Ruas de Mountrock - Decolando na velocidade das sombras

Estava caminhando por um longo período e os pequenos Elétricos tinham se saído bem melhor que um aparelho que deveria fazer o serviço completo, mas só tratava de me dar dor de cabeça! E ainda por cima parecia querer me pregar uma peça, pois ao me aproximar da localização do possível item daquela área, EU TERIA QUE DAR A VOLTA NO QUARTEIRÃO!!! Agoniado com a situação, eu acabava por gritar para os cantos, de forma bem aleatória, até cansar e procurar uma alternativa mais sensata que ficar caçando orientações loucas à mercê de um narrador sádico.

— Nana, me leva pro outro lado! To cansado de andar - pedia ao liberar a Tropius, já montando na planta voadora giganta. - Ele só pode ter me dado o pior equipamento de teste, puts...

Sabia que ela era bem rara, inclusive na região, mas se atrairia mais atenção... Bem, o que era um peido pra quem já estava todo cagado? Só queria terminar a mini-quest que poderia estar no meio, ou longe do fim. Quem sabe?

Azula's POV

Segunda, 15h45min  
"Sol quente, poucas nuvens no céu. 24ºC"  

Suspirava aliviado em saber que era realmente um item de valor e não uma bugiganga qualquer. Já poderia anotar o segundo item de três requisitados.

— Ótimo, dois já foram. Falta apenas um... - falava ao pegar a gema e retornar para a Tropius. - Nana, me ajuda a encontrar a localização do último?

Pretendia sair daquele local antes que fosse abordado por algo ou alguém. Como não conhecia a cidade, era melhor evitar de ficar sozinho em becos mal iluminados depois de atrair tanta atenção. Não que eu estivesse com medo, mas nem Fera nem meus outros melhores amigos estavam comigo, então minha confiança não era a mesma, de fato.

No percurso aéreo, explicaria para Nana da missão de encontrar itens com aquele aparelho, abusando da localização privilegiada do Voador para conseguir encontrar a melhor forma de acessar o local do próximo item.

Azula's POV

Segunda, 15h45min  
"Sol quente, poucas nuvens no céu. 24ºC"  

Claro que a Tropius era veloz e seu poder era maior com intensidades elevadas dos raios solares. Acontece que o mesmo não acontecia com os seres da minha espécie na passagem da escuridão para a claridade de forma abrupta como aconteceu, então por consequência minha visão ficou turva e demorou alguns instantes para se adaptar.

Quando por fim pude enxergar sem empecilhos, percebi que voávamos numa velocidade não desejava, pois estávamos nos afastando demais da localização anterior. Ignorando qualquer outra distração no momento, fiz ela "frear" no ar e dar meia-volta dizendo:

— Nana espera! Não podemos ir tão longe. Temos que ficar pelo quarteirão. Azula e Hamtaro estão explorando o bairro e também não conhecem a cidade. Se nos afastarmos muito eles podem se perder.

Com isso eu esperava que ela pudesse nos levar de volta às imediações de onde saímos, mas durante o percurso eu ficaria atento a eventuais alertas do dispositivo de caça itens ao nos aproximar da localização anterior, ainda na intenção de usar a altitude ao meu favor.

Azula's POV

Segunda, 16h35min  
"Sol quente, poucas nuvens no céu. 23ºC"  

Voltando para mais ou menos a localização onde estávamos antes, procuravam por dois pontinhos correndo entre a multidão. Certeza de que seria uma tarefa complicadíssima se eles mesmo já não tivessem nos encontrado nos céus e estarem berrando e... brilhando? Tratava de pedir para que Nana voasse mais baixo, apontando onde eles estavam.

— Eita, que desespero. Calma pessoal, a gente nem foi tão longe assim... - dizia, pousando na área onde os vi.

