[004] Ready To Start

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Lief sorriu ao ver o quão maravilhado seu amigo estava vendo o crescimento de seu parceiro. Lançou um olhar a seus próprios pokémon, imaginando como seria quando chegasse a vez deles de evoluir. Após soltar o abraço que estava dando em Tesla, Noah parecia um pouco estranho, Lief ficou intrigado quanto à razão, mas preferiu não perguntar nada.

Sentiu como se seu coração pulasse uma batida. O loiro acabara de estender sua mão até ele, mas logo mudou de ideia. O moreno sacudiu a cabeça, devia ser coisa da sua imaginação. Seguiu em frente e adentrou a caverna. Conforme avançavam foram percebendo o quão escuro era o ambiente. Lief abriu sua mochila e começou a procurar a lanterna, mas parou quando percebeu que seu amigo estava fazendo alguma coisa.

Noah havia comandado a dupla de elétricos para criar uma fonte de luz. Percebendo a empolgação do garoto com a ideia que teve e também de Raiden e Tesla em serem úteis, Lief fechou a mochila e decidiu seguir com aquilo.

— Oh, Noah, meu herói! — brincou, fazendo pose de dama em perigo — O que eu faria sem você?

Após uma breve risada, voltou sua atenção para o ambiente ao seu redor. Era o que se esperava de uma caverna: paredes rochosas com algumas estalactites e estalagmites preenchendo o limitado cenário. À frente dos garotos, o caminho dividia-se. Noah deixou nas mãos de Lief a escolha de por onde seguir.

— Não, faz um tempo que eu deixei esse serviço para outro... — disse, voltando-se para a pequena fantasma — Vamos lá, Yomi, você nunca me decepcionou! Por onde seguimos?

Misdreavus mostrou-se muito empolgada em mais uma vez ganhar liberdade para explorar. Foi a curiosidade da pokémon que levou o treinador a encontrar com Raiden e Yatta, portanto, ele confiava completamente nela para guiar um caminho. Ela saiu flutuando, esquadrinhando o espaço, como se estivesse estudando o ambiente. E então parou. Olhou para trás, buscando os olhos de Lief, indicando que havia escolhido. Com um aceno de cabeça do garoto, ela seguiu em frente por um túnel que descia.

E assim, os garotos acompanharam.

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Lief revirou os olhos ao perceber o que havia feito: ele dera corda para Noah, ele merecia o que estava recebendo. Apesar disso, uma parte específica de sua fala chamou-lhe a atenção: "encontrar uma forma de recompensar". O que ele quis dizer com aquilo? Com certeza não era nada demais, pensou o garoto. Estavam apenas brincando, não é mesmo?

— Tenha certeza que, assim que derrotar o terrível dragão que me aprisiona, darei-lhe minha mão em casamento! — continuou na mesma linha fazendo uma breve reverência. Eram dois amigos, dois grandes amigos, não tinha nada de estranho no que estavam falando, certo? Tudo brincadeira, certo?

Seguiram o caminho. Mesmo que a longa caminhada ainda não tivesse fornecido aos dois nenhum tipo de aventura, Lief mantinha seu espírito elevado. Ele tinha a sensação de que algo estava prestes a acontecer. E foi nesse momento que o silêncio foi interrompido, não pela fala desapontada do loiro, mas sim por um grito. Um grito que parecia estar próximo e causou os garotos arrepios.

Logo puderam identificar o emissor do assustador barulho: um jovem de cabelos castanhos, provavelmente um treinador, já que estava acompanhado de dois pokémon. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, despencou no chão. Parecia completamente aterrorizado. Como se tivesse visto um monstro.

— É, meu herói, parece que encontramos o "terrível dragão" — Lief riu de nervoso. Recuperando-se do choque foi em direção ao recém-chegado e abaixou-se para que pudesse ajuda-lo a levantar — Oi, tá tudo bem? Qual teu nome? O que aconteceu contigo?

O treinador não era conhecido pela sua grande habilidade em lidar com pessoas e foi logo enchendo o rapaz desorientado com diversas perguntas. Mas ele não podia evitar, estava intrigado demais com o que poderia estar acontecendo ali.

