Rumo ao olho da tempestade.

rumo ao olho da tempestade

Pong olhou para o garoto quando este o chamou, e o máximo que fez fora levantar o lábio superior, grunhindo baixo num tom de desprezo; ela sequer ligava para o rapaz e estar ali, para ela já era seu pior pesadelo. Pensar nisso tudo e ainda ter que encarar o mestre e toda a sua fúria caso o garoto conseguisse passar por todos os testes deixava a garota com o estomago revirado; Ping não ligava pra isso, aliás, ela nem pensava nisso; apenas queria se divertir e Gray parecia ser a perfeita distração para ela. Era estranho, pensar que uma pessoa assim vivia aqui, numa dimensão entre dimensões e sem um propósito fixo, apenas servindo o mestre; mesmo assim, ela não parecia incomodada com nenhum desses fatos e tudo que ela realmente desejava era um pouco de animação em sua vida. Bem, ela teria sua desejada jogatina e o mono treinador seria o peão perfeito para tal.

As reações do garoto para tal situação eram no mínimo... estranhas, ele não esboçava medo e isso era realmente assustador; de fato ele não era normal e parecia sequer ter sentimentos. Mas era plausível, depois de se passar por tantas coisas na vida, lidar com uma tentativa de morte vinda de seu pai e ser completamente fragmentado por um Hypno, ele deveria ser de fato bem forte (tanto física quanto mentalmente). Contudo, até onde iria tal força? Ele seria capaz de enfrentar o que as siamesas tinham preparado para si? Isto é, seria algo realmente mental ou ele seria morto ali? Impossível saber, mas garantia que seus Pokémon o defendessem enquanto estava incapaz de fazê-lo, Rag Doll não esperou dois comandos para se colocar a frente da cama, encarando as duas garotas com uma expressão de verdadeiro ciúmes; contudo, a cacheada simplesmente a ignorou e passou a sua frente como se nada houvesse ali. - Bem, não acho que você vá gostar tanto assim, depois que estiver lá. - Disse ela, pegando um cobertor do armário que havia ali e cobrindo o garoto logo em seguida. - Espero que você consiga passar. - Sorri, arrumando o cabelo e se sentando deixando o quarto e o garoto junto a seus monstrinhos.

Uma vez sozinho, não demorou muito para que tudo começasse; o clima ficou estranho, como se tivesse uma névoa ali e que tomava conta do quarto todo. Depois disso, tudo se escureceu, e apenas a luz de Lampent se manteve acesa, clareando o pouco ao redor da cama mas o suficiente para que Gray enxergasse dois pés surgindo ali, como se alguém o estivesse olhando, mas logo sumindo; por fim, as luzes se acenderam mas ele não estava mais no quarto. Agora, um grande campo gramado se estendia a sua frente, ele via um Pokémon sentado a beira do lago, mas não sabia exatamente quem era pela distância; com ele haviam três pessoas e que também estavam sentados ao redor do monstrinho. Bem, era uma situação estranha e que não tinha tanta explicação, mas se ele se aproximasse, quem sabe poderia entender melhor o que estava a acontecer; restava saber se ele tinha coragem para tal, e se usaria seu único Pokémon agora presente, visto que nenhum dos outros fora teleportado junto com ele. Conde era sua sombra, até mesmo ali.

PROGRESSO:

rumo ao olho da tempestade

Gray parecia animado com a situação, seu sorriso aumentava gradativamente conforme encarava tudo que acontecia e com isso ele se mantinha focado no que poderia vir pela frente; logo após serem transferidos para aquele reino estranho ele apontou sua pokédex ao Pokémon que estava no centro do semi-círculo, mas o aparelho apitou em resposta dizendo que não havia encontrado nada. Talvez fosse por ser apenas uma ilusão, e não um monstrinho real, ou talvez até aquela tecnologia tão boa não conseguia ler informações ali; as duas opções eram válidas mas nada parecia concreto a esse instante, visto que só descobriria o que realmente acontecera quando se aproximasse, e assim fez o garoto. Junto a sua sombra pokémon ele fora em direção ao grupo de pessoas, focado no que seria seu primeiro teste e elas logo reagiram, virando-se todas em sua direção.

