002 › Ao lado de Akali

[Tudo bem, só não vai ser tão cedo porque não costumo ficar de madrugada. Talvez em uma sexta]
Sua insegurança crescente só queria o fazer fugir dali. Era de seu conhecimento que já não teria mais coragem de pedir para fazer parte da Equipe — pedir, uma ideia que agora soava estúpida em sua mente. A Equipe Rocket não devia funcionar assim.
Além do mais, Silvia... Nunca voltava feliz. Ela apenas colocava um sorriso no rosto algumas horas depois de chegar em casa, entre o chegar e ser eventualmente obrigada pelo senso de obrigação a ver os assuntos da cidade como membro obrigatório do Conselho da mesma — formado por todas as cidadãs de Pacifidlog.
Talvez... Essa ideia avoada, que teve em um momento de coragem instantânea, não fosse tão boa assim. Corin não se dizia medroso, mas tinha ótimos motivos em sua mente para apenas virar as costas — fabulações e justificativas formadas quando as pessoas agiam em um de seus eus que não tinham orgulho de, mas que era necessário para o instinto de sobrevivência.
Só não podia definir a hesitação como justa por ser humana porque havia várias coisas horríveis que eram, também, humanas.
Mas mesmo que desistisse, não é como se tudo ficaria bem se virasse as costas agora. Os ladrões, se fossem mesmo Rockets, poderiam achar que ele diria o esconderijo para a polícia e ele terminaria... mal, antes de ao menos voltar para a rua principal.
Era necessário alguma coisa que o ligasse a eles para quando decidisse retornar de verdade. Ser cúmplice parecia uma ideia tão espetacular quanto ela soa escrita assim, mas era melhor que o incerto da sua imaginação. E, também, poderia conseguir alguma coisa com isso.
Colocou na cara a sua melhor expressão de "cuidado, sou bravo". Para Corin, era quase a sua expressão de concentrado. Suas feições não o ajudavam, definitivamente.
— Eu também sou um treinador. Alguma coisa útil para vender? — Tentou manter a voz o mais equalizada possível ao invés de soar como um cachorro com o rabo entre as pernas.

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Aquela ideia era no mínimo... estupida, o que o garoto buscava ali poderia sequer ser um alvo; ele poderia estar se colocando no meio de uma grande armadilha mas aparentemente não se importava tanto com isso a esse exato momento. Agora, ele já havia sido marcado e não havia volta, tinha de se manter firme e encarar o medo, além dos olhos da parede com certeza havia algum segredo que ele tinha de desvendar e agora, tão próximo, tinha de tentar. Numa tentativa desesperada de se safar dali, ele soltou uma frase tanto quanto estranha, mas que se encaixa como uma luva na situação; o homem encarou ele por alguns segundos até interpretar o que o jovem queria dizer, mas logo sumiu, e alguns barulhos puderam ser ouvidos do lado de dentro do muro.

Do outro lado do beco, Corin pôde ver o ladrão vermelho espionando ele, e sair correndo em disparada quando o vira, para frente e revelando sua posição; agora tudo estava se complicando mais. O bate carteiras de antes não estava com os caras do QG, mas graças ao loiro ele agora sabia que havia algo ali; um barulho de fechadura se abrindo era ouvido do lado de dentro da construção, e no final da rua havia um grande cara, parado com braços cruzados e que estava na exata direção em que o de antes corria. Weischville havia revelado a localização de uma gangue inimiga para os vermelhos, e agora ambos estariam atrás dele; ele teria pouco para fugir, ou poderia se aliar aos da parede para derrotarem os vermelhos. Isto é, se essa teoria estiver correta. Quem garante que tudo não passava de uma grande, grande, armadilha? Ele poderia estar sendo testado e as três pessoas (o bate carteiras, o cara grande e o olho da parede) fossem da mesma gangue, e só queriam ter certeza que ele não fugiria. Bem, agora não se dava para ter certeza, mas a porta estava prestes a se abrir e o outro estava prestes a chegar em seu informante; os próximos passos do treinador decidiriam o que aconteceria, e o que quer que decidisse, teria de ser rápido.

