Miss Americana & The Heartbreak Prince

Apesar de ter sido aquele que propusera a teoria a Mama, ainda assim sentira pavor ao obter a confirmação de que ambas as crianças estavam verdadeiramente mortas, e que a presença de ambos ali deviam ao fato de que os dois representavam aquilo que havia sido perdido e que nunca mais reaveriam... Para Karinna, sua tão amada irmã, e para Lys, apesar de jamais ter desenvolvido um vínculo afetuoso anterior àquela situação, representava, muito provavelmente, uma vida de sanidade a sua mãe, a toda sua família. No entanto, a reação, mesmo que de pânico, não se assemelhava em nada à reação de Karinna ao ver sua irmã ser possuída. Havia prometido à personagem que a ajudaria enquanto estivessem juntos, mas por um momento se perguntou o que deveria ser feito. Deveria, de alguma forma, interromper a fúria da garota? Bem, lhe soara como se não devesse fazê-lo, afinal, aquela criatura definitivamente necessitava de punição. Sendo assim, observou-a em sua lateral por um instante, e com um olhar triste, voltou-o a Sean, que de alguma forma parecia lutar contra a entidade que o dominava... É, quer saber... Talvez The Heartbreak Prince tivesse um bocado a mais de força que Lysander, pois o ator, enquanto pessoa, a visualizar a cena, deixara-se abater facilmente. - Sean... - Dissera o rapaz, em um tom profundo enquanto sua companhia se colocava em guarda. - Sean... Você pode me escutar, não é... Em algum lugar aí... - Dissera o jovem, mais em um improviso que em a seguir o roteiro em si. - Você estava procurando por sua família, não é? - Pausara para enxugar alguns filetes de lágrimas que cobriam sua face, totalmente rubra a este ponto, sem conseguir conter os sentimentos de Lysander enquanto ator, não personagem.

- Sean, sua família está bem. - Mentiu ele, ainda a insistir em suas lágrimas. - Se todos sentem saudades suas? Claro, e duvido que um dia este sentimento mudará. Mas, eu lhe garanto... Estão bem, e não ouse acreditar no contrário. - Continuava ele, a insistir. Obviamente, naquela situação, acreditara que era o melhor a ser feito. Sean não deveria partir sentindo-se culpado por algo. Deveria ter seu merecido descanso, em paz e distante de qualquer peso que a culpa de todas as atrocidades de sua mão fossem jogadas sobre seus ombros. - Agora já basta, Sean... É hora de descansar. - Finalizava ele, a dar um passo para trás, como se abrisse o caminho para uma talvez futura investida de Karinna. - Vamos, Weavile! Combine TAUNT em Meowstic com o seu PROTECT e o de Eevee também! - Disparava ele, a apontar para o felino próximo de Sean. Sua estratégia era um tanto simples, pois consistia basicamente em um brilho especial e avermelhado em seus olhos, a formar um olhar ameaçador e intimidador a Meowstic, que seria então reforçado pelo brilho de sua barreira, fazendo com que o brilho de seus olhos se refletisse sobre a luz da tela luminosa, que alias, desta vez estaria interligada à barreira gerada também por Eevee. Juntas, ambas as telas formavam uma verdadeira muralha de luz frente a dupla, a refletir em seu centro, o olhar aterrorizador de Weavile em tons rubros, sutilmente ampliado.

A emoção sentida por Lysander diante da cena era que talvez a situação de seu personagem não era tão diferente da sua. Afinal, seus problemas surgiram com a morte precoce de sua mãe, onde em razão de tal acontecimento seu pai se fechara completamente a qualquer aproximação de Lysander, tornando-se cada vez mais frio e distante. Bom, parecera uma repetição da história, mas que ao invés da morte de um filho, fora a de sua esposa.

A emoção continuava a fluir entre os atores em cena, e apesar de não manter seu olhar voltado ao público, podia garantir que aqueles que o assistiam possuíam emoções não muito distinta da que eles mesmos estavam a enfrentar, ou mesmo quem sabe, muitos até sentiam as mesmas dores que os jovens. Afinal, quem nunca perdera um ente querido, alguém que desejaria tão fortemente voltar a reencontrar... Enfim, Lysander avistava Karinna a chamar por sua irma... Estava ela a se preparar para aquilo que ele imaginava estar pensando? Provavelmente. E, como anteriormente, o jovem não a impediria, ou mesmo a julgaria, pois estaria simplesmente a trazer, enfim, paz, àquela criança. Por fim, voltou seu olhar a Sean, que permanecia próximo da criatura róssea a enfrentar-lhe. - Aguarde apenas um pouco mais, Sean... Só mais um pouco... - Se pronunciara enquanto seus olhos se envolviam em lágrimas uma vez mais.

