[Recrutamento de Pesquisador] Raiko Sabazura

À medida que adentrava no laboratório, os olhos esverdeados do jovem corriam de um lado para o outro admirando a composição daquele ambiente. Desde a bancada preenchida com vários instrumentos laboratoriais até as peculiares e chamativas ossadas de criaturas características da região. Diante de tudo isso o verde dos seus olhos exibia um brilhar acima do comum, revelando o quanto estava fascinado com tal ambiente.

Contudo, antes que pudesse continuar com seu tour solitário por ali, foi surpreendido por outro jovem que não parecia nem um pouco feliz de vê-lo ali. De ímpeto a xícara de café e as olheiras chamaram a atenção. Parecia que alguém não estava tendo boas noites de sono. O jovem também não deixara de ficar nervoso, ainda mais pela forma com o que o aparente assistente havia agido, um tanto intimidadora.

- R-raiko. – Anunciou seu nome rapidamente, em seguida respondendo da maneira que podia antes de seguir com a informação que havia obtido. – C-certo. Obrigado!

Após essas poucas palavras, de um jeito um tanto desengonçado e apressado o Sabazura seguiu para onde a pessoa havia indicado, tentando procurar pelo Professor Birch por entre as árvores.

Retornando para ir de encontro ao indicado pelo pesquisador que se encontrava no laboratório naquele momento, o de cabelos verdes seguia em direção ao que lhe parecia ser um parque, muito próximo de um amontado de árvores. Seriam essas as que buscava? Só saberia indo até lá.

Enquanto caminhava, com suas costumeiras mãos nos bolsos, passava imaginar como provavelmente seria o Professor Birch. Era engraçado de se pensar que já havia ouvido de suas pesquisas, mas nunca do homem por trás disso. Na sua mente, até então, o imaginava como um homem altivo, sério, respeitoso e repleto de conhecimentos, como um verdadeiro orientador. Certamente, por ser uma das pessoas mais respeitadas no quesito de academia daquela região com certeza era alguém pelo qual o jovem Sabazura esperava muito. Apesar de saber que todos aqueles pensamentos pudessem ser apenas fantasias de sua mente, ansiava com todas as suas forças que ele não fosse alguém repleto de soberba e grosseira ao menos, aliás, nem um pouco parecido com o outro que havia encontrado momentos atrás.

Logo que chegou as árvores, pode notar que algumas criaturas ali próximas rodeavam o local, algumas que inclusive já conhecia muito bem, especialmente Pikachu e Aipom que detinha exemplares como parceiros. Contudo, havia algo de diferente que lhe chamara a atenção, um senhor rechonchudo que parecia estar bastante concentrado sentado em um galho. De ímpeto estranhou, mas logo percebeu que ele trajava um jaleco por cima de suas vestes. Seria um pesquisador então? Aos seus olhos parecia, afinal, estava de jaleco, por mais que essa fosse uma das associações mais bobas a se pensar.

De repente então, surpreendendo-o ali, por meio das artimanhas de umas criaturas, o senhor caiu da árvore, fazendo o jovem Sabazura se aproximar correndo em direção ao senhor enquanto ele se levantava. Ali, Raiko exibia preocupação em sua face com o fato de provavelmente o homem ter se machucado.

- T-tá tudo bem, senhor?! – Indagara com um pouco de urgência enquanto se aproximava. – Precisando de alguma ajuda? – Depois, parou pensativo enquanto começava a associar as coisas. Seria aquele o Professor Birch? Se sim, era totalmente diferente do que esperava. Esse fato havia o frustrado um pouco pela primeira impressão que tinha ali, mas não deixara transparecer tal coisa. – O senhor é o Professor Birch? Tudo bem? Me disseram no laboratório que estaria por aqui... Me chamo Raiko, Raiko Sabazura de Palle! Vim saber se o senhor ainda teria vaga para estudantes. – Emendou esperando que não tivesse sido muito apressado enquanto estendia a mão para um paerto. – Aliás, me desculpa por interromper o seu trabalho. – Com certeza deveria estar fazendo algo assim, afinal, estava anotando tudo naquele bloquinho. Pensou.

Diante a percepção do Professor sobre suas primeiras impressões, o jovem não reagira de maneira diferente se não ficar envergonhado, fazendo com uma cara típica de quem havia cometido um deslize.

- Desculpa... – Pediu enquanto exibia um sorriso envergonhado na face. Então, acompanhando o cientista, deu uma leve risada com ele, passando a segui-lo logo após. – Sim, sim. Vamos.

Logo estavam de volta aos laboratórios, dessa vez avançando um pouco mais por entre o recinto e adentrando numa pequena sala de estar, que de início achou que fosse o local de descanso para quem trabalhasse ali. Contudo, logo que vira a mesinha abarrotada de xícaras arregalou os olhos, impressionado pela quantidade de café tomado, assim como um pouco pela sujeira.