A primeira parecia uma mulher, com os cabelos saindo de dentro do capuz num tom arroxeado mas sem mostrar seu rosto graças a roupa;  o mesmo acontecia com os outros dois, mas que eram homens disso ele teria certeza logo quando ele começaram a falar, em uníssono. - Bem vindo. - Os dois homens trataram de retirar seu capuz, mas a mulher manteve-se imóvel. - Imagino que esteja confuso, mas não podemos dizer exatamente o que acontecerá. - O ruivo da direita confirmou com um tom de voz macabro. O que estava ao meio era um loiro, com belos olhos azulados e que se destoava entre os outros com uma pele mais clara que a neve; ele parecia de poucas palavras e apenas levantou a mão direita, criando um grande labirinto entre o grupo e o mono treinador. Com isso, uma venda surgiu nas mãos do garoto e a voz da moça pôde ser ouvida.

- Você deverá confiar em seu Gengar, e ele deverá lhe guiar pelo labirinto. - Sua voz era suave como magia, mas sem sentimento algum. - Não podemos dizer o que acontecerá se você tirar a venda, mas deve se manter com ela até o fim, e acreditar que Conde lhe trará bons resultados. - Ela completou, esperando que o garoto tomasse partido e colocasse a venda. Era claro que ele não era obrigado a fazer tudo isso, mas se quisesse realmente encontrar o/a mestre/a, deveria aceitar e começar o desafio; a frente dele, na entrada do labirinto havia um grande portal, e pelo jeito, assim que ele passasse por ali, tudo começaria.

PROGRESSO:

rumo ao olho da tempestade

Gray mais uma vez demonstrava confiança na hora de enfrentar os desafios, bastante calmo ele se mantinha e batia de frente conforme esperado pelo grupo; bem, agora era realmente a hora de combater o que deveria se esperar de "medo" de uma pessoa normal, mas que para o garoto sequer poderia ser aplicado visto a sua casca grossa. O jovem de fato era bastante durão, mas esse era justamente o objetivo dos testes, ensina-lo a temperança, a paciência e colocar tudo isso em cheque uma vez mais para garantir que ele estava pronto para o que viria; não era nada que ele já não estivesse acostumado contudo, sua vida inteira fora feita de testes e de aprender a lidar consigo mesmo. Se ele realmente estivesse preparado, isso se mostraria no adiante; sua conexão com seus Pokémon seria posta a prova e mais do que isso, a forma como isso interferia no seu agir era o alvo ali. A que ponto Gray era Gray, e não um conjunto de ideias falhas que se aproximaram? Até que limite ele conhecia a si mesmo e tinha consciência do que fazia? Tudo ali era crucial para o resultado final, e ele sabia bem disso.

Buscando começar de uma vez o exercício que fora colocado a sua frente, ele vendou-se finalmente e deixou que seu fantasma associa-se a sua mão livre, assim como o Dhelmise fizera anteriormente, mas agora de uma forma monstruosa (principalmente se você considerar a forma em que o Gengar se encontrava agora). Os diversos olhos do monstrinho pareciam seguir tudo a sua volta, analisavam o caminho e de algum jeito respondiam a seu mestre para certificar-se que ele teria como reagir caso algo se aproximasse; era uma estratégia difícil, de fato, mas poderia dar certo. Por fim, o mono decretava que estava pronto, e isso fora o suficiente para que tudo realmente começasse; primeiro as gramas do labirinto começarem a mexer-se, como se quisessem se emaranhar no garoto mas sem sair do seu limite antes dele se aproximar. Depois, quando ele começou a andar, chão parecia tremer mas Conde não poderia sentir nada visto que sequer tinha contato com o solo.

Era no mínimo estranho, confiar nos sentidos de um fantasma mesmo ele não tendo um "corpo", mas o cinzento não parecia importar-se com isso, e poderia seguir adiante no caminho; não era muito difícil, Gengar o mandaria desviar quando houvesse alguma parede no caminho, e assim ele faria, mas a sombra não poderia prever o trajeto e isso resultava em algumas vezes a dupla se encontrar em becos sem saída, mas que eram facilmente driblados por ele. Depois de algum tempo andando e sem chegar a lugar algum, o arroxeado continuava a dar seus comandos no labirinto que parecia realmente não ter fim, até ouvir um som esquisito ao redor; não era identificável a origem de tal ruído, mas assemelhava-se bastante com o grunhido de um Pokémon. Com a ameaça eminente, como nosso protagonista faria? Ele teria de lutar sem ver quem era o oponente e apenas confiando nos instintos de seu parceiro para fazer o que era certo, sem ter noção do que se tratava o oponente e muito menos de suas vantagens ou desvantagens; era uma tarefa mais árdua do que a de atravessar o labirinto, mas ele deveria ter algum truque na manga, não?

