Flores de fogo - Tony Dragnell

Flores de fogo!

A situação estava crítica: Tony não sabia o que fazer com a quantidade de fumaça no local e Rotom havia acabado de derrubar seu melhor Pokémon em uma batalha complicada entre os dois. Nosso herói decidia mandar Azulzinha tentar abrir as janelas, mas... como? A pequena aquática não possuía força suficiente nos braços e todos ataques que sabia agora foram substituídos por outros em treinamento, ou seja, com Lick e nem com Water Sport ela seria capaz de abrir os cadeados. Em sua volta, nada firme poderia ser encontrado e, além do mais, a fumaça já impedia a visualização da maioria das coisas ali presentes. Será que Tony escolheu o Pokémon certo para tentar ajudá-lo?

A batalha, por sua vez, continuava. Mais rápido em campo, Rotom utilizou seu Confuse Ray mais uma vez, o que fez com que Espoleta ficasse tão delirante quanto seu amado estava anteriormente. Apesar da confusão, a canídea conseguia acertar um Bite em meio toda aquela fumaça, mas não causava tanto dano quanto Houndoom causou. Atacando completamente enfurecido, o fantasma utilizou seu Shock Wave e atingiu a pequena com bastante força. Espoleta tentou retribuir com mais um Bite, mas acabava sofrendo os efeitos da confusão.

A fumaça começava a tomar conta de tudo e a qualquer momento nosso herói poderia desmaiar se inalasse-a demais...

O que fazer?

Flores de fogo!

E finalmente nosso herói colocava a cabeça para pensar! Juntando a potência de Espoleta com a de Azulzinha, Rotom até conseguia atingir a canídea mais uma vez, mas não sem ser punido por um combo que terminava de tirar todas suas forças. Assustado, o elétrico fundiu-se com a corrente elétrica e desapareceu do ambiente amedrontado. Perdido em meio à fumaça e recuperando a vitalidade de Garm, talvez Tony sequer tenha visto de imediato o sucesso de suas duas Pokémon, mas não que importasse no momento -- Agora, Vulcano tentava por diversas vezes conseguir abrir o cadeado com seu Tackle, sucedendo logo em sua terceira tentativa. Que sorte!

Com a fumaça se dissipando aos poucos, o Kantiano conseguia ver que logo perto de onde Rotom estava estavam cinco shards vermelhos, empilhados um em cima do outro. Como parecia uma das poucas coisas não afetadas pelo incêndio, talvez fosse inteligente nosso herói decidir levar consigo o que havia encontrado.

Sem muitas delongas, o único lugar que nosso herói não havia ainda olhado era o porão... Mas, talvez, esse fosse o menor dos seus problemas. Um outro barulho vinha do andar de baixo, de onde Tony havia vindo anteriormente. O diferente era que, agora, parecia uma voz humana, pedindo por socorro! A voz fina ecoava por todo o edifício, seguida por alguns estrondos de coisas caindo...

O que poderia ser?

Flores de fogo!

Agora munido com três de seus Pokémon, Tony decidia investigar de onde vinha aquela voz gritando por socorro, já que anteriormente acreditou que fosse mais um truque dos fantasmas; o que provou já não ser mais verdade. Garm antes parecia completamente irritado com o ambiente onde estavam, sempre caminhando em desconfiança, bem como atento para qualquer problema que pudesse surgir, mas... Mas algo sobre a voz e o cheiro que farejava no chão mudou completamente sua atitude. Seguido por um choro não característico do valente noturno, Houndoom balançou seu rabo diversas vezes no ar e fitou Tony em alegria, saindo em disparada logo em seguida. Espoleta e Azulzinha não entenderam muito bem, mas apaixonada do jeito que é, Growlithe decidiu correr atrás dele, enquanto Panpour decidia montar nas costas de seu treinador.

Seguindo o feliz noturno escada abaixo, Tony perceberia que o tom da fina voz ficava cada vez mais familiar... Aproximando-se cada vez mais, nosso herói se depararia com Violet, a garota que ajudara anteriormente em sua aventura, bem como sua Ninetales, aparentemente bem machucada e deitada no chão em dor. Garm, que antes parecia feliz, deitava no chão ao lado de sua eterna paixão, compadecido com a dor que a raposa sentia e tentando animá-la com algumas leves lambidas no rosto. É claro que algo dessa magnitude não passaria despercebido por Espoleta, que logo começava a latir incessantemente e demonstrar sinais raivosos em direção à Violet e Ninetales. A loira, já amedrontada, reconheceu Garm, mas com o surto de Espoleta e sem ver Tony de imediato e sem saber que a canina pertencia ao mesmo, logo sacou uma Pokéball e revelou outro Pokémon: um poderoso e irritadiço Flareon.