Pensou na possibilidade de ser tudo um teste, mas era tão... Elaborado. Não deveria ser um, mas não sabia como as pessoas do outro lado da parede se vestiam — não de vermelho, provavelmente, pela reação do pequeno rapaz.
Era uma pena de um mal-entendido porque inicialmente negociaria com o mesmo, mas agora já tinha escolhido seu lado. Ah sim, o sonho de todo recém-treinador. Se meter em uma briga de gangues locais após tentar ganhar contatos no mercado negro.
Nada que não tivesse pedido por, mas agora não era a hora de ficar parado pensando. Se fugisse, novamente, seria perseguido. O melhor era torcer para o lado em que estava agora e só fugir se ele estivesse perdendo de verdade.
Esperou a porta abrir, olhando primeiro para a cor que as pessoas ali vestiam. Em seguida, antes mesmo de entrar, falou.
— Eu acho que vocês não estão com os vermelhos ali, certo? Tinha alguns caras desses espionando a conversa. Foram por ali.

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A situação parecia desesperadora, e era de fato, mas o garoto parecia mais calmo do que realmente precisava estar para lidar com o ambiente; talvez se ele tivesse se importado mais, tivesse tomado a atitude certa. Contrariando qualquer expectativa dele, assim que a porta se abriu, um homem trajando uma roupa preta e usando um pequeno broche da letra “R” surgiu pela parede, e caminhou alguns passos até estar frente a frente com o jovem. O garoto de vermelho, que corria, parou e deu meia volta, caminhando para perto de ambos, sem dar qualquer sinal de que queria realmente fugir; aquilo era de fato um teste, e ele havia falhado.

- Se ele fosse um inimigo real, você teria deixado ele nos entregar. – Disse o Rocket; só então o loiro pode observar com clareza as feições do mais velho e identificar suas características. Tinha um cabelo grisalho com o tom de pele próximo do pardo, bem queimado de sol e com diversas marcas de expressão em seu rosto. Deveria ter por volta de seus 40 e tantos anos, provavelmente um pouco menos, mas abafado pelo calor da idade. O homem levantou o indicador como quem pensava, e acenou com a cabeça para o de roupa vermelha. – Todo seu. – Ele ordenou, sem dar mais atenção para Corin e voltando para dentro da parede, deixando que a “porta” se fechasse por detrás de seus passos. Agora, ele teria de lidar com o Grunt.

O lixo parecia feder mais a cada instante, tornando-se insuportavelmente caótico, e deixando tudo ainda pior; o recruta da Equipe parecia determinado, e sem demorar mais um segundo lançou uma pokébola ao alto, liberando seu monstrinho; um pequeno cão acinzentado, com o pelo de seu rosto mais enegrecido e um focinho vermelho que contrastava bem com seus olhos amarelados e o tornava bem... intimidador. Aquele seria o primeiro oponente oficial de Weischville, e não eram as melhores condições possíveis, mas uma primeira batalha em meio a um beco tinha lá seu charme para historias futuras. O rapaz inimigo parecia esperar o recém treinador começar seus comandos, enquanto seu canino rosnava para os adversários com furor e estava realmente pronto para um confronto.

Ele respirou fundo. O menino havia acabado de sair correndo da ação... mesmo se tivesse mais pokémon que ele, poderiam estar desmaiados ou feridos. Mas era inegável que se sentia frágil. Talvez deveria ter realmente desafiado um recém-treinador também para uma batalha.
Se confundiu um pouco com a atitude do Rocket, mas lembrou-se do fato mais inicial – só ele ali sabia que havia acabado de iniciar a jornada. Estavam o tratando como um treinador e... bem, agora ele era um. Talvez devesse agir como um, também. Mas percebeu ser tarde demais para chorar por leite derramado com o último gesto do homem, que o entregava à mercê do Grunt.
Já estava enjoado pelo fedor do local, mas não poderia deixá-lo tão cedo. Agora já não mais imitava irritação mas a tinha de verdade – o que, infelizmente, não mudava a sua expressão tanto de "parecer pensativo". E se mostrar calmo por fora (mesmo que por acidente) ali era... um tanto estranho. Não que seus gestos e voz demonstrassem o mesmo. Travou os calcanhares no chão e parou de pressionar Akali para que o mesmo pudesse pular ao chão. Algo no fundo da sua mente o estremecia pelo Grunt tê-lo esperado... Talvez ele estivesse confiante de que não perderia. Tentou ignorá-los e apenas pensar na batalha.
– Akali, use Grow. – A pokédex explicava que o ataque não dava dano, mas atrapalhava o oponente. Parecia ser bom para iniciar uma batalha. – Em seguida, Tackle!