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Lief piscou os olhos incrédulo ao ouvir a réplica do amigo.

— Limites Noah... limites. — cortou a brincadeira antes que os comentários ficassem ainda piores.


O garoto misterioso parecia completamente desorientado. Seu nome era Sousuke e junto dele havia uma Chikorita, o pokémon mais lindo e perfeito já inventado, a imagem e semelhança de Deus; e um Bunnelby. Num impulso, ele agarrou a mão de Noah e suplicou por ajuda, olhando nos olhos do loiro. Lief novamente encarou com incredulidade a situação. Além de tonto, ainda é abusado, pensou.

— Certo, certo... — disse, separando os dois rapazes — Primeiro tu nos explica direitinho o que é que tu quer e depois a gente pensa se vai ajudar ou não!

Lief não costumava ser assim. Apesar de sua inabilidade social, estava sempre disposto a ajudar quem precisasse. Contudo, Sousuke lhe despertava um sentimento negativo. A forma como ele se aproximara de Noah havia lhe incomodado bastante. O moreno ainda não conseguia identificar dentro dele mesmo o que era, mas um olhar atento saberia a resposta: ciúmes.

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Os olhos de Lief brilharam ao ouvir Sousuke falando sobre um pokémon raro e um tesouro. Ele era um aventureiro, um explorador e um amante de lendas. As informações do garoto desastrado apontavam para tudo que ele mais gostava. Foi obrigado a deixar o orgulho de lado, ele precisaria da ajuda de Sousuke.

— Não seja tão cético, Noah... — colocou uma mão no ombro do rapaz — Vale a pena dar uma olhada! O que é o pior que pode acontecer?

A atitude do moreno havia mudado como da água para o vinho, num passe de mágica. Era fato que ainda não simpatizava com o menino abusado, mas a possibilidade de uma aventura foi o suficiente pra que deixasse seus sentimentos negativos de lado. Reuniu forças para ser gentil com Sousuke.

— Certo, tu nos guia a esse tal lugar e nós te protegemos para que tu consiga ver o pokémon. Combinado? — estendeu a mão para firmar o trato com um cumprimento — Mas antes... há algo mais que devemos saber?

Não é porque estava começando a se empolgar que se deixaria levar sem se preparar antes. Queria ter o máximo de informações possível. Não por se importar com sua própria segurança, mas porque não queria que seus companheiros ou Noah sofressem grandes riscos desnecessários.

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Lief percebeu que seu amigo estava desconfortável com toda aquela situação. Ele não queria fazê-lo se sentir mal, mas não podia ignorar a oportunidade incrível que estava apresentando-se na sua frente.

— Noah, olha pra mim! — chamou, reunindo coragem e o encarando nos olhos — Nós viemos aqui procurando uma aventura, é como se o destino tivesse nos colocado no caminho desse rapaz. Eu te protejo e tu me protege, o que acha?

Mas ainda assim, não era decisão dele. Nem considerava como sendo mais importante a opinião do loiro. Quem realmente deveria escolher são aqueles que terão de lutar: os pokémon. Portanto, Lief abaixou-se próximo aos seus parceiros e explicou-lhes a situação com cuidade. Disse que não teriam como prever o quão perigoso aquilo tudo seria e que estava nas mãos deles.

Raiden, o mais enérgico soltou leves faíscas de suas bochechas, a concordância e empolgação com a ideia eram transparentes em seu rosto. Yatta, o mais tímido, mas ainda assim confiante, assentiu com a cabeça. Ele queria uma chance de mostrar seu poder, uma chance de impressionar seu treinador. Por fim, Yomi reservou-se a chegar perto de Lief e fazer-lhe um carinho com o rosto. Parecia dizer "eu confio em você e estarei contigo em qualquer escolha que faça".

— Então está decidido! — exclamou — Noah, obviamente eu não vou te obrigar a fazer nada que não queria, mas eu gostaria muito que tu viesse junto! Sousuke, leve-nos até o tesouro!