[Goldenrod] ... Me, Cthaeh & Sk8 Boy

Ao menos a esperança me serviu de algo. A simbólica mesa de ferro deu-me o prazer de encontrar o cartão. Achei! Eu realmente achei! Não sei direito porque o pokémon quis quebrar o equipamento elétrico, mas apesar de todos os pesares, eu achei. Peguei para mim o cartão que quase caia na poça de água pútrida. Joguei-o na bolsa lateral da mochila, ajeitei-a nas costas e assobiei; chamando Hela, Sif, Skuld (que agora já parecia melhor) e Nidhogg:
- Preciso que vocês voltem, temos que encontrar Nicholas o mais rápido o possível pra avisar que a gente conseguiu - Todos assentiram com a cabeça e, quando fizeram, apertei o botão circular das esferas bicolores - Vamos, Loki! Fareja Robb, por favor.

Em geral Ursaring implicaria com o pedido, mas já entendera a situação bem. Não havia lá muito tempo ou espaço para manha ou drama; o enorme-pequeno-urso o faria sem contestar. Depois do meu timbre trêmulo, minha pálida feição e o vômito inevitável, ele sabia que não havia como livrar-me daquilo sem me ajudar ao máximo. Sabendo disso, agachou e se ofereceu para me carregar. Eu diria que não em tempos reais; mas devo admitir estar exausta. Subi nas costas do urso (que não é lá muito rápido, mas certamente mais que eu) e corremos em direção ao elevador.

Pauso a linha do tempo para agradecer a Deus por essa janela quebrada do sétimo andar. O vento batera no meu rosto quase como um carinho e eu pude tirar de vez o Scuba Gear e colocar na bolsa. Nesse instante eu estava... feliz? Não sei se é bem esse o termo, mas felizmente aliviada. Aliviada por não estar mais com os corpos putrefatos; e além disso, aliviada por não ser um deles. Ursaring me carregava com bastante cuidado, mantendo os dois braços para trás e segurando-me como um bebê que não saberia se virar sozinho. Isso quase sempre é irritante, mas devo admitir que me fora extremamente acalentador agora.

Deitei minha cabeça em seu pelo, aconchegando a bochecha esquerda em sua pele quente. Emiti um suspiro singelo, escapou um sorriso bobo e algumas lágrimas correram, irrigando a pelagem macia do pokemon-normal. Ri de minha própria reação; ao fim do risinho tímido, exclamei em som baixo, porém bastante claro e animadinho:
- Obrigada Loki - Parei ai, dando-lhe um beijo nas costas e sendo respondida por um grunhido bobo, como quem dizia "não há de que".

Talvez não fosse o melhor dos momentos para fazer isso, mas não havia outro. Agora chegávamos ao elevador e ele infelizmente teria que me soltar. Já sabendo disso, forcei-me contra suas costas e subi um pouco mais em sua lombar. Abracei seu pescoço grosso, já sabendo que era impossível enforcá-lo com meus finos e fracos braços. Passei minhas pernas por baixo de seus cotovelos e me segurei o quanto pude. Ao firmar a posição, ele foi.

Ao menos Loki era mais esperto que eu. Seguira os rastros de Infernape, tentando quase sempre por as mãos onde Robb já havia findado um apoio; não perfurou tanto a parede com as garras, mas ainda assim chegou ao Nono andar cansado. Aqui admito não ter entendido porque parou; olhei para o alto, continuei a ver vestígios da passagem de Nicholas e questionei:
- Ele não está no décimo andar? - Loki deu de ombros, indicando que não saberia dizer onde Nicholas estava. Apesar de não saber, apontou reto, mostrando que não saberia seu fim, mas o faro lhe indicava o caminho a percorrer - Ok, então se ele está no décimo andar... não foi pelo túnel, né?! - Assentira e voltava a andar.

Reparei sua respiração pesada, seu arfar incomum e sua alta frequência cardíaca pelo simples contato. Decidi então fazer um sinal para descer, livrando-o do peso que (literalmente) carregava em suas costas. Pulei no chão, pousando numa poça; o estalo do impacto jogou um pouco de água ao redor, ainda assim, nada que incomodara Ursaring.

Olhei-o nos olhos e esperei que ele continuasse o caminho. Sabendo que não seria tão mais fácil, meu pequeno-grande-urso dobrou os joelhos, se apoiou sobre eles, inclinou-se e retomou o ar. Ao fim do processo, começou a dar passos lentos em direção ao que parecia ser um corredor. Ultrapassei a sequência de cubículos administrativos, atravessei lugares que Nicholas de fato não dera importância e encontrei uma pesada porta vermelha recém arrombada. O cheiro de queimado tornava tudo mais óbvio; Robb o fizera. Segui o rastro e o caminho começava a se tornar óbvio.
- Eu vou te deixar descansar um pouco, ta bom? O ar daqui ainda é bastante nojento, não tem porque te deixar arfando nesse ambiente - Ele pareceu relutante, mas logo aceitou o inevitável retorno, voltando a esfera. Sozinha, segui em frente, correndo escada-a-frente (esta já bem mais preservada que a original) e chegando no que parecia ser o décimo andar.

- NICO!? - Gritei, chamando-o em voz alta - FREYA!? - Gritei, chamando-a em voz alta - ALGUÉM AI? - Gritei, chamando-os em voz alta.

Apesar de esperar uma resposta, não iria esperar parada. Atravessei os tantos computadores destruídos, passei por uma entrada esquisita e cheguei a um... restaurante? É, parecia que sim... e ao fundo Nicholas. Tirei o cartão da bolsa, aproximei-me devagar e comecei a falar:
- Ai, finalmente te encontrei. Eu achei o cart... - Eu mesma me interrompi; ou melhor, um corpo ao chão com um tiro na cabeça me interrompeu.

