[EVENTO] ALICHE NO PAÍS DAS MÁS ERVILHAS

Teatro Continental!

Chris Ayusa!

Teatro Continental!

Chris Ayusa!

O jovem mal conseguia ler o roteiro que estava fardado a seguir, mas ainda assim conseguia executar uma interpretação que deixava a toda a equipe técnica e também ao público, simplesmente maravilhados. Era autêntica a atuação do rapaz, de conseguia reproduzir com perfeição a personalidade do tipo de personagem que lhe havia sido entregue... Um boêmio e devasso filhinho de papai. E realmente... O fizera com exito. Alguns da plateia até mesmo riam do seu soluço e de tanto ser recusado pelos outros grupos de belas garotas que se encontravam a figurar no palco. Contudo, a história tinha de prosseguir, assim, não demorara para uma nova figura com destaque surgisse ao palco, recebendo tanto destaque quanto o próprio Chris. Era uma bela garota, vestida em fantasia de gata. Tinha em suas cabeça um arco a simular suas orelhas felpudas, bem como a todo um figurino também felpudo, mantendo um visual belo, mas sem recorrer demais à sensualidade. A maquiagem em sua face realmente invocava um aspecto felino. Realmente, era uma gata.

A garota de início se limitara a apenas acenar para Chris, para que ele a avistasse e então passasse a segui-la. - Purrr... - Ronronava ela. - Ei, garotão, venha! Purrrr... Me siga! - Dizia ela, em Eis que, enquanto o rapaz caminhava em sua direção, a gatinha se virara ao público e até mesmo lançara um beijinho a eles, toda cheio de charme. No entanto, assim que o rapaz estava próximo o suficiente, ela corria pelo palco, como se estivesse a tomar uma direção totalmente aleatória. As demais garotas que estavam ao palco agora se retiravam, e Chris continuava a seguir a gatinha, que por vezes se "sentava" ao chão e se colocava a lamber suas "patas", e quando ele voltava a se aproximar, ela fugia uma vez mais. Ocorre que, a cena dela fugir se repetiam algumas poucas vezes, e a cada nova tentativa a luz jogada sobre o cenário reduzia, de forma a simbolizar que as ruas e becos pelo qual eles seguiam eram cada vez mais escuros, e aos poucos uma névoa começava a ser jogada sobre o palco, até que preenchesse todo o palco, alterando bruscamente a todo o cenário em que se viam. Quando dera conta, a figura da gatinha havia desaparecido em meio à névoa, e Chris estava agora parado ao centro do palco, envolto em um ar sombrio e nebuloso.

Ao fundo do palco, uma nova figura começava a surgir, mas pouco de si podia ser visto em meio à escuridão. O pouco que era visto deixava claro que era o oposto da gatinha a pouco visto. Sua silhueta parecia corcunda, e andava lentamente pelo palco. Chris parecia perdido... Completamente perdido. Por que mesmo havia decidido seguir a maldita gatinha, se ela apenas o fizera se perder? Ah sim, ela o chamara... Mas.... Gatos falam? Bom, talvez não tivesse raciocinado isto. De qualquer forma, agora perdido, e com uma estranha figura a se aproximar, o que mais o rapaz faria? Tentaria uma abordagem?

Teatro Continental!

Chris Ayusa!

Com o surgimento da criatura a se aproximar lenta e silenciosamente, Chris decidia então retornar à sua tão bela e confortável casa, afinal, aquilo que havia o levado até ali, a imagem de uma bela dama, que na verdade era uma gata - Ou o oposto, já que também poderia ser uma gata que em realidade se passava por dama - já não se encontrava ali... Havia a perdido de vista? Ou havia ela simplesmente evaporado junto da névoa que cobria o ambiente. Enfim, isto não mais lhe era importante, já que agora tentava localizar o caminho de volta até onde ainda a pouco se encontrava, sem ter de recorrer a manter um encontro com a estranha figura. Contudo... Estranhamente, ao procurar por uma saída, nada fora encontrado; era como se tijolos tampassem a passagem por onde viera, bloqueando assim seu caminho de volto, e mais estranho ainda, não havia nenhuma outra, ou se antes houvera uma saída, também fora repentina e inexplicavelmente bloqueada.