Ao retornar a giganta para sua esfera, me abaixei intrigado com as coisas que tinham encontrado. Eles pareciam bem agitados como se estivessem competindo... Por um momento pensei se não poderia tirar proveito dessa competitividade mais vezes para que pudessem trabalhar em equipe ou ter uma evolução mais produtiva. Minha intenção com os dois era diferente de com Hércules, o Electivire, por exemplo. Enquanto eu planejava usar as forças do maior Elétrico nos desafios ao ginásio, Hamtaro tinha maiores habilidades para atuação em teatros e concursos, mas Azula... Bem, ela teve sua estreia nos concursos, mas não gostou de atuar e não se saiu muito bem nas batalhas oficiais. Ela tinha um jeito... peculiar para lutar e ainda não conseguia entender o lugar dela na equipe.

— Hmm.. o que temos aqui? - Estendi a mão para identificar os itens que eles encontraram, enquanto pensava naquilo.

Azula's POV

Segunda, 16h35min  
"Sol quente, poucas nuvens no céu. 23ºC"  

— OLHA ISSO! Azula, você realmente me surpreendeu. Nunca tinha visto uma pérola tão brilhante e perfeita assim antes - comentava ao analisar o mineral valioso que ela conseguiu arrumar, esperando que não tivesse assaltado uma joalheria no percurso.

Recolhia os itens encontrados por eles e parabenizava também o Dedenne pelo esforço. Reparava melhor em Azula e via que além de suja, ela estava com algumas partes do pelo chamuscadas. Era claramente um sinal de encrenca. Ou ela esteve se enfiando em lugares perigosos, como fábricas de vidros ou ferrolharias, ou lutando contra Pokémon com golpe do tipo Fogo sem supervisão. Nenhuma das duas opções me agradava. Estava para alertar ela quando senti que os pequenos encaravam algo atrás de mim.

Por um breve momento eu senti todo o meu corpo colapsar. Meus olhos lacrimejaram. Minhas orelhas arderam em chamas. Minha pele se enriçou. Alguns músculos foram contraídos. E meu coração foi fisgado, como se tivesse sido espetado por uma agulha. Minha mente, que já não estava em seus melhores dias há tempos, não aguentou.

As informações embaralhadas de alguém de voz "conhecida" chamando pelo Thito, sendo que apenas 3 pessoas, diga-se de confiança, sabiam da verdade me incomodou. Não parecia certo, mas ao mesmo tempo parecia ativar uma memória de muito tempo atrás que nem mesmo eu sabia que tinha. Porém, ao ver a imagem de um homem que por mais que estivesse fora de moda, e talvez sem senso de que roupa usar em dias quentas, lembrasse a figura de alguém querido, como aquilo seria possível? Semelhança? Coincidência? Impossível! A voz era a mesma, apesar das feições estarem meio embaçadas, mas não era possível... Foram mais de 6 anos e ninguém nunca encontrou o corpo dele. E se ele lembrasse de mim, não teria voltado antes disso tudo? Era informação demais para ser processada dessa forma. Por isso meu corpo reagia de espantosa, ignorando a primeira informação. Senti, por fim, minha pressão diminuir e ao tentar falar alguma coisa, além de palavra alguma conseguir ser projetada tudo ficou embaçado e meu corpo pesado. Sentia depois uma dor na cabeça, perdendo a consciência e o controle do meu eu.

Azula's Point of View

Despertava no susto, sentindo uma forte corrente percorrendo meu corpo e acelerando meus batimentos cardíacos. Não que antes de ter apagado não tinha acelerado, mas senti como se tudo e todos estivessem mortos durante um nanossegundo.

Já estava para gritar com Azula, mas me dei conta de que ainda acontecia. Eu não estava sonhando e não estava no limbo. Aquilo era real. Contudo, ainda não conseguia me mover. Permaneci no chão aguardando aquela visão, fantasma, ou seja lá o que fosse aquilo ir embora da mesma forma que chegou. "Eu prometo procurar um terapeuta se isso acabar" - jurei a mim mesmo na esperança que a força da minha frágil mente e pouca vontade fossem o bastante para me livrar daquele tormento.

Segunda, 16h45min  
"Sol quente, poucas nuvens no céu. 23ºC"