Por um mísero instante, culpei Nicholas. Eu já iria gritar "o que você fez" mas um misto de hipóteses me tomou. Calei-me por completo; larguei o cartão ao chão, deixei que meus ombros caíssem e meus braços fossem juntos. Perdi a força que a pouco levantava meus lábios e o tom mórbido e pálido do meu rosto se tornou ainda pior.

... Dejair falou que ninguém havia subido aqui. Nicholas não tem uma arma. E... ele não faria isso, né? Ainda meio boquiaberta, aproximei-me em passos lentos, chegando próxima do dorso de Nicholas. Sem o tocar, falei baixo, com a voz extremamente tremida:
- ... o que aconteceu aqui? - Eu esperava que ele não soubesse responder.

No mais, eu via a cena por cima dos ombros do rapaz; aqui dava graças a Deus mais uma vez, mas agora por ter vomitado antes e não ter mais nada no estômago para fazer de novo.

Nicholas respondera exatamente o que quis ouvir. Talvez por isso soltei a respiração de vez e perdi toda a tensão dos membros; logo mais minha palidez ia embora e eu conseguia ver-de-longe o corpo ao chão. A princípio, cogitei suicídio... há de se admitir que ali não é um cenário agradável aos fracos. Talvez aquele Ranger estivesse preso ali, sem ter como descer em um período próximo.... ainda assim, os sinais de lutas corporais me faziam desistir da ideia.

Isso e, claro, a falta de um revolver.

Virei o rosto, evitando ver a cena que era obrigada a ver. Logo mais forcei minha cabeça a concentrar-se no cartão e comecei a rodear o cenário. Vidros ao chão, lustre na mesa, bar destruído e mesas completamente deslocadas. Pouco me era útil; até Freya sair do chão.

Meu coração fraco até parou um pouco mais; eu já não tava nos meus melhores estados e aquele susto me fizera passar mal. O Sangue na cabeça, o frio nos pés, o pulo repentino e o grito do fundo dos pulmões... tudo isso me dera uma acelerada imediata e de curto prazo. Quando meu sangue enfim cedeu, pontos pretos descoloriram minha visão e eu parecia... cair? Você vai mesmo desmaiar, Winnie?

Wi..nni...e?

Pois é meus leitores, cai. Só sei que cai porquê acordei ao chão, com um caco de vidro pequeno preso em meu ombro e Freya segurando minha cabeça com seus tentáculos frígidos e úmidos. Não me era comum o ato... na verdade, nunca havia acontecido antes... ainda assim ocorreu. No mais, levei tempo-demais para recompor e talvez por isso fiquei ali, sentada no chão, olhando em volta e reconhecendo o local.

Talvez fosse sensato dizer que... não aguento muito mais. É mau-caratismo meu por a culpa em Freya; ela apenas fez o que eu pedi. Chamei a pokémon para o meu lado, olhei-a com um semblante pálido, porém afável:
- Desculpa pelo esporro mais cedo, Freya... - Retomei o que já passou, eu sei, mas isso tinha tudo a ver com o que eu falaria agora. Rodeei o perímetro com a esclera, fitei o semblante de Nicholas e falou - Nico... eu quero ir embora. Eu já achei o cartão, eu não quero mais ficar aqui... vamos?

Já não importava se era ou não o cartão que eles queriam. Ao menos informação e um acesso teriam.

- Eu achei ele dentro de um Monitor... que estava dentro de uma sala de pânico... sei lá, não sei porque estava lá, mas estava... - Fora ao dizer isso que eu tirei do canto da bolsa o cartão que outrora botei lá. Ao mostrar a ID com chip para Nicholas, relembrei um momento mórbido e estremeci - Bem, o dono dele morreu na sala, mas ao menos escondeu o cartão bem. Eu poderia ficar pensando no quanto isso é estranho, mas não to afim... só vamos embora. Qualquer coisa a gente volta com a sociedade mais tarde e investiga isso.

... pera, eu citei a sociedade?! Arg, eu ainda não tinha conversado direito com Nicholas sobre isso. Enfim, não me era muito útil discutir aquilo ali, era?! No mais, ouvi a proposta de Nicholas com certo incômodo, já que poderíamos fazer melhor que isso:
- A gente pode ir até o Quinto andar mesmo, com Ursaring e Robb. Descer é mais fácil que subir. A gente para nos entulhos, abre a porta do elevador e sai pela janela. Clefable ta meio cansada, poupar ela parece ser mais seguro.

- A - Falei só isso a princípio; ele não estava errado mas eu também não tinha lá tanta culpa nisso - Você não falou nada... achei que não tinha achado importante - Era sincero, apesar de tirar a culpa de mim e jogar no próprio Nicholas de certa forma - Você... quer saber mais? Vamos descer e na volta eu te conto.

Bem, era só isso que diria; adiantei seu "sim" como resposta e fui. Chamei-o para descer as escadas. Chegamos ao túnel do nono andar e ali liberei Loki, indicando o plano como combinamos. Ele emitiu um certo múrmuro inconformado; não gostava de trabalhar com Robb, mas seria inevitável. Logo mais eu estaria nas costas dele, túnel a baixo. Ai chegar no quinto andar, pretendíamos pousar nos entulhos, adentrar o andar, liberar Skuld e a pedir as sequências de golpe que usara antes. Minimize, Minimize, Minimize. Cosmic Power, Cosmic Power, Cosmic Power. Stored Power para nos frear da gravidade. Para efetuar isso tudo, pedi para que Jellicent nos acompanhasse como supervisora; se caíssemos, ela poderia tentar frear o impacto com Surf ou produzindo neve com o Ice Beam.

Bem resumido, para caso de "Time Skip" do narrador mais lindo do mundo.