Assim, apesar de não desejar o encontro com a figura, parecia estar fardado a isto, já que se via preso naquele estranho local junto da senhora. Sim, era uma senhora, pois apesar de seus passos serem lentos, cada vez mais se aproximava do foco de luz, a revelar seu visual por completo. Era uma mulher, já em idade avançada, o que era visível através de sua pele, corcunda e cabelos grisalhos e desgrenhados, realmente mal cuidados. Tinha um narigão e sobre ele um pequenino óculos redondo, e para completar o visual, trajava vestes escuras, mas em retalhos. Ora... Era uma simples pessoa da cidade, não? O tipo de pessoa que trabalha nas indústrias de sua família, a receber uma remuneração medíocre apesar de seus esforços. Ou não? Bom, Chris não a conhecia, mas pelo que pudera ler do roteiro, seu personagem sim... Bom, mais ou menos. Tinha uma vaga memória dela tratando de alguns ferimentos seus quando criança... Teria sido ela uma enfermeira? mas logo a figura da mulher abria sua boca e dava início a um monólogo, onde parecia falar com o rapaz ali presente, mas que também dava a entender que estava presa a devaneios e loucura. - Você não lembraria... Ele não se lembra, não é? Teria ele poupado sua memória? Mas, então por que eu lembro? Eu deveria me lembrar e ele não... Não... Não está certo. - Dizia ela em um tom de confusão enquanto uma musica repentinamente sinistra invadia o local. - Ah, a MadHatter Co... Foi ela, não foi? A grande responsável! Sim, desprezíveis! - Continuava a delirar.

- Um passeio noturno, é, meu jovem? - Prosseguia ela a se voltar ao rapaz, se aproximando lentamente. - Não deveria perambular pela noite... Não nestes becos... - Continuava ela a se aproximar do rapaz, até ficar a uma distância mínima e desconfortável. Ora... Talvez tenha bebido demais... - Eu por acaso sei o que o trouxe até aqui... A gata, sei onde ela está... Se quiser vê-la, basta me seguir. - E assim, onde ainda a pouco não havia nenhuma outra passagem, agora surgira uma, por onde ela começava a caminhar... Iria o rapaz seguí-la? Bom... Não que parecesse ter outras alternativas.

Teatro Continental!

Chris Ayusa!

O clima certamente não era dos melhores... Havia toda aquela densa "névoa" a envolvê-los, de forma a garantir toda a tensão que os roteiristas buscavam para aquele momento, principalmente quando se levava em conta a baixa luminosidade que recaia sobre o palco; e o efeito mostrara-se eficaz, já que o público parecia apreensivo sobre o desenrolar da trama. Assim, aproveitando-se que ainda a pouco todo o cenário estava coberto em escuridão, exceto pelo ponto de luz que focava nos atores, os contrarregras trouxeram ao palco algumas diversas gaiolas, todas já bem enferrujadas e antiquadas, de forma que conforme a dupla de atores caminhavam pelo cenário, a luz ia ficando cada vez mais forte até ao ponto do público poder avistar novamente a todas as gaiolas e restante do cenário o cenário, simbolizando que agora não mais se encontravam nos becos escuros da cidade industrial. Mas... Se não estavam mais lá, onde estariam?

- Uma bruxa, você diz? - Dizia a senhora em um tom de voz um tanto cômico, o que não era lá muito engraçado com sua voz esganiçada e ardida. - Não se lembra, não é? - Continuava ela, a devanear, ou talvez não, a atravessar o que seria uma "ponte" improvisada de tábuas, apenas para finalmente alcançar as diversas gaiolas. - Bem vindo uma vez mais ao lar de meus pombos, mas... Não se lembra? Eu que o tratei... Junto do Dr. Bumby... no St. Moongus... A 15 anos atrás... Você ainda era apenas uma criança... Pobre coitado... Teria Ele poupado sua memória, ou teria você se rendido à loucura? Você não se lembra, não é? - Terminava ela a gargalhar, uma gargalhada nada cômica, mas sim sinistra. Enquanto isso, retirava de dentro de uma das gaiolas um pequeno saquinho, do qual ela retirava alguns grãos, aos quais ela "jogava" sobre algumas pombas de papel que "enfeitavam" o cenário. Bom, em verdade não jogava, mas sim interpretava tal ato. - Aproveitem, pequenos pombos... Aproveitem enquanto podem... - Ao fim, voltou a se virar para Chris, observando-o por alguns instantes, antes de uma vez mais recomeçar a seus estranhos discursos. - Você tem que se lembrar... Você precisa voltar! Precisa voltar... - E continuava a velha, a se aproximar cada vez mais do jovem enquanto continuava a recitar seu mantra. Isto é... Era necessário para fazê-lo se encontrar no ponto certo do palco...