Esquecendo-se, por um momento, do foco interpretativo de sua apresentação, Lysander enfim voltara ao aspecto de pontuação e combate. Apesar de não saber exatamente a quantas a pontuação estava a se apresentar, o jovem tinha total ciência de que estava à frente da dupla. Mas, era seu dever garantir a maior pontuação possível, de forma que sabia exatamente o que tinha de ser feito para alcançar seu limite. - Weasel, eu lhe peço! - Bradara ele, a apontar para ambos os oponentes. - Por favor, traga Sean até aqui... - Prosseguira ele, em um tom alto e determinado, porém ainda assim preocupado e emotivo. - Use de seu ICE WIND de forma a alavancar ainda mais seu avanço e também o de Eevee! Manipule o vento para atuar em vosso favor! PROTECT em seguida! - Tudo que precisara era uma combinação entre Weavile e Eevee àquele turno. Assim, sua estratégia consistia no fato de Weavile seguir a frente de seu oponente, a movimentar-se em tão alta velocidade que deixara atrás de si um rastro de um vento gélido que logo se espalhava pelo campo e tomava conta do mesmo, a avançar na direção de seus oponentes, e ainda por cima, fazendo com que o Tackle de Eevee recebesse um impulso extra em sua velocidade, com o vento a agir em seu favor, além de visualmente causar a sensação de que Eevee estava a correr em meio a diversos flocos de neve que aos poucos recaiam sobre sua pelugem. Tudo isto, além de causar distração suficiente para que Weaville pudesse trazer seu irmão para perto de si.

Lysander já havia compreendido o que estava para acontecer com seu parceiro, e o fato deste haver sido derrotado pelos oponentes apenas tornava sua preocupação em realidade. No entanto, apesar da derrota, o valente monstrinho havia demonstrado o suficiente para conquistar a pontuação máxima permitida, o que por si só já lhe era de grande vantagem. No entanto, o foco ali já não era mais dos monstrinhos a combater, sim o que viera após a queda de Weasel... As crianças conseguiam, de alguma forma, manifestarem-se livremente, como se a livrarem-se da possessão da sombria criatura que surgia em uma forma espectral sinistra. Era realmente uma bela atuação por parte dos atores mirins, que tomavam a cena com suas atuações, transmitindo com exatidão a todo o sentimento que carregavam consigo, a demonstrar apoio àqueles a quem eles amavam. Amavam? Como poderia Lys amar alguém a quem acabara de conhecer? Bom, poderia não compreender aquilo, mas se mesmo em meio à peça, Lysander havia se afeiçoado àquele garoto, quem diria seu personagem, que formava um vínculo ainda mais forte para com ele, um vínculo de amizade.

Assim, enquanto o garotinho, e sua amiga, emitiam aquela luz pacífica e pura, na intenção de lutar com aquela entidade para que os dois pudessem fugir daquele cenário, o rapaz instintivamente avançara até o garoto sem pensar duas vezes. Quando dera conta, já estava de joelhos aos pés do garoto, envolvendo-o em um abraço enquanto algumas lágrimas escorriam em sua face. Lembrara-se, por um instante, do último encontro que tivera com Éclair, no qual, minutos antes, havia estado com sua mãe, ou ao menos, uma ilusão da mesma, na qual ela havia retornado à sua vida, e tão rapidamente havia desaparecido. Assim como Sean... Mas, desta vez, diferente da passada, ele tinha certeza que aquilo tudo era apenas uma atuação, então após alguns instantes, se levantara enquanto enxugava suas lágrimas. - Não... Ela não vai. - Dissera ele, a forçar um sorriso tímido em sua face. - Eu sei disso, pois agora sei o quão forte você é. Mamãe estaria orgulhosa. - Finalizava ele, enquanto com um último olhar a Sean, o rapaz acenara a se aproximar de Karinna. - Adeus, Sean! - E assim, pegou nas mãos de Karinna, e juntos, corriam para fora daquele lugar. Obviamente Weasel havia sido retornado a sua esfera pouco após o nocaute.