Um Novo amanhecer - Tony Dragnell

Um novo amanhecer!

Ao perceber a gentileza e simpatia de Tony, a jovem abaixava um pouco sua guarda e respirava fundo, limpando as lágrimas que por muito pouco não caíram de seus olhos, aproveitando nesse meio tempo para buscar um guarda-chuva que estava separado do seu lado.

— O-oi, me chamo Violet. — caminhou até nosso herói e estendeu sua mão — Quer ficar no guarda-chuva? A tempestade está complicada. — respirou fundo e sua Ninetales parecia também interessada na conversa — Sim, sim. Flannery. — abriu um sorriso mas que logo desapareceu provavelmente graças à preocupação — Sou a mais nova aprendiz dela e sabe... — fitou sua raposa, que arregalou os olhos — Ela é bem rígida.

A moça agora parecia olhar em todas as direções possíveis, talvez a procura de quem pudesse ter roubado seus pertences enquanto dormia. Não havia muito o que procurar: de onde Tony havia vindo não seria possível e o mato alto impedia que a jovem visse algo além das plantas.

— Ninetales acho que consegue farejar o cheiro da minha mochila, mas com essa chuva acho que vai ficar um pouco difícil... — Violet bufou — Você tem algum Pokémon que consiga farejar? Quem sabe conseguimos unir nossas forças para aumentar nossas chances. — a garota agora começava a caminhar em uma direção aleatória — Mas e você, o que te traz até esse fim de mundo?

Um novo amanhecer!

A conversa começava a fluir, com nosso herói dizendo logo de uma vez de onde vem e seus objetivos em se tornar um aprendiz de Flannery igual Violet. Os olhos da jovem brilharam ao ver Garm, o Houndour de Tony, imponente e com uma pelugem muito bem-cuidada. O canídeo logo tratava de começar a conversar com a raposa da moça em sua língua Pokémon ininteligível, que por sua vez parecia bastante interessada no mesmo.

— Lindo esse seu cachorrinho. — a garota fazia uma voz infantil para falar com o Pokémon, que parecia ligar mais em interagir com a majestosa Ninetales, que cheirava-o — É seu único Pokémon de fogo? — Violet perguntava — É que tem que ter mais para poder ser aprendiz da Flannery... E além disso, tem uma missão antes e ela é beeem complicada. — deu uma risada — Mas você parece ter bastante força de vontade, Tony! Tenho certeza que se sairá muito bem. — abriu um sorriso — Quero ver é aturar os gritos dela... Ela é uma ótima professora, mas nunca vi uma pessoa tão estressada!

Ambos os monstrinhos de fogo conseguiam sentir o cheiro da máscara e começavam a caminhar rapidamente na frente, seguindo na direção norte. O clima continuava a mesma coisa: uma leve chuvinha com também um calor que subia graças a alta temperatura característica de Hoenn — parece que em alguns minutos os chuviscos e as nuvens sumirão de vez, dando lugar ao mormaço comum da região.

— Ouvi dizer sobre o que houve com Kanto... Sinto muito. — Violet colocava a mão direita sobre o ombro esquerdo do rapaz — Mas Cinnabar é uma cidade muito, muito conhecida! Vejo porque quer ser aprendiz de fogo. — deu uma risada simpática — Deve estar no seu sangue!

Ao chegar no ponto em que ambos Pokémon pararam, se tratava de uma pequena estrada de terra que descia para a praia que circulava embaixo da rota. Deserta, não parecia haver muito o que fazer ou procurar, mas tanto Ninetales quanto Houndour tinham certeza de que tinha alguma coisa ali embaixo. Os monstrinhos volta e meia trocavam algumas carícias, o que parecia incomum já que o canídeo era tímido e também tinha medo da reação caso Espoleta visse o que estava acontecendo, mas parecia ligar mais para sua paixonite com a raposa.

— Nossa, eles se deram bem muito rápido. Que gracinha. — Violet olhava a estrada de terra um tanto quanto amedrontada — O que será que tem lá embaixo que não estamos vendo? — colocou o dedo indicador direito sobre o queixo — O que acha, Tony? Você parece mais experiente... Acha que devemos descer?

Um novo amanhecer!

Agindo como um verdadeiro cavaleiro, Tony bolava um plano para que não colocasse Violet em perigo enquanto procuravam pelo malfeitor. A jovem de cabelos arroxeados somente consentia com as ideias, parecendo um pouco corada depois do elogio um tanto quanto disfarçado do rapaz. Ninetales e Houndour até mesmo paravam de trocar carícias para poder rir ambos seus treinadores.

— Er... — Violet ainda um pouco sem jeito titubeava para falar — Posso tentar ir com você. — É muito gentil da sua parte, mas... — observou ambos Pokémon de fogo rindo e fechou a cara de brincadeira — Acho que como sou aprendiz, preciso lidar com as coisas, né? — abriu um sorriso — Você não estará sempre por perto para me proteger!