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Diante de tudo aquilo, o que restava era aceitar a situação, e lutar; talvez se Corin tivesse ficado e lutado contra o pequeno Taillow, não estivesse com sua vida ou a de seu Pokémon em perigo. Talvez se não tivesse falado com a parede, e tivesse fugido ou corrido atrás do de vermelho, ele estaria bem. Contudo, não era hora de se pensar no que ele deveria ou não ter feito, o destino estava escrito, e agora era hora de enfrenta-lo. Buscando a melhora em batalhas, sendo esta a sua primeira, Weischville pouco sabia sobre como as coisas funcionavam ali, com certeza assistira confrontos Pokémon anteriormente, mas nada se comparava a emoção de estar daquele lado da do campo, enfrentando seu inimigo apenas com o seu próprio poder somado ao de Mudkip, que por sinal parecia tão animado para uma luta que mal conseguia conter um sorriso. O loiro poderia identificar uma cara de entusiasmo no rosto de seu parceiro, e talvez isso fosse suficiente para ele também ser um pouco menos apático com a situação.

- Não vamos deixar, use duplo Howl! - O Grunt ordenava a seu bichinho, e não demorara a batalha ter início, com Akali atacando primeiro; o peixinho grunhiu contra o canino, buscando diminuir seu ataque, mas a raposinha contra-atacou com seu Howl, que trouxe seu stats de volta ao normal. Depois, já um pouco irritado com o golpe desperdiçado, o Mudkip avançou contra o inimigo, desferindo uma poderosa investida e causando certo dano, mas não o suficiente para ser considerado uma ameaça; se preparando para um ataque futuro, o acinzentado rosnou novamente e seu ataque foi mais uma vez ao alto. Era um turno relativamente simples e sem muitas novidades para uma dupla de iniciantes, mas claramente setava uma narrativa de como seriam os ataques daqui pra frente.

- Continue com outro Howl, e depois ataque com Tackle! - Os comandos dele demonstravam o interesse em se beneficiar do movimento em que aumentava seu ataque para causar mais dano, mas Corin teria a vantagem de conseguir se prevenir disso, se quisesse; não tinha muito o que fazer entretanto, seu inicial ainda era apenas isso, um Pokémon inicial, e não sabia tantos movimentos, o que dificultava a batalha de ocorrer fluida e movimentada. Mesmo assim, batendo devagar ele poderia quebrar Poochyena pouco a pouco e garantir sua vitória, se fosse inteligente.

[O Grunt é o mesmo rapaz que eu segui, ou era o que ficava parado no fim da rua enquanto o outro corria em sua direção? Se eu não puder fazer a ordem de desviar então o Corin apenas mandou ele usar Growl duas vezes]
Akali parecia muito animado de estar em batalha, executando bem os movimentos que ordenava, mesmo em um cenário tão sujo quanto aquele. Lembrou-se por um momento de que o pobre Mudkip não devia ter compreensão do que estava acontecendo e devia apenas estar feliz por lutar - Seu primeiro reflexo ao interagir com o garoto foi quase atacá-lo, afinal. Sentia que, de alguma forma, devia honrar essa alegria.
- Akali, prepare-se para desviar e depois use Growl novamente! - Corin já havia parado de se preocupar com a parede. Ou até mesmo a bicicleta, ou o homem que perseguiu o ladrão. Estava agora apenas obstinado em ganhar a batalha.

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Tudo agora estava focado na batalha, e nada mais importava ao garoto; parecia que o mundo havia parado e agora girava em torno dos dois enquanto eles se combatiam vorazmente. Isto é, se é que dava para se chamar uma batalha de novatos de voraz, mas estavam dando seu melhor, de fato. Akali estava completamente feliz em lutar ali, algo que deveria ser dado com crédito a ele já que dificilmente Pokémon que ficavam presos por muito tempo se acostumavam tão em batalha em tão pouco tempo fora, e com o pequeno peixe, tudo era rápido. O Grunt não parecia feliz em estar ali, aparentemente aquele não era o melhor momento para ele, e lutar ali parecia tão forçado que ele não conseguia conter a raiva que se expressava no rosto e na movimentação corporal; ele travava a mandíbula e cerrava o punho, encarando o garoto com uma feição de que queria pular no pescoço dele sem esperar que o Pokémon fizesse isso, mas ele tinha honra e entendia o valor de uma batalha.

