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Perdão qualquer erro, eu tô meio lesadinha <3
De certo modo, observar as feridas estampadas nas mãos de Karinna era tanto bálsamo quanto maldição.
Em momento algum a ruiva ousou dar voz aos pensamentos sombrios que ecoavam por sua consciência, sórdidos, enquanto os dígitos trabalhavam, serenos, para que pudessem limpar mais uma vez os machucados da loira; Entretanto, não por isso suas existências riscavam com mais opacidade - apesar de toda a esquizofrenia que ameaçava estilhaçar-lhe a sanidade e mesmo espírito, hah, suas experiências tenebrosas nas masmorras do próprio Criador, independente de quão irônico tal ideia pudesse soar, eram a mais pura realidade.
Levando em consideração o relato recebido, haviam sido atingias por um raio: E fazia sentido, de certa forma, a irritação do titereiro ao observá-las trabalhar para fugir do palácio construído no Limbo. Entretanto, por outro lado, não era capaz de compreender a motivação por detrás dos tantos eventos caóticos que a perseguiam desde sabe-se lá quanto tempo atrás. Era frustrante, para dizer o mínimo, repassar na cabeça os tantos eventos sofríveis que trabalhavam para fragmentar-lhe a alma - e lembrar que em momento algum havia tido um único reforço, independente de onde ou quem, que pudesse contar para poder se reerguer sem o bambear agonizante de um João Teimoso.
...
— Por mim, tudo bem. — Assentiu, suave, ao finalmente enrolar as mãos da monotreinadora em bandagens novas, limpas. — E não estaria ardendo se parasse de esmurrar as coisas por aí. — Censurou, em baixa voz, para que o lenhador não ouvisse aquela parte da conversa. Sem pressa alguma, guardou os medicamentos na pequena maleta de primeiro socorros, se dirigindo à prateleira para colocá-la no lugar outra vez. Foi nesse momento também que percebeu, com o canto do olho, o trabalho religioso da companheira ao comparar o tamanho dos sanduíches e, então, deixou escapar um riso abafado.
Era bom ter Shuckle novamente ao seu lado.
Em silêncio, dedicou-se então à refeição preparada pelo homem. Colocou pra dentro sem contestar, sem pensar no gosto, sem saborear - nutrientes digeridos pelo corpo de maneira quase mecânica, o espaço do estômago se preenchendo sem que a consciência parasse para refletir sobre o que o ocupava. Chegou a ouvir as palavras lançadas ao vento de um e outro mas, por aquele breve instante infinito, reservou-se à quietude. Não se demorou muito, porém, e entre as mordidas sem pressa, eventualmente o lanche se findou.
— Bem, com certeza não são descabeçados que nem você. — Provocou, deixando escapar um sorriso de canto antes de se erguer, esfregando as mãos na barra da roupa. — Você acompanha a gente, Oliver? — Convidou, ajeitando com suavidade uma madeixa avermelhada por detrás da orelha. — E talvez você possa falar um pouco mais sobre as tais ruínas... Parecem interessantes, no fim das contas. — Acrescentou, antes de se dirigir para fora do chalé ao recuperar suas pokéballs.
Do lado de fora, então, observou as duas esferas se partirem, revelando tanto a gelatina flutuante, quanto a belíssima flor bicolor, que entrou em campo com um sorriso discreto, cruzando os bracinhos em frente ao corpo. Kaleo, por outro lado, girou no lugar, alegre, emitindo um som manhoso antes de encarar a monotreinadora que o opunha; Após tantas batalhas conjuntas, seria ela sua adversária, afinal?
— ...Vou usar esses. Tudo bem? — Perguntou, com um sorriso breve. Não que acreditasse que ela negaria, mas...