, eu preferi ir pela faixa de pedestres; acabei vendo todos os meus amigos mortos. Eu não sei como isso aconteceu!”, gritava Matt que, no meio de uma fala ou outra, deixou um caderno escapar entre seus braços. Ele era o único que restou para contar a história; Wini, Joul, BigDaddy, Kaze e Bernerduzi não tiveram a mesma sorte, se é que dá para chamar assim.

No fim Matt tivera sua sorte do dia, já Ryousuke não; ainda que não fosse mais procurado acabou enfiando seu dinheiro no lixo, sua vida não corria mais risco mas, ainda assim, perdeu sua viagem para a Irlanda, que poderiam dar boas férias. Continua em solo nacional porém livre de suspeitas. E o jogo continua.

Spoiler:

Fora daquele ponto de vista mesmo que Ryousuke entendeu a história toda. Com o mesmo celular que estava nas mãos ligou para Ran, seu braço direito. Numa investigação rápida, porém precisa, ele havia descoberto: aquele caderno que caiu dos seus braços não era um objeto comum. Atravessou a área da perícia ainda que sem permissão, pulou as fitas de “mantenha distância” e fez de tudo para pegar o caderno do chão antes que o rapaz o pegasse mas eu não permitiria. Vendo a situação pude atestar um fato: Matt perdeu o jogo, não há mais porque deixar este caderno nas mãos de um humano qualquer, ele não só morreu mas fez pior, foi pego. Ao perceber a movimentação de Ryousuke comecei a escrever.


No exato instante que tirei a caneta do dera a contagem final. A cena foi esquisita; o detetive já havia chamado seu reforço e no trote apressado largara sua mala, sua mochila e sua capa no chão. Matt assustado chuta o objeto para longe e, o mesmo susto que o movimento, o matou. Um infarto acabou por dar fim à vida do assassino de segunda viagem e o Death Note? Bem, o Death Note eu mesma peguei, pouco depois de ir ao chão enquanto a confusão toda se desenrolava.