Dito isso, a jovem começava a caminhar e sinalizava para que Ninetales e Garm tomassem a frente. Nossa dupla descia a pequena escada e se deparava com a praia: límpida e deserta mas com uma ventania refrescante.

— Não parece ter nada por aqui... — olhou em volta — O que vocês sentiram por aqui?

A raposa e o canídeo ficavam um tanto quanto perdidos, até começarem a disparar e correr pela orla. Após alguns segundos, nossos heróis chegavam na entrada de uma escondida caverna, que se não fosse pelos monstrinhos, acabaria passando despercebida.

— Não sabemos o que nos espera lá, né... — Violet engoliu seco, um tanto quanto preocupada — Mas vamos lá.

Um novo amanhecer!

Tão galanteador quanto seu próprio Houndour, Tony corava ao perceber que a jovem parecia se divertir com suas leves investidas, enquanto Gar e Ninetales riam da situação disfarçadamente. A caverna era escura, tendo como único ponto de luz sua própria entrada: parecia extensa e sua iluminação decaía a cada passo de nossos heróis, mas não parecia ser um problema muito grande já ambos Pokémon de fogo lançavam pequenas chaminhas para que enxergassem de poucos em poucos segundos.

— Esse lugar dá calafrios, né? — Violet abraçava os próprios braços, um tanto amedrontada — Ao menos nossos pequenos estão fazendo um bom trabalho em iluminar, imagina andar aqui no escuro? — a jovem consentia para as instruções de Tony, onde ela andaria atrás para ser o elemento surpresa — Espero encontrar minhas coisas logo.

Nossos heróis caminharam por alguns segundos e o covil parecia não ter fim; na realidade, parecia recobrir toda a rota cento e dez por baixo da terra, como uma caverna escondida. Além disso, o lugar parecia praticamente intacto de qualquer vestígio humano, então, é de se imaginar que muitas pessoas sequer saibam que exista.

Finalmente, Houndour e Ninetales chegavam em uma bifurcação: ali parecia existir uma espécie de poço, com a água da praia de seu entorno chegando até a boca. Parecia ser o final da caverna, afinal, somente alguém com equipamentos de mergulho seria capaz de mergulhar e atravessar por ali.

— TONY!!! — a jovem de cabelos arroxeados corria na direção de nossos herói — Tem alguém ali atrás daquela pedra! — apontava na direção de um ponto específico, onde Houndour iluminava com uma breve fagulha — Tentou me puxar, mas consegui me soltar com meu reflexo. — ofegante, Violet se apoiava no ombro de Tony — QUEM ESTÁ AÍ?

Não demorou muito para a pessoa se revelar, porém pareceu uma eternidade graças à tensão que pairava no ar. Ninetales e Gar já se posicionavam na frente de seus respectivos treinadores e ambos começavam a rosnar quando surgia em sua frente o malfeitor que Tony enfrentara da primeira vez. Ao seu lado, Quilava e Litleo também colocava à frente do ladrão.

— Você não vai me deixar em paz, seu pivete? — o homem riu — E vejo que agora fez par com a menina que dorme com a mochila largada por aí? — estalou os dedos — Seus pais não te ensinaram que não deve largar as coisas por aí? — balançou a cabeça negativamente em deboche — E agora não posso deixar que saiam daqui vivos. — apontou na direção de Violet e Tony — Quilava, duplo Quick Attack no Houndour! Litleo, duplo Headbutt na Ninetales!

Um novo amanhecer!

— Isso mesmo! Entregue-se logo! — a garota de cabelos roxos gritava — E devolva minhas coisas! — apontou para Quilava — Ninetales, ataques de fogo não serão bons contra eles! Você irá pagar por seus crimes utilizando Pokémon de fogo! — Violet cerrava os olhos em fúria — Ataque-os com um duplo Dark Pulse!

Sem muita conversa, o malfeitor parecia interessado mais em derrotar nossos heróis que qualquer outra coisa: sem pestanejar, ambos seus Pokémon corriam para cima de Ninetales e Houndour, mas quem levava a pior inicialmente era Gar: Quilava correu rapidamente entre as pedras e pegou impulso na parede, acertando o canídeo com um ataque rápido. Ao ver seu amado grunhir de dor, a raposa de Violet começava a uivar e dos poros de seu corpo começavam a sair diversas esferas enegrecidas, que voavam na direção dos adversários e lançava-os longe. Litleo seguia, se reerguendo rapidamente e dando um potente Headbutt em Ninetales — mas que não parecia causar muito dano. Houndour agora aproveitava que o canídeo inimigo estava próximo e fincava suas presas elétricas no mesmo, deixando-o paralisado. Todos movimentos se repetiam e a primeiro momento os monstrinhos adversários levavam a pior.

A segunda rodada se iniciava e o homem parecia cada vez mais irritado: cerrava seus punhos como se futuramente fosse punir seus Pokémon por isso.

— Malditos, jamais sairei daqui sem minha fortuna! Não estou brincando quando digo que irei matá-los! — começou a gritar, um grito que ecoou por toda caverna — Preparem-se!