O cabaré das fadas

  Tardizinha na praia, mar lindo e areia fofa. Wingulls voando por ai sobre guarda sóis ocupados por pokemons e pessoas. Ame tinha uma visão clara disso tudo da calçada que contornava a praia, mas tão bela vista não a deixava admirada, só calma.


  Mime mostrava-se bem mais feliz que sua treinadora ao admirar tanta água, nem parecia que um dia teve medo de água. Percebendo isso, Ame questionou Mime:

  — Você vai nadar? — Ela perguntou com um sorriso. — Vamos até a beira.

  Mime não escondeu que ele gostou da ideia. Perto da água enfim, enquanto Mime molhava os pés, Ame sentou-se na areia, longe só o bastante pra não ser pega pela maré e Minior, ainda quieto, ficou flutuando ao lado dela.

  — Eu devia estar pensando no dizer pra convencer Ruby a vir a abertura e não estar aqui na praia, sabe? — Ame disse, ela estava falando com seu novo pokemon que nem emitia qualquer som pra mostrar que a ouviu, mas ela continuou — O que eu devia dizer? "Oi, Ruby, você não me conhece ou talvez conheça, eu sou a coordenadora de Kanto que participou do primeiro contest daqui de Hoenn, meu nome é Ame! Eu estou te ligando pra convida-lo pra abertura de um restaurante em Slateport daqui um mês, seria ótimo se você viesse, vai ter bolo e apresentações de coordenação."? O que acha?

  Ame se virou para Minior. O pokemon continuava na mesma, no entanto, ele parecia um pouco mais ativo, flutuando em volta da coordenadora invés de ficar só parado ao seu lado.

  — Você não vai me ajudar, né? Ta bom, então.

  Ame continuou, mentalmente, ensaiando o que ela iria dizer antes de tentar ligar para Ruby. Quando enfim se sentiu segura do que iria dizer, ela pegou seu pokenav e ligou para ele. "Atenda, por favor" ela pediu enquanto chamava.

  Com a esperança de um retorno, Ame decidiu esperar até Ruby ligar ela. Se ela se distraísse um pouco, talvez ficasse menos nervosa de tentar de novo.

  Olhando pras ondas quebrando na beira e Mime agora boiando na água, totalmente no mundinho dele, Ame teve a ideia de pescar.

  — Mime! Chega pro lado! — Ela avisou antes de tirar sua super rod da bolsa e lançar a isca.

  O mar devia ter pokemons mais interessantes que o lago da rota 117.

  As duas jovens que vieram até Ame não eram nenhum um pouco ameaçadoras, mas Minior devia pensar o contrário, pois assim que ambas deram as costas, o pokemon de Alola deu uma investida na ruiva.

  Foi como uma cena em camera lenta pra Ame. Do nada, seu mais novo pokemon atacou uma pessoa. "Quê?" foi tudo que ela pensou antes de começar a questionar Minior sobre o que ele fez. Minior ignorou ela e ficou encarando as duas jovens.

Como não ia conseguir que o pokemon se desculpasse ou algo assim, Ame se voltou para as garotas, ela tentou soar o mais preocupada possível para que nenhum ficasse brava ou achasse que aquilo foi de propósito.

  — Foi mal! Ele não é muito sociável com pessoas, sabe? Tudo bem com você?

   Não bastasse seu próprio monstrinho ser esquentado, a ruiva também era. Isso era ruim, mas Ame por um instante se distraiu ao ver a ruiva (ela se chamava Sasha?) sacar uma lure ball.

  "Ah, uma dessas seria útil demais." Ame divagou pra si mesma imaginando como seria melhor capturar pokemon pescados com uma lure ball invés de pokeball de mercado. A coordenadora só parou de imaginar quando percebeu a ruiva encarando ela com a maior cara de nojo.

  Ignorando tal olhar e atitude, Ame ia voltar pra sua pesca (ela até fez sinal para Mime sair da água e vir até ela, pois queria coloca-lo de volta na ball) se não fosse a outra garota atiçar sua curiosidade com isso de ajuda. Para que elas queriam ajuda?

  — Seu nome é Alaya, né? Pra que você quer ajuda? Me chamo Ame, alias. — Ame disse, apontando pra si mesma ao se apresentar — Sou coordenadora e, no momento, organizadora de eventos temporária pra um restaurante daqui mesmo de Slateport, o Sekyu Cabaret! Teremos uma grande abertura em um mês, vocês deviam ir e você podia tomar um chá pra acalmar esses seus nervos. — Ela apontou para a tal Sasha ao falar do chá.

  Ame esta semi consciente de que estava puxando uma briga com a ruiva, semi consciente. A parte mais forte de si realmente queria fazer como Minior e chuta-la pra longe só por causa daquele olhar de antes. E falando em Minior, pela primeira vez desde que este virou seu pokemon, Minior emitiu um som meio abafado pela sua concha de pedra, foi um som baixo e estranho, estaria rindo do seu comentário sobre chá?

  Luvdisk fujona com um tubarão a solta, Ame captou que isso podia ser uma busca perdida se Sharpedo tivesse já achado Luvdisk, mas ela guardou seu pensamento, a atitude da ruiva estava piorando o humor novamente.

  — O restaurante se chama Sen-Kyu Ca-ba-ret. Fica perto da feira. Eu realmente recomendo que o visite. — Ame pronunciou bem cada silaba do nome do restaurante para Alaya, mas enquanto fazia isso, a amiga desta novamente era uma babaca, agora a chamava de inutil

  — Guarde suas presas, Arbok. — Ame respondeu com uma expressão de quem estava farta já — Você nunca vai arrumar ajuda de ninguém com essa sua atitude estupida e grossa. O meu pokemon pode ter problemas de comportamento, mas ao menos ele tem a desculpa de ser um pokemon e mesmo assim, ele não ta cuspindo veneno sem motivo e ficando irritadinho porque foi respondido com uma piada. Qual a sua desculpa fora "antisocial"?

  Ame firmou sua vara de pesca na areia e mandou que Mime a vigiasse, só então Ame voltou-se direto e só pra Alaya.

  — Não tenho problema nenhum em te ajudar Alaya já que foi você quem me pediu ajuda e não foi uma babaca igual você ta sendo. — No ultimo "você" da sua frase, Ame se virou para Sasha, a encarando firme. — Eu não vou me rebaixar a provar qualquer coisa pra você. Tomará que outra pessoa tenha mais pena da sua amiga e ature você, Sasha. E que vocês encontrem ajuda logo, afinal, luvdisk, sharpedo, dois dias já, quais as chances dessa pokemon ainda ta viva?

  Ao fundo, Mime fazia uma expressão nervosa de quem bem falaria "Ui!" em tal situação, enquanto que Minior começou a tremer ao mesmo tempo que emitia o mesmo som de antes, devia estar sentindo um misto de medo e vontade de rir.

  Dito tudo que pensava sem medir consequências, Ame ficou esperando as ofensas fervidas em raiva da ruiva e que fossem embora pra ela poder se concentrar na sua pescaria enquanto Ruby não retornava. Nesse meio tempo de espera, Ame imaginou como faria se encontrasse com um pokemon tão ameaçador como Sharpedo, o quanto a sua sorte era forte pra sair viva de um encontro desses?