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OI MEUS BEBÊS
Vamos terminar essa luta logo, fazer uma rodinha com uma fogueira no meio e contar histórias de terror sobre massacres antigos feitos pela Anabell enquanto esperamos nosso trágico fim, que tal? A gente já aproveita e assa uns marshmallows também, pode ser?
vocês relevem qualquer coisa estranha que pelo menos metade do post eu fiz com sono :mds:
Já estava cansada de fingir.
Em realidade, talvez aquela não fosse bem a palavra. Era fato que os constantes sorrisos, a suavidade nos cumprimentos, as interações gentis; Todos eram falsos, mecânicos, até mesmo sem vida, se os outros parassem para reparar bem - entretanto, não chegavam a ser propositais. Desde sua passagem pelo Monte Pyre e o contestável encontro com o lendário elétrico (além dos outros que haviam interrompido brutalmente cada passo no interior daquele maldito lugar), uma sensação pútrida se apossara do interior de sua estrutura e parecia simplesmente infindável: Era gelado, e era vazio. Arriscava dizer que era um sentimento tão emparelhado quanto o próprio Limbo, e não só pelas experiências sofridas no cemitério vertical, como também pelas lembranças dos fantasmas antigos que surrupiaram por completo sua noção de realidade nas entranhas do monte. Fisicamente, também se sentia deplorável, ainda que a maioria das marcas e curativos (principalmente os visíveis) já houvessem desaparecido. Sua musculatura ainda guinchava diante de qualquer movimento mais brusco, o que apenas servia de tortura discreta para si, além de memorando constante a respeito de todas as experiências que tinha certeza que havia passado.
Ainda era madrugada quando acordou aquele dia. Não se lembrava ao certo que horas eram, e tampouco de quanto tempo passou encarando o teto na escuridão do cômodo, mas recordava vividamente a imagem refletida na superfície do espelho quando levantou e o encarou. Frio, escuro - e mesmo assim enxergava, por detrás de uma imagem comum, a solidão, o vazio e a inércia que berravam em sua alma, exigindo que se recusasse a mover. Com isso posto em mesa, era até difícil de acreditar que realmente acabara ali, aguardando mais uma vez o anúncio de uma batalha iminente: A penúltima que teria e, considerando as palavras do narrador, provavelmente a que mais lhe daria trabalho para lidar com - ou pelo menos foi o que acreditou naquele momento.
Tudo isto à parte, voltemos a atenção à arena - ou melhor, à
quem a recebeu, assim que a adentrou e tentava inocentemente tomar sua posição em campo. Para sua surpresa (talvez devesse ter prestado mais atenção aos nomes explicitados nas chaves?),
já conhecia seu oponente. Mal faziam dias desde que haviam se apresentado por conta de uma negociação (afinal, ela mesma havia dado ao ruivo o ovo de Horsea que, pelo menos segundo o próprio, ele adorara) e até tinha o contato do monotreinador por conta disso e, naquele instante, não tinha certeza se teria sabido ou não na época que em breve se enfrentariam em uma das batalhas de chave.
... ... ...A parte mais engraçada ao se mencionar tudo isso, porém, é que Katakuri não parecia se lembrar de nada daquilo. Não foi estranha a falta de reação que o rapaz arrancou de si não só ao se apresentar daquele jeito espalhafatoso, cheio de elogios exagerados, beijos em dorso (que só não foi impedido por ter sido, de fato, completamente inesperado) e, por ironia ou não, até mesmo chegava a questionar seu nome.
— ... ... ...Natalie...? — Foi a única coisa que respondeu, meio incerta (e até envergonhada, vale ressaltar), após alguns segundos de silêncio, com um sutil encolher de ombros. Veja bem: Não era como se esperasse que o monotreinador se lembrasse 100% de si após um único e breve encontro. Ela ainda se recordava da pressa que ele parecia ter naquele dia (e somente por ter sido praticamente uma das
únicas interações com outra pessoa que tivera ali, em Mu Island) mas, hmm, agir como se fosse a primeira vez que davam de cara um com o outro era uma atitude meio alienígena para a ruiva e, bem, não sabia se era por estar em frente à uma plateia ou por ter, de fato, se... Esquecido?
...De qualquer jeito, todo aquele circo não se assentou com bons olhos em seu coração. Felizmente, sua atenção logo foi fisgada quando a dupla de Dawn também se apresentou (de um jeito mais
normal, por assim dizer), e a moça se reservou ao direito de cumprimentá-lo com um leve aceno tímido de dedos. Além disso, o rapaz também foi responsável por
lurar Katakuri para longe de si, fato que certamente ajudou, mas não mudava o fato de que agora teria que lidar com a reação de quem assistia (esperava que não fosse nenhuma, por céus) e, além de tudo, o constrangimento daquela cena por toda a batalha; Para tentar se distrair, a primeira atitude que tomou com o afastamento do treinador foi libertar seus dois monstrinhos em campo, prontos para a batalha.
...Mas, não se preocupe! Esse sentimento não durou muito tempo. Na verdade, ele se dissipou tão rápido quanto se formou - e foi justamente por ter notado as palavras de Dawn, que se desculpava com seu parceiro antes mesmo que a batalha começasse.
"Não posso lutar sério contra uma moça tão bela!", ele dissera? O cenho se franziu suave diante de tal afirmação, e teve certeza de que não tinha enlouquecido quando a própria Azumarill fechou a cara e apoiou as mãos na cintura, indignadíssima. Pior: O pokémon posto em batalha pelo jovem era
claramente um filhote, mirrado, minúsculo,
fraco. Duvidava muito que aguentaria mais que um único ataque de qualquer um de seus companheiros, e a consciência do fato despertou uma faísca de ódio em seu coração.
Quem diabos ele estava pensando que era?
— ... ...Rotom, Thunderbolt nesse morcego. — Ordenou, ríspida, enquanto cruzava silenciosamente os braços em frente ao peito.
"Pode fritar.", foi o que pensou, mas felizmente conteve as palavras antes de qualquer reação mais agressiva.
— Blue, foco no Luxio. Faça a temperatura cair com um Subzero Slammer! — Instruiu. A pretensão era fortalecer ao máximo o Ice Punch, e certamente não teria maneira melhor de fazê-lo do que utilizar seu Z-Crystal, certo?
— Repita o Thunderbolt no Noibat, se ele não tiver caído, ou mire o Luxio. — Comandou ao elétrico. Duvidava
muito que aquele projeto de adversário sobreviveria, mas o ideal era deixar todos os buracos tapados, huh?
— E você, — Prosseguiu, o olhar retornando para a coelha azulada.
— Play Rough no Luxio. — Finalizou.
Não queria lutar sério, hein?
Muito que bem.