— Não vou deixar que a machuque! — a garota gritou; aparentemente, Violet também estava machucada, com o braço direito completamente arranhado, com algumas gotas de sangue escorrendo — Pare de latir, eles vão voltar aqui! — a jovem apontou para frente, como quem fosse já dizer ordens de ataque para seu Flareon em relação à Espoleta, mas, então, percebeu a presença de nosso herói — Tony! O que está fazendo aqui? Então, Garm é real? Já achei que fosse uma das peças desses malditos fantasmas! — a garota correu e abraçou o Kantiano —  Essa Growlithe é sua? Por que está dando esse show todo? — balançou a cabeça negativamente algumas vezes — Como é bom te ver... Estamos em um certo apuro por aqui. Estava de passagem pela cidade, acabei passando pela porta e um menininho disse que seu Pokémon entrou aqui e nunca mais saiu. — respirou fundo — Tive que ajudá-lo, mas agora já nem sei se ele era real. Um enorme Pokémon fantasma que não conheço apareceu e depois de uma batalha difícil fugiu, mas não sem antes deixar a Ninetales assim. — agachou, acariciando tanto Garm quanto ela — Estava prestes a retorná-la quando o príncipe encantado dela apareceu. — deu uma risada, logo depois gemendo em dor da ferida em seu braço — Inclusive ele me empurrou e agora estou assim, mas não posso sair daqui e desapontar o menino caso seja real.

Flores de fogo!

O reencontro do nosso herói com Violet acabava acalmando o coração de ambos, já que ambos se encontravam em uma situação complicada: os fantasmas não paravam de surgir e Tony já havia destruído um cômodo em sua saga para tentar parar as assombrações. Tenso, né?

Espoleta simplesmente estava tomada de raiva por ver sua paixonite simplesmente deixá-la de lado para ficar com a Ninetales de Violet. Inclusive, a garota agora retornava seu bravo Flareon para sua respectiva esfera metálica e buscava um Hyper Potion, recuperando a vitalidade de sua raposa desmaiada. Agora recuperada, a canídea começava a acariciar Garm de volta, que parecia extremamente feliz por tê-la por perto.

— Estava caminhando pelas rotas, treinando alguns dos meus Pokémon. — a garota guardava o frasco de volta em sua bolsa, respirando fundo logo em seguida — Decidi que ia passar a tarde e talvez a noite por Verdanturf, até que encontrei o menino. — Violet fazia um curativo em seu machucado após Azulzinha ajudar a limpar a ferida — E não, entramos aqui há no máximo cinco minutos, não saímos do primeiro andar... Por que? Acha melhor verificar por lá?

E Tony nem precisaria responder a pergunta da garota: tanto Ninetales quanto Houndoom ouviam um barulho inaudível para seus treinadores vindo diretamente do andar de baixo. Suas posturas, antes felizes por estarem brincando um com o outro, agora ficavam agressivas, protetoras do que poderia vir e fazer mal a Tony e Violet.

— Vamos, então. Temos bastante força, não é possível que ele consiga derrotar todos nossos Pokémon. — e assim a jovem começou a acompanhar Tony, que agora descia as escadas com cuidado — Vamos lá.

O barulho agora desaparecia. O andar de baixo era desleixado, parecia funcionar como um armazém para coisas velhas que provavelmente a dona do Contest não queria jogar fora. Caminhar era um pouco limitado, mas dava para conseguir visualizar as coisas graças as chamas que os canídeos produziam vez ou outra para iluminar o caminho. O chão, por sua vez, possuía algo semelhante à areia, mas como se Verdanturf era extremamente arborizada?

Não demorou muito e a resposta para a pergunta anterior surgiu. Primeiro, dois pequeninos fantasmas carregando o que parecia ser um pedaço de pedra surgiam; Ninetales e Houndoom rosnavam para eles, mas as assombrações não pareciam ligar. Além disso, os monstrinhos pareciam chamar com uma espécie de dança algo que adormecia atrás deles... E então, revelou-se o maior fantasma que poderiam encontrar por ali.