- Sem problemas! – Respondeu ao Professor enquanto se acomodava no sofá, ficando um pouco curvado, apoiando-se em seus joelhos, já que devido ao nervosismo não conseguia ficar em uma posição muito relaxada.

Foi então que aconteceu uma das coisas que faziam o jovem ficar totalmente desconfortável, com o sentimento de querer nitidamente afundar no sofá e sumir. Não que pensasse nada de errado da equipe ali, mas só não gostava muito de estar presente enquanto eles “lavavam a roupa suja”. Sentia-se como se fosse um invasor, ficando completamente sem graça.

- Não, não. – Respondeu rapidamente quando lhe foi dirigida a palavra. Então, tentando se endireitar um pouco ouviu a pergunta a qual já esperava, tentando buscar as palavras que havia ensaiado anteriormente. – B-bom... Na verdade eu fui meio que direcionado ao senhor. Nas conversas que tive com as líderes de ginásio Roxanne e Gwen, acabei mostrando à vontade na pesquisa sobre habitats e comportamento Pokémon. – Começou tentando ser o mais polido possível. – Principalmente quando vi o Lileep da Líder Roxanne, fiquei me indagando muito sobre como seria relação dela com os tempos atuais. Outra coisa que me chamou muito a atenção foram as formas de diferentes espécies em regiões diferentes, como o meu Farfetch’d que por vir de Galar é bem diferente dos que eu estava acostumado a ver. – Expos algum de seus interesses e pensamentos. – Eu tenho muito interesse de entender um pouco mais de tudo isso, porque é algo que me parece bastante divertido estudar e entrar nesse mundo de descobertas. – Comentou e, depois, se corrigiu. – Com responsabilidade, é claro. – Continuou. – Então eu acho que poderia aprender muito o com senhor. Por isso vim aqui.

Apesar de não sair exatamente como esperado, o jovem de cabelos esverdeados tentara acima de tudo ser sincero em suas palvras, só esperava que os presentes não lhe achassem estranho e tampouco não tivesse fugido do que foi pedido.

Com um rápido muito obrigado, o jovem de cabelos verdes aceitou a xícara de café enquanto escutava as novas indagações do pesquisador a sua frente, vez ou outra bebericando o café quente, tomando muito cuidado em assoprar aos poucos para não queimar sua língua. Segurava a xícara com as duas mãos e mantinha os olhos fixos no Professor Birch.

- Eu não sei ao certo... Posso estar errado, mas... – Parou para bebericar do café. – Mas vocês fazem ciência aqui, não é? Então eu acho que nada é só teórico. Tem que se comprovar as coisas. Tem de ir a campo, talvez observar ou coletar... Amostras? Fazer testes que digam o que a gente tá querendo saber. Seria isso? – Tentou responder da melhor maneira que podia. – Eu ainda não sei de nada dessas coisas, vim aqui para aprender. Mas acho que ciência se baseia em fatos e aqui vocês descobrem e confirmam esses fatos com base na teoria e nos testes que fazem. É isso?

Um tanto quanto nervoso com sua resposta, o jovem de cabelos verdes, enquanto tomava outro gole do café, ficou ansioso a esperar uma resposta do Professor Birch.

Com bastante atenção, o jovem de olhos esverdeados acompanhou os avisos do Professor, acenando afirmativamente com a cabeça enquanto escutava sobre também as dificuldades que envolviam aquele tipo de trabalho, inclusive cenas incomuns como a na qual conhecera o Professor Birch.

- Sim, sim... – Murmurou.

Então, as derradeiras palavras do Professor vinham à tona, se realmente tinha vontade de compreender todos os mistérios da ciência que envolvia os estudos relacionados aos habitats daquelas criaturas fantásticas. De ímpeto, sua resposta seria dizer: “Sim, com toda certeza!”. Contudo, sabia que aquilo era mais sério do que aparentava ser, afinal de contas, provavelmente estava decidindo o rumo de sua vida. Fechou os olhos, respirou fundo e deixou que sua face se convertesse em uma feição pensativa.

De fato, era o que gostaria, definir qual era seu papel naquele mundo de criaturas. Começara sua jornada um pouco solto, sem saber direito para onde ir ou que seguir, só queria se tornar “conhecido” para chamar a atenção de pessoas que nem sabia se existiam. E isso era um pouco frustrante. Quando enfim percebera o quanto era infantil tal objetivo, o jovem se sentira perdido, sem saber por onde seguir e passara a buscar algo que gostasse e fizesse sentido para si. E após tantas dicas e viagens, tinha chegado onde estava. Será que realmente havia encontrado o que buscava? Não fazia ideia, mas era o que queria naquele momento, adentrar naquela carreira.

- Sim, realmente quero. – Respondeu tentando demonstrar firmeza em suas palavras.