O turno teve inicio com outro Growl de Mudkip, que trouxe o ataque de Poochyena de volta ao estado normal, até a raposa rugir novamente e aumentar uma vez mais seu stats; ainda assim, isso não permaneceu por muito tempo, já que Akali continuou a troca de grunhidos, diminuindo mais uma vez a força do acinzentado. Todavia, o monstrinho inimigo, cansado, seguiu as ordens de seu mestre e partiu para cima do peixinho com uma investida simples, que causou poucos danos, mas que equilibrava mais a batalha. Agora, restava a Corin que desse as ordens a seu azulado, para que o combate tivesse seu desenrolar; a propósito, o garoto deveria pensar numa estratégia melhor se quisesse que a batalha fosse mais rápido, já que assim, continuaria apenas no jogo de grunhidos.

[Obrigada em geral, você tá me ajudando bastante]
Rastreava com os olhos o movimento dos Pokémon. Mesmo naquelas ocasiões, estava animado com a sua primeira batalha - que se deixasse o que aconteceria caso perdesse para depois. Ele amenizava suas feições sem perceber, principalmente porque parecia estar tendo vantagem na batalha. Isso foi até olhar o quão enraivecido seu oponente estava, chegando a dar um passo para trás e tentar esconder sua alegria... Por algum motivo, se importava em se comportar bem mesmo para com um Rocket.
— Akali, vá em ofensiva total. Use Tackle, e depois Water Gun!
Procurava em sua bolsa alguma coisa que pudesse ajudar no cenário caso ele fosse para pior, mas continuava vendo a luta enquanto isso. Encontrou ali uma Potion, que não chegou a pegar, e apoiou novamente a mochila em seu ombro.

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A batalha tomava rumo diferente quando o garoto decidia que era hora de atacar, e não mais apenas diminuir os stats do oponente; de fato, era uma estratégia bem mais eficaz, e isso se provaria nos turnos a seguir. O grunt parecia cada vez mais nervoso com a situação, ele queria uma batalha rápida e isso só se daria se ele abusasse de sua hiena, mas não tinha muito o que fazer dado o nível em que ela se encontrava (e o seu próprio também); com tudo a favor de Corin, ele sabia que deveria mais uma vez apelar para o ataque e tentar garantir uma troca de dano justa entre ambos os Pokémon. Com isso em mente, ele apontou para o Mudkip e ordenou. - Howl e Tackle! Tente desviar e deixa-lo com medo usando seu grunhir. - Era claro que isso não funcionaria tão bem quanto ele esperava/queria, mas ainda assim, era uma boa estratégia.

O primeiro a se mover, mais uma vez, fora Akali; com um impulso de suas patas ele investiu contra o corpo da jovem canina e causou certo dano, mas a mesma reagiu com seu poderoso rugido, que garantiu um aumento no ataque e deixou o peixinho atento a o que quer que fosse acontecer. Não demorou para que a próxima rodada tivesse início, mas dessa vez tivemos a introdução de um novo golpe que fora utilizado pelo azulado; concentrando-se no seu próprio tipo, ele disparou um poderoso jato de água que atingiu o adversário em cheio, o desconsertando por certos segundos, até ele balançar a cabeça e grunhir para enfim, atacar com sua também investida.

Preocupado com o estado de seu bichinho, o treinador inimigo mordeu o próprio lábio, e sacou uma outra pokébola de seu bolso, atirando-a no ar sem demora e liberando seu segundo monstro; ele não parecia preocupado em ser uma batalha injusta, queria ganhar de qualquer maneira. Dentro de alguns milésimos de segundos, uma lagarta bicolor tomou forma e fez um barulho estranho com sua boca; aquela seria realmente uma batalha difícil agora, mas Corin com certeza poderia detê-los, não? - Poochy, Howl e Tackle, de novo! Wurmple, prenda ele com String Shot e depois ataque com Poison Sting. - Era uma estratégia interessante, a de jogar sujo, mas seria efetiva? Weischville conseguiria muito bem derrotar ambos, se pensasse bem no que fazer, mas seria tarefa difícil, de fato.