Rapidamente, Violet buscou sua Pokédex na bolsa, revelando a face dos três desconhecidos monstrinhos que surgiram ali:

Flores de fogo!

E era isso.

Pelo que parecia, aqueles três eram os últimos fantasmas a serem enfrentados no edifício, mas isso não significava que seria fácil derrotá-los... Afinal de contas, ali estavam três fantasmas que compartilhavam a mesma tipagem que tinha vantagem sobre nossos dois mono-treinadores de fogo: terrestre. Tony começava lançando três de seus monstrinhos em campo e, para não ficar para trás, Violet decidia fazer o mesmo. A jovem buscava duas esferas metálicas em sua bolsa e lançava-as para o alto: de uma saía o já conhecido Flareon, mas de outro, saía uma imponente Rapidash, pronta para batalhar.

— Rapidash, duplo Megahorn! Um em cada Yamask! Ninetales, Safeguard e Energy Ball no grandão! Flareon, duplo Helping Hand na Rapidash! — diferente de Tony, Violet parecia pensar mais estrategicamente ao invés de partir para o ataque total — Eles são bem perigosos, Tony! Temos que tomar cuidado e lembrar que estamos embaixo de um prédio! Se isso aqui cair, já era!

E assim se iniciou a batalha. Graças a prioridade de ataque, Flareon começava enviando uma aura branca na direção de Rapidash, aumentando significativamente o poder de sua aliada, que logo seguia com seu potente chifre e acertava um dos Yamask com tanta potência que o fantasma chegava a ficar tonto, mas ainda assim se mantinha de pé. O único problema é que a equina rapidamente era envolta em uma aura amarelada, proveniente da habilidade do adversário, Wandering Spirit, substituindo sua própria. Ninetales seguia, envolvendo todo seu lado do campo com uma proteção contra status moves. Era então a vez de Garm, que utilizava seu rugido e aumentava seu poder de ataque. Azulzinha seguia, utilizando seu Lick, que acabava não causando muito dano. Espoleta, então, utilizava sua mordida contra o mesmo Yamask que sofrera o ataque de Rapidash, que o machucava, mas não era o suficiente para derrubá-lo. Além disso, tanto Azulzinha quanto Espoleta também eram envoltas na aura de Wandering Spirit.

Agora era a hora dos fantasmas.

O maior de todos, Runerigus, começava. Batendo seus braços fantasmagóricos no chão, o fantasmas tremia a terra com Bulldoze, quebrando a maioria das coisas e fazendo com que a estrutura do edifício se abalasse um pouco; o maior dos problemas não era esse, mas sim que o ataque pegava em todos ali presentes, causando um dano considerável em todos Pokémon de fogo presentes. Ambos Yamask agiam juntos, utilizando cada um Night Shade em Rapidash e Espoleta, respectivamente, o que deixava a canídea em estado crítico.

— Precisamos terminar isso rápido, Tony! Se ele utilizar esse ataque terrestre diversas vezes é capaz do prédio desmoronar na nossa cabeça!

E assim, a segunda rodada se iniciava. Rapidash e Flareon repetiam o movimento no outro Yamask, mas ainda não era suficiente para derrubá-lo. Ninetales seguia, utilizando sua orbe gramínea em Runerigus, que finalmente sentia o poderio da equipe de fogo. Exausto porém com seu ataque potencializado, Garm utilizou seu Bite contra o mesmo alvo de sua amada, que era crítico, mas agora o noturno era vítima da habilidade do terrestre e adquiria o Wandering Spirit. Azulzinha seguia e sequer fazia cócegas no grandão, enquanto Espoleta, por sua vez, conseguia arrancar um crítico contra o fantasma da esquerda, fazendo com que fugisse assustado. Menos um problema para nossos heróis.

Para sorte de todos mas para a infelicidade de Espoleta, Runerigus enviou um de seus braços contra a pequena e atingiu-a com Slam, deixando-a fora de combate. O Yamask restante utilizou seu Night Shade contra Azulzinha, que apesar de exausta, se manteve forte.

A situação estava complicada para nossos heróis, que mal conseguiam arrancar dano contra Runerigus... O que fazer?