PROGRESSO:

rumo ao olho da tempestade

A ideia do garoto era no mínimo bastante inteligente, usar a pokédex para descobrir de qual Pokémon se tratava era realmente bastante astuto, e seria deveras efetiva se não fosse o fato de que ali, não ajudaria de nada. O dispositivo apenas emitiu alguns barulhos estranhos mas sequer dissera algo como "não foi possível identificar", ele simplesmente não respondeu nada, e isso só tornava a situação mais crítica; essa falha poderia significar a perda no teste e até mesmo algo mais cruel, se fosse um monstrinho cruel e/ou violento, mas nada ali era realmente fácil e para deixar Gray e seu Gengar ainda mais confuso, o barulho de animal apenas continuou, sem aparecer qualquer coisa. O que quer que fosse que estivesse ali, não queria aparecer ainda, e isso havia ficado bem claro.

Num primeiro momento, Conde se mostrou confuso com relação as ordens de seu treinador. Era para ele atacar o vento? Usar na parede para chamar a atenção do bicho? Não dava para prever se isso realmente aconteceria, e com isso o fantasma venenoso apenas mandou um sinal a seu mestre de que não havia um alvo para ele disparar seu Dazzling Gleam, e com isso afagar o breve fogo de batalha do cinzento; além disso, o mesmo puxou o garoto para voltar a andar, ignorando temporariamente o grunhido incessante, mas se mantendo completamente atento ao redor (literalmente, com aquela quantidade de olhos) e a qualquer coisa que pudesse aparecer dali.

Depois de mais diversos minutos ali dentro ainda sem um final, o mono treinador poderia entender que realmente se tratava de um teste de resistência, e que ele deveria perseverar se quisesse alcançar a saída; o barulho do que poderia ser um Pokémon continuava a atormentar os ouvidos de ambos, garantindo que mesmo já um pouco cansado, o arroxeado não tirasse sua atenção do caminho um segundo que fosse e isso até gerava certa frustração nele. Deveriam seguir ainda, mas algumas sombras pareciam vir por trás do cruel e Gengar viria isso de prontidão, avisando seu mestre; as trevas invocadas ali pareciam mais algo físico do que espiritual, tinham formatos de tentáculos reais e estavam prontas para agarra-lo. E bem, se ele não fizesse nada, acabariam por fazê-lo.

PROGRESSO:

rumo ao olho da tempestade

As reações de Gray eram definitivamente as melhores, agora ele havia tido a brilhante ideia de usar rock para cessar o som, e bem, funcionaria para distração mas não pararia o barulho de fato; contudo, isso era suficiente para manter a concentração e assim conseguir se manter no caminho. Os tentáculos no entanto eram de grande obstrução e Conde parecia interessado mais do que nunca em ajudar seu treinador, salvando-o diversas vezes de ser enrolado pela parte sombria que era invocada naquele labirinto; contudo, não seria suficiente se manter nessa dança para sempre e ele teria de tomar uma atitude.

Com os comandos certos, agora com um alvo para o venenoso, o treinador procurava usar um movimento do tipo fada para, não só derrotar o bicho, como também causar um bom clímax para seu show; o Gengar parecia tão feliz quanto seu próprio mestre, e sem demora tomava um aspecto de "arma" esticado pela mão dele, sem todos aqueles olhos e por fim, atirava duas vezes contra as sombras, usando uma energia mágica pura e que fazia o "bicho gritar". Os tentáculos eram apagados com a luz causada e aquilo seria um ótimo fim para seu show em dupla, finalizando assim a primeira etapa do teste; parecia bem fácil por enquanto, o cinzento estava tirando de letra os desafios colocados a sua frente e isso era definitivamente a melhor coisa que poderia acontecer no momento. Isto é, se ele fosse ser recompensado por tudo isso de alguma forma, seria bom que desse seu melhor para garantir isso, não é? Agora, sem a ameaça do que quer que fosse aquele inimigo anterior, Gray poderia voltar a seguir firme pelo labirinto, que parecia responder com mais facilidade, mas sem revelar nada por enquanto.

PROGRESSO: