Pamelor

- Bem... vocês devem ter percebido que nossa situação não está lá das melhores por isso... bem, por isso vamos ter que adiantar as coisas - Introduzi, já anunciando o pedido horrível - É o seguinte. Tyr, você já soube Reflect por muito tempo e acredito que isso possa te ajudar. É um golpe bastante comum e que já usou antes. Preciso que recrie um espelho. Um espelho que, literalmente, refletirá o que o atingir. A melhor forma de fazer isso é usar areia e vento, coisas bastante comum em qualquer campo. Se precisar de um empurrãozinho, acho que o Earthquake pode te ajudar a elevar essa barreira. Só se lembre do seguinte: o golpe precisa ser mais elástico do que visualmente bonito. Queremos absorver e refletir o dano e não só sua imagem, ta?! Eu sei que você sabe bem esse golpe e peço que auxilie Fafnir no processo - Fora ao dizer isso que virei meu rosto ao mineral - Você, meu pequeno, vai usar seu Ancient Power como base. É exatamente como eu falei: um espelho. Inicie erguendo uma barreira especial, pode começar com uma pedra mesmo. O formato nunca importou muito.

O único momento que parei fora este; eu não falaria e andaria. Antes de continuar a caminhada eu precisaria que todos ali demonstrassem o mínimo de entendimento aos comandos e, quando ver esse resultado, voltaria à rota. Seria uma parada breve; eu pretendi orientar-los (dali para frente) caminhando.
- Frey, você fará diferente. Use seu Water Gun como base. É um jato d'água que você produz na boca né?! Mostre para mim - E efetuou o golpe que viera consigo - Veja só, eu preciso que você faça duas coisas. Esse mesmo jato d'água precisa esquentar a ponto de produzir vapor e, depois, gelar a ponto de surgir gelo. O processo parece complicado mas não é, é tudo uma questão de agitação das moléculas de água. Bem, quando há expensão, o água sai mais quente, quando há compressão a água sai mais gelada. Você pode reparar, se assoprar um jato de ar concentrado em sua patinha, perceberá que ele é friozinho. Se baforar, vai perceber que é quente - Ao dizer isso, parei para exemplificar. Assoprei na minha mãe e mostrei-lhe a diferença entre um assoprar comprimido e um baforar - Eu quero que exercite fazer isso com o Water Gun. Pode ser?!

Eu precisava otimizar meu tempo. Para piorar eu sabia que, ao treinar Ice Beam, as condições climáticas não ficariam melhores. Encarei o Chingling aconchegado, porém gélido e pensei na solução. Não há toalha seca para lhe entregar! Tudo que eu tenho está estupidamente encharcado! Eu simplesmente não parecia ter uma segunda opção. Respirei fundo e dei-lhe um abraço molhado. Infelizmente era o que eu tinha para lhe oferecer. Depois disso afastei-o do meu peito e concluí que deixá-lo ali não o faria ganhar nada além de uma gripe. Olhei em seus olhos e disse:
- Quer entrar? - Ao dizer isso apresentei-lhe uma pokebola rara. Uma Friend Ball.

Se ele reagisse positivamente o capturaria, caso contrário, o manteria em meu colo mais um pouco. Ao menos ele parecia mais calmo ali.

- Ah, vocês pegaram bem. Acho que a gente pode parar aqui mais um pouco para ver como vai a evolução de vocês. Depois a gente continua - Reafirmei; senti que seria mais rápido fazer assim à que de outra forma - Tyr, me parece que sua única questão é a prática. E isso desde o início, né?! Ficou muito tempo se fazer e esqueceu. Bem, eu entendo. É muito bom ter você para auxiliar Baltoy. Você tem alguma dica para dar à ele?! Acho que a gente assimila melhor alguns conhecimentos ensinando. Seja como empilhar as pedras melhor ou formar uma tela mais consistente - Acabei jogando a Tyr a pergunta principal.

Este fora meu momento: Chingling decidiu sair do meu colo e ir ao calor do professor. Era bom saber que ele ao menos teria com quem ficar e isso me fazia respirar aliviada. Ao menos uma "pessoa" que eu me importo parece estar bem. Ta ai a pontada de esperança que eu queria: já já vejo Vicent e Nicholas e... bem, eles estarão bem. É Winnie. Você não devia se perder nos seus pensamentos; volte ao foco, garota!

- Frey, vamos tentar fazer aos poucos? Já que ta mais fácil o jato quente, vamos treiná-lo esfriá-lo aos poucos, assim você vai ter um treinamento melhor de controle de temperatura, o que acha?! E para esquentar mais, acho que seria legal usar o calor do seu corpo. Assim o Scald sai mais forte e você terá um maior desafio para desfazer ele. Mas me parece uma dificuldade boa. Parece ser algo que, quando você conseguir, vai estar pronto.

Aquilo estava... dando certo?! Parecia que sim. Pela primeira vez em tempos eu sentia algo fluindo. Não era felicidade, era apenas a quebra da impotência. Ok, eu sei que fui muito bem no Teatro de Forina e que me virei bem contra Tentacruel. Sei também que meus pokemons tem se dado muito bem e no centro da cidade de Forina meu treinamento foi ótimo, ainda assim veja só; à tempo um processo, somado à um resultado, me é prazeroso. Aqui eu tive esse sentimento. Não estava em risco de vida; não representava uma eternidade e, muito menos, me causara prejuízos. Foi bom parar. Afaguei a cabeça de Tyr orgulhosa e então disse ao grupo:
- Eu tenho realmente os melhores pokemons do mundo - Aclamei - Vocês são muito melhores do que eu mereço.

Era um momento estúpido; parar e anunciar aquilo. Ainda assim vi necessário uma demonstração de afeto em meio ao breu. Parei o treino e entrei no meio dos três, chamando-os para uma demonstração de carinho boba. Parecia forçado mas juro que não; eu realmente estava feliz. Estar surtada tem suas vantagens; você altera tão rápido! Fora um abraço úmido porém quente e isso já me trazia lembranças de Violet. Sim; e de Johto também. Quente e úmido define aquele continente.

- Ta não temos tanto tempo assim - Falei num enxotar; a realidade era que, se eu continuasse naquele afeto, eu choraria. Não era meu desejo - Fafnir, dê um tempo a você, pega um ar. Provavelmente fez o golpe muitas vezes seguidas e agora está cansado. Numa batalha não funciona assim, você faz uma vez só e o efeito dura por quatro rodadas. Bem, não precisa demorar muito, só toma um ar e relaxa um pouco, depois volta a tentar. Deve conseguir melhor - Falei isso com os olhos fixados na dupla. Meganium estava ao seu lado, pronto para orientar - Já você Frey... bem, sei lá, to impressionada. De verdade. Foi muito rápido meu deus. Não esperava! Ai, agora eu acho que você precisa se concentrar em fazer esse gelo ser um estilhaço e não uma esfera. Acho que a melhor forma é adicionar um assopro a esse jato, porque ai, enquanto você vai congelando a água, o gelo vai se espalhando, não fica todo concentrado em uma bola.

Faltava só Frey e isso por si só acalentava meu coração; ainda que de quente o ambiente não tivesse nada. Chameei Fafnir e Tyr para mais perto e, com eles próximos a mim, passeei as mãos eu suas cabeças. O mineral estava gélido; ainda mais que o monte. Tyr, por outro lado, parecia bastante aquecido. A diferença de temperatura me causara um Insight e, pensando nisso, proferi:
- Frey, use o Never Melt-ice em seu pescoço para tentar intensificar a força do golpe! - Era isso. Eu realmente acreditava que era isso.

Infelizmente não tive lá muito tempo para observar o que aconteceu. Gritei. Fora só um susto, ainda assim, gritei. Meu coração não saíra pela boca mas estava certa de que, só com a força do palpitar, lesara meu externo. Respirei e inspirei mais rápido que uma bomba qualquer e, ai fazê-lo, senti meu tórax remoer. Aquela poeira fora aos meus pulmões?! Não sei. Voltei do abalo tossindo. Provável que sim. Fechei os olhos irritados e, como quem sabia que boa coisa aquilo não podia ser, tentei evitar olhar. Tyr e Fafnir fizeram por mim, certo?! O baltoy parecia o menos abalado (se é que se abalara) com a questão. Talvez explosões não fossem um problema para si. Na verdade... ele parecia até um pouco encantado com a quantidade de energia convertida em som. Agora a ideia era outra: rezar que Frey tivesse terminado aquele golpe e correr para lá.

Enfim abri meus olhos; ainda não sabia o resultado de nada, ainda assim assenti o nada com a cabeça e falei:
- Ok, precisamos correr - E fui - Frey, acho que você vai ter que praticar no caminho.

Podemos aqui discutir algo imprescindível para o decorrer da trama: quando foi que o ser humano deixou de ser instintivo?! Não tenho essa data mas, veja bem, não seria possível ser instintivo e correr em direção ao núcleo de uma explosão. Nenhum animal que se prese faria isso e... bem, eu fiz. Eu fiz porque, ao invés de pensar em minha sobrevivência, pensei em Vicent. Nicholas nem sequer era uma questão mais; Vicent podia estar logo ali. Não sei quando essa evolução aconteceu mas, assim que a Racionalidade sobrepujou o instinto, o ser humano tornou-se refém da preocupação. Eu sou refém dela e, desta vez, não tive tempo de sentir ansiedade, medo, ódio ou seja lá o que for. Antes de tudo eu senti desejo de ir.

Fui. Fui numa velocidade absurda, subindo os degraus e tentando entender a causa daquilo tudo. Tudo mesmo; não só da explosão. Quem foi que bagunçou minha vida?! Claro que não fui eu mesma. Eu não causo tempestades absurdas num monte. Ainda que seja protagonista da minha história, o roteirista tem enlouquecido um pouco e colocado elementos que eu simplesmente não tenho controle sobre. Veja bem, se sabes o quanto quis subir, deve imaginar minha frustração ao descobrir, a princípio, que o estrondo fora humano. Talvez pokemon, ainda assim, ordenado por um humano. Aqui sim eu senti; meu sangue ferveu, minha cabeça ficara quente e, como quem conseguia até pensar mas não queria, bradei:
- Mas que porra é essa?! - Eu não sentia medo, mas sim frustração. Frustração por esperar uma resolução e só achar dois míseros humanos - Vocês são imbecil?! Com essa merda toda acontecendo... vocês querem morrer aqui, é isso?!

Eu queria passar horas dando esporro nos dois mas simplesmente não podia. Não tenho tempo nem energia para isso. Além disso, eu havia de tomar um partido. Por mais que fossem dois imbecis me atrapalhando e preocupando, eu ainda hei de lembrar; não suporto ofensivas à alguém. Aquele Zoroark estava pondo aquele rapaz em cheque e... bem, eu não conseguia aceitar aquilo, apesar de toda a sororidade. Ao mesmo tempo, me recuso a defender cruamente alguém que, no desespero, reduz a adversária à vadia. Há xingamentos melhores, né senhor?! Apesar disso tudo, a palavra de ordem fora anunciada: ela era Rocket. Dito isso, deixei de ligar para alguns politicamente corretos e findei meu alvo. Meu tiro seria nela.

Repare bem que, até então, eu não tinha percebido a bandana do rapaz; seria ele o homem (mal) desenhado da garota Ranger?! Não sei. Não pensei. Havia um desejo de bater nos dois mas, antes disso, precisava eliminar os tais Rockets, saber sobre Vicent e continuar a missão. Não há muito porque pensar ou conversar com um homem nessa situação. Ele era (razoavelmente) relevante à trama então me atentaria a moça à frente. Moça essa que nunca vi, nunca cheirei, nunca nem ouvi dizer. Moça de cabeças platinados; moça bonita que eu não deixaria passar:
- Solta esse moleque - Eu já não tinha escrúpulos para falar. Meu medo tornou-se ignorância e agora eu só soltava o que tinha em mente - Fafnir use Toxic em Loki e depois Reflect - Ordenei ao primeiro pokemon. Eu não liguei para a ética aqui. Eu simplesmente atacaria dois versus um e ela que colocasse um segundo pokemon. Definitivamente isso não era problema meu - Loki, duplo Brick Break nesse Zoroark.

Eu esperava que essa maldita ofensiva fosse suficiente para, ao menos, tirar o pokemon de cima do refém. Não acreditei que ela fosse o matar, até porque matar informantes é coisa de gente burra.

OFF: Mozi, só pra lembrar que eu usei 1 Oran Berry no Ursaring e 1 Sitrus no Vaporeon que você não att o HP <3
OFF: Equipar, só nessa luta, Ursaring com Expert Belt