Até que, para a surpresa do próprio Chris, o chão diante dos pés do jovem se cedia, fazendo-o cair e desaparecer do campo de visão da plateia. Claramente havia sido tudo preparado com colchões para amortecer sua queda, mas ainda assim o susto e suas expressões faciais diante da surpresa eram reais. A velha, continuava a gargalhar, enquanto vários outros atores gritavam de forma a simular o som que estava sendo reproduzido por Chris ao cair no que seria um buraco quase que interminável. Aos poucos as cortinas iam se fechando, de forma a encerrar este primeiro, contudo... A verdadeira peça estaria apenas agora se iniciando... Pois, quando as cortinas voltaram, Chris já havia sido pendurado por cordas seguras, de forma que agora bastava um leve toque seu para se soltar da mesma e cair um enorme cogumelo de Parasect almofadado, objeto este que amorteceria sua queda e o levaria ao chão em segurança. O resto do cenário, desta vez, era muito mais lúdico que os anteriores, sendo uma mescla de terreno gramíneo como um jardim, rodeado por cogumelos de Paras e Parasect em tamanho exagerado, e pelos céus peças de dominó estivessem suspensas pelo ar, por vezes girando em movimentos lentos e confusos... Uma vez que Chris chegasse ao chão, era o momento de mostrar ao público seu relato sobre a enorme queda sofrida, aparentemente, graças à senhora estranha, e ainda mostrar suas primeiras impressões daquele lugar tão surreal e colorido.

Teatro Continental!

Chris Ayusa!

O lugar era certamente estranho. Chris estava ao centro do palco, a vegetação parecia de um verde revigorante, um visual certamente confuso, mas ainda assim belo visualmente, além de colorido, o que evocava a atenção do público a tais pequenos detalhes. Seja lá quem fosse o responsável pelo cenário, estava de parabéns até então. Diversos questionamentos tomavam controle da mente do rapaz, que se via naquele local totalmente estranho e desconhecido. Afinal, quem não teme o desconhecido, não é? Um tolo. De qualquer forma, ao menos por hora nada naquele local lhe transmitia perigo... Por enquanto. Eis que, para lhe surpreender, de um determinado ponto do palco começava a subir uma névoazinha, um efeito de fumaça proporcionado por um duto levado entre as brechas das tábuas do piso do palco. A fumaça circulara por um instante, e assim que se espalhou ao resto do ambiente, desaparecendo, deu lugar a uma nova figura... Um gato. Um gato sinistro, tão sinistro, ou até mesmo mais, que a senhora que o amedrontara e praticamente o levara àquele buraco, que o fizera cair neste mundo estranho.


- Ora, ora... Já não era sem tempo! Ele está de volta... De volta ao país das maravilhas! - Anunciava a figura felina, que era totalmente distinta da primeira figura felina, mas de beleza estonteante a qual o rapaz avistara em um primeiro momento durante aquela peça. Era um tanto esquelético, e era como se houvesse uma confusão de marcas espalhadas por todo seu corpo, além de uma argola dourada atravessada em sua orelha direita, além de seu traço mais característico... Um enorme, e sombrio sorriso em sua face, o que não condizia muito com o amarelo inebriante de seus olhos ou o aspecto lúdico que havia no restante do cenário, com as peças de dominó a flutuar e o telão ao fundo exibir um belo céu azul. - Seja bem-vindo, meu caro. Sou Cheshire, o Gato de Cheshire, mas, temo ter de lhe avisar... Se voltar para casa é o que deseja, deve abandonar esta esperança! Uma nova lei reina no país das maravilhas, jovem. Uma lei muito severa, se lhe interessa dizer... Tome cuidado, e principalmente... Se você se questiona "PARA ONDE EU VOU?", deveria em verdade se questionar "Aonde quero chegar". - Terminava o gato, a aumentar ainda mais seu sorriso, se é que isso era possível, de forma que logo em seguida, uma névoa voltava a encobrí-lo, de forma que assim que a fumaça cessara, sua figura não mais estava ali, provavelmente, assim como o próprio, Chris, o chão deveria ter se aberto a seus pés para sair de cena tão rapidamente, não sem antes apontar a uma direção... Apontava ao leste.


Mas o que havia a leste? Uma simulação de laguinho de água extremamente cristalina. Seus olhos chamavam atenção para mais algumas peças de dominó, que desta vez estavam a sobrepor o que seria o lago, de forma a dar entender que para chegar ao outro lado, teria de saltar pelas peças, que alias tinham suas proporções totalmente distorcidas, já que eram até mesmo maiores que o próprio Chris. E ai... Quais seriam suas impressões sobre o rápido encontro com Cheshire, e como daria prosseguimento à aventura?